Estúpido Acidente! escrita por Julia


Capítulo 7
Isso definitivamente iria ser divertido!


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! /o

Enfim, esse capitulo ficou meio tosco. Bom, mesmo assim espero que gostem ;)

Outra coisa é que eu tenho mais leitores do que reviews! Não custa nada gente!!



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Acordei com o despertador tocando freneticamente uma musica muito típica de Annelise e grunhi irritado. Não queria lembrar daquela garota logo pela manhã, ainda mais depois de todo o acontecido do dia anterior. 

A lembrança terrível do momento em que tive que perguntar como se colocava o absorvente para a mãe da Annelise surgiu em um flash e balancei a cabeça para tentar espantar o pensamento. Constrangedor não chegava nem perto de descrever; a cara de confusão da mulher e minha explicação totalmente sem nexo do porque eu havia sofrido uma amnésia temporária dos processos básicos da vida feminina foram o ápice da vergonha na minha vida. 

Vesti uma roupa qualquer (finalmente me acostumando com todo o trabalho de colocar uma peça íntima) e desci me perguntando se eu teria que ir de ônibus para a aula. Argh! Odiava ter que me sujeitar a usar o transporte público quando tinha um carro lindo e novinho me esperando na garagem de casa. 

Infelizmente eu era Annelise McCarty agora e a pirralha aparentemente não sabia dirigir nem para salvar sua vida, então teria que me sujeitar àquela tortura dali em diante até achar um jeito de realizar a troca de corpos.

 No entanto, enquanto eu resmungava insatisfeito o quanto minha vida era uma droga, ao abrir a porta da casa dei de cara com o meu carro parado na entrada, brilhando na luz do sol como uma sinal divino. O teto do conversível estava abaixado mostrando Annelise com meu sorrisinho típico de sarcasmo.

— E ai looser! Carrinho bacana esse seu. 

Me aproximei com os olhos estreitos, vendo sua figura grande e musculosa se ajeitar confortavelmente no banco do motorista. 

— Annelise, alguma vez na sua vida você já dirigiu um carro? – Perguntei em um tom ácido, me curvando sob a janela do lado passageiro e esperando que ela tirasse as mãos do meu volante.

— Claro que já né garoto! – Ela bufou e revirou os olhos – Agora vamos que já estamos atrasados.

Abri a boca para contestar e revelar o que seu irmão tinha dito alguns dias atrás sobre sua direção, mas ela girou a chave na ignição no mesmo momento, provocando um ronco alto do motor e chamando a atenção de alguns vizinhos que estavam por ali.

Resolvi que não perderia meu tempo discutindo, já que estávamos mesmo atrasados e eu não arriscaria perder uma carona (mesmo se essa carona fosse possivelmente me matar). Entrei no carro e afivelei o cinto em volta do meu corpo pequeno, me segurando firmemente na alça no teto próxima a porta.

Ela olhou para meu corpo tenso e riu, ligando o radio e dando partida no carro, voando (quase literalmente) pela estrada. Segurando um grito na garganta, constatei que era isso, eu  provavelmente morreria ali mesmo. Tanto trabalho e dificuldade com esse novo e irritante corpo para acabar enterrado em um poste. 

 

No entanto, contrariando todas as expectativas, minhas súplicas foram atendidas e assim que chegamos em frente a escola milagrosamente vivos, a primeira coisa que fiz ao descer foi cair de quatro no chão, tentando manter todo o café da manhã dentro do estômago e não no concreto da escola. 

— Meu deus Jos- Hã, Annelise, para de drama. Nem foi tão ruim assim - A risada grave dela penetrou em meio a minha respiração descompassada e nunca odiei tanto minha voz quanto naquele momento. 

Ao erguer a cabeça para xinga-la de alguns nomes inapropriados, notei que todos os alunos nos olhavam como se um alienígena tivesse acabado de defecar em nossas cabeças. Ao que parecia, ver Annelise McCarty saindo do carro de Josh Greenleaf era uma cena surreal demais para se acreditar logo pela manhã. 

A garota segurou meu braço fino e me puxou do chão de uma só vez, me enviando olhares de quem também havia notado toda aquela atenção. Como já tínhamos esperado que aquilo viria a acontecer em algum momento nos ajeitamos e tentei me lembrar de nossas pequenas lições na casa da árvore.

Comecei a andar de um jeito que lembrava ver Annelise fazendo de vez em quando (quando não estava ocupado bufando de ódio de suas respostas sarcásticas) enquanto ela fazia o mesmo, afastando mais as pernas e relaxando o corpo ao segurar na alça da mochila. Eu estava impressionado, na verdade; era realmente parecido com meu jeito de caminhar. 

Captei um vulto pelo canto do olho e antes que qualquer um de nós notasse, Rebecca apareceu correndo de algum lugar e deu um beijo desentupidor em Annelise, rondando seu pescoço com os braços. Arregalei os olhos, minha boca se abrindo de forma cômica e por muito, muito pouco, não soltei uma gargalhada estridente. 

Ah meu Deus.

Assim que a garota terminou o beijo e se afastou, estiquei o pescoço para analisar meu rosto. Annelise estava paralisada, a face branca e os braços musculosos ainda esticados de surpresa. 

— Josh Greenleaf por que essa jararaca estava no seu carro?!

A pirralha, ao que parecia, ainda estava tentando não vomitar e por isso resolvi intervir, tentando imitar o que a própria diria numa situação como essa.

— Rebecca, cala essa boca. Eu perdi o ônibus e o bocó aqui estava passando com o carro então eu o obriguei a me dar uma carona. Acha mesmo que eu gostaria de ter alguma coisa com ele? - Entortei a cabeça em um jeito tipico que já estava acostumado a ver quando ela debochava de alguém - Aliás, por que eu estou te dando explicações mesmo?

Todas ali presentes ficaram chocadas com a minha atuação. Rebecca grunhiu algo indefinível para mim e saiu batendo o pé enquanto Annelise me olhava de boca aberta. Ela parecia mais recomposta agora, ainda que esfregasse os lábios no dorso da mão com força.

— Nossa! Eu não teria feito melhor – Riu em um tom grave que eu ainda achava esquisito – Você me conhece bem Greenleaf.

Arqueei a sobrancelha e ela se tocou do que havia dito.

— Q-quer dizer... Vivemos brigando e... você sabe... – Continuei com a sobrancelha arqueada, mas abri um sorriso que eu sabia ser bastante irritante – Argh! Esquece!

Ela saiu batendo o pé, de um jeito que eu não aprovava inteiramente já que era o meu corpo que sofria os olhares enviesados e confusos de todos que passavam por ali, mas gargalhei notando o seu embaraço. Por um instante, mesmo com toda aquela situação estranha, parecíamos dois amigos normais provocando um ao outro.

Pisquei e meu sorriso se desfez com aquela linha maluca de pensamento.

Não. Aquilo não era possível.

Quer dizer, ela me odeia. Não é mesmo?

 

Annelise 

Eu ainda estava um pouco enjoada pelo o que havia acontecido naquela manhã. O perfume doce e forte de Rebbeca havia se impregnado em minhas roupas como uma praga e não me ajudava a esquecer aquele beijo - péssimo, diga-se de passagem. Como Josh gostava daquilo era a pergunta. A garota parecia querer engolir meu rosto inteiro. Meu corpo tremeu de forma involuntária pela décima vez; eu queria urgentemente trocar de roupa. 

Ao que parecia, minhas preces foram atendidas de uma forma cruel já que depois das aulas os amigos brutamontes dele me empurraram para o campo de futebol, alegando que todos estavam me esperando para começar o treino. 

Nem pude contestar já que isso só levantaria suspeitas se negasse e todos começariam a comentar sobre o comportamento estranho de Josh Greeanleaf. O garoto estava tentando o seu máximo para se passar por mim, eu poderia tentar fazer o mesmo.

Fui empurrada outra vez até o vestiário e meu coração acelerou quando percebi o que aconteceria. Antes que meu cérebro processasse a informação e ordenasse meus olhos a se fecharem, os colegas de time de Josh começaram a se vestir. Tirando as roupas. Tirando tudo. AH MEU DEUS!

Fiquei num lugar afastado, as bochechas queimando e tentei vestir aquele troço. Era terrível colocar todo aquele equipamento desconhecido e pesado, então, quando me chamaram para o campo, decidi que tudo aquilo não era tão necessário quando faziam parecer. As ombreiras e o capacete já estavam de bom tamanho.

Corri até o enorme campo, indo até o centro onde todos os outros se encontravam e ignorei os gritos de reclamação pela minha demora, franzindo a testa quando notei que todos os garotos usavam uma coisa na frente de suas partes íntimas que eu não tinha colocado em meu corpo.

Não pude pensar no que aquilo significava já que um apito soou às minhas costas e a voz grave e rude do técnico ordenou que todos fossem para suas posições. Tentei ao máximo fingir que entendia de tudo aquilo, mas ainda estava recebendo diversos olhares confusos e irritados dos jogadores. Ugh, por que eu tinha aceitado mesmo?

Me inclinei para frente, imitando os colegas de Josh e o apito soou outra vez. Meu coração começou a bater mais rápido quando percebi que o jogo tinha começado, me sentindo mais perdida do que já estava! Não fazia ideia de como jogar aquilo, nunca tinha visto um jogo sequer na vida e achava que correr atras de uma bola era a coisa mais estúpida do mundo.

O que eu faço?!

Meu corpo, parado feito uma estátua no meio do campo imenso, ouvia gritos indignados de todos os lados enquanto os outros corriam e obriguei minhas pernas a se mexerem, não sabendo qual poderia ser meu próximo passo. Decidi que correr na direção em que a maioria estava correndo era uma boa ideia e comecei a coloca-la em prática quando vejo diversos corpos masculinos, enormes e furiosos vindo em minha direção. Arregalei os olhos e senti minhas pernas bambearem pelo medo; resolvo então fazer a coisa mais sensata naquela situação.

Começo a correr deles.

Qual é! Eles iriam me esmagar!

— Josh seu idiota! O que você esta fazendo?! É para bloqueá-los! – Gritou o treinador confuso e perplexo com a minha atitude.

Não liguei para aquilo e continuei a correr; no entanto, algo captou minha atenção e vi um dos jogadores que segurava a bola joga-la perto de onde eu corria. O que é para fazer? Pega-la? Hm, ok. Vamos lá Annelise! Você consegue!

Estiquei os braços, determinada, parando até mesmo de correr por um momento para não perde-la de vista mas não consegui segurar. O que aconteceu, na verdade, foi ela atravessando entre minhas mãos estendidas e caindo direto para o “amiguinho de Josh”.

— Uff!

Meu ouvido zuniu e pontos pretos dançaram na frente da minha visão, enquanto eu trincava os dentes, sentindo meus joelhos falharem e caindo com força na grama.

Meu deus! O que era aquela dor?!

Automaticamente coloquei as mãos no lugar acertado sem me importar com nada, só querendo amenizar a dor excruciante, que atravessava meus órgãos e minha espinha dorsal, me fazendo encolher como uma bola no meio do campo.

Eu havia esquecido, no entanto, dos jogadores que estavam correndo atrás de mim. Eles não pareciam ter notado tudo o que havia acontecido no intervalo de segundos (ou não conseguiam mais parar naquela distância) e me fizeram lembrar quando se atiraram em cima de mim.

Agora, pense comigo... Vários jogadores, grandes, fortes, musculosos, cheios de equipamentos (que alias me fizeram descobrir que aquilo que os garotos usavam era uma proteção para não acontecer o que, bem, o que aconteceu comigo) se jogam em cima de você e te derrubam no chão.

Senti que morreria. Ali mesmo, soterrada por um bando de homens suados, com dor em algo que nem era meu e chorando copiosamente. 

 

Josh

Eu estava morrendo. Lentamente e dolorosamente.

— Eu não aguento mais. É isso, pode me deixar ir. Prefiro ir para o céu do que aguentar mais um minuto diss- ugh! Me mate!

— Annelise McCarty se você não parar com esse drama agora mesmo eu juro que vou te dar uns bons tabefes. 

— Você não entende! Isso vai me matar de qualquer jeito. É só agilizar o processo!

— Annelise isso é só cólica! Você tem todo o mês e nunca foi tão reclamona! Sinceramente.

Parei de me contorcer na cama e ergui a cabeça dos milhões de cobertores que me cercavam. A mãe da garota tinha as mãos na cintura e uma careta de irritação.

Gemi em protesto e me encolhi em uma bola ainda menor, sofrendo com a dor. Apertei a bolsa de água quente contra o ventre e choraminguei outra vez, fazendo a mulher soltar um suspiro de derrota e afagar meus cabelos suados. Ela avisou em um tom mais contido que iria fazer outro chá e pegar mais um pouco de água, sugerindo que eu tentasse dormir enquanto esperava que o remédio que havia tomado a pouco tempo fizesse efeito.

Murmurei um agradecimento, gostando daquele carinho ainda que não fosse exatamente para mim. 

Quando ela saiu, estiquei minha mão até o celular jogado entre as cobertas e resolvi ligar para Annelise. Ela talvez saberia alguma coisa sobre isso, uma receita secreta ou posição que ajudaria a amenizar a dor infernal. 

Meus dedos começaram a digitar meu próprio número de celular quando congelei no ato, lembrando que hoje era dia de treino.

Ah não. Ela vai me matar.

— Alô? - Franzi a testa para a voz baixa que saiu do outro lado da linha. Era impressão ou tinha ouvido um fungada?

— Oi, sou eu. Como foi o treino com os garotos? – Falei já afastando o telefone do ouvido.

 — SEU ANIMAL! POR QUE NÃO ME AVISOU QUE TINHA ESSA BOSTA DE TREINO HOJE?! EU TO TODA DOLORIDA! EU VOU ACABAR COM A SUA RAÇA!

Comecei a gargalhar do seu desespero mas ao mesmo tempo uma pontada de preocupação brotou em meu peito quando percebi que sua voz estava um tanto tremida, como se tivesse acabado de chorar. 

— Calma Annezinha. Foi só um treino relaxa!

— Annezinha é sua vó, seu babaca! – Ouvi ela respirar fundo e me preparei para o que viria - E como estão as cólicas? Está doendo muito? 

Trinquei a mandíbula com raiva, sabendo que ela estava com um sorriso vencedor nos lábios, aquelas perguntas não eram nem de longe uma demonstração de preocupação. Ignorei a parte de mim que suspirou de alivio ao perceber que ela estava bem novamente.

— Eu até saberia como ajudar, mas a Annezinha aqui não ta muito afim não. É só uma cólica Josh, relaxa.

Antes que eu pudesse ouvir minha própria risada debochada do outro lado da linha, desliguei o telefone irritado. Como eu odiava essa garota!

Tentei me ajeitar mais algumas vezes no colchão macio enquanto murmurava alguns palavrões, até que a cabeça da mãe de Annelise surgiu pelo vão da porta.

— Está tudo bem aí?

— Hm, mais ou menos - Me sentei com dificuldade pela dor e percebi os objetos em suas mãos - De quem são as malas? 

— Ah é! Tinha me esquecido de avisar; você vai para a casa da sua avó. Eu vou ter que sair de viagem por uns dias e até lá você vai ficar na casa da mamãe. Desculpe fazer isso hoje, mas não imaginei que iria doer tanto assim. Você normalmente aguenta bem suas cólicas.

Senti meu rosto ficar quente pela vergonha e falei que "não havia problemas em ir para a casa da nossa vó. Hoje estava mais forte que o normal, só isso". Ela sorriu contente e foi arrumar algumas coisas para levar, enquanto eu pensava em como melhorar daquilo em apenas algumas horas.

A noite, o irmão de Annelise veio me informar que já estávamos prontos para ir e entortou a cabeça do mesmo jeito que a irmã, com um sorrisinho no rosto quando me viu saindo da cama de forma lenta e cuidadosa. Mandei ele se foder (dessa vez sem que precisasse interpretar a pirralha já que eu realmente queira que ele sumisse) e sair do meu quarto. Sua gargalhada ecoou pelo corredor enquanto eu me trocava, tentando não me movimentar mais do que o necessário para não ampliar aquela cólica desgraçada.

[...]

A viagem foi muito mais curta do que eu esperava. Nem uma vez consegui olhar para a janela e absorver o caminho já que estava mais preocupado com o balanço do carro provocando espasmos de dor. Quando tinha finalmente encontrado uma um posição confortável, a mãe da garota avisou que tínhamos chegado na rua onde a vó de Annelise morava e ergui a cabeça, saindo do meu estado encolhido quando o carro parou.

Estranhei um pouco ao olhar para a casa a minha frente pois ela me parecia extremamente familiar e só entendi o porquê quando descemos do veículo e olhei em volta.

Um som de surpresa passou pela minha boca e assim que absorvi tudo, avisei para os pais de Annelise que queria andar um pouco pela vizinhança. Eles me encaram confusos mas aceitaram, apenas ordenando que eu voltasse logo para cumprimentar a "vovó".

Assim que entraram, andei até a casa ao lado com um sorriso debochado no rosto e bati na porta. Quando a mesma se abriu, vi meu rosto surpreso me olhando de volta. 

— Hã, Josh?! O que você está fazendo aqui?

— Olá Annelise. Acho que vamos ser vizinhos por um tempo.

Ela me encarou como se eu fosse um ET e depois olhou para a casa onde eu moraria por alguns dias. Arregalou os olhos e olhou para mim outra vez. Não pude deixar de rir ao fitar meus próprios olhos verdes cheios de surpresa e confusão.

Isso definitivamente iria ser divertido!


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Notas finais do capítulo

Gostaram? DEIXEM REVIEWS!!

Até a proxima cupcakes! :*