Não costumava usar preto, mas hoje era inevitável. Sabia que sua mãe não iria viver muito, afinal era enfermeira e tinha conhecimento pleno do estado de saúde de sua mãe, mas mesmo assim estava inconsolável. Não tinha ninguém no enterro além dela, Ino (sua melhor e única amiga), e o coveiro, não eram muito comunicativas (até hoje a jovem de cabelos rosados não entende como Ino Yamanaka, comunicativa, rica, linda e loira é amiga dela).

A amiga era tudo o que restou para Sakura, cujo pai abandonou a mãe dela ainda grávida. Não tinha mãe, casa própria, emprego e namorado, pois conforme sua mãe foi ficando mais doente, a dificuldade de cumprir o horário no hospital aumentou, resultando em uma demissão, logo se não tinha tempo nem para trabalhar como iria se divertir e  encontrar um parceiro.

 Ino ofereceu sua casa para morar, porém não podia aceitar a proposta, iria atrapalhar os relacionamentos da loira, que cada vez que saia levava um homem diferente para cama.

Estava decida a recomeçar tudo. Voltar do zero.

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Tinha se passado dois meses e nada. Não tinha conseguido emprego em lugar nenhum, após ser rejeitada de todos os hospitais de Tóquio praticamente todos os empregos para uma mulher (só excluiu uma, nunca teria coragem de ‘rodar a bolsinha’, como dizia Ino), garçonete, faxineira, recepcionista, balconista, secretária, lixeira, ..., mas parecia que não precisavam de nenhum outro profissional a mais.

Depois de mais um dia de busca em vão, a única coisa que conseguiu foi mais bolhas nos pés, “Para completar a coleção”, pensava enquanto abria a porta do seu “novo” apartamento, que pagava com o dinheiro que poupou, junto com a pobre aposentadoria da mãe, que era faxineira da prefeitura.

Quando finalmente conseguiu sentar, no chão, deu um longo suspiro de cansaço, decidiu ficar ali mesmo, descansando, até que seu celular tocou, e se viu obrigada a levantar. Caminhou, praguejando,  até o aparelho que tocava insistentemente, “Só poderia ser a Ino”, pensou, afinal era a única que ligava para ela. Durante todo esse tempo a amiga esteve com ela, e buscando ajudar Sakura encontrar um trabalho digno, e ainda deixava bem claro que a rosada seria sempre bem-vinda em sua casa.

- Oi In..- atendeu desanimada o celular, porém foi interrompida pela voz alta e estridente da outra.

-TESTUDAA!, adivinha só, você vai ficar louca quando eu disser o motivo da minha ligação, - a loira do outro lado da linha estava eufórica – não, não vou dizer você vai ter que adivinhar!!

- Hmnn- Sakura se sentia tonta, não fazia a mínima ideia do motivo da gritaria e decidiu falar qualquer coisa- Você decidiu namorar sério?

- É óbvio que NÃO,- deu ênfase no ‘NÃO’, ainda gritando, praticamente- eu te liguei para dizer, que você senhorita Sakura Haruno está CONTRATADA!!!