Estúpido Acidente! escrita por Julia


Capítulo 2
Minha vida não podia ficar pior!




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A aula tinha acabado e resolvi ir a pé para casa já que Luke havia saído mais cedo para resolver algumas coisas na loja do pai e odiava pegar ônibus sozinha com aqueles bandos de atletas babacas arrotando e gritando para qualquer garota bonita que passava na rua (sim, alguns estereótipos eram reais).

Enquanto andava, por alguma razão que não queria entender me lembrei do primeiro dia de aula, quando cheguei à escola e conheci o idiota pretensioso com quem eu agora brigava feito cão e gato. 

Lincon High School, 2014.

Desci do carro mastigando o chiclete com tanta força que meus dentes cerravam. Todos me olhavam estranho, talvez por eu ser a aluna nova, talvez não; o que quer que fosse, eu não estava gostando.

Olhei novamente para o meu horário de aula, me perguntando se alguém me ajudaria quando um garoto (ou como passei a chama-lo naquele momento: idiota) esbarrou em mim, derrubando a minha mochila.

—Olha por onde anda garoto! - Falei enquanto juntava minha mochila do chão e tirava alguma poeira da calça ao levantar desajeitadamente.

—Não te vi ai – Ele soltou um riso pelo nariz – Hey, você é a garota nova não é? A escola inteira esta falando disso.

—Ah jura?! Sabe que eu nem reparei – Falei com o sarcasmo escorrendo na voz, quando levantei para ver o ser individuo energúmeno que me empurrou e quase perdi a voz. O garoto era um deus grego, romano e qualquer de outra mitologia.

Ele franziu as sobrancelhas, parecendo um tanto irritado com meu tom de voz. 

—Você é bem irritante não é garota? – Parei de babar um pouco para analisar o que ele havia dito. Ele me chamou de irritante?!

Levantei três dedos perto do seu rosto e comecei a abaixa-los conforme numerava minhas falas. 

— Primeiro, irritante é a sua vó; segundo meu nome é Annelise, não garota e terceiro, quem é você? – Disse olhando para a sua cara que continha um sorriso de surpresa (e muita diversão, o que me irritou ainda mais).

—Nossa, calma! – Ergueu as mãos para o ar em forma de rendição e deu um sorriso que... Foco Annelise, foco. – Meu nome é Josh, Josh Greenleaf.

—Green... o que? Bom, que seja. Você poderia me mostrar onde fica a sala C?

—Desculpa gata, mas não vai dar. Eu tenho que encontrar com os meus amigos para o treino; ei! Você poderia ir me ver.

—Sério?! São 5 minutos! Você não pode ceder 5 minutos do seu tempo?

Ele riu, piscou pra mim e saiu andando com todas as garotas supirando por onde ele passava. “Só pode ser brincadeira” Pensei.

Lincon High School, 2017.

Depois daquele dia nos odiamos eternamente. Fim da história!

De acordo com Luke (em seu modo poético) ódio e amor são separados por uma linha tênue ou algo baboseira melosa assim. De qualquer forma, ele está errado. Eu e Josh nunca vamos nos dar bem, é um fato.

Minha teoria se confirmava sempre que tentávamos ter uma trégua e tudo acabava dando errado e voltávamos a brigar pior do que antes. Era sempre assim e nada poderia mudar aquela situação. 

Parei com a minha linha de raciocino quando ouvi uma buzina alta e frenética; meu rosto se virou rápido para onde o som vinha e só tive tempo de arregalar os olhos ao avistar a caminhonete vindo na minha direção, desgovernada e pronta para me matar, antes que o impacto me deixasse inconsciente. 

[...]

“Temos que processá-lo John!”  “Os batimentos estão estáveis, não se preocupe senhora McCarty, ela vai ficar bem" “Lise se acalme querida, ela está bem”.

Quando acordei outra vez, vi um teto totalmente branco e olhei a minha volta, notando aparelhos conectados em minhas veias. Percebi tardiamente que estava em uma cama de hospital.

—Ah você acordou! Ah Anne, eu estava tão preocupada! – Olhei e vi uma mulher de aparentemente 40 anos, seu rosto parecia cansado mas aliviado – Vou chamar seu pai ok? Fico tão feliz que acordou querida!

Quando ela saiu porta afora, pouco depois, um homem na faixa dos 50 anos entrou.

—Olá Annelise, fico feliz de vê-la acordada, meu nome é Carl Lewis cuidei de você enquanto estava inconsiente. Como se sente?

Minha cabeça estava girando. Quem era aquela mulher? Por que o médico me chamou de Annelise? Não seria a Annelise que eu estou pensando, seria?

—Por que eu estou aqui? – Fiz a pergunta mais lógica antes de chamá-lo de maluco.

—Você foi atropelada por uma caminhonete desgovernada, o motorista também esta internado nesse hospital. Provavelmente não vai se lembrar do ocorrido, mas ele esta bem, em choque assim como você, mas está bem.

Tentei me sentar e senti dores em todas as células possíveis do meu corpo. 

—Você está me confundindo com outra pessoa... – Falei - Por que minha voz está tão estranha?

—Você esteve inconsciente por 2 dias, é normal ficar um pouco rouca.

—Não, você não entende, eu não sou a Annelise, meu nome é Josh Greenleaf!

Aquela brincadeira de mal gosto estava indo longe demais. Mas ainda sim, minha voz estava tão estranha...

—Você esta brincando com uma coisa séria dessas Annelise McCarty?! – Falou a mesma mulher entrando com um homem de cabelos grisalhos atrás dela. Ele pareceu aliviado e feliz em me ver, mas resolveu ficar em silêncio naquele momento.

—Ah.... Annelise... Josh Greenleaf é o outro paciente internado, o motorista que a atropelou. – O médico me olhou confuso.

Minha garganta ficou ainda mais seca do que já estava. Como assim?!

A não ser que... uma idéia maluca me ocorreu; algo que eu havia visto em um filme uma vez. Não. Aquilo era loucura, impossível demais para ser verdade. 

—Hm, a outra... Quer dizer o outro paciente, Josh, ele teve reações estranhas?- Peguntei ao médico, receoso.

—Bem é estranho dizer isso mas, ele teve quase a mesma reação que a sua, um pouco mais histérico, eu diria...

Hmpf! Típico dela... Não. Não era verdade. Não podia ser. 

—Ah eu sei que é repentino mas, poderia me ver no espelho? Devo estar horrível – Dei uma desculpa de garotinha. Eu tinha que ter a certeza, confirmar as suspeitas daquela loucura que parecia cada vez mais real, mesmo eu não querendo acreditar nisso. 

—Ah meu deus Anne! Você finalmente está ligando para a sua aparência? Tinha que ter sido atropelada para isso? – A mulher, provavelmente mãe da Annelise, ficou histérica. Como assim? Ela não ligava para a aparência dela? O homem atrás dela revirava os olhos.

—Claro senhorita – O médico pegou algo na gaveta da cômoda ali perto e me entregou; assim que levantei o espelho na altura do meu rosto, o reflexo ali arregalou os olhos ridiculamente verdes e tive que me controlar para não gritar. 

É como eu suspeitava. Eu, Josh, estou preso no corpo de Annelise McCarty.

Minha vida não podia estar pior. Ou podia?


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Notas finais do capítulo

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