Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Não vou dizer que não gosto dessa história, porque eu amo a Calli, mas é verdade que me decepcionou já que ela tomou um rumo totalmente diferente do qual eu queria. Só espero que eu tenha conseguido dar um fim decente depois de tanta coisa esquisita e sem sentido... Ai vai!



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Eu estava tentando prender os botões da calça quando Jake entrou no quarto berrando:

– Eu estou com um pressentimento estranho!

– O que?

– Alguma coisa vai acontecer! Calli, e se nós morremos no meio do caminho?

Ele estava assim a semana toda. Jake foi comigo no set de Como Sereia e pirou em cima dos atores com a ideia de que alguma coisa estava para acontecer. Todos, como bons atores que eram, riram e disseram pra ele ficar calmo que novas boas viriam pela frente. Isso só o fez pirar um pouco mais.

– Jake, e se for algo bom?

– Tanto faz Calli! Isso só vai mostrar que eu estava certo e que alguma coisa aconteceu mesmo!

– Então para com isso!

Ergui as mãos e um brinco que eu estava tentando prender na minha orelha voou. Olhei a pedrinha que se soltou e tive vontade de deitar e morrer. Estava tão nervosa quanto um gato em cima de uma arvore da qual não consegue descer... Não sei se isso é algo bom, ainda mais por estar fazendo pelas costas de Jake. Mas, me pareceu tão certo na hora, só que ele estava enlouquecendo!

– Que foi isso?

– Isso? Isso é meu nervosismo escorrendo pelos dedos!

Então ele sorriu e andou até mim. Parou com o queixo alguns centímetros do meu nariz e suspirou.

– Você achou mesmo que poderia esconder uma coisa dessas de mim?

Arregalei os olhos de descrença gratuita... Quem foi o desgraçado que contou? Argh!

– Mas o que...? Quem te contou?

– Ninguém me contou Calli... Casamento é uma coisa muito importante e sendo um segredo você não ia conseguir esconder de mim.

– Ahn, você então poderia fazer cara de paisagem e fingir que não sabe de nada?

– Estou fazendo isso há uma semana.

Abracei-o e enfiei o rosto em sua camisa azul... Ele estava tão lindo! Senti-me estranha de repente, como se faltasse o chão, ou o ar... Ou os dois. O mundo rodou nos meus olhos e me segurei em Jake para não cair. Eu tinha a sensação de que tinha alguma coisa errada dentro de mim. Algo fora do lugar, crescendo...

– Calli? Você esta bem?

Respirei pela boca tentando juntar ar o suficiente para clarear minha mente. Olhei para Jake e então tudo fez sentido. Era culpa dele!

– Ah, não posso acreditar!

– Que foi?

– Você acreditaria se eu dissesse que tem uma boa possibilidade de eu estar grávida?

Eu poderia descrever esta cena de inúmeras formas capengas como o resto dessa história, mas acho melhor resumir tudo em: Ele adorou a notícia. Mas pense, era tudo que eu precisava! Só falta uma casa em estilo georgiano, com um caminho de pedrinhas e uma cadeira de balanço na varanda. Há, sarcasmo!

– Jake...

– Isso é incrível!

– Eu não...

– Calli, imagine só uma garotinha tão ruiva quanto nós dois brincando com a Lotte!

Ele me abraçou e me ergueu do chão. E eu disse que não ia descrever isso... Ah, foda-se! Jake estava feliz, e eu estava assustada. Segurei em seus ombros e fechei os olhos enquanto ele me girava pelo quarto. Isso era por dois motivos: primeiro eu não queria vomitar; segundo eu não queria chorar.

– Jake... Não.

– Que foi?

Ele me pôs de volta no chão e colou as mãos nos meus ombros. Abaixou a cabeça para me olhar nos olhos. Senti ânsia de novo.

– Não sei se consigo fazer isso.

– Você... Quer dizer, não vai ficar sozinha. Eu estou aqui.

– Eu sei! Mas não consigo ver uma família aqui, nesse apartamento! Onde colocaríamos o bebê? Do lado da banheira? E imagino você dando comida pra criança e todo melado e... É muita informação.

Sentei-me na cama e não demorou muito para que eu me deitasse. Jake deitou ao meu lado e colocou o braço debaixo da minha cabeça.

– Vai dar tudo certo... Minha mãe pode ajudar minhas irmãs já são mães... Eu vou ficar com você e ajudar... E continuar te amando mesmo que você não possa mais dançar street dance por um tempo.

Soltei uma gargalhada involuntariamente. Tenho dado muitas risadas involuntariamente nos últimos tempos. Como se uma torneira do riso tivesse sido aberta na minha boca. Comecei a me sentir um pouco melhor e então me lembrei que íamos no atrasar.

– Temos que sair agora se quisermos chegar lá cedo.

– Eu sei.

Ele me beijou de um jeito engraçado. Meio “manso”, como se achasse que fosse machucar o bebê só de me beijar...

– Eu amo você.

– Eu te amo também.

Chegamos à casa de Sônia na manhã do dia seguinte. Minha bunda estava retangular e meu estômago estava colado nas costas. Lotte também não estava muito feliz de ficar presa naquela casinha do mal... Dava pra perceber pelos miados maníacos dela.

Sai do carro e abracei Sônia. Ela estava com uma roupa azul-bebê, imaginei que a sala tivesse sido redecorada para combinar com sua roupa.

– Está tão bonita querida!

– Você também está muito bonita.

Vi as bochechas de uma mulher de setenta anos ficarem vermelhas e achei isso muito embaraçoso. Fofo, mas embaraçoso. Ela soltou um risinho e olhou para trás de mim. Virei-me e vi Jake se matando para tirar as malas do carro junto com a casinha de Lotte.

– Deixe que eu pego!

– Você não pode fazer esforço...

Corri até o carro e abri a porta traseira com força. Jake se assustou e bateu a cabeça no teto do carro. Soltou um palavrão baixinho e mais um quando viu minha cara.

– O que foi que combinamos?

– Que não falaríamos nada antes de ter certeza.

Ele disse isso com a mão na cabeça e um olho fechado. Devia ter doído. Peguei a caixa da Lotte e a tirei do carro. Jake deu a volta e ficou parado ao meu lado, os braços segurando as malas de forma precária.

– Ah, entrem! Vocês devem estar cansados da viajem! Vamos! Porque não deixaram a gata em casa?

– Não tinha ninguém que ficasse com ela. Calli cuida dela como se fosse uma criança.

Subimos os degraus da casa em estilo georgiano tão grande quanto meu prédio, passamos por um caminho de pedrinhas que iam até a porta e entramos na casa... Só faltava uma cadeira de balanço na varanda (se tivesse uma varada). Subimos as escadas e Sônia nos deixou no mesmo quarto da ultima vez: o antigo de Jake.

Eu abri a porta porque ele estava sem condições e entramos. Paramos estáticos, de boca aberta. A mulher tinha tirado todo e qualquer sinal da passagem do Jake adolescente por ali e agora era um quarto perfeitamente... Estranho! Com uns tecidos verdes e azuis ondulando para lá e para cá, um tapete bege imitando areia e alguns quadros com fanarts de Como Sereia.

– Meu Deus!

– Minha mãe enlouqueceu...

Eu tinha adorado e nem liguei para o fato de Jake quase ter surtado outra vez quando eu coloquei a caixa de Lotte no chão, abri a portinha e nós duas corremos pelo quarto, puxando, mexendo e remexendo nas coisas.

– Calli...

Continuei correndo e pulando pela cama e no tapete, olhando quadros e brincando com sinos-de-vento com formatos de peixes, e sereias nadando pelas paredes. Eu estava parecendo uma criança e tinha certeza de que meus olhos brilhavam com tanta mágica. Aquele quarto era mágico.

– Você gostou mesmo né?

– Claro! – Olhei para ele com um enfeite de golfinho em minhas mãos prensado contra o corpo.

– Você é mesmo linda.

Jake andou até mim e me beijou. Me grudei a ele e ele fez um som esquisito. Com a mão que não me segurava ele tirou o enfeite da minha mão e o colocou de volta no lugar. Comecei a me empolgar e quando dei por mim já estava com os braços em seu pescoço procurando um meio de me içar em seu colo. Paramos ao ouvir alguém limpar a garganta.

– Ah, meu santo Deus!

– Olhe esse cabelo!

Jake me segurou atrás de suas costas e se virou para olhar a porta. Me afastei alguns centímetros para poder ver também. Eram elas, as gêmeas de cabelo loiro acobreado.

– Oi?

– A famosa Callissa!

– Ah, meu Deus!

– Susie, para de usar o nome de Deus em vão!

Sônia apareceu na porta, entre as duas mulheres lindas de morrer que se pareciam tanto com Jake que chegava a ser assustador (não que elas tivessem barba e ele rosto de menina), olhou de cara feia para a gêmea de cabelo liso.

– Desculpe mamãe.

– E Christina cumprimente a namorada do seu irmão direito!

Christina – a gêmea de cabelo cacheado - veio até onde nós estávamos parados e ficou na frente de Jake, como se tivesse dizendo mentalmente para ele sair da frente. E foi o que ele justamente não fez.

– Promete que não vai arrancar os cabelos dela, nem as bochechas?

– Prometo.

Olhei para Christina como um animal indefeso olha para os faróis de um carro prestes a atropelá-lo e entendi finalmente o medo que Jake tinha de encontrá-las.

– Oi Calli, sou Christie. É bom finalmente conhecer você.

Então ela me abraçou. E foi isso. Jake é muito dramático mesmo. Foi a vez de Susie se apresentar.

– Calli! Oi, eu sou Susie! Eu vi você na Tv e vi meu irmãozinho lindo se declarar pra você! Fiquei tão orgulhosa de ele finalmente ter arranjado uma namorada inteligente!

Ela me abraçou e ficou dando pulinhos, escorada em mim, porque claro que elas eram pelos menos dez centímetros mais altas do que eu. Dois homens apareceram na porta do quarto e se apresentaram como maridos de Susie de Christie.

– Jake, cara que saudades!

– É, vamos sair e tomar umas cervejas!

– Agora?

– Claro! – Disse Daryl animadinho. Devia ter sido muito engraçado o primeiro encontro dele com Susie... Dois felizes de carteirinha.

– Você é Callissa, certo? Sou Marcus!

Marcus era grande e forte e quando passou os braços para me abraçar parecia que eu estava sendo abraçada por um urso. Um urso polar, porque ele tinha o cabelo loiro platinado (quase branco) e olhos azuis bem claros.

– Me deixe abraçá-la Marcus! – Daryl fez cara feia para o Urso Polar e depois se virou para mim – Mas vejam só, a famosa Senhora das Sereias! Sou Daryl!

Ele me abraçou e fui como ser abraçada por outro urso, só que desta vez um urso pardo para combinar com ele: Daryl era igualmente forte e alto, a pele morena e o cabelo muito escuro, igual aos olhos.

– Bom conhecer todos vocês!

Mais alguém apareceu na porta. E dessa vez eu sabia que já estava na hora de Jake sumir da casa. Ele estava de camisa pólo verde e parecia combinar com Daryl e Marcus que também usavam camisas iguais. Espera ai, o que eles estão aprontando?

– Oi Arthur!

Eu disse e dois segundos depois Jake já estava ao meu lado sorrindo e acenando (sorria e acene, sorria e acene)... Mas logo ele entendeu o que ele estava fazendo ali e relaxou.

– Hey cara!

– E ai?

Os três homens trocaram olhares cúmplices e alguns instantes depois Jake estava tentando me dar um beijo de despedida enquanto os caras o arrastavam para fora do quarto. Olhei pela janela do quarto-oceano depois que eles saíram e vi quando eles arrancaram a camisa azul dele e enfiavam a pólo verde pela sua cabeça, quase a arrancando no processo. Virei-me para as Garotas Miller e desejei ter ido junto com Jake.

– Agora é a sua vez.

– Isso ai!

– Vamos botar pra quebrar! Uhul!

É, ficamos assustadas. Imagine a situação em que sua mãe ou sogra solta uma gíria dos anos 80 e joga os braços para cima com uma roupa de senhora tão imaculadamente passada e engomada que chega a ser doloroso respirar perto dela. Você também ficaria assustado! É, com certeza ficaria assustado!

– É, vai ser um longo dia...

Charllote pulou na cama e se esticou por ali mesmo. Até ela sabia que ia demorar um século para darem um jeito no meu rosto. Ainda mais para o que estava para acontecer.


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Notas finais do capítulo

Ah, sim! Esquecei de avisar, esse não é o ultimo...
Comentem e comentem e sei lá, vocês já comeram hoje?



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