– Tudo bem, calma Katniss, manter a calma é o mais importante, pra que ele viria aqui? Ele ta sendo procurado não é? Não tem motivo nenhum pra ele vir aqui, acho que vou deixar algum dinheiro pra ele consertar o carro na secretaria, ou em algum lugar onde a gente não precise se encontrar... É ... isso parece uma boa ideia, mas ele já tem seu endereço, e agora? JÁ SEI! Vou chamar o Peeta e o Finn pra me proteger. HA-HÁ-HÁ, ta, essa foi a pior ideia até agora, mas e se... – digo deitada no meu quarto olhado para o teto mofado. O jeito agora é só aceitar a morte.

Cato e Clove foram comprar uma arma pra se, por via das dúvidas, ele aparecer por aqui. A casa ta cheia de velas, cada uma com uma promessa. Peeta e Finn ainda não apareceram, são uns fracotes mesmo, nem pra ajudar a menina indefesa aqui. Calma Katniss, calma, mantenha o foco. Já fiz ioga, ouvi essas músicas de relaxamento, coloquei mil trancas na porta, mas não consigo me acalmar. Sei que é isso que eu tenho que fazer, mas ta complicado. Ele ta sendo perseguido pela polícia, o que ele faria vindo ao meu humilde apart? Só faria a situação ficar pior pra ele. Mas pensando por outro lado, ele não tem nada a perder mesmo...

Meu telefone toca e eu dou um pulo. Número desconhecido. AAAAAAAH. Já até consigo ver a morte vindo e pegando a minha alma, depois de ser esmurrada até a morte por estragar o carro do cara, que veio a minha casa, me jogou na parede e me bateu com o martelo que eu usei pra quebrar seu carro até eu perder tanto sangue que perco a consciência e ele me joga pela janela. Mas, como sou idiota, resolvo enfrentar meus problemas de cara e atender o telefone, como sou burra senhor.

–A-A-A-A-A-A-A-A-A-Alô?

–Oi Kat! Tudo bem? Você sabe qual é a lição da Cristina?- diz uma vozinha alegre.

–AH SENHOR DEUS AMADO TODO PODEROSO! GRAÇAS A DEUS! O SENHOR ME DEU MAIS UMA CHANCE, OBRIGAAAAAADA, EU AMOOOOOOOO VOCÊ! VOCÊ É O CARA! – digo ajoelhando, largando o celular e erguendo os braços.

–Kat? KAT? Ta tudo bem? – diz a pessoa na linha, e desligo na cara dela.

Isso era muito estupido, ele nunca viria até aqui, gastaria gasolina, nem meus namorados gastam dinheiro comigo, por que ele iria? Meu telefone toca de novo, e dessa vez, atendi sem medo. A muitos mais contras do que pós, então, sem motivo para ter medo.

–Alô, Katniss falando.

–Olá Katniss, eu quero jogar um jogo. – diz uma voz conhecida. O Montes. Bruta Montes. Meu celular cai no chão. Fudeu. Fudeu. Fudeu. Adeus vida. Adeus.

–Se-se-se-senhor? Eu peço pe-pe-perdão. E-e-eu não que-e-ero...

–Fique tranquila Katniss, estou a caminho de sua casa. – disse e desligou o telefone.

F-U-D-E-U.

...

POV Clove

Eu e Cato estamos procurando uma arma. Falar isso é muito mais fácil do que fazer. Nem arma falsa a gente ta achando. É muito mais sério do que parece. Na verdade, a gente não ta fazendo muito esforço pra achar não. Qual é, como se ela realmente fosse atirar naquela muralha. Se a bala perfurasse aquele peitoral de ferro, ela já poderia entrar pro Guiness.

–Você acha que aqui vai ter a falsa? – pergunta Cato olhando pra uma casa que um homem nos disse que talvez teria uma arma.

–Pra ser sincera? Espero que não. Ela vai ficar louca com uma arma, vai ameaçar geral.

–Isso é verdade, já consigo até imaginar a cena.

– “Ei, me deixa passar na sua frente, eu tenho uma arma hein” - digo imitando a Kat.

– “OW, esse ar aqui é meu, para de respirar senão eu atiro” -É a cara dela dizer isso – digo gargalhando.

–É mesmo.

– Vamos então a uma sorveteria?

–Partiu.

Achamos uma sorveteria perto dali e ficamos horas, que pareceram minutos, conversando, rindo e jogando sorvete um no outro. O Cato é tão perfeito, tão fofo, gentil, sensível. E por um momento (digo, algumas horas), esqueci da Kat, da arma, do armário (cara do carro que gentilmente o apelidei de armário por seu porte físico), só conseguia pensar em como o Cato é legal e em como eu estou perdidamente apaixonada por ele.

...

POV KAT

CASSETE, CADÊ A CLOVE E O CATO? FINN OU PEETA? TO SOZINHA EM CASA COM UM MEDO DO CARALHO ESPERANDO MINHA MORTE CERTA CHEGAR. Tudo bem, calma. O jeito é aceitar a morte mesmo e esperar que ele seja rápido. Vamos aproveitar esses minutos como se fossem os últimos, o que é uma triste verdade. Coloco música no último volume, tão alta que os vizinhos foram em suas sacadas gritar para que eu abaixasse, o que me fez fechar as janelas e continuar com o mesmo volume.

Coloco minha melhor roupa de festa, saltos e me maquio. Vou morrer bonita pelo menos. Tinha até começado a escrever meu testamento. A campainha toca. Fudeu. Acabou. Morri. Vou até o olho magico, mas tamparam a lente. Só pode ser ele. Montes. Eu não vou abrir a porta. Vai ser pelo jeito difícil. Corro para o meu quarto e me escondo. Montes começa a esmurrar a porta. Fecho a porta e me tranco lá dentro. Eu não quero morrer, não mesmo. Eu não tive que ir pra faculdade, esconder um segredo que foi difícil pra caralho, me queimar toda, tomar remédio toda a minha vida, aguentar pessoas estupidas e ir para o convento para morrer agora. Escondo-me em baixo do armarinho da pia e pretendo ficar aqui até que ele canse de me procurar e vá embora.

Montes me acha. Começa a bater na porta. Acabou. É o fim da linha. Rezo todas as orações que eu conheço até que ele consegue abrir a porta, creio que por meio de um grampo de cabelo e... Peeta. Não acredito.

–SEU FILHA DA PUTA DO CARALHO, MAL AMADO, MAL COMIDO, VOCÊ NÃO TEMA AMOR A VIDA? É RETARDADO É? VOCÊ QUASE ME MATOU DO CORAÇÃO! SE EU TIVESSE UM INFARTO A CULPA SERIA SUA SEU INFELIZ. – grito começando a bater e esmurra-lo.

–CALMA, CALMA. O que aconteceu aqui? – diz segurando as minhas mãos e conto a história resumida e com 80% de palavrões garças ao meu susto tamanho.

–KATNISS! Por que você foi se meter com o Montes? – diz Peeta rindo na minha cara e usando o apelido que eu criei para nosso querido amiguinho.

–Se eu soubesse que fosse ele eu nunca teria feio essa merda né Peeta, ta achando que eu sou burra? Ta rindo do que animal? Para!!! Você tem problema?

–Não precisa se desesperar amor, o porteiro me deu um martelo logo que eu cheguei, disse que um cara chamado Tarcisio deixou aqui com esse bilhete - diz. Começo a tremer e leio o bilhete.

Querida Katniss,

Você deixou esse martelo em meu carro, sei que você está com medo de mim, te vi correndo da faculdade, mas não precisa, sou totalmente contra qualquer tipo de agressão. Só desejo que você me ajude com alguma quantia para poder consertar meu querido bebezinho pois meu irmão gêmeo está foragido e quer me encontrar, então preciso fugir daqui logo. Nem sei por que estou dizendo isso mas tudo bem. Pode deixar nesse endereço e prometo nunca mais te procurar ou te ligar, senão haverá consequências.

PS: Quando disse que queria jogar um jogo com você eu estava zuando; eu adoro esse filme kakaka

Grato, Tarcisio s2

Li, reli, li de novo só para garantir. Tarcisio? É esse mesmo o nome dele? E esse coração no fim? Pareceu que tiraram um peso das minhas costas. Olhei para Peeta, que olhou pra mim e abriu um daqueles seus lindos sorrisos.

–Será que Tarcisio é gay?- perguntei.

–Provavelmente.

–Só não me esqueça de levar o dinheiro, por favor.

–Claro.

–Nossa, que alivio, já tava planejando minha morte já. -

Você ainda não percebeu que quando está comigo tudo da certo?

–Peeta...

–Eu sou o certo pra você Katniss, você tem que ficar comigo.

–Fica quieto ai Peeta que nem Deus é certo pra mim, e da ultima vez que alguém disse isso eu fui parar em um convento. Vou tomar um banho, adeus. – disse e sai, feliz por não ter acontecido nada com Montes, mas decepcionada com a pressão do Peeta. Enquanto eu estava subindo as escadas escuto ele dizer:

–Uma hora você vai ter que escolher!

Eu sei Peeta, como eu sei... E não vai demorar muito (N/A: para nooooooossa alegria (;)