Capítulo  4 - Dias Atuais

Edward

Depois daquele fadítico dia, não como, durmo direito e a noite tenho muitos pesadelos. Minha Ana Marie já se foi há um ano e desde lá me afundo cada vez mais na depressão. Voltei a trabalhar seis meses após sua morte e desde lá estava perdendo muitos contratos pela minha aparência e postura.

Mas não me importa. Na verdade não me importo com mais nada. Que se foda o mundo. Só preciso sentir minha dor. Manter ela viva dentro de mim. Já perdi os dois amores da minha vida, não tenho mais nada a perder. Pois entre viver ou morrer, para mim tanto faz. Só gostaria que às vezes eu tivesse um botãozinho de desligar.

Não suporto mais olhares de pena que recebo ainda todos os dia. As palavras de “apoio” que me aconselham a recomeçar. Não suporto mais isso. Caralho, será que é tão difícil para eles entenderam. Quando eu deixo finalmente outra mulher entrar e mudar minha vida, me permitindo a amar, me tiram ela. Da forma mais brusca. Não tenho mais vida, só tenho a dor. Ela é a única que ainda me faz lembrar da minha existência.

Cheguei em casa depois de um dia estressante em que os acionistas gostariam de me destituir da presidência – da minha própria empresa – para colocar outro mais “responsável”.

Fui direto para o bar da minha casa e misturei todas as bebidas possíveis que vi pela frente colocando no meu copo. Só queria que a dor sumisse. Tomei mais três doses, quando uma tontura muito forte me atingiu e desmaiei ali mesmo no chão do bar.

Acordei novamente e estava em minha cama, acredito que foi Jonathan - meu fiel mordomo que contratei após a morte de Bella para cuidar da casa -, pois na cabeceira ao lado da cama havia comprimidos para dor de cabeça e um copo com água. Bebi e não me permiti pensar em mais nada, deixando a inconsciência me tragar novamente.

Hoje, pensei que teria de costume os terríveis pesadelos de sempre. Ao contrário disso, sonhei com meu anjo falecido, minha Ana Marie.

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Estava em um lugar muito bonito, havia as mais variadas flores em minha volta, principalmente orquídeas e tulipas. As preferidas de Ana.

Reconheci imediatamente o lugar.

Era a nossa campina. A mesma em que juramos amor e nos amamos tantas vezes.

Quando olho em volta, a vejo sentada no meio da campina, com um vestido branco rendado e com um enorme sorriso no rosto.

— Olá meu amor. - respondeu-me com um sorriso lindo, que aqueceu meu coração.

— Meu amor... Que saudade, onde você estava esses anos? E o nosso filho? Volta pra mim meu anjo, volta...

— Você precisa ter paciência amor. Lembre- se sempre que “onde uma coisa cai, outra nasce. Nem sempre igual a que era antes, mas uma coisa nova e maravilhosa do mesmo jeito.”

— Senti tanto sua falta.

— Eu estou e estarei sempre com você, ao seu lado. Mesmo que não possa me ver. Estarei sempre aqui. Não se esqueça nunca disso.

— Não, não vá. - lhe supliquei.

Ela suspirou colocou uma das mãos em meu rosto e disse.

— Eu tenho que ir agora, não se preocupe nosso pequeno está bem. E eu, por enquanto estou do lado de Deus lhe observando e zelando por você. Mesmo que não me veja, logo você reencontrará o seu verdadeiro destino e minha missão estará completa e poderemos finalmente voltar. Mas você tem que lutar Edward. Não desista de lutar! Agora chegou a minha hora, adeus meu amor.

E a cada palavra sua voz parecia mais distante para mim.

— O que quer dizer com isso? Ana. Ana. ANA!. - gritei enquanto uma força me puxava para cada vez mais longe dela até que finalmente, eu acordasse

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Nunca soube, o que Ana quis dizer com aquele sonho. Tenho a impressão que logo descobrirei. Tomara que seja a vida me levando para o lado dos dois.

Não falei nada para minha família, pois sabia que com certeza, eles iriam intervir. Mas essa tarde, não vou mais esperar. Já perdi o amor de minha vida, duas vezes, minha esposa, meu filho e minha família.

A vida não tem mais sentido para mim. Ana morreu há um ano e ela também. Não suporto mais a dor esmagadora em meu peito.
Partirei para o lado de minha amada, para um lugar onde ninguém nunca mais possa nos separar.