Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Parabéns para mim, nessa data... Ah, vocês entenderam! Meu aniversário hoje! Eeeeeeh!
Mais um capítulo para vocês!



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- Então, garotas. Acho que está na hora do meu cochilo das seis! Vou subir e deixar vocês conversando.

Parei a taça a meio caminho da minha boca e olhei apavorada para Sônia. Ela ia nos deixar sozinhas! Eu e aquela Gazela!

Não, com certeza não saiu boa coisa.

                - Então, Callissa. Qual é a sensação de destruir um lar?

                - Eu ia te fazer a mesma pergunta.

                - Eu não destrui meu lar, Callissa. Eu só quero ser feliz com os dois amores da minha vida. E agora três.

Ela colocou a mão protetoramente sobre a barriga e eu senti meu estômago se embrulhar, preparando-se pra por todas as mini-tortas para fora.

                - Eca garota! E você queria o que? Uma bela casa no campo onde viveria com seus dois maridos e uma criança com o cérebro prestes a pifar? Não é uma ideia de gênio se você quer saber.

                - Ah, sim! Por que escrever um livrinho de merda sobre a pequena sereia é super criativo! Você não passa de uma garotinha idiota que acredita em contos de fadas!

                - Melhor que ser uma desiludida com a vida! Não sabe nem o que é amar alguém a ponto de ter que escrever sobre a pessoa para não ficar depressiva!

Savana me olhou com desdém, como se eu fosse algum tipo de criança delirante.

                - Isso não é amor. Amor é querer ficar com a pessoa a todo custo. Amor é querer que a pessoa gaste todo o seu tempo e dinheiro para que você fique feliz.

Eu a encarei do outro lado da mesa. Aquela mulher enfiada num vestido apertado só para mostrar a barriguinha de grávida era mais fútil do que eu podia imaginar. Ela não amava os dois “maridos”, ela amava o dinheiro deles. Agora era fácil de entender. Era mais fácil ainda seguir o meu plano.

                - Já entendi seu plano, Savana.

                - O quê?

Ela arregalou os olhos e vi o canto de sua boca tremer. Isso iria ser tremendamente divertido.

                - Eu fui idiota de não perceber antes, mas agora ficou claro.

                - Não sei do que você está falando.

Já percebeu que sempre que uma pessoa é culpada e ela está prestes a ter seu plano desmascarado na sua cara, ela diz “não sei do que você está falando”. Ah, qual é? Não somos idiotas!

                - Não sabe? Ah, então pode deixar, vou te explicar.  Era uma vez uma universitária que podia ser considerada uma alpinista social. Certo dia ela conheceu dois caras, melhores amigos, quase irmãos. Viu neles a oportunidade perfeita. Fez um se apaixonar perdidamente, enquanto seduzia o outro. Mas essa estudante não contava que o amigo fosse tão fiel ao outro e seu plano teve que ser esticado alguns meses até que o amigo caiu na rede dela. Estou contando certo?

Ela apenas me encarava tentando parecer calma, mas eu via desespero em seus olhos. Ah, doce vingança. Não façam isso em casa, ok?

                - Me deixe continuar. Então a alpinista precisava acelerar as coisas e engravidar logo. Fosse de quem fosse o filho. Mas ela não contava que o namorado dela descobria que o melhor amigo estava com a garota que ele amava. O ex, então, abalado com isso, sumiu do mapa. Isso frustrou a alpinista, que só pensava em dar o troco. Por favor, Savana, se eu errar alguma coisa você me corrija, ok?

Ela mudou de posição na cadeira de ferro fundido e vi sua mão se mover até a garrafa de champanhe.

                - Continuando. A garota então começou a encher a cabeça do amigo de bobagens do tipo “Ele só fez isso para enriquecer sozinho” ou “Nós temos que pegar aquele caderno e roubar a tática de aposta dele”. Perturbou tanto a cabeça do cara, que ele começou a acreditar que seu velho amigo de infância era um golpista, mas o coitado não percebeu que ele mesmo estava dormindo com o inimigo.

Ela arregalou os olhos e pegou a garrafa, apontando-a na minha direção. A coisa mais curiosa disso tudo era a calma que eu estava sentindo. Era como se não importasse que ela me ameaçasse, aquilo não me afetaria.

                 - De onde você tirou isso?

                 - Coisa de escritor. Nós pegamos as coisas e as transformamos em verdades. Ou metade das verdades. Mas me diz você, eu contei toda a verdade ou só metade dela?  

Savana pareceu mais enlouquecida na medida em que eu falava e começou a balançar a garrafa na minha direção. Eu continuei sentada sem me mover, traquilamente encarando-a. Aquilo era bem divertido.

                - Eu vou matar você, sua vadia!

Ela bateu a garrafa no tampo da mesa quebrando-a o fundo. Vôo por cima da mesinha com a ponta da garrafa apontada pro meu rosto. Esquivei-me para o lado e por sorte ela errou minha bochecha.

                - Fique parada para eu matar você.

                - Não sou idiota! Ah, e me deixe terminar a história. A garota também não está grávida!

Savana parou em cima da mesa, a garrafa a centímetros do meu olho esquerdo.

                - Claro que estou...

                - Não está.

                - Como sabe?

                - Uma mulher grávida, por mais enlouquecida de ódio, não ameaçaria o próprio bebê a uma forma tão violenta quanto prensá-lo contra uma mesa.

                - Você é uma vadia tentando roubar meu marido e fica inventando essas coisas absurdas...

                - São tão absurdas assim?

                - Vou arrancar seu olho, então você descobrirá.

Pela primeira vez naquelas horas, eu senti medo. Não medo daquela mulher, mas sim da garrafa no meu olho. Eu gostava tanto daquele olho...! Mas talvez essa seja só uma forma de eu esconder o medo que eu sentia. Tremi.

                - Você não vai encostar um dedo nela.

                - Jake!

Savana e eu dissemos juntas. Eu sabia que era de mim que ele estava falando, pois ele estava cumprindo a promessa que fizera mais cedo. Mas...

                - Jake, meu amor! Essa ruiva maluca está inventando coisas absurdas sobre você! Eu estava aqui, defendendo sua honra quando ela pegou a garrafa e me ameaçou.

                - Ah, é? Então porque é você que esta com a garrafa na mão?

Ela jogou a garrafa para trás e ouvi um barulho de vidro se quebrando. Savana abriu um sorriso amarelo e perguntou docemente para Jake:

                - Que garrafa?

                - Maluca...

                - Você está desequilibrada Savana... Acho que está na hora de visitar um médico, o que você acha?

                - Jake...

Eu me levantei sorrateiramente da cadeira, tomando o cuidado de não chamar a atenção dela de volta a mim. Esgueirei-me para um canto mais longe o possível e assisti tudo de camarote.

                - Não precisa se preocupar querida, eu já chamei o médico para te ver.

Dois segundos depois dois homes gigantes vestidos de branco apareceram e a levaram. Savana não emitiu som algum, apenas ficou encarando Jake. Acompanhamos eles até fora da casa e me senti magicamente satisfeita ao vê-la amarrada no furgão do sanatório. Antes que um dos homens trancasse a porta nossos olhares se encontraram e o dela estava carregado de ódio.

Ela formou as palavras silenciosamente, mas eu entendi. “Eu vou matar você”.

E eu devolvi: “Tente”.

Jake passou o braço pelo meu corpo e ficamos parados em frente à casa até o veículo branco sumir de vista. Abracei-o e afundei meu rosto em seu peito.

                - Podemos voltar pra casa agora?

                - Agora sim, escritora maligna.

Engoli em seco e o medo que era pra eu ter sentido antes, me atingiu no meio da testa.

                - Fiquei com medo de não conseguir fazer aquilo, Jake! Estava ficando complicado pensar rápido daquela forma.

                - Agradeça então por eu ser esse cara esperto.

                - Não foi você que descobriu aquelas coisas sobre a Savana! A única pessoa que tem que receber agradecimento aqui, é a Sônia.

Sônia. Grande gênio do mal que contratou um detetive para investigar Savana Jenks. Savana Areta Jenks, nascida em Dallas, filha de agricultores que desde pequena sonhou em subir na vida.

Nada contra pessoas que querem subir na vida (sou uma delas), o problema é com quem não sabe fazer isso sozinho e precisam usar outras pessoas sonhadoras como degraus.

O detetive descobriu prontuários médicos indicando que Savana tinha uma inclinação a perturbações mentais e obsessão e que era questão de tempo até isso evoluir para um quadro mais grave. O que foi exatamente que aconteceu.

                - Tem razão, mas gosto de me sentir o herói. Então será que dá pra você me agradecer?

Suspirei. O que eu tinha mais a perder além da minha dignidade? Ah, ah é: minha fraca força de vontade!

                - Tudo bem Peter Parker! Muito obrigada por me salvar daquela malfeitora.

                - Não está esquecendo-se de nada?

                - A não ser que você plante uma bananeira, sem chance de beijou estilo homem-aranha.

Jake riu e as famosas belas covinhas em suas bochechas disseram oi para mim. Sorri também.

                - Pode ser do estilo normal mesmo.

                - Esse eu faço.

Encostei levemente meus lábios nos deles e quando ele foi me beijar eu mordi sua boca. Eu ri e ele colocou a mão na boca.

                - Eu te amo Jake... Quem ama morde.

                - Você é má! Mas eu também te amo.

Então, antes que eu pudesse fazer algo ou morde-lo de novo, Jake me agarrou e me beijou. Comecei a sentir de repente que aquilo estava sério de verdade, e me assustei ao perceber que eu não queria fugir correndo dele.


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Notas finais do capítulo

Comentem, sim?
Como presente vocês poderiam fazer uma recomendaçãozinha né? *-*



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