Destino escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 3
Capítulo 3 - Os Winchesters


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se!



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Tinha anoitecido. Por sorte, os passos que Mia ouviu vinham de dentro do quarto. Sam e Dean haviam acordado e arrumavam as coisas para deixarem o lugar.

Mia viu que eles estavam indo em direção a porta e correu para se esconder em outro lugar. Ficou atrás de um carro e viu quando Sam abriu o porta-malas do Impala. Embora estivesse escuro, Mia conseguiu ver que tinha muitas coisas esquisitas ali dentro. E uma quantidade monstruosa de armas. Ela deveria ir embora e esquecer tudo o que tinha visto e ouvido. Mas, mais uma vez, não conseguiu. Era como se uma força, maior do que o seu instinto de sobrevivência, a fizesse continuar. Como se tivesse que fazer aquilo. Descobrir quem eram aqueles dois caras, além dos nomes que tinha ouvido, Sam e Dean. E de alguma forma, essa força a fazia confiar que eles não a machucariam. Era a coisa mais estúpida que já tinha pensado. Eles iam queimar um cadáver, o que fariam com ela se descobrissem que ela ouviu toda a conversa deles? E que conversa tinha sido aquela?

Enquanto via o Impala se afastar, Mia teve uma idéia. Uma idéia ilegal, na verdade. Tinha dispensado o táxi, mas tinha que seguir aqueles dois. Ela tinha que roubar um daqueles carros para isso. E foi o que ela fez. Quebrou o vidro, ligou o carro usando um truque que viu em muitos filmes de ação e começou a seguir Sam e Dean.

Algum tempo depois, o Impala parou em frente ao cemitério local e Mia parou em uma estrada paralela. Não podia estragar tudo. Tinha que manter uma certa distância se quisesse descobrir quem eram aqueles caras e por que sonhou com a placa do carro deles. Era como uma espécie de sinal, mas o significado estava cada vez mais indecifrável.

Sam e Dean desceram do carro e entraram no cemitério carregando duas bolsas e duas pás.

– Eles estavam falando sério... – disse Mia para si mesma, antes de sair do carro também.

Mia esperou um pouco e depois caminhou devagar em direção ao cemitério sempre checando se o spray de pimenta ainda estava no seu bolso. Não podia ter certeza se aqueles caras realmente não a machucariam.

Logo, Sam e Dean encontraram o túmulo de Mary Collins e começaram a cavar. Mia se escondeu atrás de um dos túmulos e ficou observando. Cada vez mais, entendendo menos.

– Eles vão mesmo fazer isso... – disse para si mesma sem perceber e Dean se virou ouvindo alguma coisa.

– Cara, você ouviu isso? - perguntou o Winchester mais velho.

– Dean, estamos num cemitério. Provavelmente você ouviu alguma coisa. Mas hoje temos que despachar esta aqui. - respondeu o mais novo.

Dean olhou em volta mais uma vez antes de recomeçar a cavar e insistiu:

– Eu não sei, Sammy. O que eu ouvi não parecia ser nada sobrenatural.

Mia sentiu-se aliviada por não ter estragado tudo. Mas precisava chegar mais perto. E foi o que fez. Se escondeu atrás de outro túmulo, dessa vez bem próximo de onde eles estavam, e assistiu, em choque, dois caras desenterrando um corpo, derramando algum líquido inflamável em cima dele e jogando um isqueiro dentro do túmulo.

Foi quando uma coisa assustadora e inexplicável aconteceu. Enquanto Sam e Dean assistiam o corpo de Mary Collins queimando, uma coisa apareceu no cemitério. E embora não acreditasse em coisas sobrenaturais, Mia teve certeza de que aquilo era um... fantasma.

O grito de agonia do fantasma de Mary Collins foi diminuindo até desaparecer junto com o seu fantasma em chamas e cinzas. Mas enquanto via aquilo, Mia perdeu o controle, se levantou e seu corpo foi para trás. Seu spray de pimenta dentro do bolso fez um barulho enorme ao bater na parede de um dos túmulos. Sem perceber, Mia acabou se desequilibrando, percebeu que não havia chão atrás dela e com isso o grito foi inevitável. E a queda também.

Mia sentou e percebeu que estava em uma cova aberta. Seu coração acelerou. Aquela situação a deixou em pânico, mas estava aliviada por não ter se machucado gravemente. Olhou para cima incomodada com a luz que batia em seu rosto. Viu Sam e Dean visivelmente surpresos segurando duas lanternas e apontando duas armas em direção à ela.

Ótimo. Eles a machucariam então. Mia sentiu que tinha que fazer alguma coisa para esclarecer aquilo, mas não sabia como e mesmo se teria tempo para isso. Tudo o que conseguiu dizer foi:

– Por favor, não me machuquem.

Os irmãos se entreolharam.

– Machucar você? – perguntou Sam sem entender.

– Por que você está nos seguindo?! – gritou Dean.

– Eu posso explicar... Eu acho... - gaguejou ela.

– Crowley mandou você?! – perguntou Sam.

– Crowley? Quem é Crowley? – Mia lembrou da conversa que ouviu e disse - Ah! O Rei do Inferno!

Os irmãos se entreolharam de novo e quando voltaram a olhar para Mia, ela teve a impressão de que eles iam atirar.

– Não! Não foi o Crowley que me mandou! – respondeu ela o mais rápido que pode – Eu ouvi vocês dois conversando sobre este tal Crowley, por isso eu sei quem ele é. Eu acho. Mais ou menos. Só por isso. Mas por favor, não me machuquem. Foi estúpido seguir vocês, eu sinto muito...

Sam abaixou a arma intrigado, porém um pouco mais confiante. Talvez aquela garota não fosse um demônio enviado pelo Rei do Inferno. Enquanto Dean permanecia com a arma na direção de Mia, Sam perguntou:

– Como assim “Você ouviu nós dois conversando”? Desde quando você está nos seguindo e por quê?

– Porque ela é um demônio, Sammy! Assim como a Ruby era, assim como a Meg é! Não se pode confiar em ninguém hoje em dia. Parece que todo mundo em algum momento vai nos olhar com aqueles malditos olhos pretos! - disse Dean um tanto alterado.

– Não! Eu não sou um demônio! – respondeu Mia achando aquele interrogatório muito maluco. – Eu não poderia ser um demônio. Porque demônios não existem. Eu entendo que talvez vocês estivessem conversando em alguma espécie de código do FBI, mas definitivamente eu não sou um demônio, ok?

– Bela tentativa. – reconheceu Dean. – Mas pra mim, você continua sendo um deles.

– Só tem um jeito de saber. – lembrou Sam tirando alguma coisa do bolso do casaco.

– Ótimo! E qual é? Assim terminamos logo com esta confusão e... - disse a garota, porém não terminou a frase.

Mia foi interrompida e ficou confusa. Sam havia jogado algum líquido em seu rosto.

– Água benta. – respondeu Sam. – Parabéns, você não é um demônio.

– Ok, mas não podemos confiar nela. Ela estava nos seguindo sabe-se lá por que. - ressaltou Dean ainda desconfiado daquela situação.

– Tem algum objeto cortante feito de prata com você? - perguntou Sam.

– Ahnnn... tenho. Deus... que pergunta mais estranha... – respondeu Mia pegando um canivete dentro da bolsa. – Mas pra quê? Vocês querem que eu me mate para poderem colocar fogo no meu corpo também?

– Hilária. – respondeu Dean com ironia.

– Desculpe, eu só estou meio nervosa... - lamentou ela.

– Faça um corte no seu braço. – mandou Sam

– O quê?? Vocês são loucos??? Eu não vou me cortar, cara! Isso seria estúpido... - discordou Mia atônita, no entanto mais uma vez parou de falar quando viu que Sam voltou a apontar a arma para ela.

– Faça. – ordenou ele.

– Ok. – concordou ela, levantando um pouco a manga do casaco e fazendo um corte no seu braço. – Ai! Isso doeu... - reclamou erguendo o braço para que Sam e Dean pudessem ver.

Eles olharam o corte no braço de Mia e em seguida abaixaram as armas. Ela arriscou:

– Isso significa que eu passei no teste?

– Isso significa que você é humana. – respondeu Dean menos na defensiva, mas ainda intrigado com aquela intrusa.

– É claro que eu sou. O que mais eu seria? – perguntou Mia confusa.

– Então, quem é você? – perguntou Sam.

– Nossa! Até que enfim uma pergunta coerente. Meu nome é Mia. Sou estudante de jornalismo na Universidade que vocês foram hoje de manhã. O Sr. Jones era meu professor. - apresentou-se a garota.

– E por que você seguiu a gente, Mia? – perguntou Dean.

Mia não sabia como dizer aquilo, mas por mais que a verdade não fizesse sentido, sabia que tinha que dizê-la. Então explicou:

– Bem, pode parecer estranho, muito estranho, mas eu meio que sonhei com vocês esta noite.

– Que romântico! – ironizou Dean.

Mia franziu a testa e esclareceu prontamente:

– Oh! Não este tipo de sonho. Sem ofensa, mas vocês dois não fazem muito o meu tipo. Além do mais, não foi exatamente com vocês. No meu sonho eu via uma placa de um carro. CNK 80Q3. Diz alguma coisa para vocês?

– Meu bebê... – respondeu Dean referindo-se ao Impala.

– E tem mais... eu sonhei com o assassinato do Sr. Jones antes disso. E de alguma forma inexplicável, incoerente e estúpida eu senti que se seguisse vocês talvez eu teria algumas respostas para tudo isso. Pelo visto eu estava errada... - completou ela.

– E você espera que a gente acredite nisso? – perguntou Sam.

– Bem, na verdade não. Nem eu mesma acreditaria se me contassem, mas já que vocês estão convencidos de que eu não sou um demônio ou qualquer outro tipo de... coisa, eu pensei que vocês poderiam, pelo menos, me ajudar a sair deste lugar. Isso é muito mórbido... Eu estou em uma cova... Por favor, me tirem daqui. - pediu Mia.

Sam olhou para Dean que disse enquanto guardava a arma:

– Ok, Mia. Nós vamos tirar você daí.

– Ótimo. Eu fico feliz que a gente tenha conseguido esclarecer este terrível mal entendido... - comemorou ela.

Dean se abaixou e estendeu a mão para Mia. Ela a segurou e ele começou a puxá-la para fora da cova. Enquanto a erguia, Dean reparou em uma coisa que ela usava no pescoço e parou de repente.

– Mudou de idéia? – perguntou Mia com medo da resposta.

Mas Dean voltou a puxá-la para fora e ficou olhando para o amuleto no pescoço daquela garota. O amuleto que Sam tinha lhe dado quando os dois eram crianças, e que Dean havia jogado em uma lixeira de um Hotel, depois que ele e Sam morreram, foram pro Céu e descobriram através do anjo Joshua que Deus não dava a mínima pro Apocalipse.

Sam reparou que Dean olhava para o pescoço de Mia e seguiu o seu olhar. Ficou igualmente confuso.

– Onde conseguiu isso? – perguntou Dean.

– O quê? Oh! Isso? – perguntou Mia segurando o amuleto e então explicou – Um antigo namorado. Ele me deu isso há uns dois anos. Pouco antes da gente terminar. Achei bonitinho e resolvi não jogar fora. Não é lindo?

Houve um momento de silêncio que pareceu uma eternidade. Nenhum dos irmãos entendia como aquele amuleto foi parar no pescoço de Mia. Por mais que ela tivesse explicado... Era uma coincidência muito estranha.

– Ok, Sam e Dean. Foi ótimo conhecer vocês, mas eu tenho que ir. – disse Mia dando alguns passos, mas acabou trombando em algo. Na verdade em alguém que apareceu do nada precedido por um barulho de asas.

– Cas? – admirou-se Sam – O que você está fazendo aqui?

Mia olhou o cara de sobretudo na sua frente. Era ele. O cara que tinha aparecido no seu quarto naquela madrugada. O olhou por um instante e ele retribuiu dizendo:

– Olá, Mia.

– Então você era real? O que diabos você estava fazendo no meu quarto hoje? - lembrou ela rindo levemente.

Dean achou aquilo estranho e perguntou:

– Cas, você entrou no quarto dela? Que ousado.

– É e ele me deu um baita susto! – lembrou Mia.

– Ah, é a especialidade dele. – completou Dean. - Ele também adora o susto do espelho.

– Dá pra alguém me explicar o que está acontecendo aqui? – indagou Sam.

– Isso seria ótimo. Cas? – disse Dean.

– Por que eu levantei da cama hoje? – perguntou-se Mia mais confusa do que nunca.

– Nós quatro precisamos conversar. – disse Castiel antes de fazer todos desaparecerem em questão de segundos deixando o cemitério completamente vazio enquanto o corpo de Mary Collins terminava de queimar.


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Notas finais do capítulo

Cada vez mais eu gosto de escrever isso. Em breve o 4º capítulo!

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