Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 25
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Oi! Vou começar aqui agradecendo os comentários de leitoras antigas (e ainda estou esperando os fantasminhas se notificarem) e ainda mais a Queen pela recomendação fofa (quase morri, sério)!
Só avisando que o video que ela fala não existe, por mais que eu tenha procurado e rezado para existir... Então façam uso da imaginação!
Beijos e aproveitem, por que já está acabando (tenho que parar de ficar me achando).



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Eu não tinha mais como fugir disso. Era agora ou nunca, era isso ou virar mãe solteira. Com uma gata obesa e um emprego em uma boate. Pensando desta forma a minha vida deve ser bem mal vista pelas outras pessoas... Que estranho, eu sempre pensei mais nela como “estranha” ou “glamorosa”, ou, melhor ainda: A estranha vida glamorosa de uma garota ruiva.

Certo, eu tenho que parar de pensar nessas besteiras. Ainda mais quando o padre fica tagarelando coisas sem sentido sobre sempre deixar o almoço pronto e vestir roupas adequadas. Fala sério! Meu vestido é maravilhoso e não tem nada de inadequado nele... A não ser pelo brilho exagerado que mais parecem escamas reluzentes de uma sereia. Mas não era essa a ideia? Na verdade, diga-se de passagem, estou muito bonita (foi o que me disseram... espero que seja verdade), meu cabelo vermelho está preso em um coque com flores verdes e rosadas e minha maquiagem está tão natural quanto de uma Drag Queen... Ok, brincadeira! Susie fez um ótimo trabalho na minha cara, nem pareço eu mesma!

Minha boca estava começando a ficar dormente de tanto sorrir para ele (o cara de terno do meu lado, não o padre... porque isso seria nojento). Mas não era algo forçado, eu o amo, e amo sorrir para ele.

Jake também parecia hipnotizado. Ou fora de órbita, talvez tenha sido a quantidade de bebida ingerida na última noite. Anotei para perguntar mais tarde: o que raios eles fizeram nessa despedida de solteiro?

– Callissa Miller, você aceita Jake Samuel Adams como seu legítimo esposo?

Morri e fui parar num lugar silencioso, mas não era calmo. Eu podia sentir a ansiedade das pessoas de longe. Ou talvez seja a minha ansiedade misturada com a cara de pavor de Jake. Balancei a cabeça e respondi ao mesmo tempo.

– Sim! Claro que sim. – Sorri mais um pouquinho, se é que era ainda possível sorrir, e coloquei a aliança dourada em seu dedo.

– Ótimo! Agora, Jake Samuel Adams, você aceita Callissa Miller como sua esposa?

– Pensei que já estivesse claro... Mas sim! Aceito. – Jake me deu uma pulseira, dourada com pedrinhas azuis-céu, porque ele sabia que eu perderia o anel na primeira semana. Acho que o padre não gostou muito pela cara que ele fez...

– Ah Jake, sempre brincando nas horas erradas... Pensei que tivesse te ensinado alguma coisa no catecismo.

– Desculpe Padre Hector. – Dois segundos depois tinha um anel dourado no meu dedo, também com uma pedra azul igual aos da pulseira e várias outras pedrinhas rosadas ao redor. Tentei lembrar que pedras eram aquelas, mas esse não é meu forte, então deixei quieto.

– Tanto faz. Eu os declaro marido e mulher... O resto você vão fazer de qualquer forma.

O padre se virou e saiu andando em direção a tenda do Buffet enquanto virava um cantil metálico na boca, devia ser conhaque. Voltei minha atenção para a boca de Jake e quando percebi já estávamos nos beijando. As pessoas aplaudiram e ouvi algumas assobiando. Imaginei que fosse Cam e os outros caras do grupo.

– Finalmente Calli.

– Sim...

Ele encostou sua testa na minha e sorriu. Minhas bochechas já estavam com câimbras de tanto sorrir e eu simplesmente não conseguia parar! Meu rosto parecia congelado ou algo do tipo. Talvez eu estivesse com algum arame preso nas orelhas puxando cada canto dos meus lábios. Descemos os degraus do altar que Sônia tinha mandado montar para a cerimônia e fomos pelo caminho de tapetes que dava para a tenda da festa. Pedi que ninguém jogasse arroz, que ao invés disso juntasse tudo e desse para alguma instituição de caridade ou algo do tipo. As pessoas então nos receberam jogando peixinhos de papel. E bolhas de sabão que foram parar direto na minha boca e nos meus olhos. Ótimo! Vou sair com cara de drogada nas fotos!

– Calli!

– Ally, oi! Porque está pulando desse jeito? E porque está com os olhos arregalados de pavor? Ally, você está me assustando...

Ally estava arfando e suas sobrancelhas estavam quase chegando à raiz do cabelo louro. Senti uma pontada de medo. O que será que aconteceu? Ai meu Deus, quem será que morreu?

– Ela fugiu.

Bastou para me fazer tremer. Jake ouviu e fez a perguntar mais tosca da história... Não é óbvio? Savana fugiu e vem me matar!

– Quem fugiu?

– Lotte.

Ok. É ainda pior do que eu pensei.

– C-como assim a Lotte fugiu? Ela estava no quarto!

– Sim! Eu sei, ela estava lá quando eu fui buscar seu buque e acho que devo ter esquecido a porta aberta porque na hora do sim eu a vi pulando pelo gramado tentando pegar uma borboleta e agora eu não sei onde ela está.

De repente um berro e risos. Isso não deve ser bom. Olhei ao redor para ver se encontrava o problema e avistei um pequeno grupo de convidados em volta do padre. A atriz que interpretava a Merida estava usando a pequena bolsa para abanar o rosto do velho. Encarei Jake e ele estava tentando segurar o riso.

– Que foi? – Perguntei já ficando com raiva dele.

– Encontrei a Lotte.

Então ele ergueu o dedo e apontou para o pé do padre. Charllote estava enroscada na batina dele, tentando, de uma maneira felina e fofa, arrancar-lhe a perna. Soltei uma gargalhada. Ally suspirou e foi até lá pegá-la. De longe a vi se desculpar e soltar as garrinhas de Lotte da perna de Hector. Passou por mim, a gata obesa nos braços e sorriu.

– Vou levá-la de volta ao quarto.

– Tudo bem.

Jake passou o braço pela minha cintura e continuou me arrastando pelos tapetes. Quando chegamos á tenda quase fiquei mais cega do que já estava (bolinhas de sabão, lembra?) por causa dos flashes. As coisas estavam correndo muito bem: fotos minhas com Jake, com a mãe do Jake, com as irmãs do Jake, seus sobrinhos e cunhados. Depois com Ally e Oliver, Arthur e Trillian, que eram nossos padrinhos. Estava perfeito, se não fosse o fotógrafo perguntar:

– Onde está a família da noiva? Eu não posso acabar por aqui se eles não tirarem logo as fotografias!

Senti o chão sumir de debaixo dos meus pés. Eu não queria dar vexame no dia do meu casamento, mas aquele fotógrafo imbecil tinha que dizer aquilo justamente naquele momento? O sangue dos meus dedos não estava circulando e a única coisa que notei foi Jake me arrastando para dentro de casa, me carregando escada acima e me sentando na cama enquanto trancava a porta.

– Callissa?

– Hum?

– Não se preocupe.

– Não consigo Jake! Não é tão simples! Caramba, o melhor dia da minha vida e eu não tenho ninguém para comemorar! – Eu estava gritando, mesmo que não quisesse gritar, e comecei a chorar, por mais que também não quisesse chorar.

– E eu sou o que Calli? Uma porta? Um vaso de planta? Um livro? Porque, Callissa, eu estou aqui, com você, comemorando... Te ajudando.

Ele se sentou ao meu lado na cama, em cima do meu véu. Tirei a tiara que mantinha o pano vagabundo na minha cabeça. Olhei Jake, com os braços apoiados nos joelhos, a cabeça abaixada. E o primeiro acontecimento estranho da minha vida de casada aconteceu: Jake estava chorando.

– Ei... Desculpa. Eu sei que você está aqui Jake, tanto você quanto Allyson e Oliver. Mas eu não tenho ninguém da minha família, nenhuma tia chata do sul para implicar com meu cabelo ou um tio estúpido do oeste para fazer a piada do pavê. – Estava acariciando seus cabelos, bagunçando-os, eu o amo e quero que meu projeto X-Jake seja idêntico a ele... Não vou me perdoar se a criança se parecer comigo. - E os principais, meus pais, para dizerem o quão bom você é pra mim.

Encontrei seus olhos me encarando, as conhecidas listrinhas coloridas com um brilho de lágrimas. Suas covinhas me deram alô e eu beijei cada uma delas.

– Eu queria ter conhecido eles... Queria ter pedido sua mão ao seu pai e ter dito à sua mãe que você nunca tinha falado que tinha uma irmã mais velha. Sinto muito por você não ter ninguém, quer dizer, você não tinha ninguém. Agora tem a mim.

Não resisti e me joguei em cima dele. Ele segurou meu corpo grudado ao dele e me beijou. Minha maquiagem estava indo para o saco (se é que era possível) e meu cabelo estava desprendendo do coque. Porém, dane-se.

Ficamos ali, nos beijando e rindo por uns minutos e provavelmente nem sairíamos do lugar se não tivessem batido na porta. Errado, quis dizer espancado a porta, esmurrando a fechadura e destrinchado as dobradiças.

– Vocês dois, tratem de sair daí de dentro e vir para a festa... Que por acaso é do casamento de vocês! Saiam! Agora!

Mais batidas e depois passos de salto indo pelo corredor. Sônia. Sai de cima de Jake e ele colocou os braços no rosto e riu.

– Minha mãe é um doce, não é?

– Sim, um doce por baixo da camada azeda.

– Essa frase é minha Calli!

– Eu sei e gosto dela.

Levantei da cama e dei de cara com o palito do teste. Peguei e o entreguei ao Jake. Ele viu os pauzinhos e sorriu. Sorriu mais ainda quando olhou para a minha cara, e bem, não gostei nada do sorrisinho debochado dele.

– O que?

– Você ta toda borrada.

– Há-há e você, despenteado!

Fomos os dois para o banheiro. Eu soltei o cabelo do coque e arrumei a maquiagem, enquanto Jake penteava o cabelo castanho-avermelhado para trás.

– Parece que uma vaca lambeu sua cabeça, marido.

– Legal, porque parece que galinhas fizeram um ninho no teu, mulher.

Gargalhei. De verdade. Quase engasguei com minha saliva e só piorou quando Jake começou a rir da minha cara vermelha.

– Que bom, temos uma fazenda!

Dei um jeito no meu cabelo e depois arrumei o dele. Finalmente descemos para a festa.

Nos receberam com aplausos. E foi a deixa para a primeira dança, e não, não começamos com valsa e depois mudamos pro hip hop. Começamos com Queen of Disaster e terminamos com a mesma música. Eu simplesmente não sei como fizemos isso, sem ensaio, sem prévia. Só colocamos em prática o que vimos uma vez em um vídeo. E me senti como uma bailarina, e ele era o cara com que eu sempre sonhei, um bad boy.

– Você me deixa agitada como um mar profundo.

As pessoas entraram na pista depois do último acorde e parei de contar depois do sétimo o número de caras com os quais eu dancei. Até mesmo o padre entrou na lista. Mas toda vez que um deles me rodopiava, eu procurava minha listras coloridas na pista e sempre o encontrava sorrindo.

Quando finalmente consegui me sentar foi somente porque estava na hora do jantar. Segurava a mão de Jake por baixo da mesa enquanto conversava com Ally ao meu lado. Ela estava radiando alegria e disse que precisava me contar uma coisa mais tarde.

É claro que eu não queria esperar até mais tarde, ainda mais por causa da cara que ela estava fazendo.

– Me conte agora!

– Agora não... Esse é o seu momento...

– Dane-se o meu momento, me conta! Não contrarie uma mulher grávida.

Ally sorriu. Senti uma pontada na testa e já sabia o que ela iria dizer antes mesmo dela abrir a boca.

– Você está fazendo a mesma coisa ao me contrariar.

– Ai meu Deus!

O tempo parou e todos ficaram em silêncio. Foi mais ou menos nisso que eu percebi que tinha gritado. Sorri. Fiquei azul de vergonha.

– É gente... Acho que nossos filhos vão crescer juntos no final das contas.

Todo mundo riu e formaram uma fila para nos dar parabéns. As tias e primas de Jake, mais as atrizes de Como Sereia, Christie, Susie e Sônia, Shelley e outras amigas nossas começaram a conversar sobre um chá de bebê duplo enquanto eu olhava para Ally, nós duas com cara de espanto. E medo, muito medo.

Jake encostou a boca no meu ouvido pra sussurrar:

– Está na hora do meu presente para você.

– Presente? Que presente? Como assim?

Ele piscou um olho, claro, tentando me seduzir e me fazer esquecer. E devo dizer essa tática deu muito certo, porque eu fiquei hipnotizada. Mas cai na real quando ele tirou o celular (câncer!) do bolso do terno e me mostrou a foto da casa mais linda que eu já vi na vida!

Era azul turquesa, com a porta e janelas brancas, dois andares, duas pilastras brancas na frente e uma entrada para carros ao lado. Ele mudou a imagem: dentro da casa, uma sala ampla com um chão impecável de tão lindo, era um azul – mais claro do que o da fachada da casa – mais escuro do que a cor do céu. Ele mostrou mais algumas fotos dos outros cômodos e da parte dos fundos, onde tinha uma árvore grande que poderíamos colocar um balanço para nosso bebê. Fiquei encantada.

– Quanto? Como? Onde? É incrível Jake!

– Um presente meu para você. Com dinheiro oras! Onde? Bem, fica em Seattle mesmo.

– Nossa casa? Sério? Parece um oceano!

– Eu sabia que você ia gostar.

– É. Como uma sereia.


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Notas finais do capítulo

É isso ai! Comentem? Me façam feliz? Sim? Que tal? Ah, por favor, não é tão difícil assim!
É, acho que deu pra perceber que a Calli e eu temos uma quedinha pela cor azul. Se alguém se interessa, as pedras do anel dela são Rubis e Topázio azul sky.



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