Pessoa Certa escrita por Mary
Notas iniciais do capítulo
Mais um pra vocês!
A loja citada nesse capitulo não existe.
Eu sentia como se alguém estivesse me observando. Puxei os pés para cima porque também sentia cócegas neles. Coisa estranha. Abri os olhos de repente e dei de cara com Ally deitada ao meu lado na cama.
- Calli! Vamos fazer compras! Agora! Vamos, levante-se!
Ela tentou me puxar da cama, mas eu era pelo menos 5 quilos mais pesada e ainda estava com sono, então só fiz força para me manter no lugar.
- Ally, você sabe que horas são?
- Sei sim! É hora de gente preguiçosa levantar! Vamos! Tem liquidação na Gounge.
Só a palavra liquidação me fez saltar da cama e correr para o banheiro.
- Se arrume logo! Vou fazer café pra tirar essa sua cara de sono.
Liguei o chuveiro na água quente e tomei o banho mais rápido da minha vida. Sai e coloquei a meia-calça e um vestido preto com mangas compridas e já estava começando a procurar meu casaco de inverno quando lembrei onde ele estava.
- Droga!
Se acalme Calli, com a Ally junto vai ser mais fácil encarar o 6B. Coloquei botas pretas e prendi o cabelo vermelho em rabo de cavalo frouxo. Passei rímel e fui até a cozinha atrás de uma xícara de café.
- Agora você tem um vizinho pra dividir o telhado né?
Dei um pulo e me escondi atrás do sofá. – Como é que você sabe?
- Relaxe! Eu vi o nome dele no interfone lá embaixo.
- Ah!
- Porque ficou tão assustada? Já o conheceu?
Sai de trás do sofá e fui até onde ela estava, peguei uma xícara e me servi de café. Vi que Ally já tinha feito torradas, então peguei uma e passei manteiga. Mordisquei a beirada antes de responder.
- Sim, o conheci ontem. Ele jogou uma caixa na minha cabeça e eu cai da escada, acordei no sofá dele e depois entornei chá-com-leite na minha blusa e ele roubou meu casaco. Nada de especial.
Parei de falar e mordi minha torrada. Olhei para Ally e perguntei de boca cheia: - Que foi?
Ela estava de olhos arregalados, a xícara a meio caminho da boca.
- Quanto tempo você ficou lá?
- Sei lá, uma hora no máximo.
Dei de ombros e voltei a comer a torrada. Dei uma olhada para Ally: ela estava com uma saia azul curta, uma blusa bege e botas com forro de pêlos também bege. Muito bonita como sempre.
- Uma hora e aconteceu tudo isso? E você vai ter que voltar lá para buscar o seu casaco não é?
- É sim.
Já tinha comido a segunda torrada, então bebi todo o café de uma vez e voltei ao banheiro para escovar os dentes. Peguei minha bolsa no sofá e olhei para Ally.
- Então, você vai ficar ai me encarando, ou vamos logo à liquidação antes que acabem todas as roupas bonitas?
Ela não pensou duas vezes e logo se juntou a mim na porta. Saímos para o grande corredor e tranquei a porta. Ally já estava começando a descer as escadas quando eu peguei a alça de sua bolsa e a puxei para trás.
- Meu casaco.
- Ah, sim.
Parei em frente à porta e respirei fundo. Ergui a mão pra bater na porta, mas ela se abriu antes de eu encostar nela.
- Olá vizinha!
Parei estática com a mão no ar. Jake estava apenas com uma toalha tapando seu amiguinho e sorriu a me ver engolir em seco e dar dois passos para trás.
- Vim buscar meu casaco.
- Bom dia pra você também vizinha.
- Volta aqui Jake querido...
Alguém com a voz embargada chamo-o de dentro do apartamento. Abaixei a mão e olhei por sobre o ombro dele. Era uma garota morena semi-nua gritando do sofá onde eu estive desmaiada na outra noite.
- Você pegou alguém depois que eu fui embora?
- A vida não está fácil pra ninguém.
- Sim... Mas eram 4 horas da manhã.
- Eu tenho contatos vizinha.
Olhei para Ally que estava boquiaberta nos olhando da escada. Ele sorriu e acenou para ela. Coitada, ela só conseguiu erguer a mão e dar um sorriso amarelo pra ele.
- Certo, mas será que pode me devolver meu casaco?
- Tenho mesmo? Ele ficou muito bonito enfeitando minha poltrona...
- Não me faça entrar e pega-lo Jake!
- Hum, eu gostaria disso...
Ele sorriu meio de lado e eu perdi o fio da meada. Por dois segundos só fiquei encarando-o. Três segundos depois já estava dentro do apartamento dele pegando meu casaco. Quando estava na porta ele segurou meu braço e me puxou para um abraço, mas nessa coisa toda de eu puxar o braço e tentar me desvencilhar dele, sua toalha protetora caiu deixando tudo á mostra. Jake me segurou rente ao seu corpo e sussurrou: - Será que tem como eu me esconder no seu apartamento até essa doida ir embora?
- Ah, foda-se você. Me solte.
- Não te solto até você disser que eu posso.
- Isso é assédio.
- Não é não. Você veio aqui por livre e espontânea vontade.
- Não te abracei por livre e espontânea vontade.
- E daí?
Respirei fundo e tentei outra vez inutilmente me soltar dos seus braços. Merda. Merda, merda! Se ele não fosse tão bonito...
- Tudo bem Jake. Pode ir, mas não mexa em nada.
Tentei me afastar pra pegar a chave, mas ele não deixou. Então tive que me contorcer para pega-lá na bolsa sem encostar nele. Tirei a chave e a sacudi em seu ouvido.
- Pronto, agora me solte.
- Não. É bom abraçar você.
Droga. Ele me puxou para mais perto e meu corpo ficou mais grudado ao dele. Essa aproximação me lembrou que ele estava completamente nu. Droga de novo. Coloquei as mãos em sua barriga e dei impulso para trás. Nada aconteceu. Aproveitei a localização das minhas mãos e formulei um plano para ele me soltar.
Comecei a escorregar minhas mãos pela sua barriga, subindo para seu peito e voltando a descer. Cada vez mais próximas da cintura, e continuando a descer. Senti-o prender o ar. Seus dedos se afrouxaram nas minhas costas e uma mão passou pelo meu cabelo. Sorri e dei outro impulso para trás. Dessa vez consegui me soltar, dei dois passos para trás e joguei a chave para ele. Passei por Ally correndo e desci as escadas rapidamente sem olhar para trás. Podia ouvi-la ofegando enquanto me seguia.
Parei na entrada do prédio e me encostei à parede arfando. Ally parou ao meu lado, ainda estava de olhos arregalados. Paramos e eu a encarei. Começamos a rir.
- O que foi aquilo Calli?
- Não faço nem ideia! Já chega, vamos sair logo daqui.
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