POV KAT

Eu fui com a Clô de taxi enquanto a galerinha foi no carro, podendo assim tentar convencer essa retardada a não fazer a maior merda de sua vida. Porém, todos meus esforços vão por água a baixo, porque ela tem argumento pra tudo. Quando eu digo tudo, é tudo mesmo. Não sei mais o que fazer, realmente. Acho que o jeito agora é deixar ela ir. Deixar minha melhor amiga ir, como se ela fosse areia e a minha vida fosse uma peneira. Nossa, que metáfora de bosta, mas acho que deu pra entender.

–Clô, meu amor, eu quero que você seja feliz. Creio eu, que nós, seus amigos, mesmo sendo uns retardados, merda pura, poderíamos te fazer bem feliz. Mais feliz do que muitos por ai. Porque sabe, a gente não presta, somos tudo um bando de mosquitinhos que fica atrapalhando todos a toda hora, mas nós somos felizes. E sabe, se você não se sente realizada e conformada com a gente, acho que você está fazendo certo em ir. Eu te amo muito amiga, você é minha melhor amiga, a quem eu sei que sempre posso contar, mas se você não gosta da vida que nós temos a te proporcionar (quando digo nós digo o Cato também) – ela sorri em meio as lágrimas – você tem todo o direito de ir.

– Kat, você sabe que não é assim ...

– Exato, eu sei que é exatamente o contrário. Por isso tentei fazer esse discurso pra você entender e talvez perceber de uma vez por todas, de como nós somos fodas e que você não vai encontrar isso em toda a esquina não amiga.

– Merda Kat. Isso foi convincente.

– Eu sei, já posso me candidatar pra ser o novo Hitler e dominar o mundo, extinguindo todo os que se oporem a mim. - faço uma risada maléfica e ela me olha com os olhos inchados, mas com a mesma expressão de sempre, estilo: nem em um milhão de anos. – Mas então te convenci? – pergunto esperançosa.

– Conseguiu, panaca. – diz rindo e me abraçando. Eu começo a chorar e ela volta a chorar, e lá nós ficamos, chorando igual duas retardadas. O motorista olha pelo retrovisor e pergunta:

– As senhoritas ainda vão querer ir até o aeroporto?

– Eita moço, tava ouvindo nossa conversa hein? – pergunto limpando minhas lágrimas e me separando da Clô.

– Perdão senhorita, mas eu não pude deixar de ouvir, só pensei em... – diz o moço todo constrangido.

– Fica tranquilo tio, não precisa não, pode deixar a gente aqui mesmo, obrigada. – acerto a conta com ele e fico fazendo sinal pra quando os nossos amigos passarem por aqui, nos virem, para que assim possamos voltar, todos, para casa.

...

POV PEETA

Eu e Annie estávamos no banco da frente, enquanto Finn e Cato causavam no banco de trás. Parece que esses dois tem formiga no cu, nunca vi. Estava na minha concentração, dirigindo atentamente, quando escuto um choro bem baixo, quase inaudível graças aos gritos dos dois retardados. Annie chorava discretamente, secando as lagrimas furtivamente.

–Hey, Ann, ta tudo bem? – pergunto, meio com medo de invadir sua privacidade. Ela é uma antiga amiga minha, mas nunca se abriu muito, sempre foi muito tímida.

– Ta sim Pe, é que eu gosto da Clô, e não queria que ela fosse embora, eu e ela nunca fomos tão apegadas, mas eu realmente gosto dela. – Ela me olha com os olhos vermelhos, inchados e marejados. Nunca tinha reparado, mas a cor deles é linda. A Annie é linda. Seu rosto fino, sua timidez e seus cabelos grossos e compridos a fazem uma garota linda. Nunca tinha reparado, mas a Annie é gata. Quando me dou conta dos meus pensamentos, já estou a centímetros da sua boca e quase batendo em um carro a frente. Controlo a direção, e ela me olha como se eu fosse louco. Não, não, não. O que eu tô fazendo? Eu gosto da Kat. Eu amo a Kat. Mas... Será que amo mesmo? Será que eu sou capaz de amar alguém que não consegue se decidir por quem está apaixonada e, assim, prefere iludir dois humildes homens que fariam tudo por ela? Será que eu amo uma garota que adora sambar na minha cara e me trocar, pra implorar depois minha amizade depois? Sim, ela é minha melhor amiga, mas será que será a garota certa pra mim? E se, eu realmente amasse ela, eu não estaria interessado na Annie, porque mano, eu to interessadíssimo nela, pra dizer a verdade, e bem...

–Peeta? Hãn, quer que eu dirija um pouco? Não parece que você está bem...- disse Annie, colocando a mão na minha perna e me olhando com compreensão.

–Não, não. Ta tudo bem, ta tudo bem... – digo me perdendo na imensidão dos seus olhos novamente.

– PEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEETA, VOLTA AGORAAAAAAAA, A KAT TA LÁ TRÁS FAZENDO SINAL PRA GENTE PARAR SEU IMBECIL, PARA DE SECAR A ANNIE E PRESTA ATENÇÃO NAS COISAS. – diz Finn gritando no meu ouvindo, sendo um babaca, pra variar. Pego o retorno e logo as meninas entram no carro.

– E aí? Conseguiu convencer essa cabeça dura aqui? – pergunta Cato já abraçando a Clove.

– Claro que eu consegui, eu sou demais – diz Kat jogando o cabelo por trás do ombro, sob o olhar atento e amoroso do Finn. Com certeza eu não consigo competir com esse cara, olha isso, ele ta tão apaixonado que o amor não cabe dentro dele. Ta transbordando na cara dele. Fica um silêncio estranho, quando todos percebem o clima entre a Kat e o Finn. Ele não consegue disfarçar nem um pouco. Paro o carro no acostamento. Quando ele percebe que o silêncio foi por sua causa ele solta o ar e começa a falar.

– Kat, eu te amo. Amo com todo o meu coração, com a minha alma e com todo o meu ser. Você é perfeita, única e maravilhosa. Engraçada e irônica. Eu não te peço pra você corresponder esse sentimento, só quero que você saiba que meu amor é tanto que me sufoca, me estrangula e me mata por dentro. Pouco a pouco, sou morto por esse amor devastador e egoísta. Sim, eu sei que e ridículo, que eu sou ridículo, mas é isso que eu sinto. Um sentimento tão intenso que me completa totalmente. Sei que tem o filho da puta do Peeta, sei que tem você e sua indecisão no meio de tudo isso, mas isto é tão pequeno comparado com o que eu sinto, tão minúsculo e tão insignificante perante ao mundo e a mim. Você não tem noção o quanto você é importante pra mim e eu daria tudo, TUDO, pra te ver feliz e bem. Pois é Katniss Everdeen, você realmente me enlaçou dessa vez. – termina com uma risada irônica.

– Ah Finn. – diz Kat em meio ao seu riacho de lágrimas. Ela olha pra mim e eu aceno com a cabeça, mostrando que eu compreendo. Eu realmente entendo tudo, e acho que eu nunca poderei comparar meu sentimento com o dele. Isso sim é amor.

– Alguma coisa a declarar Peeta? – pergunta Finn com olhar ameaçador.

– Eu só quero que vocês sejam felizes – digo, sinceramente. Dando, enfim a confirmação que precisavam, para se beijarem e ficarem juntos.

Olho para todos no carro durante um minuto. Kat e Finn se beijando. Cato e Clô se beijando e dizendo “Eu te amo” em meio aos seus beijos. Estranho. Eu olho pra Annie, que está olhando para os seus pés. Pois é né, como a vida é injusta. Acaricio seus cabelos e ela olha pra mim.

– Sabia que você é linda? – sussurro. Ela cora e no mesmo momento ela muda. Seu olhar muda de tímido para feroz. Como se uma leoa tomasse o lugar de sua alma e ela me agarra.

– Eu sempre quis fazer isso – diz com a voz rouca e ri. E, assim, ela me beija, me deixando totalmente desarmado e desemparado. Ela me beija com uma intensidade única, com uma ferocidade antes desconhecida por mim, me fazendo render totalmente aos seus encantos.

–WOW- é a única coisa que posso dizer antes de beijá-la novamente. Depois de um tempo ouço uma batida no vidro e todos nós paramos nossos afazeres para olhar quem estava incomodando nosso momento de paz. Aparentemente, era um policial.

– Gente, vocês não podem ficar parados aqui não meus gatos. A menos que vocês me deixem participar dessa orgia, ai vocês podem ficar o tempo que quiserem. – diz um policial com a voz afeminada rodando o cassetete como se fosse uma bolsinha.

– O.k, já estamos saindo daqui. – disse engatando a marcha e saindo correndo. Eu hein.

...

POV JAG (AUTORA)

Passou um, dois, três dias. Um mês. Um ano. Dois, Três anos. E a amizade deles nunca acabou. Sempre renascia das brigas e dos conflitos.

Formados e com a data do casamento já marcada, Finnick e Katniss se amavam e completavam um ao outro. Logo quando terminaram a faculdade, Katniss se declarou para ele e logo se ajuntaram de vez e compraram uma casa. Eles são o exemplo de amor verdadeiro, o qual perdoa sem esquecer e ama sem entender. Seu amor era intenso e inexplicável, como o fogo, porém diferente deste, nunca se apaga. Cresceram e amadureceram e seu amor acompanhou esse processo. São um casal feliz e realizado, redescobrindo um ao outro a cada dia que passa.

Clove e Cato formaram um casal imprevisível. Viajam para todos os lugares do mundo. Não se amam de verdade, mas são apaixonados um pelo jeito do outro. Sempre brigam e se traem descaradamente, mas logo se perdoam e ficam juntos de novo. Eles se divertem e são muito felizes um com o outro. Não moram juntos, o que tornava tudo mais emocionante. Eles gostam de acreditar que são amantes e vivem em segredo, um fetiche particular que torna tudo mais engraçado e louco.

O casal mais inesperado foi Annie e Peeta. Sim, eles acabaram juntos e Peeta conseguiu enfim descobrir a pessoa maravilhosa que Annie é e que escondia de todos. Peeta se apaixonou de verdade e Annie logo engravidou. Os dois nem conseguiram se formar, saíram da faculdade para cuidar do bebê. Estão para ter o terceiro filho, e Annie se descobriu uma mulher mandona e impaciente, a qual seduzia profundamente o pai de seus filhos e seu eterno namorado, Peeta Mellark.

Sim, todos acabaram arranjados no final. A amizade deles nunca acabou e nem foi esquecida, só deixada de lado graças a todos os problemas e os contratempos da vida. Não se viam há dois anos, quando se formaram, porém, Kat resolveu marcar um encontro para se reverem e matarem as saudades.

...

POV KAT

– FINNICK!!! CADÊ VOCÊ IMBECIL? A GENTE VAI PERDER O HORARIO! CORRE MENINO! DEPOIS DIZEM QUE AS MULHERES QUE DEMORAM PRA SE ARRUMAR! – grito. Já faz meia hora que ele ta se arrumando e nada, não é possível uma coisa dessas. Quando ele aparece, ele está impecável, lindo, maravilhoso e perfeito, como sempre.

– Estava me arrumando para minha mulherzinha, e o que achou amor?

– Você está lindo Finn, como sempre, agora vamos antes que eu te agarre aqui e ficamos mais atrasados do que já estamos? – digo arrumando a gola de sua camiseta enquanto ele ri. Dou-lhe um selinho e saímos correndo.

Chegamos ao restaurante marcado e sentamos na mesa, ninguém chegou ainda. Percebo que minhas mãos estão suadas e que eu estou tremendo. Sim, eu senti muitas saudades dessas pessoas e estou com medo deles terem mudado do que eram. Logo chega Clove com Cato, os dois se batendo, literalmente, no meio do restaurante.

– Eu disse que você não sabia o caminho, ta vendo seu inútil, nem pra aprender o caminho certo você serve – diz Clô.

– Eu sabia o caminho Clô, só quis dar uma enrolada pra nós não sermos os primeiros a chegar.

– Ah, claro, larga de fingir e fala sério seu bacaca, não adianta mentir pra mim não que eu... – ela para no meio da frase quando nos avista. Saio correndo da mesa e abraço ela, ela está igualzinha, um pouco mais velha, mas a mesma Clô de sempre. E o Cato então, agora até parece macho mesmo. Esse daí tomou jeito na vida. Estávamos colocando a conversa em dia quando chega Peeta e Annie e seus filhos e nossa, essa menina é chocadeira hein, nunca vi.

– JASON! PARA DE BATER NA CAROL! HUGO TIRA O DEDO DA BOCA! – diz Annie repreendendo seus filhos, que são todos lindos, uns fofos, de verdade, e olha que eu não sou muito chegada em criança hein. Cumprimento eles e percebo, o quanto eu senti a falta dos meus amigos. Encaramo-nos em um momento em silêncio e uma promessa não dita, ficaremos juntos para sempre.

FIM