Dramione - Só Sei Dançar Com Você escrita por Mahizidio


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Gente, depois de séculos, aqui está mais um capítulo. Agora estou de férias e (eu sei que falei isso algumas vezes) pretendo não parar mais com a fic. MUITO obrigada por todo mundo que está lendo e comentando, se não fosse por vocês eu realmente já teria desistido. Um agradecimento SUPER especial à TROVADORA SOLITÁRIA! E esse cap é dedicado todinha a essa lindíssima que eu conheci justamente por causa dessa fic! s2
Espero que gostem! *--*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/328363/chapter/4

Cap. III


Hermione não estava nem um pouco animada com a ideia de ter Malfoy a mandando fazer qualquer coisa que fosse, mas ela não tinha como contestar que a casa estava realmente precisando de uma limpeza. Eles começaram pelo andar de cima, onde havia ainda um quarto de hospedes e uma sala de TV. Draco jurou nunca ter visto tantos filmes e CDs juntos, e agradeceu mentalmente por terem duas varinhas para realizar os feitiços de limpeza. Seria impossível fazer aquilo como os trouxas!

Hermione parecia que a todo tempo estava segurando o choro, mas quando entraram no escritório de Rony ela não conseguiu mais se segurar. Ela fez menção de dar meia volta e sair dali, mas Draco a segurou pelo braço antes que passasse pela porta.

Hermione não entrava naquele aposento desde o dia no qual perdeu o marido, e quando passou por aquela porta e deparou-se com todas as coisas dele no local, foi como se alguém girasse um vira-tempo e ela voltasse diretamente para o pior dia sua vida. Queria, desesperadamente, sair de lá, mas Malfoy a segurou e a impediu que saísse. Ele a puxou para perto e encostou-se nas costas dela, ainda segurando o braço, e a enlaçou pela cintura.

– Granger, você precisa fazer isso, disse ao ouvido dela. Eu já disse, quero te ajudar a ficar melhor, mas para isso você precisa superar as coisas.

Inconscientemente, ela relaxou um pouco quando o sentiu tão perto. Isso não fazia sentido algum, mas foi uma sensação boa. E ela se deixou ser levada para um abraço quando ele parou de falar. Queria ficar com os braços dele envoltos no corpo para sempre, parecia que ali nada iria afetá-la. Sabia que aquilo também não tinha sentido, mas pensaria sobre isso depois.

Eles levaram mais de três horas para limpar todo o escritório; às vezes Hermione deixava algumas lágrimas rolarem, mas não se desesperou mais. Draco queria não ter entrado ali mais cedo, porque ela ficou realmente brava por ele ter feito tal coisa. Ele fingiu não ouvir e continuou a ajudando a limpar tudo.

Já passava das onze da noite quando os dois desceram. Estavam exaustos e morrendo de fome, mas Malfoy duvidava que pudesse existir alguma comida naquela casa. Foram até a cozinha para pegar o telefone de algum delivery, e Draco achou que tinham entrado no aposento errado. Havia uma quantidade absurda de garrafas de cerveja, vodca, conhaque e uísque vazias. Uma quantidade como aquela de bebida teria facilmente abastecido várias festas. Antes de procurar pelo telefone, Hermione acendeu um cigarro. Ele teria mandado que ela o apagasse, mas estava estupefato demais para isso.

– Granger, você vai morrer de cirrose se continuar bebendo desse jeito.

Ela estreitou os olhos para o sobrenome que não usava mais, mas não respondeu nada e foi até a porta de geladeira, onde estavam vários números de delivery.

Draco deu outra olhada pelo ambiente. Era uma cozinha espaçosa e ele poderia até dizer que seria bonita se não estivesse entulhada de lixo. Era retangular, com a pia na extremidade esquerda, junto com a única janela do lugar. Tinha uma porta no lado oposto à porta de entrada, que ele deduziu dar na área externa da casa, ao lado havia um armário. E no centro tinha uma bancada com alguns bancos e o fogão acoplado.

– O que você quer comer? Hermione perguntou, fazendo a atenção de Draco voltar-se para ela.

– Não sei... eu gosto de pizza; disse já imaginando que ela iria pedir alguma comida trouxa.

– Tá. Qual sabor?

– Tanto faz...

– Ok. Só vou lá em cima pegar meu celular para ligar, já volto.

– Granger, e esse telefone aqui serve para quê? perguntou indicando um telefone na parede ao lado do armário.

– Ah, meio sem graça, ela respondeu: está cortado.

– Usa o meu, então; Draco disse entregando o celular a ela.

Enquanto Hermione telefonava ele conjurou um saco de lixo para jogar todas aquelas garrafas fora, afinal teriam que comer em algum lugar e duvidou que conseguissem arrumar a mesa da sala de jantar em tempo. Enquanto fazia isso percebeu que tinha alguma coisa se mexendo na parede ao lado porta. Quando ele se virou para olhar, Hermione já havia acabado a ligação e parou ao lado dele, também olhando para o lugar.

Draco não soube descrever o que sentiu quando viu aquilo. Era um tipo de quadro branco, sem moldura e nele havia algumas fotos de Hermione com o Weasley. Mas até ai tudo bem, porque pela casa inteira havia fotos dos dois. Mas aquilo parecia mais como um quadro de recados dos dois. Estava meio desbotado pelo tempo, mas mesmo assim era tudo bem legível. E não era um quadro de recados do tipo “Vou me atrasar hoje” ou “O almoço está na geladeira”. Eram frases tipo “Mione, te amo para sempre” com um garrancho mal feito de coração pulsando ao lado; ou ainda “Te amo, meu legume insensível” com uma animaçãozinha de Hermione correndo até os braços do Weasley e o beijando em seguida.

E mais uma vez Draco achou que estava invadindo uma coisa que não era dele. Todas aquelas frases e imagens, já meio fracas e não se movendo direito, fê-lo sentir tudo o que estava exposto ali. Ele nunca havia amado alguém, e aquilo parecia a tradução perfeita para o que ouvia dizerem que era o amor.

Quando virou-se, Hermione estava com lágrimas nos olhos mais uma vez. E ele não tinha como culpá-la, ele mesmo sentia uma angustia estranha.

– Nem me lembrava mais que tinha isso aqui, disse secando bruscamente os olhos; não costumo olhar para nada aqui, só vejo os telefones, pego alguma coisa na geladeira ou deixo o lixo...

Draco não sabia o que fazer ou dizer. Aquilo estava se tornado demais para ele.

Hermione virou-se e acendeu outro cigarro. Abriu a geladeira e tirou de lá duas long neck de cerveja. Usou a varinha para abri-las e estendeu uma para Malfoy. Ela não tinha realmente esquecido da existência daquele quadro, mas tinha se esquecido das tantas lembranças que ele continha. Viu Malfoy deixar a garrafa sobre a bancada, mas não estava conseguindo pensar em nada muito coerente.

Queria simplesmente voltar no tempo e fazer qualquer coisa para que Rony não tivesse partido. Tantas e tantas noites que perdeu o sono com pesadelos nos quais todos a culpavam pela morte do marido, e até mesmo ela se culpava (mesmo tendo consciência de que não tinha nada que ela pudesse ter feito). Abriu o armário e pegou uma cartela de calmantes, sabia muito bem que remédio e bebidas não era bom se misturados, mas não se importava mais com o que seria bom ou não.

Quando viu Hermione pegando remédio dentro do armário, Draco andou até ela, que mais uma vez parecia alheia a qualquer coisa a sua volta. Parou ao lado dela e tirou da mão fina o comprimido que já estava prestes a tomar. Ela o olhou como se só agora se desse conta de que não estava sozinha. Granger estava pronta para protestar, mas Draco a virou para ele e segurou ambos os lados do rosto dela, forçando-a a olhá-lo.

– Não faz isso, disse baixo, bem próximo dela; pelo menos hoje, não faz isso.

Hermione apertou os dois pulsos dele, que ainda estavam em seu rosto, e fechou os olhos. Ainda não conseguia compreender o poder que a presença dele tinha sobre ela, mas achou que a sensação era boa demais para querer afastá-lo. E conseguia sentir a respiração dele tão perto. E o cheiro de canela que amou desde a primeira vez que sentiu.

A respiração de Draco estava irregular e ele achou que aquilo não deveria estar acontecendo, mas não tinha mais como negar que sentia alguma coisa por Hermione. Mesmo com todos os problemas dela, ele sabia que não era só uma vontade de ajudá-la a superar o Weasley. Tinha certeza que conseguiriam ouvir as engrenagens da mente dele travando uma briga interna. Ele podia simplesmente acabar com a mínima distância que os separava e beijá-la. Mas Hermione com certeza o mandaria para fora da casa dela no mesmo instante.

Não havia se passado nem cinco segundos desde que ela fechara os olhos, mas pareceu uma eternidade. Hermione levou as mãos dos pulsos do loiro para as mãos dele, entrelaçando seus dedos, e Draco soube que não importava mais nada.

Os lábios dela estavam secos e ásperos, mas pareciam perfeitos. Tinha gosto de tabaco e cerveja, e ele se perguntou por que não havia gostado dessa bebida se naquele momento o gosto era tão bom.

Hermione levou algum tempo para corresponder, fazendo isso só quando sentiu a língua dele molhando os lábios ressequidos. Ela queria sair dali, trancar-se no quarto e nunca mais olhar para a cara do ex-sonserino, mas não encontrou nada que a convencesse disso. Os lábios de Draco eram calmos e precisos, ela achou que poderia facilmente se afogar naquela sensação. Soltou as mãos das dele e as afundou no cabelo sedoso, puxando-o para mais perto.

Draco a puxou pela cintura, colando seus corpos. Não queria que aquele momento acabasse nunca, provavelmente Hermione teria um ataque quando percebesse o que estava fazendo. Separou seus lábios do dela, beijou toda extensão do rosto até a base do pescoço. A respiração dela era como plumas atingindo a testa dele. E as mãos pequenas puxando o cabelo loiro o fez pensar que Granger não teria nenhum ataque. Ele deixou seu nariz tocando o dela, sentindo a respiração descompassada dos dois se chocando enquanto tentava absorver o máximo possível daquele momento. Suas mãos saíram da cintura de Hermione para segurar-lhe o rosto e a nuca, voltou a beijá-la, ainda conseguindo sentir um pouco do cheiro de sabonete mesmo depois de todas aquelas horas, também tinha cheiro de poeira e cigarro, mas ele não se importou.

Hermione respirava com dificuldade e tinha sérias dúvidas sobre sua sanidade. Não poderia estar deixando isso acontecer, mas Draco parecia estar tomando tanto cuidado para nada dar errado que ela se deixou ser levada pelas mãos, lábios e língua dele. Malfoy tinha um gosto parecido com o cheiro de canela, os lábios eram macios, e uma mão puxava os fios castanhos assim como ela fazia com os loiros, a outra já estava de volta à sua cintura, levando-a para cada vez mais perto dele.

As lágrimas voltaram aos olhos fechados como se um gatilho tivesse sido ativado dentro de Hermione. Ele não era o Rony! E por mais que tivesse se entregado àquele beijo, não era a pessoa que amava quem estava a beijando. Não era Rony e se não fosse ele ela não queria que fosse mais ninguém. Separou os lábios dos de Malfoy e empurrou-o sem força alguma, afundando o rosto no peito dele em seguida.

Draco não disse nada; não podia nem imaginar o que estava passando na cabeça dela, mas provavelmente não seria algo que ele fosse capaz de compreender. Apertou-a contra si e deixou que Hermione chorasse o quanto fosse preciso. Não deveria tê-la beijado! Mas já havia feito e, Merlim, queria beijá-la mais e mais vezes. Respirou fundo várias vezes, forçando sua mente tão sagaz voltar a agir e dizer alguma coisa, qualquer coisa, que pudesse confortá-la.

Hermione agradeceu internamente por Malfoy não dizer nada; tinha certeza que qualquer coisa que pudesse sair da boca dele só a deixaria pior. Não podia dizer que era arrependimento o que estava sentindo, parecia mais como um vazio do que qualquer outra coisa. Um vazio que ela pensou estar começando a ser preenchido pela presença constante de Draco na vida dela. Mas era mais como o conto da Cinderela: à meia noite o feitiço se quebra e tudo volta a ser como antes.

Ela queria, deveria, mandar que Malfoy fosse embora de sua casa e nunca mais voltasse. Já havia feito isso antes, naquele mesmo dia inclusive, não poderia ser tão difícil; mas, mesmo sabendo que tudo o que ele lhe proporcionava era apenas uma fantasia, não achava que seria capaz de fazer isso novamente. A sensação dele por perto era, mesmo que errada, assustadoramente reconfortante.

Depois de um tempo que Draco não pôde precisar quanto, ele se afastou do aperto de Hermione e limpou os rastros de lágrima dos olhos dela. Respirou fundo antes de falar, com a voz mais suave que conseguiu:

– Já está bem tarde, Granger, ficamos a tarde inteira arrumando as coisas. Vai tomar um banho e relaxar um pouco enquanto a pizza não chega.

Antes dela sair em silêncio para o quarto, Draco depositou um beijo na testa dela.

xx

Ele odiava pedir comida trouxa. Levava tanto tempo para chegar que a fome já tinha até passado. Mas agradeceu por isso naquela noite.

Assim, teve quase uma hora livre para dar mais uma olhada pela casa. Antes de sair da cozinha, jogou tudo – exceto as bebidas – que estava na geladeira fora. Parecia que algumas coisas estavam ali há anos. Fez um rápido feitiço para lavar as louças sobre a pia e para limpar o chão. Agradeceu pelo tempo que teve que morar fora da mansão enquanto não recuperava o dinheiro da família. Caso contrário, jamais teria aprendido como fazer todos esses feitiços de limpeza.

Draco passou a maior parte do tempo analisando o conteúdo sobre a mesa de jantar. Muitos livros ainda fechados: todos pareciam ser presentes de amigos, editoras, pessoas querendo puxar o saco de Hermione Granger, a heroína da Grande Guerra!. Dezenas de exemplares do Profeta Diário e do O Pasquim intocados. Uma pilha de pergaminhos ainda sem usar, várias penas, tinteiros, envelopes abertos, inúmeros fechados. Contas, contas e mais contas. Além de incontáveis cartas de alguns dos ex-colegas de Hogwarts, principalmente do Potter e da Weasley mais nova.

E em meio a todas aquelas coisas, ele encontrou um bloco de pergaminhos escritos com uma caligrafia delicada. Olhando por cima, ele percebeu que se tratava de uma espécie de manuscrito de algum livro. No topo de cada página havia uma data, que ele imaginou ser do dia no qual haviam escrito. A última era de pouco mais de dois anos atrás e a letra certamente era de Granger.

Incerto sobre ler ou não o que estava escrito ali, ele deu uma olhada nas primeiras e últimas folhas: o começo parecia falar da infância de alguém, ainda parecia que as ideias estavam muito cruas no papel, sem ter sido completamente desenvolvidas, mas era, sem sombra de dúvidas, sobre a vida de Hermione. Nas últimas ele se surpreendeu em encontrar seu nome. E não apenas isso, parecia que havia um capítulo inteiro dedicado a ele. Antes que pudesse realmente entender o que estava escrito ali, a campainha tocou.

xx

Hermione entrou no chuveiro querendo ficar para sempre sob a água quente que a acariciava com tanta delicadeza. Não deixou que a banheira enchesse, mas ficou sentada ali apenas sentindo as gotas caírem por suas costas e escorrerem por seu corpo. Era um sensação boa. Quase o mesmo alívio que sentia na primeira tragada de um cigarro, ou no primeiro gole de uma bebida. Sentia os músculos relaxarem e a mente se esvaziar um pouco. Nunca completamente. Mesmo antes de tudo acontecer, ela nunca conseguira ficar com a mente vazia; fazia parte dela esses pensamentos excessivos, nunca pensou que um dia iria quase que repudiar sua natureza.

A vontade de chorar ainda a esmagava por dentro, mas recuperou um pouco de sua força para impedir que novas lágrimas escorressem pelos olhos há muito já cansados de tudo. A mente vagou incessantemente para o beijo ainda fresco na memória. Podia sentir as mãos de Malfoy no corpo dela, a respiração e, principalmente, o cheiro. Tentou afastar para o mais fundo da memória tais lembranças, mas elas insistiram em voltar, até o momento em que desistiu e deixou-se levar novamente àquelas sensações. Os lábios que há tanto tempo não encontravam os de outrem sendo tomados pelos da pessoa mais improvável do planeta. A sensação quase de êxtase ao sentir a pele dele a tocando, a língua acariciando a sua. Todos os movimentos que deixavam claro o quanto ele a queria mais perto de si...

Hermione abriu os olhos sobressaltada ao ouvir uma batida forte na porta do quarto. Mesmo abafada por duas portas e o som do chuveiro, ela conseguiu ouvir claramente Malfoy dizendo que a pizza já havia chegado. Respondeu com um rápido Já vou! e apressou-se para sair do banho.

xx

Draco não precisou se virar para saber que Hermione havia entrado na cozinha. O aroma do sabonete de alecrim dela chegou antes de qualquer coisa. Dessa vez sem a mistura com o cheiro de cigarro, bebida, ou choro. O puro e simples cheiro de alecrim. De Hermione. Ele fechou os olhos e respirou fundo antes de se virar, sabia que a vontade de tomá-la nos braços seria insuportável assim que colocasse os olhos sobre ela.

– Amanha, Granger; disse enquanto virava-se para ela, uma falha tentativa para desviar a atenção do que realmente queria fazer; você precisa ir a um mercado comprar comida, não tem nada aqui além de álcool.

Ela anuiu e chegou mais perto dele, os olhos não pareciam mais inchados; apenas com a distância costumeira e aparentavam cansaço. Draco imaginou que ele também deveria estar com aparência parecida. Aquele fora um dia muito exaustivo; parecia que fazia muito mais do que algumas horas que Blaise havia surgido na lareira da casa dele.

Sentaram-se um de cada lado da bancada da cozinha. Draco serviu dois copos de água – já que era uma das duas únicas opções na casa: água ou bebida. E não suportava a ideia de ver Hermione ingerindo ainda mais álcool do que já devia ter no sangue dela – e um pedaço de pizza para cada um. Ambos comeram em um silêncio mórbido. Incrivelmente, Hermione comeu mais do que ele, parecia a mesma do dia em que a levou para a Mansão: comia com uma ânsia de alguém que certamente não fazia isso há tempos. O que, ele sabia, não era verdade, pois havia a alimentado muito bem nos dias em que se encontraram.

Assim que repousou os talheres unidos do mesmo lado do prato, Hermione percebeu que não haviam trocado uma única palavra enquanto comiam. Levantou o olhar e Malfoy a observava com extrema atenção; os olhos cinzentos pareciam analisá-la com uma calma resoluta. Ela sustentou o olhar por um tempo que, pensou, seria extremamente deselegante uma dama olhar para um rapaz séculos atrás. Por fim ele desviou o olhar e começou a juntar os pratos e talheres.

Ela daria várias de suas libras para saber o que se passava por aquela cabeça. Lembrou-se, subitamente, das várias semanas que gastou tentando entender o que o levara a fazer tudo o que fez quando mais jovem. Tinha tudo anotado no rascunho de seu livro. Hermione ficou ligeiramente espantada por até aquele momento ter se esquecido de que já havia dedicado vários momentos de sua vida a Malfoy. Momentos esses que foram quase todas registrados no papel. Não se lembrava nem de onde havia guardado aqueles escritos.

Olhou-o novamente, estava deixando tudo sobre a pia; os ombros estavam caídos, a roupa amarrotada, o cabelo terrivelmente desalinhado. Não parecia em nada com o menino que vivia circulando pelos corredores de Hogwarts. Hogwarts, pensou, tão cheia de lembranças de uma vida que, definitivamente, não existia mais. Respirou fundo para ter certeza de que não sucumbiria às lágrimas novamente. Draco virou-se e ela pode ver o quão exausto ele estava, tinha olheiras profundos sob os olhos claros e uma expressão de quase derrota.

– Eu tenho uma proposta para te fazer, Hermione; disse assim que deixou tudo sobre a pia e virou-se para ela, que parecia estar o observando já há um certo tempo. Achou apropriado usar o primeiro nome dela, talvez pudesse passar mais confiança, embora soubesse que o que estava prestes a fazer fosse quase uma missão impossível.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai, gente, o que acharam? Comentários?
Bjss, até o próximo cap! ^-^