Dramione - Só Sei Dançar Com Você escrita por Mahizidio


Capítulo 2
Capítulo 1




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Uma semana. Fazia uma semana que ele não a via. Uma semana desde o dia que a seguira até em casa. Foi até o cemitério, esperando – por algum milagre – não encontrá-la lá, como nos outros dias. Por que seria diferente, se por meses sempre foi a mesma coisa? pensou resignado quando a viu.

– Granger, falou autoritário como sempre.

Naquele momento nada importava, ele só não conseguiria vê-la naquela situação por mais vezes. E não conseguiria deixar de vê-la, se ela ainda estivesse lá.

– Malfoy? perguntou num fio rouco de voz, há muito não falava com ninguém. Não tem nenhuma Granger aqui, meu nome é Weasley.

Ele riu pelo nariz. Ela realmente estava pior do que imaginara.

– Realmente. A Granger nunca ficaria nesse estado; foi rude, sabia, mas estava com raiva por ela não sair de sua mente. Por ela permanecer há tanto tempo em um estado tão deplorável. E por fazê-lo querer cuidar dela.

Lágrimas mais grossas surgiram na face pálida de Hermione. Não fazia sentido Malfoy estar ali, atormentando-a como nos tempos de escola. Há quantos anos não se viam? Sete? Oito? Talvez mais...

Lentamente, ela se levantou. Ficou de frente para o loiro. Estava idêntico, mais bonito – talvez – do que na época de Hogwarts. Mas, sem dúvidas, o mesmo. Ao contrário dela. Os olhos frios a fitaram. Uma brisa passou e Draco sentiu enjoo. Ela cheirava mal. Bebida, cigarro, falta de banho. Estava frio e ela vestia apenas calça jeans e uma camiseta surrada.

– Quem você pensa que é pra falar sobre a minha vida, Malfoy? perguntou com desgosto, fraca, sem voz.

Ele não pôde responder. Realmente, quem, ele, Draco Malfoy, era para falar sobre ela, Hermione Granger... Weasley, ou seja lá que merda ela havia se tornado? Desviou olhar. Não conseguiria pensar vendo a sombra de quem um dia fora Hermione.

– Eu não sou ninguém pra falar sobre a vida que você teve um dia, olhou do fundo dos olhos castanhos, tão sem vida. Perto dele ela parecia ainda mais frágil, mas agora você não tem mais uma vida. Não pode exigir que não falem sobre o que nem ao menos existe.

Ela queria revidar, mas não havia palavras para rebater o que ele disse. Por mais que fosse doloroso, ela sabia que havia perdido tudo. Ajoelhou-se sobre o túmulo novamente. Lágrimas. Dos dois. Draco chorava silencioso atrás dela.

Ele aparatou como uma criança outra vez. Hermione não poderia vê-lo chorando, por ela. Draco odiava-se por sentir-se tão fraco perto dela. Perto do sofrimento dela - que ele achava incabível para uma mulher como ela fora um dia - que o consumia tanto.

Chorou descontrolado sobre a cama. Seu pai estava preso, sua mãe morta. Não tinha ninguém, nunca teve de fato, mas essa certeza não o assustava tanto quanto a angustia que sentia ao ver Hermione. Praguejou todos os palavrões possíveis ao perceber que não conseguiria mais viver se não a tirasse daquela situação. Queria morrer também. Assim, poupava-lhe muito trabalho, pois ele era um Malfoy e não descansaria até conseguir o que queria: tirar Hermione do poço no qual ela se enfiou. Mas não faria isso só por ela, faria por ele. Vê-la naquele estado o desesperava. Deixá-la a merce do mundo o fazia pensar nela durante todos os segundos do dia. Só restava, pois, trazê-la de volta à vida.

Contudo, no fundo, ele sabia. Era muito mais por ela do que por ele. Ele não sabia como, mas estava envolvido por ela, por uma morta-viva...

Como em todos os dias, Draco voltou. E foi falar com ela novamente.

Ela parecia mais pálida e a ponto de desmaiar. Estava com as mesmas roupas do dia anterior. Será que ela passou a noite aqui? pensou aflito.

– Granger? chamou cauteloso, mudaria a tática, ser rude naquele momento não ajudaria em nada.

– O que faz aqui de novo, Malfoy? ele teve que se esforçar para ouvi-la.

O vento era cortante e ela tremia. Tremia muito.

Draco ajoelhou-se ao lado dela. Tirou o casaco pesado que vestia e colocou sobre os ombros caídos de Hermione. Ela fitou-o sem entender.

– Você não pode continuar assim; disse carinhoso, olhando longe, sem coragem para encará-la.

– E você não pode dizer o que eu devo ou não fazer, as palavras foram morrendo em sua boca.

Draco virou-se a tempo de vê-la caindo ao seu lado.

– Granger! gritou desesperado.

Malfoy não sabia o que fazer. Pegou-a no colo e aparatou na mansão de sua família.

Foi direto para o quarto de hóspedes, chamando pelos elfos enquanto subia as escadas.

– Senhor Malfoy, o que houve? Quem é essa senhorita? perguntou a elfa assustada.

– Eu preciso de comida, roupas limpas, um medibruxo e que prepare um banho pra ela. Anda! Rápido! ordenou, Ennervate!

Fraca, Hermione abriu os olhos. Draco acalmou-se.

– Onde eu estou? forçou a voz a sair, não conhecia aquele lugar.

– Fica calma, tá? Draco colocou-se ao lado dela na cama, você desmaiou e eu te trouxe para o primeiro lugar que pensei.

– Onde eu estou? perguntou novamente, levantando-se. Não vou ficar aqui, com você.

Uma onda de tontura a fez cair sentada na cama. O loiro prontamente a segurou.

– Você está na minha casa, eu já chamei um medibruxo, você vai ficar bem, assegurou.

Ela não respondeu, mais uma vez, não tinha o que respondeu a ele.

Segundos depois a elfa apareceu com uma enorme bandeja repleta de comida de todos os tipos, roupas limpas e com um ar um tanto quando cansado.

– Senhor Malfoy, o medibruxo está a caminho. Aqui estão as roupas que o senhor pediu, disse colocando-as sobre a cama, e a comida, essa foi depositada sobre a mesa que havia no local. Vou preparar o banho da senhorita, com licença, senhor Malfoy.

Draco não disse nada, pegou a bandeja de cima da mesa e voltou-se para Hermione.

– Sente-se; ordenou, no que ela fez de pronto.

Há quanto tempo não comia de verdade?

– Não come há quanto tempo, Granger? perguntou refletindo os pensamentos dela.

– Não sei; respondeu com sinceridade, enquanto ele depositava a bandeja sobre as pernas finas dela.

O silêncio tomou conta do ambiente. Draco acomodou-se em uma das cadeiras que havia ao redor da mesa.

Ficou ali, observando Hermione. Tentando encontrar a mulher bonita, forte e inteligente que ela sempre foi. Pegou-se pensando qual teria sido a última vez que a vira daquele jeito. Provavelmente fora em fotos de algum jornal. Fazia tantos anos que não se encontravam pessoalmente. Sim, havia sido em algum jornal, cerca de dois anos antes, a morte de Ronald Weasley era notícia que trazia uma foto dela. Alegre, viva...

Hermione colocou a bandeja, quase vazia, ao seu lado. Olhou para Draco. E ele a observava, buscando alguma coisa que ela não soube o que era.

– Por que está fazendo isso? perguntou, a voz já não tão fraca, os lábios – antes ressecados e pálidos – possuíam alguma cor.

– Por que você está fazendo isso? perguntou calmo.

– Como se você se importasse...

Ele levantou e foi até a cama, sentando-se ao lado dela.

– Acho que isso não faz diferença, mas seus amigos e família se importam – ou se importavam -, falou pensativo, só que você os tirou de sua vida.

– Você não tem o direito de se meter na minha vida, soou fraca.

– Dói, não é? Ouvir a verdade, assim, de alguém que nunca teve moral para falar da sua vida perfeita... sua família perfeita, seus amigos. Seu príncipe encantado. Mas acabou. Ele se foi. E pelo visto, te levou com ele.

Levantou-se, indo até a janela. O céu escuro prenunciava a forte tempestade que cairia.

– Eu já disse, Malfoy, você – nem ninguém – tem o direito de se meter na minha vida, porra; gritou entre soluços.

A passos largos, Draco cobriu a distância entre os dois. A face rubra denunciava toda ira que o loiro sentia. Segurou com força os dois braços de Hermione, fazendo-a chorar ainda mais.

– Chega! Essa coisa que está aqui na minha frente não é Hermione Granger. Não é a grifinória sabe-tudo e intragável que eu conheci! cuspiu as palavras na cara dela. Você não vai continuar assim.

Livrou-a das mãos fortes que a prendiam. Andando de um lado para o outro, com lágrimas nos olhos, continuou a falar, mais calmo, porém desesperado.

– Eu não aquento mais te ver assim. Eu tive a infelicidade de te ver naquele lugar medonho e não conseguia tirar a sua imagem – chorando por um morto -, disse indignado, da minha cabeça.

Draco voltou-se para ela. Ajoelhou-se ao lado da cama e segurou as mãos frágeis de Hermione entre as suas.

– Eu, sinceramente, não sei porque ter te visto daquele jeito me deixou tão desesperado, angustiado... louco pra te tirar daquela situação, encarou as orbes castanhas, eu nuca tive ninguém com quem me preocupar, nem ninguém pra se preocupar comigo. Pra mim, é inconcebível alguém como você ficar sofrendo – e fazendo pessoas sofrerem – por tanto tempo...

As palavras foram morrendo nos lábios de Draco.

– Isso não é verdade, você não está preocupado comigo, você não pode estar preocupado comigo! bradou Hermione, tirando suas mãos do contato suave com as do loiro.

O silêncio incômodo pairava no ambiente, tentando desvendar todas as inseguranças que estavam prestes a explodir de cada um.

No mínimo cinco minutos passaram-se naquele silêncio.

Hermione não acreditava realmente que estivesse acabando com sua vida. No refúgio que ela havia criado para ela e Rony, ela vivia tudo que os dois tanto haviam sonhado. Ela não admitia perdê-lo de sua vida e fazia disso seu conforto. Não que algum dia tivesse tentado continuar a vida sem ele, mas ela preferiu assim. Do jeito mais difícil...

O silêncio que reconfortava Hermione, fazia as entranhas de Draco se contorcerem de agonia. Quebrou-o:

– É melhor você tomar um banho. Daqui a pouco o medibruxo vai chegar e é bom você estar apresentável, falou arrogante.

– Eu não preciso de banho nenhum, respondeu mau-humorada, levantando-se continuou: E eu não vou ficar aqui pra medibruxo nenhum me examinar.

Draco rui anasalado. Seria realmente difícil conseguir qualquer avanço com ela.

– Granger, você está parecendo uma mendiga, disse com falsa calma, você vai tomar banho. E vai ser atendida. Não tem como fugir.

– Eu posso aparatar, disse enquanto Draco caminhava até a porta.

– Não, não pode. E é melhor não tentar, tenho certeza que vai se arrepender. Volto em uma hora com o Dr., esteja pronta, terminou fechando a porta atrás de si.

Hermione se desesperou. Cascatas começaram a descer por sua face novamente. Ela não queria ficar ali, sozinha. Conhecia Draco o suficiente para saber que ele não a deixaria sair enquanto não tivesse feito o que ele queria. Foi tomar banho.

Luxo. A palavra perfeita para descrever o banheiro em que estava. Há meses Hermione não olhava para um espelho. A figura que ela viu a assustou. Aquela não era ela. Não era para seu reflexo que Hermione olhava. Ela olhava para uma mulher fraca, magra, sem cor. Sem vida.

Um arrepio percorreu o corpo dela. Um arrepio que nada tinha a ver com o frio que fazia fora da Mansão. Mas sim com o gelo que consumia todo o seu ser. Todas as células, órgãos, sistemas e tecidos do corpo dela. O frio da alma.

Entrou em baixo da água quente.

Draco bateu na porta. Chamou. Bateu e chamou. Nada. Entrou. Hermione não estava lá. Chamou mais uma vez. A porta do banheiro estava aberta e ele não hesitou em entrar.

E ela estava lá. Sentada no chão, costas encostadas na parede, braços jogados ao lado do corpo, cabeça apoiada nos joelhos. Só com a toalha em volta do corpo ainda molhando... dormindo.

O loiro cobriu o espaço entre os dois e sentou-se na frente dela. Com delicadeza tocou o rosto inchado e vermelho. Como ela ainda conseguia chorar? pensou tenro.

Habilidoso, tirou-a dali. Com um aceno de varinha trocou a toalha por uma camisola de seda. Ela dormia serena e ali ele conseguiu encontrar algum vestígio da Hermione que ele conheceu.

Não importou-se em deixar o medibruxo esperando por eles. Ficou velando a sono dela e não demorou muito para dormir também, sentado no chão, com a cabeça apoiada na cama. Ao lado da dela.

xx

Draco acordou com um estrondo, o pescoço e o tronco doloridos devido ao tempo que passara dormindo em tão desconfortável posição. Olhou para a janela e a tempestade castigava os jardim da mansão. O vento forte levava as grossas gotas para dentro da janela aberta formando uma enorme poça no piso claro. O ex-sonserino levantou-se, a calça social e a camisa toda amarrotada, andou até a janela, pisando no meio da poça ficou alguns segundos sentido a grossa chuva atingir seu rosto e observando a escuridão que por vezes era iluminada por relâmpagos. Com um aceno de varinha Draco fechou o vidro e secou o chão molhado. Antes de sair do quarto deu mais uma olhada para Hermione, que ainda dormia tranquila. Com um meneio angustiado de cabeça, caminhou até a porta e apagou os archotes antes de rumar para o próprio quarto, com a pretensão de descansar o máximo possível.

O dia seguinte seria longo.

Hermione acordou de sobressalto. Tivera um sonho muito estrando, estava no cemitério em que Rony fora enterrado, mas ao invés de estar chorando pela morte dele, chorava sobre o túmulo de Malfoy. Assustada, ela abriu os olhos, lágrimas rolavam por eles. Ela não se lembrava muito bem como tinha chegado naquele quarto, mas sabia que estava na casa de Draco. Levantou-se desesperada, os raios solares começavam a surgir no horizonte e inundar o quarto, sem nenhum vestígio da tempestade que assombrara toda a noite. Queria sair daquela casa que só lhe trazia memórias ruins. Olhou para camisola que vestia e ficou se perguntando como ela havia ido parar ali. Não encontrou sua varinha em nenhum lugar do ambiente. Ainda mais nervosa e irritada do que antes, cobriu a passos largos a distância que a separava da porta. Ia tirar satisfações com Malfoy. Quem esse infeliz pensa que é pra me fazer ficar aqui? pensou enquanto girava a maçaneta. Estava trancada.

Draco não conseguiu dormir como planejara, faltava pouco mais de uma hora para amanhecer quando finalmente pegou no sono. Ele não conseguia parar de pensar em Hermione dormindo no quarto ao lado, não fazia ideia de como poderia ajudá-la. Em meio a um sonho, o loiro começou a ouvir pancadas em algum lugar. Levantou em um pulo e percebeu que o barulho vinha do corredor. Abriu a porta do quarto correndo e pode ouvir a voz de Hermione:

– Malfoy! Seu infeliz, abre essa porta! gritava em meio aos socos.

Ele deixou um sorriso escapar pelos lábios, afinal, se ela estava gritando com ele, já havia recuperado um pouco da antiga Granger. Mas o sorriso durou pouco, antes que ele pudesse chegar ao quarto de hóspedes, os gritos foram substituídos por sussurros.

– Draco... me tira daqui. Eu não quero isso, Malfoy! Cadê você?... disse enquanto mais uma copiosa crise de choro surgia. Escorregou pela parede ao lado da porta e encolheu-se, tentando proteger-se de seus próprios demônios.

Ao perceber que a morena parara de gritar, Draco correu para o quarto. Abriu a porta com estrépito e logo ajoelhou-se ao lado dela.

– Granger! bradou, segurando-a nos braços, olha pra mim! Desculpa, ok?! Eu não queria te deixar assim... Eu só quero... te ajudar.

Ela nada respondeu. Soltou-se das mãos dele e o abraçou, reconhecendo toda sua fraqueza.

Draco sentou-se e a puxou para seu colo, aninhando-a como faria com uma criança de dois anos.

Longos minutos se passaram até Hermione se acalmar. E ela não se importou por estar no colo de Draco. Na verdade, sentiu-se extremamente segura nos braços dele, sentiu-se como há muito não acontecia, uma segurança que só conseguia sentir nos braços de Ron. Mesmo com aquele sentimento bom, algo a incomodou. Ela não podia comparar Draco Malfoy com Ronald Weasley. Mexeu-se, tentando sair do colo de Draco. Ele queria que ela continuasse ali, protegida de algum jeito, mas não protestou e deixou que ela se levantasse.

– Granger? perguntou, ainda sentado, buscando o olhar dela. Eu não devia ter te trazido pra cá, muito menos feito você ficar aqui... mas eu não sabia o que fazer.

Hermione não encontrou nenhum vestígio do tom arrogante e mandão que Malfoy normalmente usava. Ela não se permitiu olhá-lo para ele enquanto falava, mas sabia que se olhasse encontraria arrependimento nos olhos dele.

Ignorando o que ele falava, a morena rumou para o banheiro. Lavou o rosto e quando olhou para seu reflexo no espelho lembrou-se que não estava com sua varinha e vestia apenas uma camisola e lingerie fina. Mais uma vez perguntou quem teria vestido-lhe aquelas peças. Lembrou-se de ter visto uma pilha de roupas em algum lugar do quarto. Precisava se trocar. Saiu do banheiro com a cara amarrada e nem ao menos olhou para a direção da porta, onde Draco ainda estava sentado.

Com as roupas em mãos, ela voltou para o banheiro, trancando-se lá dentro. Mesmo sem etiquetas, era evidente que as roupas ainda não haviam sido usadas. Mas que raios essa doninha quicante – deu um sorriso ao lembrar-se do modo como o marido se referia ao Malfoy – faz com um monte de roupas, femininas, novas? pensou intrigada. Por um momento passou pela cabeça dela a possibilidade dele morar com alguém, ela não soube o porquê, mas não gostou dessa ideia. Afastou os pensamentos e, por pura força do hábito – pois costumava fazer isso com tudo – levou uma das peças ao nariz. Era um cheiro bom. Muito bom, e ela sabia que era o mesmo cheiro dele. O cheiro que ela sentiu todas as vezes que ele ficou perto demais, um cheiro amadeirado, alguma coisa parecida com canela. Olhou para as roupas e escolheu a mais simples possível: uma calça jeans escura e uma camiseta clara de mangas compridas. Olhou no espelho e só faltava uma coisa: seus All Starbrancos.

Hermione abriu a porta ruidosamente. Parou em frente ao loiro, olhando-o de cima, exigiu:

– Minha varinha, Malfoy, cadê?

Ele levantou o olhar, analisando o estado dela. Estava bem melhor do que há minutos antes – o que não serviu de consolo, ela já estivera melhor antes e piorara em minutos. Ela batia freneticamente os dedos descalços no chão, esperando uma resposta. Com um movimento da própria varinha, Draco fez a de Hermione aparecer. Ela tirou sua varinha das mãos do loiro e conjurou seus tênis, sentou-se na cama e os calçou. Draco ficou observando-a, com aquelas roupas, ninguém diria que Hermione era uma bruxa.

A morena colocou os sapatos, e não se mexeu, continuou lá, sentada na cama, esperando... Nem ela mesma sabia pelo quê.

Depois de longos três minutos, Hermione levantou o olhar, Draco estava parado em frente a ela, observando como aquele pouco cuidado já a deixara com a aparência muito melhor. Castanho e cinza se encontraram, ambos tentando entender tudo o que estava acontecendo. O olhar penetrante e acolhedor do loiro desconsertou a ex-grifinória, ela desviou o olhar e perguntou:

– E agora, vai me dizer como eu saio daqui?

– Você devia tomar café primeiro, falou firme, porém calmo.

– Eu não quero ficar mais nenhum segundo nesse lugar, vai me dizer como eu saio, ou vou ter que tentar aparatar?

– Tudo bem, não vou – de novo – te obrigar a ficar aqui, disse resignado. Sua casa é ligada à Rede de Flu? Se não, você só poderá aparatar fora da área de proteção, o que faria você andar por uns bons minutos.

– Pode ser por Flu...

Draco anuiu e saiu do quarto, sendo seguido pela morena.

Andaram, para Hermione, o que pareceu uma eternidade. Quando finalmente chegaram à sala de visitas, de onde ela iria embora, ela não pôde mais se mexer. Todas as lembranças de mais de dez anos antes invadiram a mente dela como brasas. Inconscientemente, Hermione tocou o braço esquerdo onde ainda existia a cicatriz escrita "sangue-ruim".

Draco percebeu que ela parara de andar. Olhou para trás e viu uma Hermione pálida, os olhos vidrados. Com um suspiro perguntou-se o que havia feito de errado daquela vez, percebeu também que ela segurava o braço com demasiada força. Em uma fração de segundo a imagem de sua tia torturando Hermione, naquele mesmo lugar, passou por sua mente. Ele não pensou duas vezes antes de segurá-la e aparatar em frente à casa dela.

– Você disse que não dava para aparatar, resmungou assim que sentiu os pés tocando o chão.

– Eu disse que você não podia aparatar, falou calmo, a não ser que você se tornasse uma "Sra. Malfoy", tentou brincar, recebendo um olhar mortal da morena.

– Malfoy, para de infernizar a minha vida. Ela já está ruim o suficiente, não preciso de você pra deixá-la ainda pior, disse com calma forçada. Pode continuar com a sua brilhante e maravilhosa vida. E esquece que eu existo, não deve ser tão difícil.

Antes que Draco pudesse responder alguma coisa, ela já havia aberto a porta e entrado.

– É ai que você se engana... sussurrou, desaparatando em seguida.

Mais uma vez Draco foi invadido por uma onda de ânsia incontrolável. Mal acabara de tocar o chão, a bile presa no estômago criou forças e se derramou no piso. Ele sentia-se fraco, talvez pela falta de alimento no corpo. Ou, talvez nada tivesse a ver com isso... Olhou para o líquido viscoso e amarelado no chão como se não houvesse nada lá, e rumou para o próprio quarto, onde passou o resto do dia.

xx

Na manhã seguinte Hermione pensou que continuaria com a sua melancólica rotina, mas não se surpreendeu ao encontrar Draco Malfoy sentado no banco que havia no jardim da casa dela.

– Eu já disse pra você parar de me infernizar, Malfoy; disse sem ao menos olhar para ele, caminhando em direção à rua.

Era uma manhã fria de fim de outono e ela parecia não sentir o vento gelado que cortava a rua. Draco levantou-se, caminhando na mesma direção que ela. Por um momento ele se perguntou se falara sério quando disse alguma coisa sobre ela ser uma "Sra. Malfoy". Em poucos passos conseguiu alcançá-la. Ignorando o olhar mal-humorado que recebia, comentou:

– Aposto que você não comeu nada antes de sair.

Ela não se preocupou em responder, continuou andando como se ele não existisse.

– Tudo bem, você vai dificultar as coisas. Já entendi. Mas não pense que, eu, vou desistir tão fácil.

Hermione continuou sem responder, e ele continuou andando ao lado dela, ainda falando:

– Com certeza tem alguma padaria, café – qualquer lugar que venda comida – na avenida por onde vamos passar, entramos e você come alguma coisa antes de nós...

Hermione parou de andar, o olhar dela faiscava e Draco ficou com medo de ser azarado, ali mesmo, no meio da rua.

– Malfoy, vai tomar conta da porra da sua vida. E além do mais, eu tenho um compromisso e jamais te acompanharia para qualquer lugar que fosse. E não existe "nós"! Hermione quase gritou a última frase.

Continuou caminhando, o mais apressadamente possível, abriu a bolsa e tirou um maço de cigarros de dentro.

Tragava o cigarro entre os dedos com a mesma necessidade que os pulmões clamavam por ar. Ar puro.

– Compromisso? perguntou com acidez calculada, vários segundos depois. Um compromisso ao qual você é abrigada a comparecer há... quanto tempo mesmo? Para, cacete, eu estou falando com você!

– Você não vai fazer escândalo no meio da rua, Malfoy. E eu estou pouco me lixando para o que você tem a dizer. Eu não quero – eu não preciso – da sua ajuda.

– Tantos anos e você realmente não me conhece, não é mesmo, Granger? Eu não queria fazer isso, mas você vem comigo!

Draco aproximou-se de Hermione e a segurou firme pelo braço, puxando-a consigo enquanto caminhava pelo curto caminho até a avenida. Logo que virou a esquina ele avistou um café.

Ela não queria estar ali. Andando puxada por ele, mas sabia que não conseguiria se soltar, por isso não protestou e foi se arrastando junto a ele.

– Vem, esse lugar parece ser decente, falou enquanto soltava o braço dela para puxar-lhe a mão. E joga essa porcaria se cigarro em algum lugar.

Hermione agradeceu mentalmente por ele ter soltado seu braço, mas tão logo sentiu o toque macio e possessivo das mão dele em contato com as dela, se arrependeu. Um arrepio que nada tinha a ver com o frio cortante percorreu o corpo dela. E Draco percebeu.

– Entra logo, olha, você está morrendo de frio.

E ela se sentiu mal por ter reagido àquele contato.

Sentaram-se em uma das mesas mais afastadas. Enquanto um garçom vinha à direção deles, Hermione se pronunciou:

– E você pretende pagar a conta como, Malfoy? Com seus preciosos galeões?

– Não me subestime, Granger; ela revirou os olhos – não era mais Granger, era uma Weasley, Weasley. Eu posso até não gostar muito de coisas trouxas, mas nem por isso vou me isolar no nosso mundo... eles tem umas comidas muito boas, se você quer saber; falou debochado, e sonhador – como se estivesse lembrando das tais comidas. Ah, a conta, como eu vou pagar a conta. Já ouviu falar em cartão de crédito, Granger?

Hermione estava pronta para dar uma resposta, mas foi interrompida pelo garçom perguntando os pedidos.

Depois de feitos os pedidos, Hermione depositou as cotovelos sobre a mesa e escondeu a face entre as mãos, em um gesto de completo desalento.

Draco queria poder levantar de onde estava e abraçá-la. Assegurar-lhe de que tudo ficaria bem. Dizer que ela não podia continuar daquele jeito... mas ele não fez nada. Ficou apenas olhando.

Continuaram naquelas posições por um longo tempo, até o garçom voltar com o que eles haviam pedido.

Hermione tirou as mãos do rosto e direcionou o olhar ao garçom, que a fitava com piedade. Draco depositou sua mão ternamente sobre a que ela deixara em cima da mesa. A morena desviu o olhar do homem que se afastava para as mãos unidas. Queria a qualquer custo entender o porquê daquilo tudo:

– Por que, Malfoy? Por que você está fazendo isso comigo?

– Porque você precisa de ajuda; falou com calma, apertando com firmeza e carinho a mão sob a dele. Eu sei que eu não sou a melhor pessoa para fazer isso... eu posso só, sei lá, te acompanhar. Você não precisa fazer isso sozinha, concluiu alguns segundos mais tarde.

Ela tirou a mão do contato com a dele, e assentiu com um leve aceno de cabeça.

Dessa vez foi Draco quem ficou sem comer, apenas sorveu o líquido escuro de sua xícara. Querendo que fosse alguma coisa mais forte no lugar do café. Hermione se alimentou lentamente, como se cada mordida lhe custasse a vida.

Saíram do café no mais completo silêncio. Seguiam nas ruas tranquilas da Londres trouxa o longo caminho que os levaria ao cemitério, em um bairro bruxo. Quem os visse, acharia apenas que eram dois estranhos andando lado a lado.

– Sabe, Granger; quebrou o som opressor daquele silêncio; eu não posso dizer que estou tão confuso quanto você, mas eu te garanto que a minha cabeça está a ponto de explodir com tanta informação. Faz cerca de cinco meses que eu não consigo tirar você da minha cabeça. Eu, não sei, mas parecia que um campo gravitacional sempre me fazia chegar até você.

Ele não esperou por nenhuma resposta de Hermione, falou tudo o que estava passando pela cabeça dele desde o dia em que a viu pela primeira vez naquele cemitério, até há três dias – quando finalmente tiveram algum contato. Draco não sabia dizer se ela prestava atenção ou se estava completamente alheia a tudo o que ele falava, mas continuou. Mesmo que ela não ouvisse, ele precisava colocar para fora de si tudo aquilo que estava o sufocando.

– Dizem que às vezes, quando vemos a situação de fora - sem tanto envolvimento – é mais fácil encontrar uma solução. E eu pensei que pudesse encontrar essa solução, mas já não posso garantir que eu esteja vendo seu estado desse modo. Na verdade, nem mesmo eu sei se isso nos levará a algum lugar... terminou resignado, pensando seriamente se aquilo tudo valeria a pena.

Continuaram andando, já estavam mais perto do centro de Londres e ainda tinham muito o que caminhar. Hermione ficou todo o caminho pensando. Apesar de sempre ter odiado Malfoy, parecia que ele estava fazendo com que ela enxergasse o que todos a volta dela sempre tentavam dizer.

Para Draco o silêncio era a porta de entrada para todos os demônios que lhe assombrava. No silêncio o cérebro podia começar a trabalhar sem nada que o fizesse parar. Nada que interrompesse os pensamentos que mais o assustava. Com o tempo ele aprendeu a controlar essa angústia que o tomava toda vez que o silêncio se tornava barulhento demais. Mas naquele momento ele parecia a criança que ainda não tinha aprendido a conviver com o que sentia. Por mais que a rua já estivesse movimentada, ele não conseguia prestar atenção em nada além de Hermione, e em todos os chiados intrínsecos da mente dele. Draco quase se rendeu a um velho vício, e podia entender perfeitamente o porquê de Hermione ter buscado abrigo em maços de cigarro.

Ele poderia afirmar que aquela fora uma das horas mais longas de sua vida. Digna, até mesmo, de ser comparada à noite na qual deveria ter matado Dumbledore. Quantos cigarros foram gastos àquela noite? pensou quando já chegavam ao cemitério. Dez, quinze? Talvez vinte, um maço completo. Quantos teria fumado agora, se ainda fizesse disso um reconforto? Achou melhor não fazer as contas...

Aquela, talvez, fosse a única vez na qual Hermione não chorava. Ou, era só porque às vezes lhe faltam lágrimas. Como em todas as vezes que ele a vira ali, Hermione ajoelhou-se sobre o túmulo do marino, com um aceno de varinha substituiu as flores já murchas por outras novas. A aliança de casamento reluzia no anelar esquerdo, provavelmente tão grande para que todos soubessem o quanto se amavam. Malfoy ficou a alguns passos de distância, sabia que ela não o queria ali, maculando um espaço tão íntimo.

Ela não conversou com a foto sorridente que estava lá; levantou-se e sentou em um banco próximo, de onde ainda era possível ver os fios ruivos que destoavam em toda morbidez daquela cena. Draco a seguiu e sentou-se também.

– Você sente falta dela? A voz soou fraca, cansada de tudo. Draco não precisou de explicação para saber de quem ela falava. Ele levou alguns segundos para buscar uma resposta.

– Na verdade, não. Para mim, ela já havia morrido bem antes de estar em um caixão; falou na mesma entonação fraca que ela usara, conformado com a vida. Eu amava a minha mãe, claro, sempre amei. Afinal, ela era minha mãe. Mas depois que Voldemort voltou, as coisas mudaram. Parecia que eu era só mais um na vida dos meus pais, alguém irrelevante que não merecia atenção alguma. E eu aprendi que não dava para competir com o Lorde das Trevas. Então, quando ela morreu, foi apenas confirmada uma coisa que eu já sentia há muitos anos... ele tinha o olhar distante, talvez sentindo o peso de tudo que acontecera em sua vida.

Hermione parecia não ter ouvido nada. Continuava olhando para o sorriso do marido, naquele estado de letargia no qual Draco começa a se acostumar. Ele ainda não conseguia entender como – em tão puco tempo – já havia dito a ela coisas que não se imaginava dizendo nem para as pessoas mais próximas a ele. Não que ele tivesse muitas pessoas com quem se abrir, mas com as que restaram, ele não faria isso.

– Sinto muito, respondeu longos segundos depois. Ela virou-se e Draco olhava ao longe, onde estava o túmulo, sujo e mal cuidado, da mãe dele.

Hermione não podia negar, ele era bonito. Não bonito como Ron, que transmitia vida em cada poro do corpo, desde do olhos que refletiam um céu limpo e ensolarado, até os fios vermelhos – que, em conjunto, poderiam facilmente ser comparados ao pôr-do-sol em uma tarde de verão. Malfoy era o completo oposto. A pele tão pálida quanto a paisagem coberta por neve durante o inverno. Os olhos prateados por causa do sol fraco que batia, mas tão frios quanto o gelo. Ela não podia ter certeza, mas apostaria todos as suas libras esterlinas em como a vida o ensinara a ser daquele jeito, não seria possível alguém ser naturalmente assim.

Mais uma vez ela se culpou por estar comparando Draco Malfoy com Ronald Weasley.

– Você já perdeu alguém realmente importante? estava começando a achar que o silêncio já tão era tão reconfortante quanto antes.

– Acho que eu nunca tive alguém realmente importante; ele virou-se para encará-la, sabia que ela estava há algum tempo o observando, mas não queria imaginar todas as coisas ruins que ela poderia estar pensado sobre ele. As pessoas mais próximas que eu tive disso foram Pansy e Blás. Ele ainda é meu amigo, somos sócios, inclusive. Já Pansy, bem, aquela vadia faria qualquer coisa para não perder o prestígio que o sobrenome Parkinson tinha, quando ela começou a seguir Voldemort cegamente eu resolvi me afastar... eu sabia muito bem o quanto a devoção àquele filho da puta podia acabar com uma família. Acho que eu nunca conseguiria entender como você se sente.

– Parece que todos os dias um punhal entra no meu peito e que eu vou sangrar até a morte, mas ela não chega e tudo continua doendo. Doendo muito. E eu durmo pensando que, quando eu acordar, vou descobrir que as coisas não passaram de um pesadelo, mas ai eu acordo e está tudo do mesmo jeito. Com a diferença de que mais uma parte minha também morreu.

Ela falou tudo muito rápido, com a sensação de que assim doeria menos. Ele não tinha perguntado, mas ela nunca falara aquilo para ninguém e, por incrível que parecesse, falar para um "estranho" era mais fácil do que para seus amigos – se é que ainda podia chamá-los disso.

Os dois estavam encostados no banco, olhando para o nada e com a mente trabalhando com energia exagerada. Draco não sabia o que responder – definitivamente, nunca chegara nem perto de sentir tudo isso por alguém – fez a única coisa que estava em seu alcance: passou o braço pelos ombros dela, aninhando-a em seu peito.

xx

Durante quatro dias Draco fez a mesma coisa: esperava por Hermione, iam tomar café, caminhavam até o cemitério e mais ou menos na hora do almoço ele dizia que já estava ficando tarde e deveriam ir embora. Meio relutante, ela concordava e Draco a levava para almoçar. E ele a deixava em casa, despedindo-se com um beijo terno na testa dela.

Naqueles dias ele não a viu chorando mais e começou a pensar que ela também só continuava indo por tanto tempo ao túmulo de Ronald por hábito. Embora tivessem tido mais alguns momentos nos quais conversavam sobre coisas que – em outros tempos – jamais seriam ditas entre Malfoy e Granger, a maior parte do tempo passavam em silêncio.

xx

O inverno dava cada vez mais sinal de sua proximidade e Hermione achou melhor se agasalhar. Ela sempre saia de casa no mesmo horário: seis e meia. Nem um minuto a mais, nem um minuto a menos. Draco sabia disso e quando ela abriu a porta naquela manhã, uma coruja estava pousando sobre o banco, onde, ela tinha certeza, encontraria Malfoy a esperando.

Uma angústia instantânea tomou conta de Hermione. Um vazio que ela nem ao menos sabia que poderia existir. A ex-grifinória não poderia dizer que gostava da presença constante de Malfoy, mas naquele momento ela descobriu que gostava menos ainda da ausência dele. Naqueles quatro dias ela havia se sentido – mesmo que de uma maneira completamente torta – segura ao lado dele.

A coruja começou a piar e Hermione resolveu se mexer. Pegou o pergaminho que ela tinha na pata e sentou-se para ler. Ele não poderia ir naquele dia, houvera um imprevisto na empresa e ele teria que resolver o problema. Imprevisto, ele se cansou. Foi isso o que aconteceu, Hermione pensou, sentindo um vazio ainda maior. Como em tão pouco tempo pôde se apegar dessa forma a alguém? Ele ainda dizia que ela deveria se alimentar direito, mas ela nem seu deu ao trabalho de ler isso, amassou o pergaminho e seguiu seu caminho de sempre.

Ela ficou naquele cemitério como fazia todos os dias, antes de Malfoy aparecer: chorando e imaginando como teria sido se Rony ainda fosse vivo. Quase no meio da tarde seu estômago deu sinal de vida. Poucos dias e seu organismo já não estava mais acostumado à falta de comida. Olhou ao redor e por um momento se perguntou porque ainda insistia com aquilo. Rony estava morto e ela não poderia fazer mais nada. Enxugou as lágrimas bruscamente, tentando acreditar naquelas palavras as quais estavam se fazendo constante em sua mente.

Andou por ali, olhando sem realmente ver o que passava por seus olhos. No entanto, a foto de uma das lápides lhe chamou atenção. Era uma mulher bonita, como o filho. Estava muito mais nova e sorridente do que nas últimas vezes nas quais a tinha visto. Narcisa Malfoy havia morrido pelas mãos do próprio marido quando este soube que ela havia, de alguma forma, ajudado a derrotar o Lorde das Trevas. E Hermione via algo de nobre nisso, talvez no último momento ela achara que poderia mudar o destino, quem sabe, pelo menos do filho. Sujeira se misturava a restos de flores e velas. A viúva pensou em como até nisso Malfoy e Weasley eram opostos. Fez os mesmos feitiços que usava todos os dias para limpar o túmulo de Rony, para limpar o de Narcisa. E achou que já havia passado da hora de voltar para casa.

CONTINUA...



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Notas finais do capítulo

E ai, gente, o que acharam?? Comentários??
Bjs! *-*