Rendendo-se escrita por Jajabarnes


Capítulo 12
Já era...


Notas iniciais do capítulo

Rápido, né? Esse capítulo é mais compridinho. Divirtam-se!



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Resmunguei quando o remédio fez doer o corte perto da sobrancelha. Susana recolheu a mão, mas logo voltou a colocá-la lá. Estávamos em casa, eu estava sentado numa das cadeiras da cozinha e Susana de pé à minha frente, fazendo o curativo no pequeno corte causado pelo soco de Pedro. Edmundo nos trouxe para casa e Susana e eu não trocamos uma palavras até agora. O silêncio pesado me deixava obrigado a ouvir meus pensamentos.

Já era. - cantarolou minha consciência.

Cala a boca. - rebati mentalmente.

Agora você não tem outra saída senão admitir o óbvio. Você está apaixonado por ela, Caspian, querido. Edmundo estava certo, no fim das contas. – falou com a maior calma possível.

Suspirei. Idiota.

–Pronto – disse Susana, calma. - É melhor deixar descoberto. - guardou o remédio e a gaze de volta à necessaire. - Boa noite, Cas. - falou por fim, olhando-me. Ela mordeu o lábio inferior esperando uma reação minha. Apenas assenti. Ela suspirou e, pegando a necessaire, subiu.

Fiquei na cozinha, sentado. A ouvi fechar a porta do banheiro e ligar o chuveiro. Quando a ouvi fechar a porta do banheiro e em seguida a do seu quarto, apaguei as luzes e subi. Tomei um banho rápido, tendo cuidado para não molhar onde estava o remédio e depois fui para meu quarto sem ter tido coragem de começar a falar. Vesti a calça do moletom e deitei na cama, encarando o teto. Segundos depois concluí que não conseguiria dormir. Num jato de coragem, levantei e caminhei sem hesitar até o quarto dela. Bati na porta. Ela, por sorte, estava acordada, e permitiu que eu entrasse.

Ao abrir a porta, a luz de fora iluminou o quarto fracamente e pude vê-la deitada na cama, coberta pelo edredom. Sentou ao me ver parado na porta.

–Está tudo bem, Caspian? - perguntou, preocupada. Por um momento, perguntei como devia estar minha cara.

Eu só preciso falar com você.

–Entra.

Fechei a porta atrás de mim e o quarto ficou escuro. Ouvi-a se mover e ascender o abajur.

–Não, não, não acende. Não vou conseguir falar se você puder me ver. - isso pareceu infantil. E era, mas eu realmente não conseguiria falar olhando para ela. Sem entender, ela apagou. Caminhei no escuro e sentei na beira da cama.

–Sobre o que quer falar? - pude ouvir a voz dela de algum lugar bem perto de mim. Ela estava calma, não mostrava a voz nem um pouco alterada depois do que houve mais cedo.

–Sobre o beijo. - falei de uma vez. - Ficou um clima estranho entre nós mesmo quando tentamos agir diferente. - esperei ela falar.

–Bem... Sim... Acho que nenhum de nós esperava por aquilo... - falou ela, em tom suave e meigo.

–Pois é... Mas teve algo mais, sem dúvida. Você chegou e simplesmente destruiu todas as expectativas que tinha com relação a você, e, a princípio, isso mexeu comigo. Só que depois, foi você que começou a mexer comigo... Então teve o beijo e... - parei.

–E... - incentivou ela, parecendo tão nervosa quanto eu.

–Eu... eu gostei. E... E por incrível que pareça... Quis que não parasse, ou que, no mínimo, se repetisse...

Deixei a frase no ar e por segundos ela nada disse. No silêncio, a ouvi puxar a respiração.

–Sinceramente... - soltou o ar. - Eu não esperava ouvir isso...

Pois é... Nem eu dizer.

Silêncio. Eu a ouvi se mover, chegando mais perto de mim, sentando ao meu lado, bem junto, mas no sentido contrário. Minhas pernas estavam para o lado esquerdo do quarto e as dela para o lado direito. Mais alguns segundos antes que ela falasse.

–Eu também.

Meu coração acelerou. Ela com certeza não se referia ao fato de eu ter dito aquilo, mas sim ao que eu disse. Ficamos em silêncio, ela esperando-me dizer alguma coisa, e eu não sabendo o que dizer.

–Bem... Dessa vez eu não esperava ouvir isso... - consegui dizer por fim.

Pois é... Nem eu dizer.

Rimos um pouco, de forma suave. Silêncio. E eu podia jurar que ela tinha um leve sorriso no rosto, olhando-me sem me ver, no escuro. Eu também tinha esse sorriso.

–E... E sobre o que aconteceu hoje na festa de Edmundo... Desculpe ter feito você passar por isso... - fiz uma pausa, lambendo os lábios antes de continuar. Ela acendeu o abajur. - Fiquei furioso quando Pedro a beijou... É estranho, mas é como se os seus beijos pertencessem só a mim e... Ver Pedro me roubando isso foi insuportável!... - encarei minhas mãos.

–Desculpe ter feito você se sentir assim hoje... - começou ela, mas eu interrompi, rindo de leve.

–Não, não – olhei para ela novamente, mas ao encontrar seus olhos, perdi a coragem e minhas mãos tornaram-se interessantes de novo. - A culpa foi minha. Eu devia ter falado com você sobre isso. Estamos bem?

–Claro. - garantiu ela.

–Certo. - sorri satisfeito.

–Certo. - concordou ela.

–Boa noite, Su. - falei, aliviado, mas ao mesmo tempo sem saber mais o que falar. Ela formou um sorriso leve.

Pus-me de pé e caminhei para fora do quarto, deixando-a sentada na cama. Fechei a porta do quarto dela e caminhei para o meu. O som da porta do quarto dela sendo aberta chegou aos meus ouvidos ao mesmo tempo que sua voz.

–Caspian!

Voltei-me para ela, mas não tive tempo. Senti seus braços envolvendo meu pescoço, minhas mãos foram automaticamente para suas costas e não demorou um segundo inteiro até eu sentir novamente o gosto de seus lábios nos meus.

Abracei-a forte contra mim deleitando-me com o doce e lento movimento do beijo. Minhas mãos passeavam por suas costas, sobre o tecido macio da camisola, ao tempo que seus dedos mergulhavam em meus cabelos.

Dessa vez, não houve nenhum choque de realidade, nenhum assombro. Apenas deleite. O mundo parara lá fora ao tempo em que eu descobria o quanto queria beijá-la desde que a vi descer daquele táxi à minha porta. Nossos lábios pareciam feitos sob medida e nossa lenta sincronia era inquebrável.

Quando o ar se fez necessário, ninguém correu para cima ou nada parecido. A testa dela tocou a minha e o ar de nossa respiração se misturava no pequeno espaço que havia entre nossos rostos. Ainda estávamos abraçados, minhas mãos em suas costas e as mãos dela em minha nuca.

Levei meus lábios de encontro aos dela de novo, mas dessa vez, num beijo casto que terminou com um suave estalo.

–Boa noite. - sussurrou ela. Sorri de leve antes de ela beijar-me novamente, breve.

Senti Susana deslizar por meus braços, de volta ao seu quarto. Com o mesmo sorriso, fui para o meu. Fechei a porta ainda com o coração aos pulos e não consegui impedir o sorriso de alargar mais.


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Notas finais do capítulo

Que tal? Será que agora eles se acertam de vez? Até o próximo, e não se esqueçam dos reviews!
Beijokas!!



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