Rendendo-se escrita por Jajabarnes


Capítulo 13
Caipira inteligente.


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Saudades? Bem, divirtam-se!



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Dormi super bem naquela noite, como se tivesse tirado um peso das costas. Era cedo quando acordei e logo que abri os olhos senti o aroma de café. Sorri automaticamente, levantando. Depois de fazer o que era de praxe todas as manhãs, ainda com a calça de moletom, desci até a cozinha. Susana estava de costas para a entrada, ao final de uma ligação, devolvendo o telefone ao gancho.

–Bom dia – cumprimentei, sorridente. Susana olhou-me, sorrindo.

–Bom dia. - falou pouco antes de eu segurar seu rosto delicadamente entre minhas mãos e beijá-la suavemente, sentindo o suave gostinho do café delicioso que ela fazia.

–Quem era no telefone? - perguntei, indo até a bancada da pia, abri o armário e peguei uma caneca, servindo-me de café.

–Mamãe. - respondeu ela, sentando à mesa. - Queria saber se estava tudo bem. Disse que sim e, já que eu estava instalada e já fiz amigos, ela nos convidou para passar o resto das férias na fazenda em Ermo.

Sentei-me à mesa.

–Seria uma boa ideia. - concordei. - Podemos chamar Edmundo e Lúcia para ir conosco. Eles nunca foram à Ermo, eu mesmo não vou lá faz muito tempo. Vai ser bom.

–Talvez Pedro também possa ir. - falou ela, fazendo-me encará-la. Susana mexia a xícara.

–Não...! - protestei.

–Caspian...

–Não, Su. Isso é... Sem condições.

–Vocês tem que se acertar! - insistiu ela. - Me sinto mal por ter causado briga entre vocês.

–Você não teve culpa, ok? E tenho quase certeza que Pedro não quer me ver nem pintado de ouro. - adocei o café.

–Não custa tentar, Caspian. A amizade de vocês não pode acabar assim, muito menos por minha causa.

Levantei, puxando minha cadeira, contornando a mesa até parar ao lado de Susana.

–Sabe... A culpa realmente é sua.

–Você é ótimo para consolar, sabia?

–Mas. - ignorei sua fala. - Não deve se preocupar com isso. Não foi uma coisa que você tenha feito por querer. - ela sorriu de leve. Passei meu braço por trás de seu pescoço e ela deitou a cabeça em meu ombro. - E. Não vamos mais falar disso. Vamos para Ermo – beijei a cabeça dela. - Vai ser bom.

[…]

Mais tarde, ainda de manhã. Fui até o apartamento de Edmundo fazer o convite.

–Claro! Vai ser ótimo! Sempre quis conhecer a famosa Ermo que se cansou do Caspian e o enxotou para cá. - disse Edmundo. Encarei-o. - Vou falar com Lúcia, ela vai adorar.

–É, vai sim. Tem muita coisa para fazermos por lá, sem dúvida vamos acam...

–Mas e aí, Caspian, como foi ontem depois que deixei vocês? - estava demorando.

Respirei fundo.

–Bem... Ficou tudo bem no final. - falei.

–Você conversou com ela?

–Sim.

–E...?

–E... Bem...

–Pela Juba do Leão... - ele arregalou os olhos. - Vocês dormiram juntos?!

Joguei-lhe a almofada.

–Não! - protestei. - Ficou tudo bem sobre esse assunto. Falamos a respeito e... Foi isso... - dei de ombros.

–Hum – disse ele, como se não acreditasse, mordendo o sanduíche e falando de boca cheia. - Está dizendo que não rolou nada, nem um beijo mais? Cara, isso aqui tá bom... Servido?

–Não, valeu. Bem... Teve outro beijo sim. Mais de um, na verdade.

Ele engoliu.

–Boa, garoto! - brincou. - Finalmente tomou alguma atitude! - rolei os olhos - Me conta como foi o pedido!

–Que pedido?

–Pedido de namoro. - falou óbvio. - Você pediu Susana em namoro, não pediu?

–Er...

Ele largou o sanduíche e me bateu com a almoçada.

–Fala sério, cara! - brigou, me agredindo com a almofada. - Eu uso todo meu dom de psicólogo com você sem te cobrar nenhum centavo e você não me dá resultado satisfatório?!

–Hey, calma aí, fofa! - tomei a almofada dele. - Me deixa explicar. - ele se sentou, com a cara amarrada, voltando ao seu sanduíche. Respirei fundo, tomando fôlego para ser o mais breve possível. - É complicado, Ed. Se Susana e eu começarmos a namorar com certeza os pais dela não vão mais concordar em deixá-la morando lá em casa, entende?

–Ah, isso é um problema. - ele pareceu pensar. - Deixar vocês namorarem e deixá-la continuar morando naquilo que você chama de casa realmente é um perigo.

Rolei os olhos, bloqueando as cenas inadequadas que minha consciência jogou em minha mente.

–Pois é. Não quero que ela saia de lá.

–Safado.

–Olha o respeito.

A porta abriu e por ela passou uma Lúcia carregada de sacolas.

–Bom dia. - disse ela, deixando as chaves e as compras sobre o balcão.

–Bom dia. - respondemos.

–Que bom que chegou, Lu – falei. - Queria pedir desculpas por ontem a noite.

Ela veio até a sala e sentou no braço da poltrona em que Edmundo estava sentado. Respirou fundo.

–Tudo bem, Caspian. - sorriu de leve.

–Como está o Pedro?

–Um pouco irritado, com a boca machucada... Mas vai ficar bem.

–Caspian veio fazer um convite, amor. - disse Edmundo. - A mãe da Su convidou eles para passarem o resto das férias na fazenda em Ermo e os dois querem nos levar juntos, com tudo pago para um hotel cinco estrelas. - sorriu malandro. Rolei os olhos. Lúcia riu, sabia que ele estava brincando.

–Isso parece muito convidativo. - disse ela. - Mas não sei se devo ir, sabe, pelo Pedro...

–Susana quer que ele vá... - comentei. - Ela disse que minha amizade com ele não pode acabar assim. Que eu tenho que falar com ele...

–Concordo com ela. - disse Lúcia. - Vocês são adultos, não podem agir assim, no tapa.

–Querida, foram socos. - lembrou Edmundo. Lúcia bagunçou os cabelos dele e eu lhe joguei a almofada.

[…]

Cheguei em casa no fim da manhã lançando um rápido olhar para a sala e a cozinha, não encontrei Susana ali então decidi subir. Precisava falar com ela. Provavelmente esperava alguma atitude minha, como um pedido formal de namoro, eu devia isso a ela, depois dos beijos, mas tinha que explicar minha possível incapacidade de fugir da espingarda de caça do pai dela.

–Su? - chamei ao terminar os degraus.

–Estou aqui! - chamou ela, do seu quarto. A porta estava aberta e ela de pé em frente às prateleiras, organizando os livros. - Como foi lá?

–Foi bem. - falei, aproximando-me dela. - Ficaram animados com a viagem, no fim das contas.

–Que bom. - ela sorriu. Silêncio.

–Preciso falar com você. - falei.

–Você já está falando, Caspian. - olhou-me de esguelha, sorrindo de canto.

–Você me entendeu. - adverti. - E, além disso, acho que já sabe sobre o que é... - ela parou e me olhou. - Acho que você está esperando um pedido de namoro, não é?

–Na verdade, não.

Pisquei algumas vezes.

–Como é? Não mesmo?

–Não. - garantiu na mais pura sinceridade, negando com a cabeça, balançando o rabo de cavalo e colocando as mãos, que antes estavam quase totalmente escondidas dentro das mangas da camisa, nos bolsos de trás do short.

–E... Eu posso saber por que? - ri nervoso.

–Estou completamente indisposta a procurar outro lugar para morar ou voltar para Ermo. - explicou. - Ou você achou que papai me deixaria morar aqui se começássemos a namorar?

–Er... Você pensou nisso também...?

–Claro, Caspian. - ajeitou mais alguns livros. - Não sou uma caipira tonta. Sou uma caipira inteligente.

Nós rimos.

–Isso me desfavorece perante meu adversário, mas prefiro continuar tendo você por aqui... - confessei, puxando-a para um abraço. Seus braços abraçaram minha cintura e apoiei meu queixo no alto de sua cabeça. Houve silêncio por um tempo. - Você gosta dele? - acabei por perguntar.

–De Pedro?

–Dãã.

–Bem, não tenho certeza... - disse ela. - Pedro mexe comigo, mas...

–Mas...? - incentivei.

Pude ouvi-la respirar fundo. Susana afastou-se um pouco sem desfazer o abraço, apenas para olhar em meus olhos.

–Não da mesma forma que você.

Ela olhava em meus olhos profundamente e eu perdi-me nos dela. Toquei seu rosto com uma das mãos, sorrindo de leve. Ela fez o mesmo antes de subir suas mãos por meu peito, deixando seus braços ao redor de meu pescoço. Beijei-a levando a mão, que antes estava em seu rosto, para junto da outra em suas costas, abraçando-a contra mim, aprofundando o beijo.

Era delicioso. Foi como na noite anterior, lento e sincronizado, porém mais longo. Uma sensação morna cresceu entre nós e não tive como não lamentar o fato de não poder namorar com ela. Ou melhor, o fato de poder e não poder. Abracei-a mais forte, minhas mãos subiam e desciam por suas costas.

Como eu falei para ela ontem, sentia que seus beijos pertenciam somente a mim e doía, de certa forma, saber que não os teria da forma que eu queria, oficialmente. Na verdade, o que incomodava mais era que, não oficializando, ela continuava livre. Nada a prendia a mim e, caso Pedro atacasse, eu não teria nenhum direito concreto para impedir...


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Notas finais do capítulo

Que tal? Não esqueçam dos reviews, só posto mais se tiver reviews u.u
Beijokas!!



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