Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu fiquei pensando e cheguei à conclusão que não faria mal nenhum eu postar mais um capitulo hoje... Ai vai!



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Eu estava pensando seriamente em não voltar para casa hoje. Mas eu ainda tinha que trabalhar. Ai droga.

– Ally, será que você pode me emprestar alguma roupa pro trabalho hoje?

– Você não quer voltar para lá né?

– Nem pensar.

Ally riu e passou um braço pela minha cintura. Eu era pelo menos dez centímetros mais alta que ela. Mas com as botas de salto quinze, Ally ficava mais alta que eu.

– Vamos lá. Tenho uma calça que vai ficar ótima com essa blusa que você comprou.

– Qual delas Ally?

– A azul clara.

Andamos um pouco mais pela cidade, depois pegamos um taxi e fomos para a boate. Ally e Oliver viviam no andar em cima. Eles diziam que era mais fácil cuidar de tudo bem de perto. Recentemente eles tinham me convidado para virar sócia. Ainda estou pensando no assunto e juntando algumas economias para investir.

Eles fizeram a proposta depois que eu os ajudei a melhorar a boate. Oliver costumava dizer que as pessoas só iam para me ver dançar. Bondade dele. As outras dançarinas eram profissionais e eu simplesmente amava fazer aquilo. Dançar era incrível, era uma coisa que eu jamais me imaginei fazendo, mas se eu não tivesse descoberto isso seria como se eu nunca tivesse realmente vivido.

Estava seguindo Ally pela escada que ia para o segundo andar quando Oliver nos viu e deu um berro chamando-nos para ver o que ele tinha acabado de instalar.

– Rápido garotas! Venham ver.

Olhei para Ally e ela só deu de ombros. Deixamos as sacolas na escada e fomos até ele.

– Olhem isso.

Oliver apagou as luzes e apertou um botão num controle remoto que nós chamávamos de controlador de alma. É, eu sei, estranho. Mas apelidamos assim porque toda vez que apertávamos algum botão dele era como se as pessoas se transportassem para outro mundo e começavam a dançar como se não tivessem medo de nada. Era mais ou menos nessa hora que eu entrava na pista.

O botão que Oliver usou destravou as luzes coloridas e todas apontaram ritmadas para o centro da pista. Seu ritmo é controlado pelo mesmo controle, diminuindo ou aumentando a frequência. Nada muito impressionante.

– Nossa Olie, que fantástico.

Não fui eu que disse isso. Já disse, não me impressionou. Mas ele parecia tão animado, que nem Ally quis dizer a verdade. Ah, melhor entrar na onda.

– Verdade Oliver, ficou incrível.

– Ah, certo, certo. Suas vadias mentirosas não é nada impressionante eu sei. Mas ficou muito legal.

– Está certo. Mas ficou legal mesmo.

– É sim Calli. Olie, não fique triste querido.

Ally o abraçou e então eles se beijaram. Eu tentei ficar ali olhando para o alto, para os lados. Então me cansei, soltei um suspiro e fui para o segundo andar. Ouvi Ally rindo e vindo atrás de mim.

– Desculpe Calli. Vamos, vou te dar a calça.

Eu dancei muito essa noite e meus pés estão com bolhas. Estava subindo as escadas pra ir para o meu apartamento e refazendo minha lista de reclamações para o sindico, quando me lembrei que eu não podia voltar para casa agora. Droga!

Parei em frente à minha porta. Desenhei com o dedo o 6A na porta e suspirei. Girei a maçaneta e dei graças ao ver que a porta estava aberta e chave estava no lugar. Mas então me veio à cabeça que ele devia estar lá dentro ainda. Ah, foda-se.

Entrei e acendi a luz. Como pensado ele estava desmaiado no meu sofá azul céu. Que saco. Tirei os sapatos apertei o botão da secretária eletrônica e fui até ele. Os recados começaram: “Calli, eu quero te ver...”, “Eu sei que ainda gosta de mim”. “ Por favor, atenda os meus telefonemas”. Esse cara não larga do meu pé... Apoiei-me nas costas do sofá e o chamei uma vez. Nada. Então usei a bolsa e bati em sua barriga. Ele abriu os olhos e quando me viu, sorriu.

– Olá.

– Porque você ainda está aqui?

– Cochilei.

– Hum.

– Estava pensando no que aconteceu mais cedo.

Senti minha pele esquentando. Droga.

– Não aconteceu nada.

Desencostei do sofá e larguei a bolsa no chão. Fui até a cozinha e lavei o rosto na pia. Que estranho, podia jurar que havia louça suja do café.

– Lavei pra você.

Levei um susto e fiquei de costas para a pia. Pro meu azar ele estava mais próximo do que eu queria e aproveitou o momento para me prender. Colocou os braços ao meu redor e apoiou um joelho no armário.

– Ér, obrigada por ter lavado. Estou te devendo...

Ah droga!

– Que tal se me pagasse agora?

Ainda bem que ele estava vestido. Droga, ele esta se aproximando mais. Tenho que dar um jeito pra sair dessa!

– Que tal deixarmos isso pra depois?

– Hum, não.

– Pare com isso Jake. Nos conhecemos ontem...

– Sim. E daí?

– E daí que não é legal ficar assediando alguém que acabou de conhecer.

– Eu não acabei de conhecer você. Nos conhecemos ontem.

– Dá no mesmo.

– Hum, não.

Jake apertou sua bochecha contra a minha molhada e mordeu meu pescoço. Um arrepio atravessou meu corpo e como por reflexo entrelacei meus dedos em seus cabelos. Puxei sua cabeça para trás. Olhei em seus olhos e quase esqueci o que ir dizer.

– Pare com isso Jake!

– Você não quer que eu pare...

– Eu quero sim.

– Não quer não

– Ok, você está certo.

– Não disse?

Ele voltou a beijar meu pescoço. Peguei sua cabeça e o fiz olhar para mim. Não tinha muita convicção do que deveria dizer...

– Só que não!

– Por quê?

– Porque não sei nada sobre você!

– Ok.

Jake soltou minha cintura – nem vi quando ele colocou as mãos ali – pegou minha mão e me puxou para o sofá.

– Meu nome é Jake Adams e me mudei pra Seattle porque me aposentei,

– Aposentou?

– Sim. Eu apostava na bolsa, ganhei uma bolada, investi em algumas coisas e me aposentei. Vim da Phoenix, estava cansado do sol. E gosto de ruivas. Gostei de você e quero te beijar.

– Que direto. Vamos ser diretos então: somos amigos.

– O que?

– Isso mesmo. Amigos, depois, se eu quiser você pode me beijar.

Ele sorriu para mim. Colocou a mão em meu pescoço e chegou mais perto. Coloquei a mão em seu peito... Espera ai, quando foi que ele tirou a camiseta?

Levantei-me rapidamente do sofá e parei em frente dele.

– Não tenho informações o suficiente sobre você Jake.

– Ah qual é Callissa! Eu sei que você gostou de mim, então...

– Com quantas você já dormiu depois que se mudou pra cá?

– O que?

– Você me ouviu.

– O que você está fazendo?

– Coletando informações.

– Duas.

– Hum. Hoje também? Espero que não tenha sido no meu...

– Não seja idiota! Nunca faria isso! Ontem foi a segunda, a primeira foi antes de eu me mudar de vez.

– Está bem.

– Nossa menina!

– Ah chega Jake. Pode voltar pro seu apartamento, por favor? Eu preciso dormir.

– Do que você trabalha?

– Jake...

– Vamos conversar. Que tipo de trabalho te deixa se vestir assim?

– Eu quero dormir...

– Então me deixa ficar?

– Você tem seu apartamento.

– Quero ficar aqui com você.

– Você é muito carente. Vá embora.

– Por favor Calli...

Bom, se ele quer só conversar... Não Callissa, não caia nessa! Merda, o que ele acha que eu sou? Merda! Ah droga...

– Está bem. Fique aqui, vou tomar banho.

Jake sorriu maliciosamente. Fiz cara feia.

– Nem pense nisso.

– Não pensei em nada!

Ele se fez de inocente. Estou me esforçando para não me assustar com ele, mas está tão difícil... Um perseguidor era só o que eu precisava!

Entrei no banheiro e tirei a roupa. Liguei a água e deixei a banheira encher. Sentei na tampa do vaso e encolhi as pernas. Senti o elástico que prendia meu cabelo arrebentar e soltar os cachos sobre meus ombros.

Fiquei um tempo nessa posição esperando a banheira encher. Então me acomodei na água morna e encostei a cabeça na borda. Estava na hora desse cara me deixar em paz... Senti o sono tomar conta do meu corpo e minutos depois já estava dormindo.


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Notas finais do capítulo

Comentem, sim?

Ah, é, fiz uma coleção no Polyvore para a Calli e a Ally ->http://www.polyvore.com/pessoa_certa/collection?id=2243182