POV  Rose

Quando nós chegamos no castelo, Scorpius me acompanhou até o salão comuna da Grifinória. Quando chegamos lá, ele se virou para mim e sorriu. Um sorriso triste.

-Você quer mesmo ir para o quarto?-eu disse.

-Não mesmo. Sala precisa?-perguntou. Eu concordei e nós nos encaminhamos para lá. Dessa vez a sala se mostrou como uma sala enorme, com uma cama e uma lareira. Nós nos deitamos na cama e ficamos assim um bom tempo, eu deitada em seu colo e ele acariciando meus cabelos.

-Porque?-ele perguntou depois de muito tempo. Eu sentei e encarei ele.

-Eu já disse-suspirei, cansada. A verdade é que tinha sido tudo tão rápido, tão estranho e tão dificil de acreditar que eu não falei para ninguém.

*Flashback On*

Eu estava andando as cegas pela mansão Malfoy. Não conhecia nada, mas estava procurando o banheiro. Scorpius havia me dito alguma coisa, mas o que quer que fosse se perdeu na confusão da festa de ano novo. Quando estava prestes a tentar a milésima porta seguida ouvi uma voz atrás de mim.

-Posso ajudar?-ele disse. Me virei e vi Peter encostado tranquilamente na parede. Sorri um pouco. Sim, eu amo Scorpius mas tinha que admitir que Peter sempre foi interessante, e naquele dia ele estava demais. Com a gravata frouxa e os cabelos suados meio espetados, mesmo que eu fosse comprometida eu tinha que admitir que ele estava gato.

-Só estou procurando o banheiro-eu respondi. Ele deu um sorriso de canto.

-Sempre me perco na mansão- ele comentou. De repente ele foi chegando mais perto de mim. Como estávamos em um corredor, não foi preciso mais que um passo para que ele estivesse bem na minha frente e com os braços ao lado da minha cabeça.

-O que é que você ta fazendo Peter?- eu perguntei, tentando sair. Mas ele permaneceu firme onde estava. 

-Só revivendo os velhos tempos-ele respondeu, chegando ainda mais perto. Eu virei o rosto.

-Não sei se você se lembra mas eu tenho namorado, que por falar nisso é dono dessa casa-eu disse, tentando empurra-lo novamente.

-Tsc tsc... Nunca entendi porque você terminou comigo Rose... O que ele tem que eu não tenho?-ele perguntou, passando a mão no meu cabelo. Eu estremeci.

-Eu amo ele e não você-respondi, com o fio de voz que me restava. Ele riu.

-Amor Rose? Você não acha que estamos muito jovens para falar de amor?

-Não.

-Pena que não é sobre isso que eu vim falar hoje-ele disse.

-Então pode me soltar e ir embora-retruquei. Ele riu mais uma vez.

-Eu disse que não era sobre isso que eu iria falar, não que eu não iria falar.

-Então fale logo-eu disse irritada.

-Eu quero o segredo-ele disse. Nesse momento meu coração parou. E voltou a bater acelerado, como se fosse um trem bala japones.

-Que segredo?-eu perguntei, minha voz se elevando algumas oitavas pelo nervosismo.

-Você sabe do que eu estou falando. O segredo da família. A localização da casa-ele disse, com toda a calma do mundo.

-Porque eu saberia?-retruquei. 

-Eu sei que você sabe. Não adianta negar. Você e o Potterzinho são os fiéis do segredo.

-Não.

-Sim, ohh sim Rosinha. Eu sei que são. E agora cabe a você me dizer onde é. Mas não precisa ser agora-ele disse, segurando meu queixo e me obrigando a virar para encarar seus olhos-Eu tenho tempo e disposição suficientes pra fazer você falar- concluiu. E então ele me beijou. Tentou de todo modo forçar a passagem com a lingua até que fui obrigada a ceder. Depois ele em soltou.

-Seu doente!-eu gritei. Ele começou a gargalhar.

-Não Rosinha, de jeito nenhum. E a propósito, o banheiro fica nessa porta que vem logo depois-ele disse, piscando para mim.

*Flashback Of*

-Foi difícil- eu falei. Scorpius me olhou e me abraçou.

-Eu vou matar aquele desgraçado. Pode escrever que vou-ele disse, com a voz mais parecendo um rosnado. Eu estremeci.

-A gente pode por favor parar de falar nisso? Amanhã a gente se junta e tenta resolver. Hoje eu queria só ficar assim, juntinha com você-eu disse, me aconchegando mais em seu peito. Ele suspirou.

-Tudo bem pequena. Vamos só ficar assim então-ele disse. 

Era tão bom ficar junto dele. Era como eu me sentia bem. Segura.

Eu comecei a me lembrar da sensação da Maldição Cruciatus. Não era uma coisa que se pudesse esquecer. Era simplesmente a pior dor do mundo. Como se mil facas incandescentes estivessem cortando cada centímetro da sua pele, como se estivessem quebrando cada osso seu, apertando seu coração com as mãos e esticando cada músculo seu até o ponto da exaustão.

Me lembro que a única coisa que me impediu de enlouquecer foi o pensamento de Scorpius. Seu sorriso, seu toque, suas palavras, tudo isso me impediu de enlouquecer. Foi dificil, mas ver ele de novo me motivou.

E agora? O que eu iria fazer pra resolver essa confusão e acabar com isso de uma vez? Toda essa história já tinha crescido demais, ficado confusa demais. 

Toda vez que eu tentava mandar uma carta ele sabia. Bem, essas são as implicações de lidar com um legilimente. Sim, eu sabia oclumência, mas não tão bem a ponto de esconder as coisas dele.

E depois de um tempo eu até desisti. Sabia que não ia dar certo, que só ia me causar mais dor. Então eu simplesmente decidi esperar. Esperar pelo tempo que eu vou poder sair da escola e contar pessoalmente para os meus pais.

Sim tudo iria se resolver. Eu tinha que resolver. Tinha que livrar todo mundo disso.

Depois de muito tempo Scorpius adormeceu. Eu fiquei olhando ele dormir e fazendo carinho em seus cabelos. Admirei cada detalhe de sue rosto. O formato, as olheiras sob os olhos, o nariz fino e a boca clara e cheia. Os cabelos que caiam livres pela testa, despenteados. Tudo isso era ele. Cada pequena parte.

E eu amava ele por isso, por ser exatamente assim. Por ser o garoto irritante que eu conheci antes, por ser sarcástico, por ser brincalhão, por ser lindo, por ser bruxo, até mesmo por ser um Malfoy.

Levantei delicadamente e sai da sala. Me encaminhei até o meu dormitório e entrei no meu quarto. Quando cheguei lá encontrei a minha varinha em cima da cama, o que me deixou intrigada. A minha janela estava trancada, logo não podia ter sido uma coruja. 

Então ele podia entrar no meu salão comunal. E tinha uma cúmplice támbem, porque só se pode entrar no dormitório masculino se uma garota deixar.

Eu peguei minha varinha rapidamente e voltei para a sala precisa. Depois de tudo isso acho que o que eu mais precisava era de uma boa noite de sono, e eu nunca conseguiria isso no meu quarto, sabendo que o Peter podia entrar lá a qualquer momento.

E também a ideia de dormir ao lado do Scorpius não me era desagradável.