In Wonderland escrita por Cigarette Daydream


Capítulo 9
Ops, Tem Sangue no Tapete da Rainha


Notas iniciais do capítulo

FOI MAL, demorei ANOS (exageraada) para postar! Desculpe!! Aqui está!
xoxo



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  Alice olhou para aquela cena aterrorizante e depois para Raphael que parecia estar tentando deduzir algo, como se estivesse acostumado a presenciar a morte em si. Alice se lembrou das palavras da Tartaruga quando eles chegaram:

 “Ele morreu”, a Tartaruga sussurrava, “Mataram ele”.

 Raphael olhou a cena e perguntou: “Quem matou?”.

 “Não posso, não posso, não devo”, a Tartaruga repetia, “não devo contar, vou morrer também, moço!”.

 Raphael deu alguns passos e alcançou a Tartaruga Falsa, tentando faze-la explicar o que aconteceu, mas a Tartaruga se recusava a falar qualquer coisa e dizia que tinha medo de morrer também.

 Alice continuou a avaliar o corpo do Grifo morto, coberto de sangue, era uma cena triste. O vermelho contrastando com o branco tornava a cena ainda pior. Alice tropeçou na tentativa de ir ao encontro do Grifo, ao notar que uma lágrima ainda estava caindo dos olhos do animal.

 A menina forçou-se a desviar a atenção do Grifo, depois que secou a lágrima.

 – Quem faria isso? – ele perguntou se deixando observar de novo a cena.

 – Eu não sei, mas acho que devemos voltar – ele disse. –, e levar esse aqui. – ele indicou a Tartaruga. – A rainha o fará falar.

 Alice pensou por um minuto e um “não” escapou de seus lábios. Raphael se voltou para ela de sobrancelhas erguidas, esperando o porquê daquele não.

 – A rainha iria mata-lo também – disse Alice. –, não precisamos de outra morte...

 Raphael olhou para expressão suplicante da garota, mas não se deixou levar: – Sabe, Alice, apesar do nome, esse não é o País Das Maravilhas, acostume-se.

 E, sem dizer mais nada, o rapaz pegou a Tartaruga e indicou a Alice que o seguisse. A menina, a muito contragosto, o fez.

 Alice não conseguia parar de pensar em como gostaria que Raphael fosse uma pessoa melhor, de como gostaria que ele enxergasse além desse governo torto. Mas ele não enxergava, e talvez nunca chegasse a enxergar. Ela olhou para ele, repentinamente curiosa: – Se eu me juntasse ao opositor, você teria que me matar, certo?

 – Ah, Alice, ele está blefando, pode relaxar – respondeu Raphael, evasivamente.

 – Você não respondeu minha pergunta – a menina não se deixou intimidar.

 – Eu não te mataria – ele disse e Alice já ia sorrir, mas ele continuou: –, se a ordem não fosse essa.

 Alice o olhou com um certo medo e repulsa: – Mas você me conhece! Como pode ter um sangue tão frio? Você não é muito diferente da pessoa que matou aquele Grifo, na verdade, chego a crer que é um assassino pior.

 – Um assassino é sempre somente um assassino, Alice, não existe melhor ou pior nesse ramo e sim trabalho mais bem-feito – ele explicou. –, e sim, sou um assassino.

 – Você não se importa se as pessoas são inocentes ou culpadas não é? – perguntou Alice.

 – Quem quer sobreviver se rende! – estourou Raphael. – Trabalha para a rainha, assim como eu!

 – Assim como o súdito que você é – replicou Alice. – Você não passa de um súdito, Raphael.

 – Não deveria passar – ele respondeu. –, só quero continuar vivo.

 – Mesmo que, para isso, tenha que matar outras pessoas? – perguntou Alice. – Mesmo que, tenha que derramar sangue inocente?

 O rapaz só assentiu: – Esse é o jogo, eu não fiz as regras.

 – Mas poderia muda-las! – argumentou Alice. – Por que não muda?

 – Eu não tenho esse poder.

 – Sim, você tem, só não descobriu ainda – replicou a garota.

 Raphael suspirou e o silencio começou a reinar. Levaram mil anos até os jardins, mais milhares de anos até o castelo, mais cem anos até o quarto. Alice não tinha mais existência ao chegar a seu quarto.

 A menina estava apavorada com a ideia de que, talvez, quisesse lutar.

 Talvez ela quisesse.

 Talvez ela não precisasse voltar para casa agora, um reino inteiro poderia se mover por sua causa, e por mais mínima que seja essa possibilidade de mobilizar o reino, ela iria ajudar.

 Alice saiu do seu quarto se sentindo tonta e começou a procurar por Gabriel em todos os lugares, para saber mais sobre o movimento.

 A menina andou por todo o castelo e não o encontrou, Alice sentia certa urgência e ansiedade por saber do assunto, então pensou em ir ao tal “lugar proibido”, talvez ele estivesse lá.

***

 Raphael estava procurando sua bolsa com suas armas já fazia algum tempo e estava começando a ficar preocupado, de repente, o rapaz lembrou. A casa de Meredith. Ele havia deixado às coisas na casa de Meredith. Raphael praguejou, mas logo constatou que quando mais cedo o fizesse menos desagradável a tarefa seria.

 Pensando nisso, o rapaz começou a seguir para a casa de Meredith, sentindo o coração acelerar, apesar de tudo. Ele se perguntava como podia ainda a amar, mesmo depois de tudo, porém se dependesse dele, aquele sentimento morreria asfixiado.

 O rapaz parou em frente a porta da casa de Meredith sentindo um grande frio na barriga, mas deu três batidas. Nada.

 Mais três batidas.

 O silêncio foi a resposta.

 Batidas impacientes.

 Nada.

 O rapaz começou a pensar: Meredith praticamente nunca saia de sua casa, então se não atendia, devia estar com o amante. Sem nem ao menos pensar duas vezes no assunto, enfurecido, Raphael arrombou a porta e parou estático.

 Não era verdade, não podia ser. Os movimentos seguintes do rapaz foram mecânicos: ele correu até o corpo de Meredith e se deixou cair de joelhos ao lado da menina. Lágrimas descrentes começaram a rolar do rosto menino.

 O sangue ainda saia da ferida dela, manchando todo o vestido azul... Manchando todo o vestido azul que preferido de Raphael... Os cabelos dela, abertos em leque ao chão e o choque no rosto. Ela ainda estava viva, mas certamente não havia muito tempo.

 – Me desculpe... – ela balbuciou.

 – Quem fez isso? – chorou Raphael.

 – Não importa agora... Eu te amo, eu não sabia, mas é em você que eu pensei no ultimo momento – ela se esforçava para falar.

 – Shh – ele disse. – Eu também te amo... Conta-me quem fez isso.

 – E-e-u – a menina tentou.

 – Não... Não... – ele sussurrava freneticamente. – Fica comigo!

 A menina apenas murmurou um inaudível: – É hora de fechar os olhos.

 Raphael se agarrou ao corpo dela com toda a força, deixando as lágrimas e soluços saírem.

 “Ela está morta”, é tudo que ele conseguia pensar.

 – Eu prometo – o rapaz soluçou. –, prometo encontrar quem fez isso...

 As lágrimas e os soluços só passaram depois de horas e horas debruçado sobre o corpo da garota. Ele sentia como se tivesse morrido também, apesar de tudo, mesmo ela tendo o traído.

It just takes a second for my world to come crumbling down

Oh I'm sure in the distance you can hear that awful sound

How I plead for an answer

Plead for an answer from you

But if you give me and answer that just makes no sense

Then whats the use

 Raphael começou a cantar uma música que Meredith havia cantado algumas vezes, ele não sabia toda a letra, mas sentiu que precisava fazer algo naquele momento...

***

 Alice estava se sentindo tonta e nauseada ao entrar na cozinha, para sair pela porta dos fundos, e ver todo aquele sangue, duas criadas mortas, esquartejadas. Alice tentou se conter, mas começou a vomitar e caiu de quatro. Sem conseguir se levantar, a menina engatinhou para fora da cozinha e assim que viu Gabriel começou a pedir ajuda.

 O rapaz começou a levantar Alice e perguntar o que estava acontecendo, mas Alice não resistiu e desmaiou, sem conseguir se segurar.

***

  Na sala de discussões da rainha o clima era diferente: irritação e correria predominavam no ambiente. O que poderia estar acontecendo? Um animal real assassinado, criadas também, além de um membro da corte da rainha.

 A rainha observava tudo e dava ordens diretas, que eram imediatamente atendidas. A rainha se perguntava qual seria o motivo dos assassinatos... Um ataque? Um aviso? Talvez o preço de um segredo...

 De repente, o barulho começou a irritar profundamente a rainha, que gritou por silencio e mandou todos sumirem para resolver o problema ou haveria mais mortos ainda no reino. Quanto a isso, ninguém contestou apenas saíram em silêncio e, uma vez fora do gabinete, todos correram para resolver o problema.

 A rainha afundou na cadeira. Se havia alguém infiltrado era melhor que descobrisse logo, pois ninguém de fora dos seus aliados teria conseguido entrar no castelo e nem tão pouco saberia onde ficavam os animais reais. Ela precisava de Raphael nesse momento, sabia disso, apenas ele conseguia tirar a verdade das pessoas. Ela sabia que dessa vez seria muito mais complicado do que ordenar execuções.

 Com um suspiro a rainha foi até o outro lado. Havia tido muito trabalho e sangue para ela chegar até ali, não deixaria que ninguém tomasse seu trono.

***

 Alice ainda estava abraçada a Gabriel, tremula, havia ficado desmaiada apenas poucos minutos. O rapaz não entendia o porquê de ela não chorar. A maioria das garotas faria isso, não é? Ele olhou Alice por um minuto, a menina era perfeita em cada traço... Como negar? Ele a queria para ele.

 – Shhh – fez ele. – Vai ficar tudo bem.

 – Será? – perguntou a menina. – Esses ataques... E se continuarem?

 – Não vão – ele foi tão firme que parecia que realmente sabia por certeza.

 Alice então estranhou. Ele, apesar de filho da rainha, era um grande opositor... Além de ter acesso a qualquer lugar do castelo e, sendo assim, poderia ser o comandante de tudo isso.

 – Não foi seu “exército” – ela gesticulou as aspas. – que fez isso, foi?

 O rapaz ficou em dúvida sobre o que responder... Ele sabia que mentiras tinham pernas curtas, mas...

 – Não... – ele olhou para a parede. – Não foi meu grupo, ou como queira chamar.

 Alice assentiu e o encarou inexpressiva.

 – Algo me diz que tem alguma grande batalha vinda por aí, não é? – a menina perguntou.

 – Você não faz ideia – suspirou Gabriel.

 – Eu quero lutar com vocês – declarou Alice.

 Nesse momento, Raphael entrou no saguão carregando Meredith.

 – Ei, o que houve com ela? – perguntou Alice, imaginando desmaio ou algo parecido.

 Raphael não respondeu, apenas continuou como se não a tivesse ouvido falar nada. Ao rapaz subiu as escadas rumando para a sala da rainha e Alice o seguiu, um pouco temerosa. O que poderia ter acontecido?

 O rapaz bateu três vezes na porta do gabinete da rainha e ao ouvir uma permissão entrou, seguido por Alice, que perguntou o que houve com Meredith novamente.

 – Isso não tem a ver com você Alice – o rapaz vociferou sem pensar.

 – Eu só estava tentando ajudar! O que você acha que eu...

 – Alice? – a rainha perguntou.

 – Eu disse Alice? – perguntou Raphael, tentando consertar o que havia feito.

 – Ela é a Alice – os olhos da rainha se encheram de compreensão.

 – Não, não sou – a menina deu um passo involuntário para trás.

 – Prendam-na – gritou a rainha e simultaneamente vários guardas invadiram a sala. – Eu mesma cuido da parte da tortura.

 Raphael então notou o que tinha feito.

 – Não! – gritou Raphael. – Se encostar-se a um único fio de cabelo dela, você irá se ver comigo.

  A rainha, para a surpresa de todos, apenas riu.

 – Então está apaixonado pela garota? – deleitou-se a rainha. – E tem coragem de ameaçar sua rainha por causa dela?

 Raphael ignorou o primeiro comentário e prosseguiu com uma fúria ainda maior.

 – Ah, pense um pouco, agora você precisa mais de mim do que nunca – disse Raphael. – Sem mim, com esses soldados incompetentes, você não vai sair da estaca zero!

 – Mais uma razão para eu prender a garota, não acha? – riu-se a rainha. – Garantia.

 Raphael ficou sem cor, não esperava que a rainha o ameaçasse de volta.

 – Ou me ajuda, ou a cabeça dela rolará – ofereceu a rainha. – Você escolhe.

 – Tudo bem – concordou Raphael. – Tentaram me avisar e eu não dei ouvidos.

 – Tentaram lhe avisar do quê exatamente? – perguntou a rainha.

 – Tentaram me avisar de que eu deveria ter escolhido melhor a quem oferecer minha lealdade, agora sei que, no passado, escolhi mal – disse Raphael.

 – Uma pena que sua lealdade possa ser comprada com essa ratinha loura presa – grunhiu a rainha. – LEVEM-NA.

 – Espere – gritou Raphael, deixando o corpo de Meredith no sofá da rainha.

 O rapaz foi até Alice e segurou seu rosto entre as mãos.

 – Eu vou te proteger até me matarem, Alice – ele garantiu. – Não vou deixar que nada de mal lhe aconteça, isso é uma promessa.

 – Eu vou sentir sua falta – a menina murmurou. – Me desculpe por ter que servir a rainha por minha causa, não é justo...

 – Muito encantador – aplaudiu a rainha. –, mas já chega, levem-na... Eu e Raphael temos assuntos pendentes a tratar.

 Alice suspirou, ela não podia negar que estava apaixonada por Raphael, mas ele a tratava como uma irmã que queria proteger, certo? Além disso, ela ainda não confiava totalmente em Raphael depois da discussão que tiveram pela manhã. Ele já foi tão ou mais mal que a rainha.

 Os soldados escoltaram Alice para um lugar feito de gritos e dor. Alice nunca sentiu tanta vertigem na vida quanto ao adentrar nas masmorras da rainha.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Mereço reviews? Ainda tenho leitores? Cadê o sinal de vida? ahsuahus
beijos e até o próximos capítulo!



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