POV Scorpius

Quando eu vi aquela cena, eu sinceramente achei que ia vomitar. Primeiro ele ameaça ela, depois ele bate nela e ainda por cima rouba a varinha dela. Ele. Vai. Morrer.

-Me devolve Peter, de novo não-ela disse, a voz varias oitavas acima pelo desespero. Ouvir la assim me apertava o coração, mas o Potter ainda me segurava.

-Não. Ja ta mais do que na hora de você aprender quem manda. Espero que dessa vez dê certo-ele disse, e se virou para ir embora. Ela ficou parada, completamente imóvel, enquanto ele se distanciava. Quando ele não estava mais a vista, me levantei para ir atrás dela. 

Quando eu me levantei, seus olhos se viraram em nossa direção, e ela fugiu, correndo feito louca.

Óbviamente que eu corri atrás dela. Mas eu vou te contar, a garota é rápida. Ja estavamos todos suados e ofegantes quando eu finalmente consegui segura-lá. Ela começou a se debater, e gritar feito louca.

-Calma Rose, sou eu, Scorpius!- eu disse, segurando seus braços com firmeza. Ela parou por um segundo e me olhou bem

-Mesmo?- ela perguntou, com os olhos agoniados.

-Mesmo-eu respondi, e ela se encolheu contra mim, soluçando descontroladamente. Eu nunca vi ela desse jeito, desesperada, chorando e sem se importar se alguém estava vendo-Shhh, calma Rose, não chora!-eu repetia sem parar. Fazer o que, eu sou um total inútil com pessoas desesperadas. E ela estava muito desesperada.

-Ok ok-ela disse, como se recompondo. Enxugou as lagrimas e me encarou. Seus olhos verdes estavam brilhantes e inchados, a sua bochecha esquerda estava com uma marca perfeita em forma de mão, vermelha e inchada, seus cabelos despenteados e sua expressão desolada.

-O que foi que aconteceu com você Rose?-perguntei, afagando de leve a marca em sua bochecha. Aquele vagabundo vai me pagar, com certeza vai.

-Eu te disse pra me avisar na próxima-disse James, que até agora havia permanecido calado, encostado em uma árvore junto com Alvo e Claire.

-Eu não planejei essa tá legal?-ela disse, quase chorando de novo. Eu fiquei sem entender nada.

-Alguém pode me explicar o que diabos está acontecendo?-eu perguntei. Ela me olhou.

-Got a secret, can you keep it?-ela disse, no ritmo da musica. Eu fiquei mais confusa ainda.

-Swear this one you'll save-Claire continuou- Feitiço fidelius né?-ela perguntou. Rose e James a encararam.

-Como-ela perguntou.

-Eu ouvi algumas conversas de vocês. Juntei as peças e descobri-ela disse, como se não fosse nada demais.

-Sim-Rose respondeu.

-Ok, ja percebi que vocês se entendem, mas agora por fazor podem explicar pra quem ta boiando?-eu falei. Ela me olhou.

-Feitiço Fidelius Scorpius. Eu sou a fiel do segredo da minha casa e o Jay da dele. Ele quer o segredo- ela respondeu, me olhando com cansaço. Minha mente estalou. De repente tudo fazia sentido.

Ela sumindo e reaparecendo cada vez mais cansada. As marcas roxas que as vezes ela tinha nos braços e dizia que era coisa dos balaços. Tosso esse segredo. Por um segredo.

-Porque vocês?-eu perguntei, meio tonto.

-Se você fosse um antigo comensal da morte, você pensaria em procurar o segredo em dois adolescentes que ainda nem terminaram Hogwarts?-James perguntou.

-Não-respondi, com um meio fio de voz.

-Nossos pais pensaram o mesmo-ela completou-Então nos izeram os fiéis. Por isso que eu tive que te falar o nosso endereço e o James que aparatou com a gente na casa dos Potter.

-Isso é muito...-eu comecei, mas de repente parei. O mundo começou a girar a minha volta, parecia que eu estava andando em espuma. 

Tudo isso fazia um horrível sentido para mim. De repente eu me senti de novo aquele garotinho de 12 anos, se escondendo atras da barra da saia da mãe e morrendo de medo dos homens de preto que invadiram a sua casa. A única coisa que me prendia no momento era Rose, ali nos meus braços.

-Doentio?-perguntou Alvo-Tambem acho. Vocês estavam loucos quando aceitaram?-ele perguntou.

-E outra, como eles descobriram?-completou Claire.

-Não sei. Mas que isso é estranho é-James disse.

-Mas eu acho melhor a gente ir para o castelo, eu nao gosto nada de ficar aqui sem varinha-Rose disse.

-Calma, isso já aconteceu antes?-perguntei. 

-Sim, várias vezes-James respondeu, assim que ela abriu a boca para negar. Eu me virei para ela e ela enrubesceu.

-Como assim varias? Porque você nunca me contou Roe?-eu perguntei.

-Eu tentei-ela falou-Mas foi pior-ela completou, e estremeceu. Eu fiquei pensando no que isso queria dizer.

-Como assim pior?-Claire perguntou, verbalizando aquilo que ninguém tinha coragem.

-Cruciatus é pior-Rose respondeu, voltando os olhos para baixo. Pela segunda vez em um dia eu teria caído se não houvesse algo para me segurar, nesse caso uma árvore.

-Ahm?-perguntei, certo de que havia ouvido errado. Mas a sua recusa em me responder confirmou tudo. Aos poucos a minha surpresa se transformou em fúria-Aquele maldito me paga, e paga bem caro!-eu rosnei. Senti uma mão segurando meu queio.

-Não!-Rose disse, a voz entrecortada e varias oitavas mais aguda. Ela me obrigou a fitar seus olhos, duas florestas verdes encobertas pela neblina das lágrimas-Scorpius, me escuta. Você não vai fazer nada me ouviu, nada? Como ele mesmo disse, a gente vai sair daqui uma hora, e quando a gente sair eu vou contar para os meus pais-ela disse. Eu nunca me senti tão impotente. 

-Ele te torturou Rose, como você quer que eu esqueça isso?-eu disse.

-Não to pedindo pra esquecer, só pra guardar mais um pouco-ela respondeu, e me beijou. Foi um beijo diferente.

Era ao mesmo tempo desesperado e calmo, ardente e contido. 

Um beijo de amor.

Um beijo do nosso amor. Um amor puro, cheio de inocencia e paixão. Um beijo como nós nunca haviamos dado antes.

O melhor de todos.

Porque foi nosso. E foi a prova final de que nós pertencemos um ao outro.