Water Unceasing escrita por Vênus Salerinean, Noni, Yorihime Frances de Libra


Capítulo 1
Capítulo único - Water unceasing




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~ Capítulo único ~

+ Water unceasing +

§ Lady Abel Oblivion Araghon §




Ele odiava aquela chuva.




Não que odiasse a chuva em si, mas odiava o que a presença dela lhe causava. A sensação monótona e solitária que aparecia em noites em que não era possível ver o céu.




Deprimente, não?




O pior era que, quando chovia, mais parecia que chovia raios e trovões e não água. Não gostava dos clarões e dos barulhos, eles faziam-lhe tremer, e acabava sentindo-se ainda mais sozinho naqueles momentos – mas nunca assumiria isso para ninguém.




Queria apenas que ele estivesse ali…




Amaldiçoava sua própria existência, queria ter nascido mulher, uma bela e delicada mulher – como Felicitá –, e não um garoto raivoso e fechado como era, assim poderia conversar e conviver com Libertá sem preocupar-se com mais nada.




Não se preocupar com nada…




Eram pensamentos em demasio presunçosos. Não preocupar-se com nada era algo impossível para si. Não era só por causa de sua personalidade, mas também por quem era.




Tudo bem, assumia que apenas queria poder conviver com ele




Não entendia porque aquele sentimento lhe assolava. Desde que Libertá mudara-se para a ilha de Regalo, olhava-o, inconscientemente, de um modo diferente. Sentira uma sensação estranha desde a primeira vez que o vira, o que lhe irritava deveras.




O que realmente sentia pelo loiro idiota e extrovertido, portador da carta il matto?




Nem ele sabia explicar, só o que poderia dizer era que, na presença do tolo, não conseguia simplesmente manter-se calmo ou sano, perdendo sua compostura e paciência, que adquirira depois de tanto treinamento – um fato que lhe irritava demais.




Aquilo lhe irritava demais.




O que aquele loiro tinha demais?




            — Nova? Você está acordado? — a voz de Libertá fez-se ouvir, baixa, junto de duas leves batidas na porta fechada.


O rapaz franziu o cenho, o que ele estava fazendo ali àquela hora? Deveria estar dormindo. Olhou o relógio, passava das duas.


Certo, não deveria acusar Libertá quando ele mesmo ainda estava acordado, mas era por causa da chuva, e não porque queria, que não conseguia dormir.


Talvez o outro estivesse com medo, seria uma boa oportunidade para zoá-lo.


Sorrindo maldoso, levantou da cama, caminhando silenciosamente até a porta e parando, tudo estava quieto.


            — O que foi, Libertá? Está com medo e não consegue dormir? — o riso seco e malvado ecoou levemente pelo quarto, mas ao não receber resposta, corou, talvez estivesse louco.


Será que não ouvira a voz e achara que era o outro? Sua mente talvez estivesse pregando-lhe peças, já que queria tanto ter o loiro ali.


Suspirou, talvez, no fim, ele quem estivesse com medo de ficar sozinho.


            — Eu… posso ficar aí com você? — o sussurro com certeza não fora obra de sua mente, e destrancando a porta, abriu-a sem fazer qualquer ruído, seus olhos arregalando-se ao ver o outro ali.


            — O-O que está fazendo aqui, Libertá? — perguntou franzindo o cenho, em sua voz o tom de acusação predominava.


O loiro riu envergonhado, coçando a cabeça e desviando os olhos para o chão, não parecia muito confortável.


            — Vai me deixar entrar ou não? — a leve irritação fez Nova sorrir, abrindo espaço para o mais velho entrar, fechou a porta.


Ficaram encarando-se por segundos, sem saber exatamente o que dizer. Era uma situação estranha, de fato, por isso que, sem importar-se por aquele não ser seu quarto, Libertá caminhou até a cama e sentou.


Seus olhos direcionaram-se ao céu nublado, de onde a chuva incessante não parava de cair, ficando lá, apenas esperando e esperando, até o movimento ao seu lado tirá-lo de seus pensamentos e trazê-lo à realidade.


            — Feh!, você é patético por estar com medo de uma estúpida chuva — Nova murmurou, seu tom sarcástico irritando profundamente o loiro.


Mas, embora o rapaz estivesse com a língua bastante afiada, sua guarda estava baixa, e foi por isso que, com um único movimento, Libertá conseguiu derrubá-lo na cama, ficando sobre ele e encarando-o, seus olhos verdes semicerrados.


Os belos olhos verdes presos furiosamente nos azul da cor do céu noturno.


            — E você, Nova? Por que está acordado? — a pergunta fez o outro morder os lábios, franzindo o cenho em ódio. — Não teme nada?


O que era ódio, ou amor, não se sabe exatamente o que Nova sentia, transformou-se em calmaria quando o rosto moreno contorceu-se em uma careta de choro.


            — Libertá — o espadachim sussurrou, encarando firmemente o choroso, que fechara os olhos, tentando conter as lágrimas.


            — Noites assim me fazem lembrar o passado — o mais velho começou, fungando levemente —, me lembra o quão sozinho eu estava e como noites assim me amedrontavam…


Sentindo a dor que as palavras demonstravam, Nova tocou o rosto moreno com seus dedos finos e brancos, deslizando levemente pela bochecha, descendo, com suavidade.


Libertá descansou sua mão sobre a dele, deslizando-a em seu rosto, incentivando que ele lhe fizesse carinho.


Era uma cena linda, doce e fofa. O clima entre eles estava tão suave, que, sem pensar, Nova tomou o rosto masculino entre suas mãos e puxou-o levemente para baixo, em sua direção.


Na direção do seu rosto, dos seus lábios.


Descendo e descendo, quase tocando-se, calmamente. Mas a sanidade voltou, e Nova parou. Notando o que fazia, desviou os olhos, e quando iria soltar o rosto do outro, foi surpreendido.


Libertá fez o que a muito queria, seu desejo mais íntimo. Com um único movimento beijou os lábios finos que tanto ansiava, juntando-os em um leve roçar.


É claro que Nova surpreendeu-se e não reagiu. Seus olhos azuis fitavam com surpresa o outro, que beijava-o com os olhos fechados. Será que seu desejo se tornara realidade? Ou estava apenas sonhando?


Sendo realidade ou não, deu de ombros, abraçando o loiro pelo pescoço, deixou tudo de lado para aproveitar aquele momento.




Notando que Nova lhe aceitava, Libertá sorriu contra a boca do outro, deslizando sua língua pelos lábios deliciosos para si, depois mordendo-os levemente.


O espadachim suspirou, jamais imaginara que estar com o outro poderia ser tão bom.


Quando a língua do tolo investiu contra os lábios do morte, recebendo permissão para aprofundar o beijo, o ósculo tornou-se intenso, uma longa e profunda briga, de modo diferente do convencional, mas mais um modo deles discutirem: em um beijo profundo, brigando uma língua com a outra.


Libertá sugou os lábios de seu amado baixinho, não resistindo a rir de sua própria sorte.


            — Do-Do que está rindo? — perguntou um ofegante e nervoso Nova, ofendido.


            — Quem imaginaria que meu sonho mais íntimo se tornaria realidade? — brincou sorrindo, aquele sorriso que lhe era tão característico, fazendo o mais novo corar.


Então Libertá também desejava aquilo? Há quanto tempo? Por que nunca lhe dissera?


Desviou os olhos, fitando algo fora da janela apenas para não encarar aquele rosto perfeito.


            — Pe-Pervertido — sussurrou mal-humorado, ouvindo um riso suave do loiro, que abraçou sua cintura com intimidade. Nova iria contestar, mas os lábios mornos beijaram levemente seu pescoço, fazendo-o arrepiar-se.


            — Eh? Já que eu sou um pervertido, vou aproveitar a situação e beijá-lo até me saciar…


E quando Nova iria protestar, teve seu rosto virado e seus lábios capturados com doçura e carinho, em um beijo sôfrego e delicioso que fê-lo esquecer-se de tudo o que não envolvia ele, Libertá e aquele ósculo.




Era uma noite chuvosa, fria e monótona para todos naquela mansão, menos para os dois jovens naquele quarto que aproveitavam cada minuto juntos de um modo especial.


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Notas finais do capítulo

Haverá uma continuação.



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