||Capítulo IV – Six degrees of drunkness, part 1

Lily Evans

Potter é uma criatura muito estranha. “O que disse?”. Jesus Christ, estou muito preocupada com a audição dele, porque eu sou uma pessoa que fala extremamente alto e claro. Se ele não me ouviu, algo está errado.

– Hã... Amos Diggory. Foi o que eu disse.

– Preciso vomitar. – e saiu para o banheiro.

Fiz a minha melhor cara de “wtf?”.

– Aca-excuse me? – preciso parar de ver Pitch Perfect, porque isso está afetando o meu cérebro.

– Desculpe, Lily querida. James tem um probleminha com o jovem Amos. Nada para se preocupar. – explicou-me Dorea. Or kind of.

Cruzei os braços na altura do peito.

– Conte-me.

Dorea fez aquela expressão de: “it’s such a silly thing, but I going to tell you anyway”.

– Eles nunca foram amigos, sabe? – posso imaginar. Amos é fofo e simpático, enquanto o Potter é o Potter. End of the story. Assenti. – Sempre brigando, se socando e essas coisas que adolescentes fazem. A gota d’água foi a namorada do James terminar com ele para ficar com o Amos.

E ela teve toda a razão para fazer tal coisa. Seriously. Eu a entendo. Você não é a única que trocaria a criatura por alguém mais descente. Certeza que o Amos não me deixaria sozinha numa cidade que eu desconheço para que eu voltasse sozinha. Not at all.

– Aca-awkward. – cantarolei.

– Exato. Mas não tem problema nenhum você e ele serem amigos. Amos é um bom garoto e James é um crianção.

Yeah, you could say that.

Rolamos os olhos juntas e fui para meu santuário sagrado aka meu quarto. Vamos ver se um dos meus youtubers favoritos postou algum vídeo novo, para que eu possa ligar para Alice e nós morrermos becAUSE FEELS.

Oh, como eu sinto falta da Lice. Primeiro porque eu ainda não tenho nenhum amigo aqui. Segundo porque eu a conheço a mais de treze anos e eu sinto falta da minha melhor amiga. Queria alguém para falar mal do Potter. Ela iria entender e ainda criar um apelido engraçado superinteligente para ele.

James Potter

Se a Evans quer ser trouxa e cair na conversa daquele escroto, pode ir. Não fale que eu não avisei.

Ah, porque eu não avisei mesmo. Sorry notsorry. Mas sério mesmo, Diggory me dá náuseas. Ele é um riquinho nojento que só liga para a própria aparência e NÃO EU NÃO ESTOU SENDO HIPÓCRITA.

Não é só porque ele roubou a minha namorada – que por acaso, nem significava muito para mim, de qualquer jeito – mas porque ele me irrita profundamente - além de ser pomposo demais-, sempre contando vantagem.

Novamente: eu não estou sendo hipócrita. Talvez só um pouquinho.

Quase morri do coração quando uma musiquinha mórbida começou a tocar, logo após que eu saí do banheiro. Observação: sim, eu realmente vomitei, caso vocês estejam ponderando. E a música mórbida foi uma brincadeira do Sirius, que a colocou como toque no meu celular.

– Hello, Prongs. – falou o diabo no celular. – Ouviu falar da festa do Quentin?

– ‘Course. Por quê?

– You’re going, aren’t you?

– Count on me.

Regra número um dos Marotos: se tiver festa, nós estamos presentes.

– Ótimo. Quero carona.

Rolei os olhos e concordei. Desligamos.

Saí à procura de minha mãe pela casa. It’s a pretty huge house, ok? Sometimes I get lost. Eu tinha que avisá-la que iria à festa do Quentin, que é um grande asshole, mas dá boas house parties.

– Mãe! Eu vou numa festa hoje! – gritei, desistindo de saber onde ela está.

– Volte antes da meia-noite! – gritou de volta, de algum lugar a minha direita.

Aham. Claro, mãe. Antes da meia-noite. Por que não? Afinal, é uma festa e eu tenho dezessete anos. Claro que eu volto antes da meia-noite! Pff.

– E leve a Lily contigo! – acrescentou. – Precisa compensá-la por larga-la no meio do centro de Londres!

Contanto que ela não fique na minha cola, ok.

– No problem!

Dei meia volta e fui para o quarto de Evans. Entrei sem bater, já que é a minha casa. Não me julguem. E é claaaaaro que eu não cogitei que ela poderia estar sei lá, se trocando. E se estivesse, é claaaro que eu não olharia.

Há-há.

Ela estava com o cabelo preso num coque, deixando apenas alguns fios soltos. Estava deitada de barriga para baixo, apoiada pelos cotovelos enquanto lia um livro. Deus, essa posição não é muito boa para minha sanidade. É que a bund- parte traseira dela é muito atraente e-

Forget it. E hormônios, I’m begging you, stay still.

– Hey, Evans. – nenhuma resposta. – Evans. – nada. – EVANS! – ainda nada. Andei para cutuca-la.

– Motherfuc-. – se recompôs e tirou os malditos fones de ouvido. Aaaah, então ela não ficou surda de repente. Oops. – Que é, diabos?

Tão educada.

– Tem uma festa hoje. – comecei.

Evans me olhou como se eu tivesse sete cabeças.

– E...?

– Bem, você quer ir? – que tipo de adolescente não gosta de festas, Jesus Christ?

Ela pareceu ponderar por algum momento.

– Nah. – fez um gesto de “ok, agora vai embora” e voltou para seu livro.

Era a minha vez de olhá-la como se ela tivesse sete cabeças. Às vezes desconfio que, embaixo daqueles cabelos ruivos, ela esconda as outras seis cabeças.

– Por que continua aqui, Potter? Eu já disse que não quero ir, mas obrigada pelo convite.

– Evans, qual é o problema com você? Você prefere ficar aqui, com essas roupas largadonas lendo um livro, do que ir numa festa?

Ela revirou os olhos.

– Stupid git. Sim, eu prefiro. Não sou muito de ir a festas. E esse é meu visual fangirl, se não gosta, bem, problema seu.

Bufei. Agora era uma questão de honra leva-la. Deus, como essa menina é teimosa! De repente, uma ideia brilhou na minha mente.

– Você não gosta de sair porque não sabe se vestir apropriadamente, lalalala. – desafie um espírito competitivo, que eu sei que ela tem.

Evans deu um pulo para se levantar e me encarou, apontando o indicador para meu nariz.

– Está me desafiando, Potter? – há, I said so.

– Perhaps.

Grunhiu.

– Ok, então eu vou, apenas para mostrar nessa sua cara de babaca quem é que não sabe se vestir. – ela parou para respirar. – Oh, não. Eu acabei de concordar de ir com você?

Sorri vitoriosamente e assenti.

– Bugger.

Lily Evans

Potter estúpido! Então ele pensava que eu – EU – não sabia me vestir só porque eu não costumo viver dentro de casa com um vestido de gala ou whatever? Oh, ele iria ver só.

Logo após que o idiota saiu, abri meu armário e tirei todas as minhas possíveis roupas. Agh, que dó. Eu tinha arrumado tudo bonitinho no dia anterior... Pah! Para ganhar daquele infeliz, qualquer coisa.

Mas oh God, faz muito tempo que eu realmente me preocupei com a minha aparência para ir a algum lugar. Nunca gostei de sair, porém Alice me puxava para os eventos e a única coisa que eu fazia era levar um livro e sentar no espaço mais calmo e lia. Até que Alice aparecesse e me levasse para casa.

Shit, eu não quero ir a lugar nenhum com aquele lixoso. Mas meu orgulho está em jogo. Então, é. Eu tenho que escolher uma roupa logo.

Preto.

Sim.

Preto sempre é bom.

Saia?

Não. Eu não uso saias...

Cara, eu vou ter que usar saia. Shit bugger, shit bugger...

E salto? Screw it, eu vou ter que usar esse objeto de tortura?! Não, não, não...

Lily, você quer fazer o Potter ver que você pode se vestir bem para uma festa. E ainda quer que ele fique de queixo caído, se ser possível, certo? Aceite. Você irá usar salto.

Eu te odeio consciência. I really do.

(...)

Ok. Estou... Apresentável. Eu acho.

Oh, como eu odeio ficar com as pernas a mostra por uma saia! Short de moletom até vai, pijama também, short jeans e essas coisas... Mas saias são tão desconfortáveis. Eu tenho que manter as pernas bem juntas e andar como se...

Christ, eu odeio isso.

Potter estúpido!

Respire, Lily. Respire. Uma última olhada e saia pela porta. God, eu demorei cinco horas para me arrumar! Estou perdendo a prática...

Oh, é mesmo. Eu nunca tive prática nenhuma... HAHAHAHAHA. Man, estou ficando paranoica.

‘Kay... Última olhadinha. Eu me sinto tão estranha. I mean, estou totalmente desacostumada a usar esse tipo de roupa e de repente, tenho de coloca-las e ainda usá-las de um jeito elegante.

Elegância. Nunca perca a sua.

– Hey, Evans! Você morreu aí dentro?

Quem me dera. Passei as mãos nos cabelos para bagunça-los um pouco. Tá, tá. Você está quase lá, Lily...

– Sério, Evans. Estou ficando preocupado. Eu vou entrar.

Quê?!

– Não! Eu ainda não estou...

E o indivíduo entra. E eu estou prestes a realizar um assassinato.

James Potter

I’m in heaven. I mean it. Heaven. Posso ouvir os anjos cantando e o cheiro de comida – é assim que eu imagino o céu, ok? – e todo o sentimento de paz.

– God– quero dizer-, wow–, quero dizer- hã? – gaguejei. James Potter não gagueja! O que está acontecendo comigo?

Evans está... Brilhante. E gostosa, sim. Eu sabia que ela tinha pernas incríveis, mas Deus, eu não esperava tudo isso em seu esplendor. Essa saia as valoriza muito e-. Nem posso começar. Sinto minha cabeça se mover dos pés a cabeça dela lentamente.

Eu morri e estou no paraíso.

– Caham. – pigarreou ela. – Minha cara está mais pra cima, Potter. – se aproximou e empurrou meu queixo para encará-la.

Ela está com um sorriso maroto. Há!

– Voc- eu- dammit. – tentei.

Evans riu da minha desgraça.

– Eu não estava pronta, you bastard! – e me bateu no braço, com força. Eu hein, essa ruiva é bem forte.

– Ouch! – reclamei, esfregando o lugar dolorido. Céus, essa frase ficou estraaaaanha.

– Você merece! – apontou o dedo para meu nariz. Segunda vez que Evans faz isso no mesmo dia. Troca o disco, sério. – Anyway, vamos. Quanto mais cedo formos, mais cedo iremos embora.

Você que pensa. Hmm. Ela passou por mim e pude ter uma boa visão de sua parte traseira, se é que você me entende... Eu sabia que essa saia era boa demais para o meu ser. Malditos hormônios.

Segui-a para pegarmos meu carro, dando um tchau para minha mãe, que estava na sala de televisão.

– Você tem que sentar atrás, Evans. – avisei-a quando ela fora abrir a porta do motorista. Americanos. – Aí é onde eu fico. Qual é seu problema? Você abriu a porta correta hoje de manhã. E o Sirius vai sentar no carona, by the way.

Mostrou-me a língua e o dedo do meio.

– Você não manda em mim. Eu esqueci que vocês tem essa frescurite. E eu quero sentar na frente!

Bufei.

– Isso tudo é para ficar perto de mim? – irritei-a.

Ela fez uma cara de nojo. Hey!

– Yeah, eu acho que vou atrás mesmo.

– Delicada como um elefante. – murmurei para mim mesmo.

Sentando no banco traseiro, ela gritou:

– Eu ouvi isso!

Ouvidos biônicos. Creepy.

(...)

– Hey, pal. – cumprimentou Sirius, sentando no carona. – Oy! Ginger, você aqui? Que bela surpresa... – ele percorreu o corpo dela com os olhos. – E belas pernas.

Bati em sua cabeça.

– Respeito que ela é de casa! – reclamei, ao mesmo tempo em que ela dizia: “Sod off, Black”.

Sirius abanou a mão, como um pedido de desculpas.

– Sorry, ginger.

– Evans, por favor. – corrigiu.

– Agora que a educação aparece, doesn’t it? – atazanei.

Não se deu o trabalho de responder e colocou os fones de ouvido.

– Prongs, a gente tem que passar no Moony também. – lembrou-me. – Ele ficou de castigo e os pais tiraram o carro.

Balancei os ombros e assenti. Não gosto de chegar cedo a festas mesmo.

(...)

– G’night. – desejou Remus. – Evans! Que surpresa vê-la por aqui. – mais um que olhou muito para ela.

Evans não respondeu, mas deu um aceno com a cabeça. Pelo menos, ela percebeu que uma pessoa entrou no carro. Seria preocupante se ela não percebesse.

– Ela é bem educada, não? – ironizou Moony.

– Nem me diga. Americanos. Parece que nunca tiveram pais para educa-los na vida.

– I can hear you guys! – gritou Evans.

Virei-me para encará-la quando o sinal ficou vermelho.

– Não precisa gritar!

– Eu não estou gritando!

– Tire os malditos fones de ouvido e ouça se não está!

– Você não manda em mim, Potter!

– Você está sob minha responsabilidade!

– Você que quis me trazer para essa bagaça!

Pelo canto do olho, vi Remus começar a rir e Sirius gargalhar com a risada latido dele.

– Agora a culpa é minha?!

Padfoot bateu no meu ombro.

– Parem, está me dando dor de cabeça.

– FODA-SE, BLACK! – gritou pela última vez, e se afundou no banco.

Suspirei.

– Problema essa daí.

– Indeed. – concordamos eu e Remus, em uníssono.

Lily Evans

Pah! Eu sabia que não daria certo de eu ficar na casa de britânicos com filho. Ainda mais um filho tão... Irritante. Deve ser a vigésima vez que ele me irrita em um dia.

Eu não mereço isso. Eu sou uma boa garota. Eu sou inteligente e sempre tiro notas boas. Sempre estudo. Nunca faço nada de errado.

Ok, só uma vez. Mas era o festival de música e eu não podia perder! Não tenho culpa que minha mãe não deixou, então tive de pular a janela no meio da noite para ir com a Alice.

A culpa foi da minha mãe que não me permitiu ir. Tudo teria sido mais fácil.

Potter estacionou o carro e retirei meu fone. A música – ruim, por sinal – emanava da mansão em nossa frente.

Great. British people with bad taste in music. This cannot get worse.

Melhor eu não dizer isso, porque contando com meu karma, vai ficar.

Desci do carro e andamos os quatro juntos para a porta. Senti-me estranha logo que entramos.

Mesmo com todos antes ocupados dançando, todo mundo presente naquela parte da casa virou a cabeça para observar-nos entrando. Qual éeeee?

Lupin viu minha cara de interrogação e aproximou a boca da minha orelha para que eu ouvisse o que ele tinha a dizer:

– Somos os Marotos, então sempre atraímos um pouco de atenção.

Um pouco?! Eles pararam uma festa de colegial! Isso não é pouco, for God’s sake.

Caminhamos até o centro e voltaram ao normal. Preciso me separar desses caras. Preciso.

– Hey, Marauders! – chamou Quentin. – How you doing? E... Quem é essa?

– Lily Evans. – explicou Potter. – Ela é a americana que ficou de morar na minha casa por uma temporada.

Acenei com a mão e procurei uma rota de escape desses tios. Hm, se eu passar por aquelas pessoas na direita, posso chegar ao jardim de trás, não? Beeeeeeem longe deles. Hm.

– So, have fun, Evans. – desejaram eles. Hey! Eu que iria deixa-los! Pepepeperaí, ninguém me deixa sozinha!

Quer saber? Melhor para mim. Rolei os olhos, e dei as costas para os babacas.

Cheguei à cozinha, que não estava tão cheia quanto o resto dos cômodos. Água. Eu não bebo. Então água. Sim...

– Alguém ajuda a Marlene, pelo amor de Deus! – pediu alguém, berrando.

Nenhum momento de paz. Virei-me para ver quem era, e dei de cara com uma loira da minha altura.

– O que aconteceu?

– Bendita seja você, ruivinha americana! – agradeceu. – Minha amiga terminou com o namorado algum tempo atrás e encheu a cara! Deus, eu sabia que o David não era confiável, mas a McKinnon me escuta? Nananinanão. Ele era um babaca como todos os outros foram, obviamente...

Wow! Como essa garota fala e foge do assunto principal.

– Hey, blond girl, direto ao ponto.

– Simmmm, eu sou um pouco distraída, é o que todos dizem, mas eu pouco acredito...

Suspirei.

– Blond girl. Direto. Ao. Ponto.

– Ah, sim. Não precisa ser grossa. – grunhi ao ouvi-la dizer isso. – Agora ela está vomitando e eu não sei o que fazer! Ela nunca chegou a esse estado de bebedisse e...

– Eu conheço os Six degrees of drunkness, então eu ajudo.

– Amém, ginger! – gah! – I’m Dorcas Meadowes, by the way.

Sorri e apertei a mão estendida dela.

– Lily Evans.