Um Sopro De Felicidade escrita por Mihara


Capítulo 34
Capitulo 34 - Consequencias


Notas iniciais do capítulo

Estou realmente feliz por ter escrito esse capitulo, acho que era um dos capítulos que eu mais esperava escrever. Espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/328215/chapter/34

Capitulo 34

Consequências

 

Caros senhores  Kinomoto

Não há palavras que eu possa usar para me expressar, não há razões na verdade, mas é uma coisa que faço para o bem da vida desta pequena garota que amo. Muitas coisas aconteceram, coisas que não podem ser explicadas por papel e tinta, mas chegou a um ponto em que já não tenho mais condições de mantê-la comigo.

Antes de tudo, quero esclarecer que Sakura foi e ainda é o meu Sol, ela iluminou minha vida cinza e foi meu pequeno sopro de felicidade. Amo-a mais que tudo e por isso estou a abandona-la. Me disseram que era besteira, mas não concordam que ela mereça uma vida feliz e segura? Não posso me arriscar perdê-la, e ainda assim, estou abrindo mão dela. Me sinto um tolo. Eu, Syaoran Li, que antes não era capaz de expressar palavras tão emocionais, agora peço desculpas por uma carta vergonhosa sem mostrar meu rosto. Me perdoem por isso.

Estou mandando Sakura de volta para casa, sua verdadeira casa, para sua verdadeira família. Acho que já perceberam que em nosso clã, o conceito família não é muito forte, não é? Somos egoístas e arrogantes, arrancando tudo com nossas próprias mãos para que possamos tomar posse, mesmo que seja a mais linda e bela flor, Sakura é essa flor.

No entanto, ela não lembrara de nada de seu período na China, não se lembrara de nada dos tempos que passou aqui, nem da família Li ou dos amigos que fez, e principalmente, não lembrara de mim. Eu sei que é errado mexer com suas preciosas memórias e nem mesmo temos o direito para isso, invadindo sua mente dessa maneira, mas isso é para o bem dela. Serei o arrogante e egoísta que arrancará a flor por uma última vez.

Entendam que Sakura possui um poder extraordinário e ao mesmo tempo terrível, algo belo mas que poderia destruir ela e muitas pessoas, algo que poderia mexer com o passado, presente e futuro. É um poder muito grande para mãos tão pequenas, não quero que ela seja alvo de mãos egoístas novamente. Peço que colaborem com isso retirando qualquer vestígio sobre mim ou da família Li, guardem os quadros e as cartas, finjam que Sakura nunca tenha saído de casa. Não se preocupem com as pessoas ao redor, para elas, será como se Sakura sempre estivesse lá, pedi especialmente para uma certa pessoa cuidar disso.

Estou pedindo desculpas também em nome da família Li, os Kinomotos estão livres de qualquer compromisso e responsabilidade conosco. Suas dividas estarão quitadas e Sakura livre para escolher quem viverá ao seu lado. Mandarei as documentações de divórcio e uma declaração de isenção de qualquer responsabilidade com os Lis para que não aja conflitos no futuro, eles tentariam pôr as mãos em Sakura se soubessem de seu segredo, pois ela é valiosa demais para eles, mas vou garantir que se mantenham distantes. É o máximo que está em meu alcance no momento.

Prometo que entrarei em contato em breve, mas no momento, estou resolvendo alguns conflitos internos. Outros motivos para manter Sakura afastada. Desculpem mais uma vez por tudo o que a família Li causou, sei que a separação de Sakura foi o mais difícil obstáculo. Me desculpem por tudo.

 

                                                                                 Syaoran Li

 

                               —----------****-------------

Todos se acomodaram no recinto, estavam no grande salão subterrâneo do casarão da família Li. Todos os membros do clã estavam lá, não existiria um único Li ausente naquele momento. Se perguntavam porque a líder e seu herdeiro encontravam-se diante dos anciães em julgamento. Os murmúrios pararam quando eles se levantaram pedindo silencio.

—Estamos aqui hoje pois um ato grave foi cometido! Em toda nossa história, tal heresia nunca havia acontecido. Foi um completo desmerecimento e desonra que um Li poderia ter. Hoje, aqui, neste exato momento, iniciamos o julgamento Yeilan Li – Não era preciso que ele forçasse muito a voz pois ela ecoava por todo o salão subterrâneo, fazendo com que todos ouvissem claramente – sob a acusação de forjar um falso herdeiro a fim de evitar um casamento arranjado, abusando de poderes proibidos e envolvendo transferência de magia proibida com a magia de nosso descendente mago Clow. Ela desonrou e sujou nossos sobrenomes.

Pode-se ouvir então exclamações de surpresa e revolta, todos se perguntando como a própria líder do clã tinha a capacidade de fazer aquilo, outros jurando que era mentira. Yeilan olhou diretamente para o ancião superior, seus olhos, demonstrando raiva e indignação, como o clã foi parar naquelas mãos?

—Quanto ao outro traidor, está criança imunda e indigna...

—Ele é muito mais honrado que você...

—SILENCIO – gritou um dos anciões.

— NÃO ME MANDE FICAR EM SILENCIO, EU SOU A CHEFE DESSE CLÃ! Eu fiz o que fiz porque sei a verdade, vocês foram os causadores da morte de meu pai não é? – o ancião resfolegou – EU SEI QUE VOCÊS O MATARAM PARA ASSUMIR O PODER!

E mais uma vez, todos soltaram exclamações surpresas, confusos em quem colocar razão.

—Não escutem o que essa mulher diz, ela fingiu ter um filho de outro para evitar carregar uma responsabilidade em vez de assumir os deveres do clã – dizia o ancião, que suava frio, mas mantinha a postura firme, ele sabia que se perdesse a linha assim como Yeilan, perderia a confiança nos demais – Uma mulher mentirosa assim não tem como contar a verdade, é mais uma de suas mentiras. Você não tem mais voz aqui!

Um outro ancião da mesa tomou a voz antes que todos começassem a se perguntar sobre as palavras de Yeilan.

 _ Syaoran Li, ou melhor Syaoran, se é que esse é o nome dele, fingiu carregar nosso sangue e vendeu a magia que lhe foi concedida para uma velha bruxa ladra e gananciosa, perdendo completamente nossa herança.

A revolta foi grande, muitos gritando e berrando ao garoto, não era pra menos, o poder de Clow era o que mais se orgulhavam os Lis. Syaoran estava de cabeça baixa, mas ao erguer o olhar viu-se que em seus olhos não havia medo, nem mesmo raiva. De certa forma, isso acabou irritando o herdeiro ancião.

—Sei muito bem de meus atos, em nenhum momento fui forçado a nada, eu sendo quem era, não tinha nada. Quando minha mãe...

—Não use tais palavras herege.

—Quando Yeilan me ofereceu tudo e eu aceitei com muito bom grado sem hesitar, mesmo que ela tenha quebrado as regras, eu usufrui com gosto de dinheiro e poder. Ela é uma verdadeira Li, a sentença é toda minha.

Fez-se silencio na audiência. Syaoran não precisava virar-se para trás para saber de que lado os outros Lis se encontravam, podia sentir os olhares de raiva e indignação sob suas costas. Lis eram orgulhosos, sabiam que seus sobrenomes carregavam confiança e respeito, as vezes até medo. Syaoran um dia tinha carregado essa honra, agora ele já não tinha mais, não era mais um Li.

—Como punição, Yeilan Li será rebaixada de seu cargo como chefe do clã e confinada nas partes internas de sua residência sem contato com o mundo exterior, a partir de agora, todas as obrigações do clã pertencerão exclusivamente a nós, anciões. Quanto ao pequeno herege, será exilado de nossa família, não pisara nunca mais nas terras de um verdadeiro Li. Não poderá mais carregar esse nome em seus ombros, e por onde passar, será envergonhado por tais atos criminosos, sempre abaixando a cabeça por onde um Li passar. ESTA DECISÃO É UNÂNIME. RETIREM ESSE TRAIDOR DE NOSSAS TERRAS.

    _NÃO! VOCÊS NÃO PODEM ME TIRAR MAIS UM DE MEUS TESOUROS – Yeilan, chorando desesperada, tentou alcançar Syaoran para segura-lo em seus braços, no entanto, dois membros do clã a impediram – SYAORAN.

Ela estendeu o braço para o garoto, que se aproximou, ela tocou em seu rosto, como uma mãe verdadeira tocaria em seu filho, mas ele também foi repelido, empurrado e chutado ao chão.

—Saia de nossas terras!

—Traidor!

Todos os presentes viam Syaoran se afastar porta a fora, sendo empurrado pelos guardas do clã até o portão principal. Os empregados da família, que tinham afinidade com o jovem mestre, não puderam fazer nada a não ser baixar a cabeça em vergonha, incluindo Tomoyo, que não poderia fazer nada a não ser de derreter em lágrimas. Syaoran ouviu aquelas últimas palavras.

—E agradeça por não matarmos você e sua escoria!

Sim, tinha sido uma boa ideia mandar Sakura para casa.

                                              -----------****-------------

—Você realmente se tornou uma grande amiga! Obrigada Tomoyo.

Dizia Syaoran, eles estavam sentados em um recanto de um bar qualquer afastado da propriedade da família Li. Syaoran usava roupas de frio, cobrindo completamente o corpo e uma touca preta com capuz por cima, não podia ser reconhecido por ninguém naquele momento, por esse motivo, havia escolhido um dos lugares mais afastados e vazios na situação presente.

Tomoyo estava em sua frente, carregado uma grande mala. Ela abaixou a cabeça ressentida.

—Não acredito no que aconteceu, com o senhor e a querida Sakura. É muito injusto! Me desculpe por estar enfrentando essa situação sozinho, queria poder ajudar!

—Não diga isso, você me ajudou muito indo pegar os pertences do desordeiro da família Li.

O silencio se estabeleceu entre os dois. Syaoran aproveitou a oportunidade para pedir um copo de uísque, queria parecer forte mostrando que podia enfrentar a situação sozinho, mas estava desesperado por dentro. Tomoyo quis acompanhar o gole, ela não estava mais na frente de seu patrão, e sim na frente de um amigo que precisava de ajuda.

—Não consigo acreditar em tudo isso – comentou ela batendo o segundo copo na mesa – e a um tempo atrás vocês estavam tão felizes!  Todos nós!

—É verdade – disse Syaoran com o copo na mão, olhando para o vazio – mas não se pode jogar os problemas velhos de lado. Eu sabia que um dia isso viria a acontecer!

—E o que pretende fazer agora?

—Por enquanto, acertar a documentação de separação para organizar a vida de Sakura e mantê-la longe daqueles vermes. Fey Wang podia ser traiçoeiro, mas era inteligente – ele havia contado toda a história de Sakura para Tomoyo, sem poupar nenhum detalhe – no entanto, ele sabia que se contasse sobre os poderes de Sakura, que ela na verdade era a verdadeira herdeira distante de Clow, os velhos tentariam pôr as mãos nela. Então, ele se manteve quieto sobre ela, mas abriu a boca a meu respeito. Que cara sacana!

Ele virou mais um copo.

—Quero organizar a vida dela, antes mesmo da minha, já que eu que causei toda essa confusão.

—Mas Syaoran, você não...

—Não importa se Sakura me amou ou não – ele pôs a mão no peito por uns instantes e mudou de ideia – não, importa sim...no entanto, causei muitos danos, a mantive afastada de sua família, a envolvi com magias ocultas e trouxe ao mundo um poder extremamente grande que ela não saberia lidar e que muitos vão querer pôr a mão.

Syaoran apertou o copo em sua mão, observando os nós de seus dedos ficarem brancos.

—Eu só causo infelicidade. Veja o que causei a minha mãe, agora ela está presa dentro da própria casa. Eu e Sakura somos completamente opostos!

—Não diga isso! – Falou Tomoyo mais alto que o normal, Syaoran olhou para a garota, era obvio que ela estava um pouco alterada, pois suas bochechas estavam mais avermelhadas que o normal, era fraca demais para bebidas – Você não tem esse direito, não tem o direito, direito nenhum...

A voz dela estava meio manhosa e embargada.

—Que direitos você tem de decidir tudo isso sozinho?

—Nenhum, eu sei – Syaoran riu – mas foram minhas escolhas!

—Mas e as escolhas de Sakura, seu idiota – Tomoyo estava bamba - Syaoran não tem...

Mas ela tombou, teria caído no chão se Syaoran não a tivesse segurado. Olhou para ela achando graça, antes de Sakura chegar, nunca teria essa relação com Tomoyo, uma amiga fiel.

Eriol chegou de carro não muito depois, havia ligado para ele pedindo o favor de cuidar de Tomoyo, não tinha mais ninguém para contar. Assim que o garoto colocou o pé pra fora do carro e ajeitou seus óculos sob o nariz, Syaoran parou por um momento para analisar o rapaz, era a primeira vez que o encontrava depois de todo esse tempo. Ele era a cara cuspida de Clow, engraçado não terem percebido antes.

—Obrigada! – disse Syaoran – Não posso voltar, você deve imaginar o porquê, mas quero que ela chegue em casa bem!

Eriol riu da situação, olhando para a garota quase desmaiada sobre os ombros de Syaoran.

—Não se preocupe com isso, mas e você? Já decidiu o que vai fazer? – disse ele pegando Tomoyo no colo – imagino que vai se distanciar por um tempo.

—Sim, tenho que colocar algumas coisas em ordem, eu sabia que não podia depender do clã pra sempre.

Ele viu Eriol lhe lançar um olhar que lhe pareceu meio preocupado, um garoto era muito misterioso, mas é claro, o que mais poderia ser, afinal, ele era a reencarnação do mago Clow.

—Não se preocupe – riu ele – imaginei que isso um dia pudesse acontecer, então eu já tinha me precavido antes, não estou completamente na sarjeta.

—Você terá que sair do país, não?

—Sim, não há um lugar na China que não conheçam a família Li e seu herdeiro, afinal, ela também é uma grande potência. Se eu bem conheço aqueles velhos, eles tentaram abafar a notícia para não perder o orgulho, isso vai facilitar as coisas pra mim, no entanto, não vão esconder isso por muito tempo. Todos reconheceriam meu rosto.

—E quanto a Sakura?

—Quem vai querer uma mulher japonesa em uma família milenar chinesa, esposa de um desordeiro e herege? Tenho certeza que eles nem irão querer vê-la para não lembrarem de meu rosto. Foi mandada para casa a um tempo atrás, antes mesmo da audiência. Tambem selei os poderes dela para que não atraísse mais a atenção.

omoyo se remexeu nos braços de Eriol, envolvendo seu pescoço e se aconchegando. Ele olhou curioso para a menina, seu rosto era terrivelmente bonito.

—Espero que eu possa...

—Você já me ajudou demais, se você não estivesse por perto, acho que não teríamos conseguido. Sei bem que você ajudava e guiava Sakura por meio dos sonhos. Tem tanto poder assim ainda?

—Não, meus poderes na vida passada foram todos embora, repassados para Sakura, não consigo mais nem usar magia, por isso recorri a Yuko. Fey Wang era um assunto do meu eu anterior, não podia deixar tudo na mão de vocês. Me desculpe por envolve-los nisso.

—É melhor eu ir andando, talvez já tenha chamado atenção demais – disse Syaoran olhando para o fundo do bar, algumas pessoas estavam voltadas para o trio parado na entrada – Muito obrigada mais uma vez por tudo, e por favor, cuide de Tomoyo.

—Não se preocupe!

Syaoran lançou um olhar de camaradagem e acenou com a cabeça, curvando-se um pouco em respeito. Começou a andar pela alameda escura, afastando-se do bar. Antes que pudesse desaparecer completamente, Eriol lhe chamou.

—Syaoran! Não suma...mantenha contato!

O chinês apenas acenou de volta. Eriol suspirou, tinha muitas habilidades, e assim como Sakura, herdou o poder de prever o futuro por meio de sonhos, no entanto, para aquele garoto, ele não conseguia ver nada. Sentiu seu peito quente e úmido, olhou para baixo e viu Tomoyo com o rosto enterrado em seu peito, chorando sem fazer som algum.

—Não se preocupe, ele é forte!

                                        -----------****-------------

Então, mais uma vez, me perdoe por toda a confusão!

—Eu não quero saber de desculpas suas, para começo de conversa, nunca quisemos seu dinheiro ou sua fortuna, sempre fomos felizes sem que você e sua família interferisse.

—Sei bem disso. E para que isso continue, eu a mandei de volta!

—Você... como pode ser tão arrogante? Acha que pode mexer na mente dela dessa forma? Você a manteve afastada por um bom tempo de nós e depois apaga simplesmente tudo? E o tempo dela? Como vamos compensar?

—Eu realmente sinto muito por isso!

—Não basta sentir muito! Nunca mais chegue perto de Sakura, está me ouvindo?

—E é exatamente isso que irei fazer, ainda assim, quero que ela fique bem... – Ele suspirou pelo telefone -  eu realmente a amo. Mesmo assim, não se descuidem. Não sei o que poderia acontecer se eles descobrissem o poder de Sakura.

—Esse poder é tão grande assim?

—Sim, é algo que não deveria existir e que se caísse nas mãos de outra pessoa, poderiam acontecer coisas terríveis. Sakura é a filha favorita de Deus, uma denominação que eles deram para quem possuísse tais poderes grandiosos, mas são grandiosos demais, até mesmo para ela. Mandei-a de volta pois acho que ela está mais segura com vocês, sem precisar lembrar de algo assim. Selei todos os poderes dela para que isso não acontecesse, ninguém vai encontrá-la.

—Espero que assim seja – Foi a vez de Touya suspirar – escuta moleque, agradeço por pensar no bem de Sakura, ela é muito importante para mim, mas para que ela continue bem, você não pode mais entrar na vida dela.

—Sei disso!

—E quanto a sua família?

—Nunca foram minha família...eles não vão mais interferir com os Kinomotos, em todo caso, guarde meu contato para qualquer problema.

—Muito bem – disse Touya, finalizando a conversa – Não se preocupe com Sakura, ela encontrara a felicidade.

    Touya desliga.

—Eu sei

                                                            -----------****-------------

Cara e querida Mãe

 Sei que se eu a chamasse de Yeilan ficaria brava, outros podem jogar em nossas caras que não temos relações de sangue, mas para mim, a senhora foi e ainda é uma verdadeira mãe.

Muitas coisas aconteceram desde minha partida, acho que faz mais ou menos três semanas? Foram tantos acontecimentos que eu não vejo mais o passar do tempo. Desde a volta de Sakura, meu coração pesa, então tento evitar o sofrimento sem olhar para o relógio. Não quero que se sinta desolada, sei que a senhora também está passando por dificuldades, mas peço que aguente firme e fique com a consciência limpa de que estou me virando bem. A senhora lembra, não lembra? Quando não havia me acostumado direito a posição de filho herdeiro, eu aleguei que essa ideia nunca daria certo, mas a senhora acreditou em mim e em meu potencial. Era uma situação já esperada, já tinha preparado alguns fundos por garantia, não se preocupe.

Mesmo assim, não vou mentir, as coisas estão difíceis, essas semanas, cuidei dos papeis de divórcio entre mim e Sakura. Acho engraçado estar preparando os papeis de divórcio que somente eu vou assinar. Mas é melhor assim, sei que dirá que não havia necessidade de ter feito o que fiz, mas entenda, eu não poderia ver mais aquela menina sofrer ou passar novamente pela mesma coisa.

Daqui pra frente, estarei procurando uma outra vida para mim. Não voltarei para as ruas como antes, não cairei naquelas malandragens ou tentações, irei procurar algo para me fazer seguir adiante, mas aquela garota, ela levou meu único resquício de felicidade que pude ter.

Neste momento, estou me preparando para sair do país, não acho que eu vá conseguir viver decentemente na China, pelo menos, não com todos sabendo que o filho herdeiro era uma fraude. A notícia já vazou, mesmo que eles ainda não tenham publicado em jornais.

Prometo que sempre a manterei informada, entrarei em contato sempre que possível, aqueles velhos não podem me impedir. Espero que a senhora também possa sair dessa situação, pode ser loucura falar isso, mas não está na hora de esquecer os assuntos do clã e buscar a sua própria felicidade, mãe?

Mandarei cartas sempre que puder, e elas alcançarão você onde quer que esteja, você me ensinou esse truque, lembra?

 

                                                                       Syaoran Sem Nome

                                      -----------****-------------

Touya e seu pai estavam sentados, um de frente para o outro, preocupados. Eles haviam feito tudo de acordo com o planejado, o café da manhã na mesa para três. Estavam sentados naquelas posições por pelo menos quase duas horas, apertando as mãos nervosamente. Foi quando escutaram um estrondo e um grito no andar de cima.

—ESSA NÃO! EU ESTOU ATRASADA!

Sakura desceu as escadas correndo e tropeçando, sentou-se na cadeira da frente e deu bom dia para o quadro de sua mãe a frente. Estava usando o uniforme do colegial. Olhou para seu irmão e seu pai e os cumprimentou entusiasmada.

—O que foi? – perguntou ela. Eles a encaravam chocados, não mexiam na comida, apenas a olhavam boquiabertos.

—Sabe, me sinto muito estranha hoje, acordei e parecia mais que estava em um sonho, uma sensação estranha. Acho que tive um sonho realmente longo, como se eu tivesse passado dias nele, mas me sinto muito feliz no momento, e não sei porque. Não me lembro do sonho, mas quando acordei senti uma sensação tão nostálgica. Mas acho que está tudo bem, né? Deve ter sido um sonho realmente longo, como se eu...estivesse em outra vida.

Sakura parou de falar no momento em que viu seu pai e irmão a beira de lágrimas, eles levantaram da mesa e foram até ela, ambos a abraçando ao mesmo tempo. Eles a apertavam fortemente, matando toda a saudade que tinham guardada no peito, mas sem comentar nenhuma palavra.

—Mas o que é que foi?

Sakura sentiu um bolor em seu estômago, subindo para a garganta, soltando soluços, não sabia porque, mas começou a chorar também. Acordara aquela manha tão estranha e vaga, levou um bom tempo para despertar direito. Não sabia porque estava assim, sentia apenas que tivera um longo sonho, como se tivesse dormido por muito tempo, o estranho era que não lembrava de nada. Sentiu o peito doer ao ver seu pai e seu irmão, mas estava muito feliz.

Quando a choradeira passou, seu pai deu uma desculpa falando que ela pegara uma gripe terrível e que eles ficaram muito preocupados. Sakura deu um último abraço neles e saiu para a escola.

—Eu realmente não acredito que ela está de volta – disse Fujitaka, o pai de Sakura – mas será complicado explicar tantas mudanças, não vivemos mais como antes, muitas coisas aconteceram. Como vamos explicar para Sakura que você já se casou?

—Não temos que pensar nisso por enquanto, deixar as coisas acontecerem, o importante é que ela estava conosco novamente.

—Mas e os outros? Não achariam estranho a volta dela?

—Aquele desgraçado disse que vai ficar tudo bem, não sei o que ele fez, mas parece que ninguém vai lembrar que ela foi embora.

Fujitaka sorriu abertamente, rindo feliz, Touya não lembra quando foi a última vez que ele tinha sorrido assim.

—Sakura voltou.

O que eles não sabiam era que quem tinha feito algo foi Yuko, que havia laçado um feitiço sobre todos os habitantes de Tomoeda para que se lembrassem de Sakura, criando imagens falsas da menina. Para seus amigos, ela nunca tinha ido embora.

Sakura caminhava em direção a sua escola, pensando em seu sonho estranho que tivera, tentando lembrar pelo menos um pouco dele, mas sua mente estava em branco. Bem no fundo, isso incomodava ligeiramente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muitas vezes, fazemos decisões difíceis, e desde que comecei a escrever, ficava imaginando o que aconteceria depois dessas decisões que o Syaoran tomava. Espero que todos saiam lendo este capitulo imaginando as consequências de nossas escolhas. Esperem o próximo capitulo e obrigada por acompanharem. Até mais ver!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Sopro De Felicidade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.