Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um pra vocês!
A loja citada nesse capitulo não existe.



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Eu sentia como se alguém estivesse me observando. Puxei os pés para cima porque também sentia cócegas neles. Coisa estranha. Abri os olhos de repente e dei de cara com Ally deitada ao meu lado na cama.

- Calli! Vamos fazer compras! Agora! Vamos, levante-se!

Ela tentou me puxar da cama, mas eu era pelo menos 5 quilos mais pesada e ainda estava com sono, então só fiz força para me manter no lugar.

- Ally, você sabe que horas são?

- Sei sim! É hora de gente preguiçosa levantar! Vamos! Tem liquidação na Gounge.

Só a palavra liquidação me fez saltar da cama e correr para o banheiro.

- Se arrume logo! Vou fazer café pra tirar essa sua cara de sono.

Liguei o chuveiro na água quente e tomei o banho mais rápido da minha vida. Sai e coloquei a meia-calça e um vestido preto com mangas compridas e já estava começando a procurar meu casaco de inverno quando lembrei onde ele estava.

- Droga!

Se acalme Calli, com a Ally junto vai ser mais fácil encarar o 6B. Coloquei botas pretas e prendi o cabelo vermelho em rabo de cavalo frouxo. Passei rímel e fui até a cozinha atrás de uma xícara de café.

- Agora você tem um vizinho pra dividir o telhado né?

Dei um pulo e me escondi atrás do sofá. – Como é que você sabe?

- Relaxe! Eu vi o nome dele no interfone lá embaixo.

- Ah!

- Porque ficou tão assustada? Já o conheceu?

Sai de trás do sofá e fui até onde ela estava, peguei uma xícara e me servi de café. Vi que Ally já tinha feito torradas, então peguei uma e passei manteiga. Mordisquei a beirada antes de responder.

- Sim, o conheci ontem. Ele jogou uma caixa na minha cabeça e eu cai da escada, acordei no sofá dele e depois entornei chá-com-leite na minha blusa e ele roubou meu casaco. Nada de especial.

Parei de falar e mordi minha torrada. Olhei para Ally e perguntei de boca cheia: - Que foi?

Ela estava de olhos arregalados, a xícara a meio caminho da boca.

- Quanto tempo você ficou lá?

- Sei lá, uma hora no máximo.

Dei de ombros e voltei a comer a torrada. Dei uma olhada para Ally: ela estava com uma saia azul curta, uma blusa bege e botas com forro de pêlos também bege. Muito bonita como sempre.

- Uma hora e aconteceu tudo isso? E você vai ter que voltar lá para buscar o seu casaco não é?

- É sim.

Já tinha comido a segunda torrada, então bebi todo o café de uma vez e voltei ao banheiro para escovar os dentes. Peguei minha bolsa no sofá e olhei para Ally.

- Então, você vai ficar ai me encarando, ou vamos logo à liquidação antes que acabem todas as roupas bonitas?

Ela não pensou duas vezes e logo se juntou a mim na porta. Saímos para o grande corredor e tranquei a porta. Ally já estava começando a descer as escadas quando eu peguei a alça de sua bolsa e a puxei para trás.

- Meu casaco.

- Ah, sim.

Parei em frente à porta e respirei fundo. Ergui a mão pra bater na porta, mas ela se abriu antes de eu encostar nela.

- Olá vizinha!

Parei estática com a mão no ar. Jake estava apenas com uma toalha tapando seu amiguinho e sorriu a me ver engolir em seco e dar dois passos para trás.

- Vim buscar meu casaco.

- Bom dia pra você também vizinha.

- Volta aqui Jake querido...

Alguém com a voz embargada chamo-o de dentro do apartamento. Abaixei a mão e olhei por sobre o ombro dele. Era uma garota morena semi-nua gritando do sofá onde eu estive desmaiada na outra noite.

- Você pegou alguém depois que eu fui embora?

- A vida não está fácil pra ninguém.

- Sim... Mas eram 4 horas da manhã.

- Eu tenho contatos vizinha.

Olhei para Ally que estava boquiaberta nos olhando da escada. Ele sorriu e acenou para ela. Coitada, ela só conseguiu erguer a mão e dar um sorriso amarelo pra ele.

- Certo, mas será que pode me devolver meu casaco?

- Tenho mesmo? Ele ficou muito bonito enfeitando minha poltrona...

- Não me faça entrar e pega-lo Jake!

- Hum, eu gostaria disso...

Ele sorriu meio de lado e eu perdi o fio da meada. Por dois segundos só fiquei encarando-o. Três segundos depois já estava dentro do apartamento dele pegando meu casaco. Quando estava na porta ele segurou meu braço e me puxou para um abraço, mas nessa coisa toda de eu puxar o braço e tentar me desvencilhar dele, sua toalha protetora caiu deixando tudo á mostra. Jake me segurou rente ao seu corpo e sussurrou: - Será que tem como eu me esconder no seu apartamento até essa doida ir embora?

- Ah, foda-se você. Me solte.

- Não te solto até você disser que eu posso.

- Isso é assédio.

- Não é não. Você veio aqui por livre e espontânea vontade.

- Não te abracei por livre e espontânea vontade.

- E daí?

Respirei fundo e tentei outra vez inutilmente me soltar dos seus braços. Merda. Merda, merda! Se ele não fosse tão bonito...

- Tudo bem Jake. Pode ir, mas não mexa em nada.

Tentei me afastar pra pegar a chave, mas ele não deixou. Então tive que me contorcer para pega-lá na bolsa sem encostar nele. Tirei a chave e a sacudi em seu ouvido.

- Pronto, agora me solte.

- Não. É bom abraçar você.

Droga. Ele me puxou para mais perto e meu corpo ficou mais grudado ao dele. Essa aproximação me lembrou que ele estava completamente nu. Droga de novo. Coloquei as mãos em sua barriga e dei impulso para trás. Nada aconteceu. Aproveitei a localização das minhas mãos e formulei um plano para ele me soltar.

Comecei a escorregar minhas mãos pela sua barriga, subindo para seu peito e voltando a descer. Cada vez mais próximas da cintura, e continuando a descer. Senti-o prender o ar. Seus dedos se afrouxaram nas minhas costas e uma mão passou pelo meu cabelo. Sorri e dei outro impulso para trás. Dessa vez consegui me soltar, dei dois passos para trás e joguei a chave para ele. Passei por Ally correndo e desci as escadas rapidamente sem olhar para trás. Podia ouvi-la ofegando enquanto me seguia.

Parei na entrada do prédio e me encostei à parede arfando. Ally parou ao meu lado, ainda estava de olhos arregalados. Paramos e eu a encarei. Começamos a rir.

- O que foi aquilo Calli?

- Não faço nem ideia! Já chega, vamos sair logo daqui.


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Notas finais do capítulo

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