Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 26
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Acho que sou nova, mas me sinto tão cansada.
Hey gente, estou aqui, não abandonei a fic não... eu sei que ninguém perguntou, mas alguém deve ter pensado...
É isso ai! LEIAM as notas finais, por favor!!!



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- Um estudo diz que daqui a algumas décadas as pessoas ruivas estarão extintas.

Ficar em choque era algo que eu nem me dava mais ao luxo. Mas quando vi as duas cabecinhas se mexendo na tela da ultrassonografia, foi um choque que eu jamais vou esquecer. E esse médico babaca ainda vem dizer que ruivos vão ser extintos! Até parece! Vai ser o que? Um extermínio mundial aos beijados pelo fogo?

                - Você fala isso exatamente quando diz que minha mulher vai ter gêmeos? Sério? E como é que isso não apareceu nas outras seis ultrassons que fizemos? Que tipo de médico é você afinal?

O médico sorriu. Babaca. Como ele podia sorrir assim? Fala sério, gêmeos? E ele só avisava naquele momento? Tentei me imaginar subindo as escadas pro meu apartamento, com duas crianças no colo e Jake logo atrás com o carrinho duplo. Ai meu Deus, socorro!

                - Jake...

Comecei a choramingar e a fazer perguntar ininteligíveis. Tampei os olhos com os braços e vi pontinhos brancos onde antes estavam os olhos marejados de Jake. Droga! Como foi que eu perdi o controle desse jeito? Como pude fazer isso?

                - Ei! Está arrependida?

                - Talvez!

                - Essa seria a sétima vez em seis meses Calli. Vai se arrepender cada vez que fazer um exame?

Fiz que sim com a cabeça. Vou me arrepender cada vez que vomitar, cada vez que deveria sentir um desejo estúpido de comer algo nojento e não sentir, cada vez que chorar ao ver Lotte devorar uma lagartixa, cada vez que brigar com Jake por ter aparecido na minha vida e tirado meu plano perfeito da linha.

                - Você não faz ideia...

                - Do que você está passando. Já sei, já sei. Mas se te deixa feliz, estou quase me arrependendo por ter te engravidado também, você ficou muito sentimental.

Tirei os braços do rosto e olhei para ele como se fosse matá-lo.  Que ódio desse idiota!

                - Babaca! Sentimental é a pu...

                - Então, como vocês pretendem pagar a consulta?

Jake estava me olhando com uma cara muito estranha, mas mudou a expressão para irritação quando olhou para o médico.

                - Á vista e já pagamos.

                - Certo. Pode vestir sua blusa querida.

O doutor me deu um lenço para limpar o gel da barriga que ainda estava gelada e fui para trás da cortina colocar minha roupa. Vesti-me e demorei acariciando minha barriga que já estava muito grande com oito meses de gravidez. Por mais que eu estivesse irritada com minha vida fora dos eixos, eu até que gostei de saber que teria duas crianças. Duas cópias do Jake.

                - Calli? Você está bem? Vamos embora?

                - Estou indo Jake!

Coloquei meu casaco vermelho e encontrei um Jake irritado olhando para um médico com cara de pervertido. Estranhei aquilo.

                - O que aconteceu?

                - Vamos embora daqui?

Ele me arrastou enquanto eu tentava pegar minha bolsa que caiu e esparramou todo seu conteúdo pelo chão do consultório.

                - Jake!

Tentei abaixar-me para juntá-las, mas a barriga não cooperou, Jake as juntou. Resolvi investigar o que tinha acontecido quando ele se ergueu, cheguei minha boca perto de seu ouvido e sussurrei:

                - O que aconteceu?

                - Médico tarado. Vou encontrar outro pra fazer o parto.

                - Eca.

Ele piscou e sorriu. Guardou o resto das minhas coisas e segurou meu braço. Olhei bem pra cara do médico e lhe mostrei a língua. Jake me puxou e saímos rindo pela rua. Estava começando a estação de inverno, logo poderia subir o Space Needle e ver a neve cair ao contrário outra vez. Suspirei ao pensar que isso provavelmente me deixaria enjoada. Grudei meu corpo gordo no de Jake e soprei fumaça branca no ar.

                - Que loucura...

                - Nem me fale. Vou pedir para a Spencer ligar no escritório e pedir seu prontuário para mandar em outra clínica.

Spencer era a nova secretária da filial da Adams & Blake em Seattle. Jake finalmente resolveu abri-la depois que Arthur pediu Trillian em casamento, disse-me que era um acordo que eles tinham feito. Resolvi nem perguntar, afinal eu conhecia os dois e sabiam o quão louco seus acordos podiam ser.

                - Está bem.

Andamos mais um pouco e paramos em uma Starbucks para comprar chá-com-leite e donuts.

                - Quer ir ver como está ficando nossa casa?

Olhei para ele, Jake estava com o nariz vermelho por causa do frio, segurava seu chá em uma mão e a outra estava no bolso do casaco verde que ficava muito bonito contrastando com o cabelo castanho-avermelhado... Eita distração!

                - Mas você disse que eles estavam muito ocupados colocando móveis para dentro e empurrando para lá e para cá. – Mordi quase metade do donuts e lambi o açúcar da boca, Jake sorriu e limpou um pouco que sobrou.

                - Sim, mas a casa é nossa e podemos entrar a hora que quisermos.

                - Claro, claro. Vamos então.

Entramos no carro dele, que eu não fazia ideia e nem questão de saber que marca era, e fomos para o bairro em Seattle onde ficava a casa. Na metade do caminho aconteceu um acidente e ficamos presos num trânsito imenso... O tédio estava dominando o meu ar, e batucar o vidro da janela não estava mais adiantando para me distrair. Resolvi que era hora de assustar Jake um pouquinho.

                - Jake?

                - Hum?

                - Estou com desejo...

Ele olhou para mim, as mãos no volante, o nariz ainda vermelho... Percebi que seus olhos tinham um brilho de expectativa, do tipo: não, pelo amor de Deus, não!

                - De que Calli?

Sorri maliciosamente.

                - Tranzar com o carro em movimento.

A cara dele foi impagável! Jake ficou vermelho, arregalou os olhos e depois abaixou a cabeça, segurou o volante do carro com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos. Segurei o riso e coloquei a mão em seu ombro.

Perguntei inocentemente:

                - Qual o problema querido?

                - Sinto Calli que não poderei satisfazer seu primeiro desejo estranho.

Era verdade, não tive lá muitos desejos legais e nem pude aproveitar as dádivas de se estar grávida e poder ganhar tudo que quisesse. A única vontade que senti foi a de comer banana, se é que posso considerar essa. Pensei até em fingir algumas, mas isso não seria justo com o bebê.

Não consegui me controlar mais e soltei uma gargalhada.

                - Amor da minha vida, você acha mesmo que eu te pediria para fazer uma coisa dessas?

Ele levantou a cabeça, me encarou incrédulo depois soltou um muxoxo qualquer e me ignorou. Ficamos parados lá cerca de meia hora mais e eu estava incrivelmente irritada com aquilo.

                - Fale comigo, por favor! – Ele mal se virou quando respondeu que não.

                - Jake, você ficou realmente bravo com isso?

                - Callissa, não estou bravo com você, só estou chateado com a situação em que estamos.

Fumeguei internamente. O que esse idiota quis dizer com isso? Ele está arrependido de ter casado? De estarmos juntos? Da gravidez?

                - Que situação, Jake Adams?

                - Porque está brava se estou falando do trânsito?

                - Certo.

Essas mudanças de humor estão acabando comigo. Suspirei profundamente e escorreguei no banco de forma a ficar o mais confortável que minha barriga grande deixasse, fechei os olhos.

                - Está dormindo?

Não respondi, preferi fingir que sim a ter que ficar trancada naquele carro forçando assunto com alguém que nem a menos queria falar comigo. Sentia-me sozinha numa bicicleta para dois. O carro começou a se mover lentamente e logo já estávamos de volta ao ritmo normal.

                - Pronto, já pode parar de fingir agora.

Respondi sem abrir os olhos: - Não estou fingindo.

                - E porque está falando?

                - Eu falo dormindo.

                - Não fala nada.

                - Agora eu falo – Informei-lhe e abri apenas um olho para ver sua reação, mas ele apenas sorriu divertindo-se

                - Você está realmente muito sentimental Calli.

                - Xiu, ou você quer deixar uma mulher mais brava do que ela já está por estar tão imensa que o cinto mal fecha sobre seu corpo gordo?

                - Pare de drama!

Abaixei a cabeça sorrindo e dei de cara com a caixa de donuts que eu nem havia terminado de comer ainda, meu copo de chá estava no descanso de copos junto com o de Jake. Terminei de comer e peguei o chá. Quando virei o copo para tomá-lo entornei todo o liquido em mim. Jake soltou uma gargalhada tão maravilhosa que por um momento me lembrei de quando o conheci:

                “O senhor 6B me entregou a caneca e se sentou ao meu lado no sofá. Tentei parecer calma e feminina. Ok, isso foi estúpido. Só tentei parecer calma e civilizada, mas quando fui virar a caneca na boca eu meio que errei o alvo e entornei o chá quente na minha blusa.

                - Ah, mais que merda!

Coloquei a caneca o mais longe de mim o possível e puxei a blusa que tinha começado a grudar no meu corpo. Me levantei do sofá e comecei a procurar minhas botas. Achei-as ao lado do sofá, agachei para colocá-las nos pés. Parei de repente, Jake estava rindo de mim.

                - D-desculpe! Eu não queria rir de você...

Que engraçado, para quem não queria rir, ele estava realmente se divertindo.

                - Idiota!

                - Desculpe Calli, mas é que você fez um escândalo e eu não resisti...

Ele mal conseguiu terminar de falar e se dobrou ao meio apertando a barriga e rindo.”

                - Eu simplesmente não acredito que você fez isso novamente!

                - Há-há! Não ria estúpido. – Repreendi-o enquanto puxava a blusa que começava a grudar no meu corpo enorme.

                - Certo, desculpe, vou parar de rir. – Foi o que disse, mas não foi o que fez. – Pronto, chegamos.

Ele desceu do carro e deu a volta para me ajudar a descer. É, me ajudar, porque nem sair do carro eu conseguia!

                - Que droga, estou toda melada!

                - Venha, você se limpa lá dentro.

Subimos as escadas que dava para a porta branca exatamente no centro da fachada azul. Eu sabia disso, porque num ápice da minha loucura peguei uma fita métrica e medi. Jake me entregou a chave enquanto voltava para trancar o carro. Girei a maçaneta e não foi surpresa nenhuma quando encontrei... Absolutamente ninguém. Entrei na casa e só então me toquei que ela já estava quase completamente pronta, faltavam apenas um sofá na sala e uma estante, que ainda estavam no meu apartamento.

                - E então? Gostou?

                - Está linda Jake!

                - Eu queria que ela já estivesse totalmente arrumada quando você chegasse, mas não tinha como tirar as coisas do apartamento sem você saber...

                - Está perfeito assim...

Subi o pequeno lance de escadas que davam para os quartos e passei o corredor parando para olhar cômodo por cômodo. Achei um quarto grande com duas mesas de escritório, uma de cada lado enfeitado de uma maneira diferente: um preto e branco e outra azul e branco.

                - Aqui é para nós trabalharmos. Próximo.

Na porta seguinte era um quarto normal, com uma cama de casal grande que ocupava grande parte do espaço curto, simples. Quarto para hóspedes.

                - Bonito.

A próxima porta estava trancada. Imaginei que era para ser surpresa, mas Jake pegou um chaveiro com um peixe e entregou-me.

                - Abra.

Destranquei a porta e entrei no quarto mais lindo (ganhou do quarto da Sônia) que já vi na vida: era um quarto de criança pintado de forma que parecia o céu de dia, com nuvens e um grande sol, um berço e várias outras bugigangas fofas de bebês.

                - Caramba...

                - Incrível, não é?

                - Claro!

                - Experimente apagar as luzes.

Fiz o que ele disse e o quarto literalmente brilhou: a tinta do céu de dia desapareceu e várias pequenas estrelas surgiram detrás das nuvens brancas.

                - Ah, será que eu posso dormir aqui?

                - Na-não... Venha ver nosso quarto.

Ele me arrastou até a última porta do corredor e fez um som de tambor com a boca que eu nem sabia que ele podia fazer. Sorri e lhe dei um beijo.

                - Abra você a porta Jake.

                - Se você quer...

Jake empurrou a porta para me mostrar o quarto. Era muito bonito também (não tão quanto o quarto das crianças, sinta a decepção), era simples e branco, com uma janela grande por onde entrava uma claridade quase cegante - perguntei-me de onde vinha aquela luz já que estava nublado lá fora. As cortinas eram leves e brancas, um criado mudo de cada lado da cama com dossel de ferro (adivinha?) branco, intricado com desenhos que não consegui identificar de primeira, mas que quando cheguei perto percebi que eram golfinhos pulando ondas. Fiquei encantada. Sentei-me nela e passei as mãos pela colcha, que essa por acaso era preta e cabei me deitando.

                - Calli, fique aqui, vou buscar uma coisa pra você.

                - Mais presente?

                - Sim.

Demorei um pouco pra perceber o que estava acontecendo, mas de repente a dor ficou tão aguda que tudo escureceu por uns dois segundos. Jake apareceu sorrindo na porta segurando uma caixa nos braços.

                - Jake... – Dei um sussurro fraco que acho que ele nem ouviu.

                - Olha o aqui seu presente... Você está bem?

                - Leve-me para um hospital...

Fiquei consciente tempo o suficiente de ver Jake largar a caixa no chão e correr na minha direção...


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Notas finais do capítulo

Porque vocês não comentam? Será que se eu ameaçá-los vocês fazem o favor de dizer o que estão achando da fic? É, se ninguém comentar eu NÃO posto o capitulo final!! Sou muito má e não estou brincando.



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