– Caroline, volte aqui! - eu gritei, correndo atrás dela pela casa inteira.

Após dar aquele grito e acertar um tapa no rosto de Tyler, Caroline saiu correndo e se escondeu. Achávamos que ela havia saído de casa porém, ela ficou o tempo todo escondida no porão.

Tyler nos contou que a única coisa que ele fez foi dizer para Caroline que gostava muito dela e que sentia muito por tudo o que aconteceu. Ela que surtou, gritando e estapeando-o daquela forma. Tyler não havia feito nada e nós acreditávamos nele.

Quando finalmente descobrimos onde Caroline havia se metido, ela saiu correndo e agora, havia acabado de se trancar dentro do quarto.

Parei na porta de seu quarto e comecei a esmurrar a porta, mas Caroline não fez menção de que iria se levantar para abri-la.

– Car, eu só quero lhe ajudar. Eu sou a sua amiga, acho que tenho esse direito. Nós estamos muito preocupados com você. - eu disse, torcendo para que meus amigos não viessem atrás de nós. Eu gostaria que ela conversasse comigo a sós. - Abra a porta por favor...

Caroline abriu a porta. Seus olhos estavam vermelhos. Dei um sorriso e a puxei para um abraço, no qual ela não demorou a retribuir. Chorando como ninguém, senti que as suas lágrimas molhavam o meu ombro e passei a afagar a sua cabeça, tentando conforta-la da melhor maneira possível.

Desfizemos o abraço e ela enxugou seu rosto, chamando-me para entrar em seu quarto. Nos sentamos uma de frente para a outra na cama de casal.

– Eu não sei o que me deu para ter batido no Tyler. Ele... ele não fez nada. É que eu estou me sentindo tão mal, sabe? O Klaus estragou a minha vida. - ela disse, olhando para baixo.

– Não diga isso. - eu murmurei, sentindo vontade chorar junto com ela.

– Mas é verdade. Eu não me sinto mais a mesma há muito tempo. Eu sinto falta de mim, sabe? Onde está aquela garota cheia de energia, Elena? Cadê ela?

– Está adormecida dentro de você.

– Ela morreu. - retrucou, levantando a cabeça para me olhar.

– Não, ela não morreu. Ninguém pode tirar a sua verdadeira essência de você, Caroline e sabe porquê? Porque o seu caráter, os seus sonhos e sua essência, ninguém pode roubar. O que você está sentindo, vai passar. Mas você tem que tentar superar isso. - falei, segurando suas mãos com força.

– Estou com medo de não conseguir superar. - ela disse baixinho, franzindo os lábios.

– Você vai superar. Você é forte, Caroline. Sempre foi.

– Obrigada por acreditar em mim.

– Não sou só eu que acredito. - Dei um sorriso animado e a porta se abriu, fazendo com que todos os nossos amigos entrassem. Eles se jogaram na cama de Caroline e a abraçaram. Bonnie me puxou e quando eu percebi, também estava abraçada junto a eles.

Todos nós começamos a rir inclusive, Caroline que ria e chorava ao mesmo tempo, abraçada a Tyler e a todos os nossos amigos.

Senti que eu chorava no momento em que Damon passou o polegar perto do meu olho para tirar uma lágrima. Eu sorri para ele, assegurando-lhe de que eu estava bem. E eu, naquele momento, estava mesmo.

Porque eu sabia que tinha amigos verdadeiros, capazes de se sacrificar pelos outros sem medo de como tudo acabaria.

Flash back on:

– Amendoim, tenho um presentinho para você. - Damon apareceu do nada em minha frente. Suas mãos estavam escondidas atrás de si. Eu o olhei desconfiada na hora.

– Será que você não cansa de me chamar desse jeito? Se nós seremos namorados mesmo, você terá que me chamar de Princesa. - eu disse, largando de lado o meu caderno para poder falar com ele.

– Você acha mesmo que eu tenho cara de quem vai te chamar desse apelido idiota? Prefiro muito mais o Amendoim, combina com você e tem um significado muito sentimental para mim.

– Mas eu não gosto desse apelido. - retruquei, fazendo uma carranca.

– Acho melhor você se acostumar com ele. - ele disse, sorrindo de forma debochada para mim.

– Você é um idiota! - exclamei, sentindo uma vontade enorme de jogar o meu caderno em cima dele.

– Se você continuar me xingando, não vai ganhar presente.- Me levantei e cruzei os braços, tentando a todo o custo mascarar a curiosidade que eu estava sentindo.

– E o que você tem aí atrás? Alguma lata cheia de insetos?

– Muito engraçada. - disse ele, irritado, jogando algo em cima de mim. - Toma, era isso o que eu queria dar pra você, idiota. - Segurei o objeto antes que ele caísse no chão e observei cuidadosamente o cordão prateado com um pingente lindo de borboleta.

– Nossa, que lindo, Damon. - eu sorri, me aproximando de Damon que naquele momento ainda estava carrancudo. - Obrigada. - O abracei, envolvendo seu pescoço com meus braços.

Mesmo relutante, Damon colocou as duas mãos em minha cintura. Nossos rostos foram se aproximando e quando vimos havíamos trocado nosso segundo selinho.

– Eu sabia que você ia gostar. - disse ele, sorrindo e colocando o cordão em mim.

– Nunca vou tirá-lo do meu pescoço. - respondi, segurando o pingente com força entre meus dedos.

Flash Back of

– Ai meninas, o Jeremy as vezes consegue me irritar. - disse Anna, pegando uma lata de biscoitos que ela mesma havia escondido dentro do armário.

Havíamos aproveitado que os meninos não estavam em casa para fofocarmos.

– Pelo menos você não mora com ele e não tem que aturá-lo a maior parte do tempo. - falei, pegando a lata de biscoitos de sua mão e colocando 3 biscoitos de uma vez dentro da boca.

– Ah mas você é irmã dele. Já faço muito aturando-o como namorada. - Todas nós demos risada da frase de Anna.

– E você, Bonnie? Você e Stefan tem se aproximado muito ultimamente. - disse Caroline, um pouco melhor do que antes. Bonnie abaixou a cabeça, envergonhada.

– Nós somos apenas amigos. - disse ela ainda de cabeça baixa. - Ele é um cara legal.

– Quando você se apaixonou pelo meu irmão e eu comecei a desconfiar, lhe perguntei a mesma coisa e você respondeu: "O Jeremy é um cara legal." - eu disse, fazendo com que todas as meninas dessem risada da minha frase.

– Eu não estou apaixonada pelo Stefan.

– Vou fingir que acredito... - disse Anna, falando de boca cheia.

– Elena, quando você e o Damon irão assumir o seu romance? - perguntou Caroline, curiosa.

– Ele só quer a minha amizade. - respondi, meio cabisbaixa.

– Encurralando você contra os ladrilhos da piscina? - Bonnie debochou, fazendo as meninas rirem.

– Acho que você devia dizer tudo o que sente por ele. - disse Caroline, confiante. - Tenho certeza de que ele também gosta muito de você.

– Não sei se essa é uma boa ideia. - Hesitei, mordendo o lábio inferior.

– Vai por mim, o Damon te ama. - Disse Car, convicta.

– E como você tem tanta certeza disso?

– Pelo jeito que ele olha para você.

[...]

Dei três batidas na porta do quarto de Damon, nervosa demais para pensar em dar meia volta e sair correndo.

Damon abriu a porta e sorriu para mim. Ele estava lindo com os cabelos desgrenhados e três botões de sua camisa abertos.

– Eu estava indo falar com você. - disse ele, passando a mão pelos cabelos.

– Sério? Que coincidência. - Damon riu, dando-me espaço para que eu pudesse passar.

Entrei no seu quarto e sentei-me em sua cama.

– Vamos dar um passeio pela praia. A noite está muito bonita para ficarmos trancados aqui dentro. - Assenti, levantando-me e acompanhando Damon para fora de casa.

A praia ficava muito perto da casa que estávamos hospedados portanto, assim que coloquei meus pés na areia macia e olhei para o céu, percebi que o Damon estava certo.

A noite estava linda.

Éramos só eu e Damon naquela praia imensa. Só se ouvia o barulho das ondas e o vento que chacoalhava os meus cabelos. Senti vontade de abrir os braços e voar.

Ficamos caminhando em silêncio por algum tempo. Confesso que fiquei inquieta e um pouco curiosa. Gostaria de saber o que o Damon queria falar comigo.

– Sabe, nós fomos namorados na infância. - eu disse, sorrindo só em falar sobre aquela lembrança.

– Ah... você se lembrou disso? - Damon pareceu um pouco desconcertado, mas ao olhar para seu rosto, percebi que ele também sorria.

– Me lembrei hoje.

Damon parou de andar de uma hora para a outra. Eu parei também, confusa com a sua mudança brusca. Porém, quando abri a boca para perguntar o que havia acontecido, ele me puxou pelo braço e me beijou. Foi tão rápido que eu quase não tive tempo de me situar.

Acabei retribuindo o beijo com tanta vontade que eu sentia meus lábios latejando. Damon apertava meu corpo contra si com força e eu sabia que se ele me soltasse, eu acabaria perdendo o equilíbrio.

Separamos nossos rostos, mas eles ainda estavam próximos o suficiente para iniciarmos outro beijo. Porém, acabei me lembrando do que Caroline me dissera e meu coração acelerou, dizendo que eu devia fazer aquilo.

Então, eu respirei fundo e disse:

– Damon, eu te amo.

E eu senti que havia estragado tudo. Damon ficou me encarando por mais 5 segundos antes de soltar a minha cintura. Eu cambaleei para trás, sentindo as minhas pernas fraquejarem cada vez mais.

Ficamos nos encarando fixamente. Eu pedia mentalmente para que ele não me decepcionasse, mesmo sentindo que era exatamente isso o que aconteceria.

– Damon, por favor... diga alguma coisa. - pedi, com os olhos cheios de d'água.

– Eu.. eu tenho que ir. Me desculpe. - Damon disse, parecendo atordoado.

Ele olhou para mim uma última vez antes de virar as costas e sair correndo pela praia.

Flash back on:

Damon havia me decepcionado. Por um momento, eu achei que ele pudesse me amar, mas eu vi que estava enganada. Como eu pude pensar que o Damon, a pessoa que mais implicava comigo poderia mesmo sentir alguma coisa por mim?

Nós somos tão crianças e eu fui tão idiota que a única coisa que eu queria era poder esquecê-lo.

Arranquei o cordão com o pingente de borboleta do meu pescoço com brutalidade. Mesmo chorando, consegui enxergar o buraco que eu havia feito para enterrar aquele cordão.

Joguei o cordão dentro do buraco e o tampei. Algumas lágrimas caíam em cima da terra. Lágrimas de decepção.

Enterrei aquele cordão com a certeza de que eu nunca mais iria querer ver o Damon na minha frente.

Stefan tinha algo que podia me fazer esquecer o Damon. Não sei se iria funcionar, mas eu tinha que tentar esquecê-lo.

Mesmo que eu tivesse que varrê-lo da minha mente para sempre.