Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Percebi que passo a maior parte reclamando dos autores que demoram um mês pra postar um capitulo novo... E eu faço exatamente a mesma coisa! Oras, não me culpem!
Não abandonei a fic e espero que vocês também não... Ai vai mais um.



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Listras azuis, pequenas listrinhas azuis. Duas delas. Estava em choque. Continuava em choque meia hora depois. Onde está Jake quando se precisa de alguém com quem gritar e sentir remorso depois? Ah, meu Deus! Grávida!

Olhei novamente o teste na minha mão e senti ânsia de vomito. E não era por causa do mini Jake que estava se formando em minha barriga e que provavelmente já tem unhas. Claro que não! Eu quero vomitar pelo simples fato de querer vomitar! Algum problema com isso?

Abri a porta do banheiro e coloquei a cabeça para fora. Espiei e fiz um mapa para vias de fuga: Eu podia sair pelo lado do mar de almofadas e sentar-me na cama com colcha de espuma enquanto escondia o teste sorrateiramente dentro na minha bolsa ou podia sair de cabeça erguida com o teste escondido debaixo da blusa. Hum... Vou com a segunda opção. Abri totalmente a porta apenas para Ally surgir de sei lá onde, se pendurar no meu pescoço e ficar repetindo várias vezes “Senti sua falta senti sua falta” além de me dar um beijo estalado e pegajoso na bochecha.

                - Oi Ally.

                - Calli, como você está linda! Ai meu Deus! Você vai se casar!

                - Já saquei isso Ally.

Revirei os olhos e fiquei com a mão na barriga (onde se encontrava o teste e não para proteger o projeto X-Jake, que é o que você deve ter pensado) enquanto andava até a cama e pegava a bolsa. Ally fez um som parecido com um grunhido e me seguiu pulando e cantarolando. Quando consegui pegar a bolsa, a Senhorita Sou-Loira-e-as-vezes-faço-jus-as-piadinhas puxou meu braço e o teste (que eu estava tentando colocar na bolsa) voou longe.

Nós duas ficamos olhando para o palito de plástico no chão – e deixe-me dizer uma coisa: aquilo não parecia tão grande quando eu estava tentando fazer xixi em cima dele! Ally estava de boca aberta e repetia a palavra dois sussurrando para si mesma. De repente ela se levantou e correu para pegá-lo e eu não tive nem chance de evitar.

                - Calli...

                - Eu sei... Estou grávida.

                - Calli, isso é...

                - Burrice? Eu sei! Afinal eu moro em uma caixa de fósforos empilhada em cima de outras caixas de fósforos que não tem elevador em funcionamento e provavelmente vou por a criança para dormir na banheira! Mas tirando este fato chocante... Ah, sim! Ela vai ter pais loucos!

Ally sorriu docemente para mim. E eu nunca gostei muito quando ela sorria docemente, porque isso significava que ela ia dizer algo que era verdade e que ia me fazer mudar de ideia. E foi exatamente o que aconteceu.

                - Calli, vocês dois são ricos e só estão morando naquele apartamento porque querem. Vocês podem muito bem pegar a grana de vocês e comprar um casa em estilo vitoriano com sacada e pilares e viver perfeitamente bem – e ricos – com o bebê.

Não disse? Me fez mudar de ideia. Mas, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Christie entrou no quarto com o véu nos braços, dizendo alguma coisa sobre como os gases emitidos pelos aviões poderiam derreter aquele paninho vagabundo a duzentos metros de altitude. Ela parou estática quando viu o teste na mão da Ally.

                - Ai. Meu. Deus.

                - Christie...

                - Você. Está. G-gravida?

Concordei com a cabeça e reparei quando os olhos grandes e azuis saltaram das orbitas oculares seguidos por um berro. Christina jogou o véu pro alto e correu para me abraçar. Enquanto ela me sufocava e dizia o quanto estava feliz, Sônia e Susie apareceram pra ver o que estava acontecendo. E foi um Deus nos acuda quando Ally disse o que tinha acontecido.

                - Precisamos ligar para um médico!

                - Precisamos ligar para a costureira!

As quatro mulheres, que por acaso eram todas loiras e que estavam tendo um ataque histérico, corriam para todos os lados ou gritando sozinhas ou gritando umas com as outras. Tive que berrar mais alto que todas para que me ouvissem.

                - Chega! A única pessoa pra qual preciso ligar, é o Jake!

Acho que elas entenderam, por que dois segundos depois eu tinha um celular grudado no meu nariz chamando o numero do Jake.

                - Alô?

                - Jake?

Ouvi um barulho esquisito do outro lado da linha. Alguém perguntou por Jake, e outro respondeu que ele estava desmaiado perto da privada. Que lindo! E ainda não queriam que eu me preocupasse!

“Chama o Jake”

“Ele ta desmaiado em cima do próprio vomito!”

“Acorde ele, porra! A noiva dele ta na linha”

“Espere” silêncio “Cara, ele não consegue parar de babar.”

                - Fala pra ele que é sobre uma coisa que ele sabe sobre o que é.

                - Como é?

                - Fala que deu positivo!

O cara com quem eu estava falando soltou o ar no fone e depois um assovio. Imaginei que ele estivesse sorrindo e provavelmente eu estava falando com Marcus.

“Daryl, fala pra ele que deu positivo”

“Como assim? Ele vai ser...”

“Acorda logo ele!”

Seguiu uma conversa constrangedora com Marcus (que falou que era ele) sobre criança, amamentação e que se eu passasse óleo de bebê na barriga com todo certeza não ficaria com estria. Bem, bom saber disso. O telefone foi passado de mão em mão até chegar em alguém que reclamou que a toalha não seria o suficiente.

                - Calli?

                - Jake?

                - Como assim? Positivo? Certeza? Eu vou ser pai? São gêmeos? Trigêmeos? Quer que eu volte pra casa? Você ainda quer casar comigo?

Sorri. E senti uma falta absurda daquele idiota. Tentei repassar as perguntas na minha cabeça e responde-las na ordem correta.

                - Isso mesmo, positivo. Tenho certeza, sim você vai ser pai. Não sei. Espero que não. Decida você. E não faça perguntas idiotas: claro que quero casar com você. Já vim até aqui e não vou voltar atrás.

                - É muito bom saber que você honra com seus compromissos...

                - Não seja estúpido! Eu amo você.

Escutei um ‘click’ no fone e soube que ele estava sorrindo. Eu sabia também que ele não queria que eu soubesse, por isso não falou nada e ficou lá, esperando que eu falasse mais umas três vezes que o amava. Jake era bem infantil quando queria.

                - Eu vou voltar pra casa.

                - Não precisa.

                - Eu quero...

                - Sério, não precisa. A gente tem que ajeitar mais umas coisas aqui e eu tenho que arrumar essas coisas chatas.

                - Mas...

                - Não precisa.

                - Eu vou ir sim.

Suspirei e olhei exasperada para Sônia pedindo socorro. Ela andou elegantemente até mim e pegou o celular. Afastou-se enquanto falava com o filho. Fiquei olhando-a de costas, os ombros eretos e firmes, voltou cinco minutos depois e me entregou o celular.

                - Oi?

                - Tudo bem. Vou voltar só amanhã á tarde.

                - Ela te ameaçou, não foi?

                - É. Eu amo você Callissa. De verdade. E você sabe que eu nunca brincaria com isso do mesmo jeito que sabe o quanto estou feliz por que vou ser pai. Agora vou desligar e tomar banho pra tirar esse cheiro de vômito do meu cabelo. Até amanhã.

                - Também te amo. Eca. E até amanhã.

Desliguei o celular e apenas fiquei olhado a foto do visor: eu sentada na banqueta da mesa na cozinha, segurando Lotte perto do meu rosto enquanto fazia um bico esquisito de olhos fechados. Ainda lembro-me de Jake dizendo que eu amava mais aquela gata do que ele. A agarração que se seguiu foi assustadora. Vou contar essa história quando esse bebê crescer e perguntar como foi que o fizemos: “Certo dia eu estava brincando com aquela gatinha que eu sempre digo para você considerar sua irmã e seu pai disse que eu a amava mais do que o amava, a agarração foi tão surpreendente que nasceu você.”

Perfeito! Estou imaginando o futuro agora! Senti uma mão no meu ombro e me virei para dar de cara com Sônia. Ally, Christie e Susie logo atrás. As quatro sorrindo. Percebi que Lotte também parou o que quer que ela estivesse fazendo minutos antes para me olhar. Senti-me a melhor pessoa do mundo por ter tantas outras que se importavam comigo. Fiquei me sentindo, claro.

Mesmo assim, isso não me impediu de me sentir triste por estar sozinha.  


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Notas finais do capítulo

Comente? Sim? Claro? Talvez? Que tal comentar que você não vai comentar? Ou quem sabe só dizer que você está ai, do outro lado, lendo isso? *-*



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