In Wonderland escrita por Cigarette Daydream


Capítulo 5
A Canção de Ninar do Chapeleiro Maluco


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu resolvi deixar Aice se divertir um pouco neste capítulo, espero que não me matem!
Imagino Raphael como Brant Daugherty:
http://i2.listal.com/image/836824/600full-brant-daugherty.jpg
Enjoy,
xoxo



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 Alice sorriu amarelo para o Chapeleiro e enroscou os dedos desconfortavelmente. A menina não sabia o que falar, então só lhe restava sorrir enquanto planejava um discurso.

 – Você está pensando – disse o Chapeleiro. – Isso a impede de falar.

 Quanto a isso Alice não soube o que responder, mas começou a balbuciar alguma coisa.

 O Chapeleiro se limitou a interrompê-la: – Esse é o Caxinguelê – ele indicou um caxinguelê que parecia estar dormindo, mas acenou mesmo assim. – E essa é a Lebre De Março – ele indicou a lebre com a cabeça.

 – Prazer – a menina esboçou um sorriso forçado.

 – Está sugerindo que está feliz em conhecer-nos? – perguntou a Lebre.

 – Exato – a menina sorriu de canto.

 – Nesse caso devia dizer o que pensa – disse a Lebre em um tom severo.

 – Eu digo... – Alice respondeu apressadamente. – Ou pelo menos, penso o que digo... É a mesma coisa, não?

 – Nem de longe a mesma coisa! – exclamou o Chapeleiro. – Seria o mesmo que dizer que “vejo o que como” é o mesmo que “como o que vejo”!

 – Ou o mesmo que dizer... – nesse ponto a Lebre parou e seus olhos se encheram de lágrimas.

 – Achei que nunca mais viria! – disse o Chapeleiro para alguém que estava atrás de Alice.

 Alice se virou curiosa para descobrir quem estava ali. Raphael apenas sorriu e se sentou ao lado de Alice.

 – Espero não estar sendo inconveniente – ele falou em um tom desagradável.

 O Chapeleiro apenas sorriu, parecendo muito satisfeito com a visita do rapaz.

 – Pode apostar que está – disse Alice, baixo o suficiente para que apenas Raphael ouvisse.

 – Quieta – ele falou no mesmo tom com um olhar gélido.

 Alice ficou petrificada pelo olhar, mas começou a colocar a mente para trabalhar, afinal ela tinha que achar um jeito de falar com o Chapeleiro sobre como sair dali sem Raphael ver.

 Raphael estreitou os olhos para a expressão da menina e prosseguiu.

 – Sabe, a rainha ficou uma fera com seu comportamento Chapeleiro! – exclamou ele. – Devia ter comparecido ao julgamento, sabe disso.

 – E ela devia ter comparecido ao chá! – o Chapeleiro falou indignado. – Ela é louca!

 Alice soltou uma grande risada e acrescentou: – Concordo plenamente!

 Raphael olhou descrente para a coragem da menina e balançou os ombros.

 – Ela é somente rígida – Raphael disse.

 – Como uma tábua – o caxinguelê falou dormindo, quase que sonambulo.

 Alice soltou mais uma risada pela situação do Caxinguelê.

 – Não devia rir de assuntos sérios – disse o Chapeleiro.

 – Desculpem, oh, não sei como me portar aqui – a menina respondeu. –, mas foi engraçado.

 Raphael revirou os olhos, impaciente com o comportamento de Alice.

 – Nesse caso, Alice, você não deveria ter fugido– o rapaz lançou novamente um olhar gélido para Alice.

 – Se conhecem? – perguntou o Chapeleiro.

 – É uma prisioneira – disse Raphael com desdém. – Vai ser levada a julgamento.

 Nesse momento o Chapeleiro caiu na gargalhada junto com a Lebre de Março, até o Caxinguelê, que ainda estava dormindo, começou a rir.

 – Isso é sério! – Raphael disse aborrecido.

 – Seríssimo! Seríssimo! – gritaram em coro o Caxinguelê, o Chapeleiro e a Lebre de Março.

 – Ora, vocês são loucos! – aborreceu-se Raphael. – Nem ao menos sabem do que estão rindo.

 – Pois saiba que loucura é uma questão de opinião! – gritou o chapeleiro e jogou a xicara de chá longe.

 De repente, Alice se solidarizou com o Chapeleiro. Ela se lembrou da única vez que fora visitar sua mãe no hospício e de como os hematomas ficaram em sua pele por meses, mas a única coisa que a machucou foi ver sedarem sua mãe.

 Quando Alice despertou de seus devaneios, o Caxinguelê havia voltado a dormir, a Lebre de Março estava emburrada, Raphael parecia furioso e o Chapeleiro choramingava.

 – Você costumava ter a mente mais aberta – disse a Lebre de Março. –, antes de ir trabalhar para rainha. Quando ainda morava com a gente...

 – Ela só me salvou da loucura que era essa casa – disse Raphael. – Aliás... Que ainda é.

 Alice levantou as sobrancelhas. Como assim Raphael morava com o Chapeleiro?

 – Você morava aqui? – a menina perguntou antes que pudesse se controlar.

 – Morava – o Chapeleiro respondeu. –, mas ele parece ter esquecido quem o criou.

 – Ah, já chega! – exclamou Raphael impaciente, enquanto se levantava e puxava Alice pelo braço. – Vamos!

 O rapaz expressou tanta autoridade, que Alice nem ao menos se atreveu a juntar coragem para protestar.

 – Certo – ela murmurou.

 Raphael saiu arrastando Alice e por um longo tempo e a menina estava bastante aborrecida por não saber para onde os dois estavam indo, mas não quis perguntar nada. Em um momento ele simplesmente parou e a encarou, ainda ferozmente.

 – Nem uma só palavra sobre meu contato com o Chapeleiro para alguém, ou te matarei com minhas próprias mãos – prometeu Raphael.

 – Eles te criaram? – Alice perguntou num surto de coragem.

 – Não é da sua conta – o rapaz grunhiu.

 – Tudo bem, isso é um sim – a menina murmurou.

 – Você não sabe nada sobre isso, e nem deve saber – o rapaz voltou a arrastar Alice.

 Alice suspirou e por fim disse: – Eu sei andar sozinha.

 – É e sabe fugir sozinha também – ele falou ainda irritado. –, mesmo quando me deu sua palavra de que não iria fugir.

 – Pessoas podem quebrar palavras – a menina murmurou.

 – Vamos baixar acampamento, e dessa vez você não vai fugir – Raphael falou.

 – Veremos – a menina falou no mesmo tom cortante.

 Alice sempre gostou de se mostrar mais corajosa do que se sente, ela fez isso a vida inteira, mas a verdade é que ela estava com muito medo daquela situação.

 Os dois continuaram caminhando, (na verdade Alice continuava sendo arrastada), até chegarem a uma arvore oca, como a primeira em que haviam acampado.

 Raphael pegou uma corda e começou a amarrar Alice com uma força desnecessária. A menina se limitou a bufar teatralmente. O medo de Alice só aumentou quando o rapaz pegou a adaga.

 – Se tentar fugir, vai para bem além dessa vida – ele avisou.

 Raphael se encostou ao canto oposto do tronco e observou Alice. O tempo passou e nenhum dos dois dormiu, já devia ser de madrugada quando o ódio diminuiu.

 – Pode me contar uma história? – Alice pediu timidamente.

 Raphael levantou as sobrancelhas surpreso, e disse: – O que gostaria de ouvir?

 – Qualquer coisa – Alice deu de ombros, mas não conseguiu disfarçar seu medo.

 – Uma coisa para espantar o medo? – Raphael provocou-a.

 – Eu não estou com medo – a menina protestou.

 – Tudo bem... Que tal uma canção de ninar? – ele perguntou.

 Alice sorriu e assentiu.

 Ele retribuiu e por fim disse: – Vou cantar a que o Chapeleiro cantava para mim.

“Era uma vez um elfo encantado que morava num pé de caqui. Em cima morava um duende safado, que vivia fazendo pipi. Um dia o elfo se aborreceu e na porta do duende bateu foi nesta ocasião que eles então se casaram”.

 Alice gargalhou e por fim fechou os olhos.

 – Isso é a cara dele – a menina murmurou. – Por que agora decidiu admitir que foi criado por ele?

 – Não ache que é grande coisa, afinal, você já estava convencida que de fato era verdade – ele deu de ombros com desdém.

  Alice dormiu, pensando no quão estranha era aquela situação: O seu sequestrador havia cantado para ela, Alice, a música que o Chapeleiro Louco cantava para ele.

 Alice sorriu em meio ao seu sono leve: Isso certamente daria com o que sonhar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram da músiquinha? haha
Sei que foi uma piada muito fraquinha, mas emfim a intensão foi só mostrar que el foi CRIADO pelo Chapeleiro.
xoxo