Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 21
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

É, eu aqui... Tentando terminar, mas sem coragem de dar tchau para a Calli. Talvez esse seja o penultimo....
É isso, nos vemos ali pra baixo.



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Tinha algo de estranho naquele sonho. Com certeza. Eu estava com o mesmo vestido da noite anterior, só que, ao invés de estar dançando com Jake no casamento de Cam, eu estava dançando com meu pai na proa de um navio de pesca. O mesmo que nós viajávamos para expedições quando eu era criança.

                - Papai?

                - Psiu, vai acordar sua mãe...

                - Mas...

                - Psiu Calli.

Deitei a cabeça em seu ombro e tentei guardar aquela sensação para sempre.

                - Senti sua falta.

                - Eu também querida.

Phil estava igual á ultima vez que eu o vi: o cabelo ruivo com entradas grisalhas, o rosto cassado e com leves rugas, mas ainda bonito (triste realidade onde os pais são lindos e os filhos pequenos monstrinhos feios). Só que agora ele tinha a pele muito pálida e olheiras roxas, como se tivesse dormido muito tempo... Debaixo d’água.

                - Callissa, eu queria falar com você...

                - Sobre o que pai?

                - Sobre sua vida.

Abracei-o, mesmo sabendo que seria passageiro.

                - Pode dizer.

Phil abraçou meus ombros também e senti meus olhos se enxerem de lágrimas.

                - Eu quero que você aproveite tudo querida, quero que você seja feliz com tudo que tem e tudo o que têm ganhado. Querida, você vai ser feliz com aquele moço, eu sei que vai e aprovo. Seja feliz, minha pequena sereia.

Então, meu pai sumiu. E eu fiquei de pé na proa do barco, sentindo o ar salgado bater em meu rosto.

Acordei com a sensação horrorosa de estar sendo observada. Abri os olhos e uma luz, também horrorosa, me acertou na cara. Gemi.

                - Oi.

                - Hum...

                - Bom dia.

                - Hum...

Jake riu e eu coloquei o travesseiro na cabeça.

                - Vamos acorde!

                - Não quero...

Encolhi-me toda e percebi que não estava mais com meu vestido. Olhei para baixo, pela fresta do travesseiro e vi que estava com a camiseta dele. A mesma do dia que nos conhecemos.

                - Porque estou com essa blusa?

                - Tire o travesseiro do rosto...

                - Não... - Jake passou os braços pela minha cintura e me puxou para si.

                - Você mal conseguia andar de tanto sono e champanhe, então eu te carreguei para casa, troquei sua roupa e...

                - E o que?

Arrisquei olhar para ele e foi o maior erro da minha vida. Jake me encarou e cinco segundos depois estava montado na minha barriga agarrando meu nariz.

                -Jake, solta!

                - Não!

Comecei a me debater e a socar seu estômago, mas isso só o fazia rir um pouco mais.

                - Jake...

                - Pronto agora você está toda vermelha.

                - Idiota!

Ele soltou meu nariz e foi uma surpresa quando o encontrei intacto no meio da minha cara. Esfreguei-o por uns segundos e quando Jake se distraiu com meus cachos, dei uma guinada e parei em cima da barriga dele.

                - Calli!

                - Minha vez!

                - Não vale, você vai fazer o que? Arrancar minha língua?

Por mais estúpido que isso possa parecer, Jake conseguiu dar um jeito de perverter a situação.

                - Seu... Safado! – Dei um tapa em seu peito.

                - Há-há.

                - É sim!

Segurei - ou pensei que segurei – seus braços de cada lado da sua cabeça e encarei seus olhos. Estúpido!

                - Oi.

                - Hey.

                - Você vem sempre por aqui?

                - Aqui em baixo? Não muito.

Jake sorriu e deu de ombros. Se é que dava pra dar de ombros naquela posição. Pressionei mais seus braços e cheguei meu rosto perto do dele.

                - Espero que esteja gostando.

                - Ah, sim! Muito! Espero voltar aqui mais...

Não o deixei terminar, grudei minha boca na dele e depois de alguns minutos já estava de volta ao meu lugar: em baixo de Jake. Entrelacei meus dedos em seu cabelo ruivo e me grudei mais á ele.

                - Hum...

                - Quê?

Ele segurou meu rosto e parou de me beijar. Me olhou de cara feia, como se eu fosse uma criancinha fazendo algo errado.

                - Não faça isso.

                - Isso o que? – Claro que eu sabia o que era, aproveitei e puxei seu cabelo mais uma vez.

                - Isso!

                - Ah, mas é tão bom...

                - Não é bom ter o cabelo arrancado a tufos do meu coro! Quantas vezes mais eu vou ter que te dizer isso?

                - Ah, fique quieto, se não eu jogo outro pêssego em você!

Jake mordeu minha bochecha e depois beijou meu nariz. E isso estava tão meloso que vou parar os relatos dos vinte minutos seguintes por aqui.

                - Jake?

                -Hum?

Eu estava deitada com a cabeça na curva das costas dele. Jake estava deitado de bruços, os olhos fechados e os braços apoiando a cabeça;

                - Eu não conheço suas irmãs.

                - Susie e Christina. Gêmeas do mal. Melhor nem conhecê-las.

                - Mas Jake...

                - Elas vão brincar de boneca com você.

                - Ah... Mas são minhas cunhadas, Jake.

Ele suspirou, mas quando pensei que ele fosse se dar por derrotado, quase me matou do coração.

                - Ah, se você quiser conhecê-las realmente, podemos pedir pra minha mãe organizar uma reunião na casa dela...

                - Você é mal.

                - Vai dormir Calli.

Fiquei alguns minutos deitada naquela posição, e só me levantei quando vi que ele tinha dormido. Fui ao banheiro e enchi a banheira. Tomei um longo banho, me troquei e fui procurar Lotte. Encontrei-a estirada no sofá, em cima da calça do Jake.

                - Oi menina! Comida!

Bem, você já deve ter percebido que todo animal tem uma palavra mágica, para alguns é uma palavra de amor, para outros, alguma ameaça. Para Lotte era comida. Ela levantou feito um pequeno raio obeso e se jogou em cima da vasilha de ração.

                - Calma!

Depois que ela já estava morrendo ao lado da vasilha vazia, me sentei á mesa e olhei o buquê que eu havia pegado com a minha boca. É, porque Shelley foi certeira no arremesso. Me lembrei do que Jake tinha dito logo depois que eu consegui desenroscar as flores dos meus cabelos (com a ajuda de Ally e do olhar de raiva das irmãs do Cam, que agora sabiam que não tinham mais chances).

                “- É, agora você não pode mais me enrolar. Vão estar todos de olho em nós.

                - Fique quieto!

Ele sorriu e puxou algo da minha cabeça. Ah, adivinha? Uma folha!

                - Qual é Calli. Você já disse sim, só precisamos marcar a data e fazer os preparativos...

                - Jake, coisa linda, maravilha da minha existência, eu amo muito você, mas não entendo como você pode me amar tanto!

                - É por isso? É só por isso que você está enrolando tanto? Inacreditável Callissa!”

Depois disso ele ficou de cara feia pro meu lado e pra fingir que não tinha percebido, eu tomei algumas taças a mais de champanhe. Em algum momento indeterminado, Jake sumiu, mas eu pensei que ele estivesse dançado outra vez com a mãe da noiva. Só, que pro meu total espanto, Jake apareceu no palco, pediu o microfone do cantor e fez um discurso. Um discurso, pelo amor de Deus!

                “- Então gente. Ér, eu mal conheço os noivos, mas agradeço por terem me convidado. Cam desculpe aquele soco cara... Certo, certo. Os que estão aqui, que conhecem minha namorada ali, a Callissa, deve saber como ela é cabeça dura...

                - É mesmo!

                - Então, eu estou aqui, pagando esse mico, só pra dizer os motivos pelos qual eu a amo tanto. Primeiro: o jeito que ela se veste! Fala sério, é muito estranho! Segundo: o cabelo. Terceiro: como ela consegue dormir em qualquer lugar. Quarto: como ela consegue comer qualquer coisa. Quinto: a forma como ela nos faz gostar dela só de olhá-la pela primeira vez. Sexto: o jeito de ela dançar. Sétimo: o jeito de ela escrever... É, eu li seus livros quando você ainda estava escrevendo sem você saber. Oitavo: o jeito bobinho de ela brigar comigo quando faço besteira. Nono: como ela consegue me amar apesar disso. Décimo: como ela consegue sorrir todos os dias, mesmo depois do que ela passou. É por isso que eu te amo sua idiota.”

É, sou uma idiota. Muito idiota mesmo. Só que eu não consigo entender porque eu tenho que me casar com ele pra provar que eu o amo. Amor não é só isso. Mas eu até que consigo ver pelo lado dele: Jake foi traído pela mulher que ele amava, e agora, tudo que ele quer provar (acho que pra si mesmo) é que ele pode escolher alguém, se casar e ser feliz.

Certo, essa então é a coisa certa a fazer então. Peguei o celular traço arma nuclear traço bomba atômica e liguei para Ally.

                - Calli?

                - Oi, preciso da sua ajuda. 


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Notas finais do capítulo

Prontinho!! Cometários? Eu mereço, não acham? Vocês que sabem...
Até o próximo!



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