O garoto não esperou uma resposta. Nico sacou sua espada negra da cintura e me atacou.

Sua espada colidiu com a minha, porém, ele sumira no mesmo instante do choque entre elas. Senti algo atrás de mim, e rapidamente movi minha espada para acertar o que quer que fosse.

A espada atingiu uma sombra, Nico escapou do ataque. Suas roupas, inteiramente negras, combinavam com a sombra, o que tornava difícil ver quando o mesmo se movimentaria através do poder negro.

Dessa vez, sua espada cobriu-se de sombras, o que a tornava ainda mais assustadora, mais como se ela queimasse em fogo negro. Me preparei para a defesa, mas, quando a espada de Nico chego à altura da minha, ela a atravessou, como se não tivesse bloqueio algum.

Mesmo com aquilo, usei todos meus sentidos e esquivei do golpe saltando para trás.

–Eu mudei, Percy. - comentou Nico. - Não fiquei no Tártaro treinando apenas minha força física. O que eu fiz foi algo além.

–Você se uniu as sombras. - concluí.

–Exato. - disse ele. - Posso me movimentar o quanto quiser através dela, posso a tornar sólida e desferir um ataque, como posso à tornar intocável, esquivando de qualquer ataque seu.

–Então, você tem uma arma que serve para ataque e defesa.

–Sim. Não há como você me vencer agora.

Ele atacou de novo, as sombras se misturaram com seu corpo, o que tornaria difícil distinguir um ataque de uma defesa. O garoto se moveu em minha direção e começou a me atacar, por alguns golpes, apenas me esquivei.

Mas não pude continuar assim por muito tempo. Uma ponta de sombras se desprendeu do corpo de Nico e tentou me atingir. Saltei para o lado, mas não consegui evitar um pequeno arranhão ao lado da barriga.

Me afastei um pouco. Quando estava à uma distância considerável de Nico, avaliei a situação.

Eu tinha apenas aquele arranhão de ferimentos, Nico estava ileso. Ele usava sua espada combinada com as sombras, o que tornava seus ataques letais e sua defesa quase perfeita, eu tinha Urano.

"Não acha que já está na hora?" perguntou Urano, em minha mente.

–Sim. - respondi. -Está na hora.

–Já vai desistir? - perguntou Nico.

–Está na hora de lutar à sério.

Segurei Urano com as duas mãos, olhei para Nico e corri. Em um instante estava à frente do garoto, movi minha espada e tentei atingi-lo, porém, ele a bloqueou com a sua.

Tentei outros ataques, porém, estes passavam diretamente por seu corpo, sem o atingi-lo. Me movi para trás dele, mirei um chute em suas costelas, e este, inesperadamente, o atingiu, arremessando o garoto alguns metros longe.

-A-Acertei... ? - perguntei à mim mesmo.

Nico se levantou meio atordoado, porém, logo ele voltou à si e perguntou:

-Então... Essa é a força da espada do Olimpo? - ele disse, com um sorriso vitorioso no rosto. - Não é grande coisa se a única coisa que conseguiu fazer foi me acertar um chute.

-Poder de Urano? - repeti. - Não, você entendeu errado.

-O que?

Uma rápida cena veio em minha mente, quando estávamos ainda no universo de Urano, enquanto ele me ensinava o que a espada do Olimpo representava e o que ela era na verdade.

[...]

Estávamos em volta da fogueira, sentados no mar gelado que estava, inesperadamente, quente.

Eu e Silha ouvíamos a explicação de Urano sobre às lendas da espada do Olimpo. Excalbur, aquela história de ganhar asas, cortar o céu e tornar-se o rei de toda glória e riqueza. Típica história que faria os professores chorarem de emoção.

-... Então, isso tudo é mentira. - revelou Urano. - Minha espada não passa de um amplificador.

-Um amplificador? - perguntei - Tipo aqueles de instrumentos musicais?

-Basicamente. - respondeu ele. - A função de um amplificador é: Receber um sinal e aumentá-lo. É isso que à espada faz. Quando um mortal encontrar à espada, não aconteceria nada. Ela seria uma simples espada, já que, dos mortais não há qualquer sinal de força.

-Força? - perguntei.

-Sim. Nyah! - respondeu Silha - Dentro de todos aqueles envolvidos com os deuses, à um sinal de força sendo emanado o tempo todo. É por esse sinal que monstros encontram semideuses. Outro nome seria poder Divino.

-Entendi... Acho.

-É isso que a espada faz. Ela amplifica esse sinal de força. - completou Urano. - Ou seja, se você é filho de Poseidon, é capaz de manipular as águas. Tendo essa espada, você seria capaz de criar água a partir do oxigênio. Ela elevaria seus poderes de tal forma, que seria parecido ao domínio do próprio deus dos mares.

-Ah.. Agora entendi. Ela não vai me deixar mais forte, nem nada do tipo. Mas vai aumentar meu controle sobre a água.

-Isso. Apesar de que, agora que você possui o casaco divino, é deus de algo também. Basta você descobrir.

[...]

-Essa não é a força da espada. Essa é a minha força. - respondi. - Agora eu vou lhe mostrar o poder de Urano.

Me concentrei, mirei em Nico e movi a espada em sua direção. Um imenso pilar de gelo brotou dos meus pés e foi atingi-lo. Ele escapou através da sombra, então, me foquei em perceber onde ele iria. Senti o poder de Nico à quase cem metros de distância. Estava tomando fôlego? Não sabia, só sei que, quando se deparou, minha espada estava em sua garganta.

Ele estava ajoelhado, parecia mais cansado que antes. Seu rosto ficou em pânico quando se deparou com a lâmina no pescoço.

-Q-Quando você chegou aqui? - perguntou ele.

-Quando senti que você viria para cá. - respondi.

-Está querendo me dizer... Que sua velocidade ultrapassou a velocidade das sombras? - perguntou ele.

-Não. Estou tentando dizer que venci.