Estúpido Acidente! escrita por Julia


Capítulo 4
Eu estava definitivamente ferrada!


Notas iniciais do capítulo

Oi negads!! o/



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Algumas semanas se passaram desde que acordei e descobri sobre minha troca de corpos; durante todo esse tempo tentei pensar em mil alternativas sobre o porque que isto tinha acontecido comigo mas nada concreto surgia. Nada que explicasse o por que eu e o cara que mais detesto trocamos de corpos como mágica. 

Como se não bastasse, eu estava querendo matar o mundo já que no hospital nunca conseguia falar com o Josh pois os médicos sempre me sedavam quando eu começava a gritar para os quatro ventos que meu nome era Annelise e que eu não era um homem como parecia. No entanto, depois de alguns dias nessa rotina, percebi que o melhor a se fazer era aceitar a situação e agir como um jogador de futebol babaca quando notei os médicos e enfermeiras cochichando entre si sobre me mudar de setor, alertando até mesmo "minha mãe" sobre o assunto.

Talvez ser enviada para uma ala psiquiátrica não fosse ser a melhor saída para o meu problema, então decidi parar de fazer meus escândalos matinais e tentar me comportar de modo mais imbecil e sem sentimentos, como via Greeanleaf sempre fazer. 

Além disso, estava contando com o fato de que hoje eu ia ter alta e assim podia esclarecer algumas coisinhas com um certo alguém. 

Por falar em esclarecimentos... Suspirei, me lembrando o quão maluco foi o dia em que eu vi meus pais atravessando a porta do quarto, pedindo por explicações para o garoto que eu chamava de inimigo. 

Eu estava encarava o teto branco do quarto em total tédio, tentando pensar em maneiras de fugir daquele lugar sufocante, quando ouvi o barulho da porta se abrindo.

Fechei os olhos e decidi ignorar, afinal era provavelmente a enfermeira oxigenada peituda que vinha me dar os remédios, assim como todos os outros dias. Sempre se inclinando sobre meu corpo para afofar meu travesseiro, ou tirando um fio imaginário da minha camisola de hospital antes de passar a mão pelo meu braço, enfatizando estar "disponível para qualquer situação, senhor Greeanleaf" com um rosto que era para parecer provocante. Sério, o que essas garotas viam nele?!

— Olá senhor Greenleaf, eu sei que nunca nos falamos mais viemos falar algumas coisas.

Assim que ouvi aquela voz, tão familiar, levantei a cabeça rapidamente, quase deslocando meu pescoço no processo apenas para dar de cara com meus pais. Meus pais. Os dois estavam em frente a minha cama, com uma expressão nada amistosa. 

— Huh... – Foi a única coisa que saiu da minha boca. Meu pai estava com a expressão entediada enquanto minha mãe estava com uma carranca do tamanho do mundo, os braços cruzados e se pudesse, estaria batendo os pés no chão só para enfatizar sua irritação.

— Bom, em primeiro lugar eu estou muito brava com a sua atitude! Onde já se viu?! Dirigir bêbado! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ATROPELAR A MINHA FILHA?!

Tive que fazer muito, muito esforço para não revirar os olhos. Eu não era a filha deles naquele momento e não tinha razão para Josh ser rude com dois desconhecidos, mesmo que ele fosse rude naturalmente. 

Ainda sim, isso não me impedia de me divertir com o fato de ter me apossado do seu corpo e fiz a melhor cara de culpada que consegui. 

— Desculpe senhora McCarty, eu não sei o que deu em mim. Estava transtornado, eu agi como um idiota como eu sempre sou! Eu havia brigado com a sua belíssima filha hoje de manha e bebi para afogar as magoas por que eu sou muito covarde e...

O médico entrou no quarto interrompendo a minha explicação incrível e murchei um pouco, decepcionada que não pude continuar a manchar a reputação de bad boy do imbecil. Ainda sim, escondi um sorriso quando notei a expressão de choque de meus pais com toda aquela desculpa exagerada. 

—_Bem o que temos aqui? – O doutor deu um sorriso confuso para os dois, que tentaram retribuir, ainda se recuperando do que havia acontecido e logo se voltou para mim – Como se sente rapaz?

— Bem, eu acho.

— Bom, isso é ótimo. Você parece ter se recuperado bem do acidente então não vejo o porque te manter preso aqui. Vou falar com sua mãe e já pode ir para casa – Ele se dirigiu aos meus pais, sorrindo outra vez – Acredito que mesmo acontece com a sua filha.

Minha mãe piscou algumas vezes antes de sair do transe e me encarou desconfiada uma ultima vez antes de ir na direção do médico e chacoalhar as mãos do homem em um agradecimento dramático e choroso. 

— Obrigada doutor! Nossa menininha não pode sofrer isso de novo.

+

Assim que cheguei na casa do Josh e imediatamente percebi que minhas suspeitas estavam confirmadas.

ELE TEM UM PATO DE GELO NA SALA!

Brincadeira.

Mas ele era rico e isso era evidente. A mãe dele nem prestava atenção no que eu falava na verdade e eu estava ficando muito irritada com aquilo. Decidi não brigar com uma desconhecida para variar (até porque ela parecia ser do tipo que apenas olhava friamente e acabava com toda e qualquer briga que poderia ter começado. Era bem assustador, na verdade) e fui direto para o quarto dele, me perdendo um pouco no caminho já que o lugar era gigante e eu não conhecia a planta.

Não me surpreendi com o cômodo cheio de posters de jogadores de futebol americano e mulheres de biquini nas paredes escuras. A cama era enorme assim como todo o comodo e resisti a vontade de me jogar nela, que me chamava tentadoramente, preferindo fuçar um pouco nas coisas do idiota. 

Fui até uma mesa que ficava do outro lado do quarto, onde um notbook de ultima geração se encontrava junto com diversos livros de matérias diferentes espalhados.

Franzi a testa e peguei um deles nas mãos. Josh estudava? Tipo, sabia ler frases inteiras e fazer cálculos matemáticos? Aquilo só podia ser uma aposta estúpida que todos os amigos babacas dele faziam e que eu nunca conseguia entender.

Minha atenção logo se voltou para uma caixa de som portátil que também estava em cima da mesa e sorri, pegando o celular de Josh do bolso da calça (sua mãe tinha me entregado assim que saímos do hospital. Provavelmente achava que eu não poderia sobreviver sem o aparelho igual ela) e me conectando, procurando sua playlist. 

Musica era como respirar para mim e fiquei surpresa quando vi que ele não tinha um gosto tão ruim como eu imaginava. Selecionei uma das minhas favoritas e olhei em volta, suspirando para bagunça que seu quarto era.

Eu não tinha nenhum tipo de distúrbio com limpeza mas lugares em que havia muita bagunça e sujeira (como era o caso) me deixavam incomodada. Presumi que, como eu moraria e dormiria naquele lugar por um tempo até resolver minha situação, era justificável que eu também pudesse ajeitar aquele lugar como eu bem quisesse. 

É claro que no meio de muitas roupas e objetos jogados no chão, também havia milhões de cuecas boxers espalhadas e tive que usar uma katana que tinha pendurada na parede (o que esse garoto tinha na cabeça?) para jogar no cesto de roupas, com uma careta de nojo que seria comica do ponto de vista de outra pessoa já que não combinava com o físico atlético e pose de durão de Josh.

— Oh! – Saltei de susto com o som que se surgiu por cima da música e me virei, dando de cara com uma senhora de uns 60 anos, cabelos grisalhos e o rosto totalmente surpreso.

— Algum problema? – O bom era que eu podia falar normalmente, pois eu já tinha aquela voz irritantemente grossa, então não precisava fingir nada além do meu comportamento "feminino". 

— N-não é que você nunca arrumou o quarto antes menino – Ela disse rindo, simpática – Quer alguma coisa para comer? – Deduzi que ela era a empregada e dei um sorriso gentil, me lembrando de minha avó. 

— Não, obrigada. Err...Obrigado – Falei sorrindo, esperando alguma reação surpresa nela já que ele devia ser um ogro com todos, mas ela apenas se limitou a sorrir e sair do quarto cantalorando uma musica qualquer. Estranho; desde quando Josh era educado com as pessoas? Será que ele era idiota só comigo? Dei de ombros e voltei a arrumar.

A tarde, depois de muitas roupas dobradas, dancinhas aleatórias (me certifiquei de trancar a porta do quarto antes que alguém visse uma cena constrangedora) e muito suor, resolvi ligar para as duas pessoas que eu mais confiava no mundo. Eu precisava desabafar com alguém e ainda não tinha coragem o suficiente para enfrentar a principal pessoa com que eu deveria conversar. 

Peguei o celular de Josh, certa de que eles iriam estranhar mas não tinha muita escolha.

Enviada as 16:35

Para: Luke e Shannon

De: Josh

[Venham a minha casa! Preciso falar com vocês!]

Achei que eles iriam rir de mim até que sinto o celular vibrar. Eu não havia contado mas Shanonn era minha segunda melhor amiga depois de Luke

Enviada as 16:37

De: Shannon

Para: Josh

[Josh Greenleaf? Por que iriamos querer ir a sua casa? Se é contra a Anne eu to fora!]

Recebi outra mensagem logo após a da minha amiga. Era bom saber que eles me apoiavam.

Enviada as 16:39

De: Luke

Para: Josh

[Qual é a tua cara?!]

Mandei uma mensagem para os dois que dizia apenas: Emergência! 297 Por favor só venham para cá!

Suspirei, me jogando na cama ainda com o celular em mãos; esperava que aquilo fosse o suficiente. Tínhamos inventado esse número para o caso de precisarmos nos comunicar, assim tínhamos certeza de que éramos nós. Estranho eu sei, mas a Shannon era meio paranoica com esse lance de sequestro; vai entender.

Alguns minutos depois escutei a campainha e suspirei de alivio. Desci as escadas feito um furacão, nem ligando para "minha irmã" que me encarou com uma expressão confusa enquanto eu passava em frente a cozinha.

Abri a porta e lá estavam meus dois melhores amigos com expressões confusas no rosto.

—_ Onde você escondeu a Anne seu idiota?! – Gritou Shannon pronta para uma briga, rolei os olhos e tentei não sorrir. Eu tinha sentido saudades daqueles dois e ver aquela baixinha tentando enfrentar um cara como Josh me fez ter vontade de abraça-la. 

É claro que eu não podia ou me plano iria para baixo antes que começasse. 

— Ah calem a boca e entrem logo! 

Eles entraram ainda desconfiados, já que Greeanleaf nunca tinha sido rude com os dois antes (será que ele era um babaca só comigo mesmo?) e os levei para o meu quarto, ou o quarto de Josh. Enfim.  

— Olha cara eu sei que você é meio maluco, mas isso ta estranho demais.

— Homem de Ferro, fica quieto! Isso é serio! – Mesmo falando sobre seriedade eu quase não consegui prender o riso. A cara de Luke estava hilária! Seus olhos se arregalaram e sua boca formou um "o" perfeito.

— C-como você sabe disso? Só a Anne me chama assim!

—Olha, isso é loucura eu sei mas vocês vão ter que acreditar em mim ok? 

Fechei os olhos por um instante, suspirei outra vez e comecei a contar tudo, desde o que lembrava sobre o acidente até aquele momento.

+

Alguns minutos tinham se passado desde que havia terminado de contar toda a história e minhas suposições e agora esperava que um dos meus amigos falassem alguma coisa. 

Eles tinham expressões idênticas de confusão e me encaram praticamente sem piscar, os corpos parados como estátuas. O silêncio acabou sendo quebrado pela risada escandalosa de Luke, que foi logo seguido pela de Shannon.

Ótimo. Eles não acreditavam em nada do que eu tinha dito. 

Não era como se eu não estivesse esperando aquilo, mas oras, tudo até ali já estava estranho. Não bastava tentar entender e acreditar? Ou pelo menos tentar? 

Rolei os olhos, impaciente com aqueles dois palhaços rindo feito uns idiotas na minha frente. 

— Ah qual é Shannon! Como o Josh saberia que no seu aniversário de 10 anos você beijou o Matt e ele tinha herpes! – Shannon parou de rir imediatamente e me olhou chocada. Eu era única que sabia disso e ela sabia que eu nunca contaria sobre tal coisa para o meu inimigo.

— E como o Josh iria saber – Falei para o Luke, irritada – Que na primeira vez que você andou de skate tentou subir naquelas barras para skatistas e caiu de pernas abertas entre elas. Você chorou igual a um bebê e eu que estava lá para aguentar o seu drama. 

Ambos soltaram um suspiro coletivo de surpresa e deram um passo para trás, assustados e em choque. Me encarando de cima a baixo com os olhos arregalados. 

—_I-isso é impossível! Como isso aconteceu Anne? E por que com o Josh? 

Dei de ombros para as perguntas de minha amiga e esfreguei meus olhos, cansada com tudo aquilo. 

—_Eu não sei. Pode ter sido pelo fato de que foi ele quem me atropelou mas não entendo o por que dos nossos corpos terem sido trocados. 

—_Então quer dizer que o Josh provavelmente está no seu copo agora? Isso é assustador - Shannon abraçou o próprio corpo e encarou "meus"  músculos como se fossem uma aberração. Bem, eu não a culpava. 

 

— Eu só acredito em você por que a Annelise foi a única que estava naquele dia e ela jamais contaria isso para o Josh – Luke revirou os olhos, tentando parece calmo, ainda que eu conseguisse ver suas mãos tremendo levemente – Mas e agora? Como você pretende voltar ao normal?

Soltei um grunhido de frustração e me atirei na cama macia. Eu sabia qual era o primeiro passo que precisava tomar para tudo aquilo ser consertado mas queria adiar o inevitável. 

Eu precisaria, ugh, conversar com Josh Greeanleaf. Ou pelo menos tentar. Civilizadamente. 

É, eu estava definitivamente ferrada.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram?
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