Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Mais um!!
Eu falaria algo sobre esse capitulo, mas da ultima vez brigaram comigo por causa dos spoilers '-'



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Eu odeio domingo. Eu odeio pelo simples fato de tudo ficar chato e deprimente no domingo. Sem contar a onda de depressão que me assola nesse dia. Depois das duas da tarde, quando já tomei banhos e mais banhos, já deitei e dormi, acordei, comi e comi e comi de novo, eu ainda continuo entediada.

No momento estou tentando me manter distraída com um filme que está passando na TV. Não adianta, porque ainda continuo olhando pra janela e imaginando se a queda vai ser muito dolorosa.

Era isso ou ficar lembrando o beijo do Jake. Inferno! Ia ser difícil fingir que aquilo nunca aconteceu. Ainda mais com ele vindo me ver todo dia. Mas parando pra pensar agora, Jake ainda não apareceu... Ah claro, é isso! Ele me beijou e não gostou e agora não vai mais voltar...

Porque esse tipo de coisa sempre acontece comigo? Sério, é inacreditável.

                - Saco!

Afundei o corpo no sofá e tomei um gole da minha limonada. Que filme é esse afinal? O cara está no espaço com um e.t porque o planeta Terra foi destruído por outros e.ts, que queriam construir uma via expressa interespacial... Acho que eu vou dormir. Espera, tem alguém batendo na porta.

                - Vizinha!

                - Já vou!

Ele voltou, ele voltou! Ah meu Deus, o que eu estou fazendo? Levantei rapidamente e tentei andar vagarosamente até a porta. Tropecei no pé da mesa e quase cai. Ah que se dane. Corri até a porta e a abri. Jake estava parado lá, segurando uma caixa. Seu cabelo estava molhado e meio grudado de um lado cabeça, como se ele tivesse dormido só daquele lado a noite toda.

                - Oi, vizinha. Te trouxe um presente.

                - Presente, 6B? Por quê?

                - Senti vontade.

                - Ahn, está bem. Entra...

Eu nem tinha terminado de falar e Jake já tinha entrado e colocado a caixa em cima da mesa. Fechei a porta e fui até ele.

                - Eu acho que você fica muito sozinha aqui, então eu fui até o abrigo de animais e adotei ela pra você.

Jake abriu as tampas da caixa e tirou um filhote de gato de dentro. Era alaranjado e com um rosto miudinho.

                - É lindo Jake.

Peguei o filhote de suas mãos e o trouxe até meu colo.

                - Na verdade é linda. Seu nome é Charlotte.

Olhei para ele com cara de interrogação. Não, tudo bem, não tinha como ele saber disso.

                - Era o nome da minha mãe.

                - Sério? Olha, desculpe. Eu não sabia, se você quiser eu mudo...

                - Não! É lindo. Eu gosto.

Jake ficou parado algum tempo me olhando enquanto eu brincava com a Charlotte. Senti que ele estava pensando no que eu tinha dito. Acho que ele vai acabar perguntando.

                - O que aconteceu com seus pais Calli?

                - Eles morreram quando eu tinha dezessete anos.

                - Morreram como?

                - Um acidente, o navio que eles estavam pegou fogo e afundou. Nenhum sobrevivente. Eu também deveria ter morrido naquele dia, mas eu não quis ir junto. Desde então, estou sozinha.

                - Você não precisa mais ficar sozinha se não quiser.

Continuei acariciando Lotte (era o apelido da minha mãe também) tentando fingir que não tinha ouvido aquilo, mas minha força de vontade é meio fraca e eu acabei sorrindo. Jake ergueu meu queixo e encarou meus olhos. Castanho com listras azuis. Espero nunca mais esquecer esses seus olhos lindos.

                - Espero que não.

Coloquei a gata no chão e ela se escondeu de baixo do armário. Olhei para Jake e antes que ele pudesse reagir ou sair correndo, eu joguei meus braços em seu pescoço e o beijei. Ele me ergueu nos braços e me puxou até o sofá. Quando me deitou, eu abri os olhos.

                - O que é isso?

                - Hum...

Ele estava beijando meu pescoço e enviando ondas de prazer pelas minhas costas. Eu me contorci em baixo dele, mas não consegui tira-lo de cima de mim. Ah, que se dane!

                - Jake, calma...

                - Que foi?

                - Seu cinto está machucando minha barriga.

                - Ah, desculpe – Ele olhou para baixou e viu a fivela do cinto presa contra minha barriga – Vou tirar.

Jake ficou de pé e puxou o cinto e depois tirou a camiseta. Deitou-se novamente em cima de mim e voltou a me beijar. Comecei a rir.

                - Jake...

                - E agora?

                - Você esqueceu as calças querido.

Ele encostou a boca na minha garganta e senti seu corpo vibrar em quanto ele ria.

                - Acho que vamos acabar não fazendo nada hoje, não é?

                - Parece que sim. Mas não faz mal, fique assim do jeito que você está que eu já fico feliz.

                - Uhum.

Acho que se ele vier pra cá todo domingo, talvez eu não fique tão entediada... Que barulho foi esse?

                - Jake?

De novo. Esquisito, parecem batidas na porta. Mais esquisito ainda porque ninguém sobe sem autorização.

                - Jake? Você ouviu isso?

                - Ouvi o que?

O barulho outra vez seguido por um berro... Chamando por ele.

                - Isso.

                - Estão me chamando?

                - Parece que sim.

Jake ficou de pé e me ajudou a levantar. Andei até a porta enquanto ele vestia a camiseta e olhei pelo olho-mágico. Uma mulher alta com cabelo castanho estava batendo na porta do 6B.

                - Mas ninguém sabe onde eu moro, e eu não conheço ninguém além de você, da Ally e do Oliver.

                - Acho que ela não concorda.

Se eu estou com ciúmes? Sim, estou com ciúmes. Se eu estou com raiva? Sim, e muita. Mas não vou descontar nele. Mas nela sim. Virei a chave na tranca, mas antes que eu pudesse abrir a porta, a mão dele me parou. Virei me preparando pra uma briga, mas parei quando eu vi seu rosto. Jake estava muito sério, com sombras nos olhos.

Tinha algo errado.

                - Fique aqui.

                - Não.

                - Estou dizendo pra ficar aqui.

                - E eu estou dizendo que vou junto.

A mulher chutou a porta e seguiu com vários socos.

                - Jake Adams! Abra essa porta, eu sei que você está ai!

Jake estava congelado ao meu lado, murmurando coisas sem sentido “ o que ela...” “como ela me encontrou...” e “ não pode ser...”. Comecei a ficar preocupada. Ele estava tenso como se fosse encontrar com a morte.

                - Jake, quem ela é?

                - Minha ex-mulher.

Bastou pra eu sentir raiva dela.

                - Tudo bem, olhe para mim.

Peguei seu rosto entre minhas mãos e o forcei a me olhar. – Eu vou lá fora fazer ela ir embora e você fica aqui, quietinho.

                - Não posso deixar você...

                - Nem vem. Eu vou lá fazer essa doida ir embora e você fica.

Não esperei ele responder, abri a porta, sai e a fechei rapidamente. Dei de cara com a mulher.

                - Oi.

Ela me olhou com desprezo dos pés a cabeça. Só então me lembrei que estava usando minha calça de moletom preta que fica presa na panturrilha e um top velho azul. Senti vergonha, mas não vacilei.

                - O que você quer fazendo esse barulho todo?

                - Quero meu marido.

                - Marido? O 6B é seu marido?

                - Sim, por quê?

Tentei fazer cara de deboche e acho que deu certo, porque, na minha opinião, eu sou muito boa em fazer cara de deboche.

                - Porque ele entrou ai ontem com duas garotas, que pareciam modelos. E acho que não pretendem sair tão cedo.

Ouvi uma risada abafada vindo do meu apartamento. Fiz um esforço sobre-humano pra não rir.

                - Meu marido nunca faria esse tipo de coisa.

                - Ah, então eu acho que você veio atrás do Jake Adams errado.

Ela me fuzilou com os olhos, bufou, girou nos calcanhares e saiu andando feito uma gazela escada a baixo. Esperei até parar de ouvir seus passos e voltei pro meu apartamento. Quando entrei, Jake estava olhando pela janela.

                - Ela já foi?

                - Está entrando no táxi.

                - Bom.

Jake fechou a cortina e veio até mim. Me abraçou e sussurrou: - Obrigado.

                - Por nada.

                - Bem, sabe aquilo que eu disse mais cedo?

Fiquei tensa. Muito tensa e senti um medo terrível de ele me abandonar.

                - O que?

                - Que a gente não ia fazer nada hoje?

                - Ah, sei. O que tem?

Senti meu corpo relaxar. Então Jake me prendeu na parede e ergueu minha perna até ela ficar presa em sua cintura. Fitou meu rosto e aproximou sua boca da minha. Senti seu hálito quente na minha bochecha.

                - Então, mudei de ideia.


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Notas finais do capítulo

Comentem sim?