Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

A criatividade sentou na minha cabeça '-' Espero que dure até eu termina essa fic...
Aqui vai mais um.



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Ninguém é tão louco que não possa encontrar outro louco que o complete. Era essa frase que estava rondando meu cérebro enquanto eu olhava o cara de terno preto à minha frente, no final do corredor da igreja. Ele estava realmente lindo: o cabelo propositalmente bagunçado, a barba feita e um sorriso lindo pregado no rosto. Acho que ele estava realmente feliz.

E eu também, claro! Muito bom saber que seu ex-namorado finalmente vai parar de pegar no seu pé e que agora você vai poder ficar com um cara lindo e que te ama!

Cam estava nervoso, e eu percebia isso, pois ele não conseguia parar quieto no lugar. Toda hora trocava o peso do corpo do pé esquerdo para o direito.

Olhei de canto de olho para Jake e vi que ele estava encarando minhas pernas.

– Para de me olhar assim!

– Mas você está tão gostosa nesse vestido...

– Jake, estamos numa igreja! Por favor, tenha respeito!

– Mas acho que aquele santo ali também está olhando suas pernas...

Segurei o riso e prendi a respiração quando ele beliscou minha barriga. Tive vontade de gritar e pedir para ele me tirar dali o mais rápido possível, mas eu queria ver o vestido da noiva. Então a curiosidade venceu...

– Eu senti falta do Jake safado.

– Não fale essas coisas numa igreja!

Encarei-o de boca aberta. Canalha do mal!

– Mas foi você quem começou!

Ele sorriu de lado e me lançou um olhar safado. Tive vontade de morrer pelo fato de não poder beijá-lo naquele momento.

– Fatores da tentação querida.

– Você está se achando a maçã do éden? Coitado.

Jake encostou a cabeça no meu ombro pra poder sussurrar no meu ouvido que as irmãs do Cameron não paravam de olhar para ele e soltar risadinhas. Entrei no alerta ciúme.

– Ah, legal você ter me falado isso dentro da casa do Senhor. Estou tendo pensamentos assassinos agora!

– Não precisa. Eu sou seu.

– Não tem meu nome escrito em você Jake.

– Pendure uma plaquinha da próxima vez então.

Olhei na direção das irmãs de Cam. A pergunta que eu queria fazer era: Como ele sabia quem elas eram?

Mas depois caiu a fixa! Eram todas idênticas ao Cam e estavam sentados do lado da família dele, junto com seus pais. Eram quatro no total, e todas eram lindas. Que golpe baixo!

– Acho que só uma plaquinha não vai resolver.

Acomodei-me melhor no banco desconfortável e estudei a igreja. Era um lugar lindo, de verdade. Uma construção antiga e com anjinhos cobertos por nuvens pintados no teto. O altar onde Cam estava tinha escadinhas de mármore e vários castiçais de ouro. Perdi a concentração com Jake deitando a cabeça no meu ombro novamente.

– Não fique assim.

– Não consigo. Desculpe.

– Já sei como posso resolver isso.

Ele segurou meu rosto com uma mão e a outra colocou no banco. Encostou a boca na minha e me beijou. Sem nada espalhafatoso. Jake encostou a testa na minha, tentei conter um suspiro, mas foi mais forte que eu.

– Pronto.

– É.

– Quer ver se deu certo?

– Claro!

Olhei de rabo de olho para o lugar onde as garotas estavam sentadas, e elas me olhavam como se quisessem me matar. Sorri.

– Legal.

De repente todos começaram a se mexer e isso queria dizer que a noiva iria entrar. Para minha surpresa não foi a marcha nupcial que tocou. Mas sim, a música favorita do Cam.

– Mais legal ainda.

– É a música favorita dele.

– Hum... Acho que eles não vão deixar tocar minha musica favorita no nosso.

– E qual seria?

– Candy shop.

– Meu Deus!

Jake soltou um risinho e as pessoas que estavam ao nosso redor nos olharam de caras feias. Murmurei um “desculpe” e olhei para a porta da igreja justamente quando Shelley entrava.

Ela estava linda. Simplesmente linda! O cabelo azul claro estava preso de lado com alguns fios soltos e o vestido era simples e longo. O véu caia em renda até o chão e o buquê era de tulipas roxas.

Shelley começou a andar para o altar ao ritmo exato da musica e senti uma necessidade imensa de que meu casamento fosse tão lindo quanto o dela. O que é estranho, pois eu nunca pensei no meu casamento antes...

Jake segurou minha mão na hora que ela passou na nossa frente e quando Shelley me olhou, senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Você deve estar pensando com sua voz de velha caquética que eu estava com ciúme, mas a verdade é que, naquele olhar eu vi tudo pelo o que a Shell passou quando eu namorei o Cam: ela sempre gostou dele, mas ele nunca tinha percebido.

Esse foi mais um motivo pra eu ter terminado com ele: Cameron merecia alguém que o amasse de verdade. E agora todos nós estamos felizes. Oba!!!

O casamento foi quase perfeito, tirando a hora que uma garota saiu de sei lá onde, gritou “protesto” e disse que amava a Shelley. Todos riram e alguém tirou a garota da igreja.

Eu e Jake estávamos sentados em uma mesa onde estava escrito nosso nome, juntamente com Ally e Oliver.

– Então, ai você não pode escolher os que aparentemente estão estáveis, por que na maioria das vezes são os primeiros a cair...

– Do que eles estão falando?

– Não faço ideia Olie.

É, Jake e Ally estavam envolvidos em altos papos sobre números. E eu odeio números! Então eu comia e ria das piadas que Oliver estava fazendo sobre as tias esquisitonas dos noivos. O lugar onde estava sendo a recepção era lindo: ficava no meio de um pequeno bosque e todas as mesas estavam posicionadas debaixo de uma tenda azul-céu. Tinha que ter uma tenda, afinal era Seattle e aqui chove que é uma maravilha. E também estava frio, o que fazia com que as namoradas roubassem os paletós dos namorados e a titias se encolhessem sob os xales. E eu, com um casaco próprio, porque meu belo namorado disse que ia me deixar morrer de frio caso eu não levasse um. Ah, sim, voltado à descrição: havia pequenos arranjos das mesmas tulipas do buquê da Shell espalhados em cima de pilastras e uns degraus que davam para uma tenda menor, onde tinha uma banda e uma pista de dança.

Senti a mão gelada de Jake na minha perna e me virei automaticamente para ele.

– Que foi?

– Está tão bonita.

– Obrigada.

Vieram os brindes, o chororô do pai da noiva, a tia bêbada, as irmãs solteiras, e mais uma série de chororô e então a primeira dança dos noivos.

Que para a surpresa geral (menos a minha) começou romanticamente chata e de repente deu uma guinada para hip hop e todo mundo saiu dançando. Mentira, só o grupo do Cam.

Então, a música mudou e foi a deixa para os convidados menos “coordenados” dançarem também. Jake tocou minha perna de novo.

– Nem pense...

– Dança comigo?

– Não faça cara de cachorrinho!

– Mas se eu não fizer você não dança.

– Ok. Eu danço com você.

Nos levantamos, porém, mal colocamos os dois pés na pista, uma imensidão de mulheres fizeram fila para dançar com Jake. E eu, como estava louca para deixar a dança para depois de ter bebido pelo menos três taças de champanhe – e claro, depois de fazer uma breve avaliação da grande fila de mulheres – deixei Jake dançar.

Fiquei encostada num pilar da tenda, com uma taça na mão, olhando enquanto Jake rodopiava com a mãe do Cam pela pista. Achei que ele ficava lindo com o cabelo recém cortado caindo sobre a testa, mas nunca diria isso para ele. Na verdade, eu estava me sentindo extremamente deslocada com meu cabelo cacheado caindo em cascata sobre os ombros e com um vestido vermelho igual ao meu cabelo. Eu estava parecendo um tomate!

– Oi Calli.

Virei assustada e dei de cara com um homem – que eu achava que não conhecia por dois motivos: 1º São poucas pessoas de cabelo prata que você consegue esquecer; e 2º Eu, com certeza, não me esqueceria de um cara lindo de cabelo prata.

– Oi?

– Ah, desculpe, você não me conhece. Eu sou Gerard.

– Oi Gerard. E você me conhece de onde?

– Se eu não conhecesse a pessoa mais famosa daqui, eu deveria estar morando num buraco todo esse tempo.

Então ele sorriu. E ele tinha covinhas. E eu descobri que não sou apaixonada por covinhas. Mas sim pelas covinhas do Jake. Fiquei na defensiva.

– Ah, sim. Às vezes esqueço-me disso.

– E tem como?

– Pode crer.

Gerard ficou parado ao meu lado por um tempo e eu comecei a pensar que ele ia sair logo dali, mas pro meu espanto ele começou a me encarar. Me encarar! Pelo amor de Deus!

– Então...

– Sim?

– Quer dançar comigo?

Ai, mais que merda!

– Ahn... Claro, por que não!

Sorri e larguei minha taça numa pilastra qualquer. O cara me pegou pela cintura e rodou pela pista. Alguns segundos depois de começarmos a dançar, o DJ filho de uma mãe boa trocou a musica agitada para uma lenta e Gerard aproveitou o momento para enroscar os braços pela minha cintura e eu não tive opção a não ser colocar as mãos em seu ombro.

Então, conhece a manobra do “Cai fora”? É assim, se um cara que você não está afim te tirar pra dançar numa música lenta, você põe as mãos ou nos ombros ou entre vocês, para no caso dele tentar te beijar você consiga empurrá-lo para longe. E é essa manobra que eu estava me preparando para usar, se não fosse um cara lindo de cabelo vermelho aparecer para me salvar.

– Com licença, mas eu gostaria de dançar com a minha namorada agora.

Gerard estava com a cara enfiada no meu pescoço e eu estava começando a me desesperar. Piorou quando ele respondeu que não.

– Então me deixe refazer a frase: Sai fora que eu quero dançar com a minha noiva.

– Que isso cara! Pra que tanta violência?

– Cai fora!

Jake não gritou. Em nenhum momento. O que me assustou muito, porque só com a expressão dele eu tive vontade de me esconder debaixo de uma mesa. Mas, ele não me machucaria então me soltei do cérebro de colher (se é que isso é um xingamento) e passei o braço pela cintura do Jake.

– Você...

– Ele é meu noivo, você não assiste televisão? Todos sabem disso.

– Tanto faz, tem mais garotas gostosas e inteligentes por ai, só esperando por mim.

– Então vá atrás de uma que te queira.

Ops. Não tive a intenção de ser má, mas eu não consigo controlar isso. Tipo, não tem um botão on/off. Ah, dane-se!

– Eu quero minha dança agora.

– Você pode ter todas agora.

Passei os braços pelo pescoço do Jake e essa era a manobra “To afim de que você me beije”, que é basicamente abrir espaço para que o cara possa te beijar.

– Garotas! Vou jogar o buquê!

– Ah droga! Logo agora?

– Podemos dançar mais tarde Jake.

– Jura?

– Sim.

Me descolei com dificuldade do Jake que não queria me soltar e encontrei Ally no meio do mar de mulheres que tinha se aglomerado em frente ao palco pra tentar a sorte.

– Hey Ally. Não vale! Você já é casada!

– Eu sei, mas você sabe o quanto eu adoro ver um monte de mulheres se espancando por causa de um buquê.

– Ata.

Começou a contagem regressiva. Cinco, quatro, três, dois...

E eu tive o imenso azar de ter um buquê jogado bem na minha cara. Eu odeio flores.


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Notas finais do capítulo

É isso ai! Comentem, ok?



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