Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

E ai, pessoas? Desculpa a falta de capitulos... Estou numa faze de não sei como escrever isso. Mas aqui está!



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– Quer saber o motivo real de eu não ter um celular? Eles matam!

– Calli! Isso não é desculpa! Sabe quanto tempo eu demorei pra conseguir falar com você?

– Eu posso imaginar Ally...

Na verdade eu nem precisava imaginar. No dia que eu consegui que a companhia telefônica me desse acesso à minha secretaria eletrônica quase tive um surto psicótico com o volume de mensagens que tinham gravadas. Ally me ligou e gravou – sem brincadeira alguma – duzentas mensagens!

Eu não conseguia entender pra que tanto! Meu Deus!

– Nem venha com ironias Callissa! Quase você me matou de preocupação de novo! Não é fácil pra eu ter que ficar te procurando pelo mundo afora!

– Para começo de conversa, você só me ligou em casa. E eu não tenho culpa nenhuma.

– Claro que tem! Se você tivesse um celular pouparia muita dor de cabeça!

Nem me fale! Eu consegui ouvir só trinta das duzentas gravações. O resto eu deixei pra quando estivesse com insônia.

– Esta bem, você ganhou! Vou pedir pro Jake me levar em algum lugar pra comprar uma arma suicida.

– Há-há! E quando você vai voltar? Estou com saudades!

– Estou com saudades também! Vou voltar depois de resolver um assunto meio tenso por aqui... Você está cuidando da Lotte?

– Já até sei que assunto tenso é esse. Eu a trouxe pra cá para não ter que ir ao seu apartamento todo dia.

– É exatamente o que você está pensando! Fale pra Lotte que a mamãe logo vai voltar pra casa!

– Quer que eu passe o telefone pra ela, ou você também acha que ele pode matá-la?

– Muito engraçado Ally. Tenho que desligar. Até.

– Tchau Calli.

Segurei o telefone perto da barriga e encostei-me à parede. Meu maior problema agora é o encontro que terei com a Savana.

Acontece que a Sônia sempre odiou a ex-mulher do filho e eu descobri várias coisas nos últimos dias, como: Sônia se recusou a ir ao casamento deles, ela fingiu que estava tendo um ataque cardíaco (gênio do mal) e isso, infelizmente, só atrasou o casamento que ainda ocorreu.

Foi ideia dela fazer com que eu me encontrasse com a mulher inútil e sem vergonha –faço minhas as palavras dela – e agora eu estou metida nisso. Morrendo de medo.

– Calli?

– Estou aqui Jake.

– Porque você está ai?

– Adivinha?

O fato de eu estar falando ao telefone com a Ally dentro do armário que ficava de baixo da escada já mostrava a grande covarde que eu era. Jake bateu na porta e forçou a maçaneta, mas eu a tinha prendido com um grampo de cabelo. Aprendi isso com a minha mamãe... Uma série de inutilidades que agora são úteis.

– Abra.

– Tenho mesmo?

– Sim.

Suspirei e me desencostei da parede oposta à porta. Passei pelos casacos peludos e botas de borracha que estavam guardados ali e puxei o grampo da fechadura. Jake girou-a de novo e a porta se abriu. Ele entrou no armário e de repente o lugar ficou menor do que parecia.

– Olá.

– Oi.

– Você não precisa fazer isso se não quiser.

– Eu não quero fazer, mas tenho. Essa mulher tem que largar do seu pé Jake.

Jake colocou as mãos na minha cintura e aproximou seu rosto do meu. Senti sua respiração quente no meu rosto e me dei conta novamente de que aquele armário era muito pequeno mesmo.

– Jake, não consigo respirar...

– Desculpe.

Ele me soltou, mas ainda assim ficou muito perto de mim.

Depois que me encontrei com Jake no camarim do Hello Seattle, ele me olhou nos olhos e disse que me amava... Ele só repetiu isso duas vezes até agora, não sei se é um bom sinal. Mas tudo bem. Depois que saímos do prédio de onde foi transmitido o programa, Jake me arrastou até o meu apartamento e mandou-me pegar roupas o bastante para um mês no sol.

Eu fiz o que ele mandou sem questionar. Depois liguei para Ally e só disse que iria viajar e que era para ela alimentar a Lotte pra mim, muito obrigada.

A partir daí me desliguei do mundo e só voltei a mim quando o taxi parou num bairro que parecia da família real, na frente de uma casa que era do tamanho do meu prédio. Então veio o imaculado sofá branco e o lustre do mal. Depois que ele me mostrou o que tinha na caixa, chegou a hora do meu pior pesadelo: Comer peixe com o garfo para peixe. Recusei o peixe e comi salada.

Jake me mostrou o quarto que eu ficaria. Foi então que eu pensei que dormiria sozinha naquele quarto que era o meu apartamento todo, sem contar o banheiro. Eu fiquei um bom tempo acordada olhando o teto cheio de flores e já estava começando a enxergar olhos quando alguém bateu na porta. Jake tinha vindo me visitar.

Ficar pensando nessas coisas não é muito saudável quando se tem o belo corpo dele grudado á mim desse jeito.

– Jake, acho melhor...

– O que Calli?

– Acho melhor a gente sair daqui.

– Tem certeza?

Ele passou os braços pelo meu corpo e encostou-se à parede fazendo com que eu ficasse equilibrada no corpo dele.

– Agora eu não tenho mais certeza de nada.

Fiz a besteira de olhar em seus olhos e quando dei por mim, já estávamos nos beijando e comecei a agradecer a Deus por aquele armário ser tão pequeno.

– Callissa! Onde você se meteu querida?

Estava mais grudada a Jake do que serial aconselhável e nem percebi que ele estava sentado no chão, eu ajoelhada de frente para ele. Abri meus olhos e vi que Jake estava segurando o riso. Ele colocou o dedo na minha boca me mandando ficar quieta. Assenti com a cabeça.

– Onde será que aquela garota se enfiou? Esta quase na hora da megera chegar!

Sônia suspirou e ouvimos seus passos se afastando para longe. Olhei para Jake e ele piscou um olho para mim.

– Foi por pouco. Vem, vamos sair daqui.

Jake ficou de pé e me ajudou a levantar. Ele arrumou minha roupa que aquela altura era uma surpresa que ainda estivesse no meu corpo e saímos do armário. Fomos de mãos dadas até o jardim e nos sentamos numa mesinha branca de ferro fundido.

– Estou...

– Se você disser que está com medo eu vou ser obrigado a machucar você.

– Meu Deus, quanta violência! Só ia dizer que estava com fome, mas deixa pra lá.

– Calli, eu não vou deixá-la encostar em você.

– Falando nisso, eles foram ao seu apartamento e pegaram suas coisas. Só consegui pegar seu abajur.

Jake arregalou os olhos e se escorou em cima da mesinha pra ficar mais perto de mim.

– O que você disse?

– Que eles foram pegar suas coisas.

– Eles quem?

– Savana e o Arthur.

– Como você conheceu o Arthur?

Suspirei e abaixei os olhos pra os desenhos da mesa. Eu tinha que contar para ele.

– Jake, eu já poderia ter te encontrado se eu quisesse.

– Mas o que isso tem haver...?

– Eu fiz o Oliver pesquisar alguma coisa relacionada a você e ele encontrou uma foto do seu casamento. Uma que esta você, Savana e o Arthur.

Jake respirou fundo e pareceu ficar mais calmo. Ele pegou minhas mãos e apertou meus dedos.

– Acredito em você. O que eles disseram quando te viram?

– Eu encontrei com o Arthur no elevador, ele esbarrou em mim, foi então que eu vi o seu abajur de bota. Eu corri atrás dele e vi quando ele entrou num carro e Savana estava lá. Eu enfiei a mão pela janela e peguei a bota. Perguntei o que eles tinham feito com você...

– E...?

– Ela disse que você tinha voltado para a família.

– Tem duas coisas que você precisa saber Calli. Primeira: Eu voltei para minha família sim, minha mãe. E segundo: tinha um caderno de capa vermelha no meu apartamento que era muito importante. Era isso que eles procuravam.

– E encontraram?

Jake sorriu de um jeito cínico e eu já tinha minha resposta antes mesmo dele balançar a cabeça negando. Sorri também.

– Garoto esperto.

De repente a campainha tocou e Sônia apareceu na porta do jardim.

– Vamos, vamos! Como combinado, Jake entra e vai pro quarto. Calli fique aqui, mas fora da vista da porta. Rápido!

Jake me deu um beijo rápido e saiu correndo para dentro da casa. Eu me levantei e fui ficar perto de um arbusto, que como eu já tinha constatado, ficava fora de vista. O mordomo que se chamava Gerald apareceu com um carrinho de metal repleto de mini tortas, salgadinhos e uma garrafa de champanhe gelada. Meu estômago roncou e tive que usar toda a minha força de vontade para ficar onde estava. Mas o cheiro dos salgadinhos estava me torturando. Segurei a respiração e apurei os ouvidos.

Podia ouvir os paços lentos e suaves de Sônia indo até a porta. Até podia imaginar a irritação da Gazela Maníaca. Não consegui ouvir muito. Na verdade, o som sumiu completamente. Tinha apenas um apito estranho soando no meu ouvido. Esquisito.

Ah, meu Deus. Respire! Coloquei a mão no estômago pra controlar a respiração. Como posso ser tão idiota!

– Senhorita, está tudo bem?

– Desculpe, Gerald. Só estou com um pouco de sede.

– Quer um pouco de Champanhe?

Assenti com a cabeça e olhei a porta de vidro. Nem sinal da Gazela Megera do Mal. Andei rapidamente até Gerald e a garrafa. Ele encheu uma taça para mim e eu voltei ao meu lugar. Beberiquei o liquido da taça e agradeci os franceses por fazerem algo tão gostoso.

– Querida sogra! Quanta falta senti de você!

– Gostaria de poder dizer o mesmo, Savana querida!

O mais divertido foi ouvir a voz com que ela disse isso. Voltei a ouvir a conversa.

– Onde está meu marido? Ele andou sumido nos últimos tempos, fiquei muito assustada.

– Seu marido eu não sei, mas meu querido filho está fugindo da senhora.

Segurei o riso e o olhei para Gerald que só deu de ombros e fez o caminho de volta por onde tinha vindo. Fiquei de costas tentando fazer um ar misterioso, mas acho que minha saia e minha blusa não estavam fazendo uma papel muito bom. Suspirei e comecei a aceitar o fato de que eu me vestia de um jeito estranho mesmo.

– Então Sônia, para que você me chamou aqui hoje além de ficar me tratando de forma tão bela como sempre?

– Bem, acho que você não tem assistido muita televisão ultimamente e pelo o que eu sei, você é uma mulher ignorante e sem cultura alguma. Então convidei você para conhecer uma pessoa inteligente e maravilhosa.

Meu Deus, ela disse que eu sou inteligente. Mas, bem, pelo que eu sabia, ela podia estar falando sobre a mesa que estava ao meu lado. Tão tapada quanto eu.

– Nossa muito obrigada por me convidar para conhece alguém tão superior. E quem seria essa pess...

Era a é minha vez. Virei-me devagar, segurando minha taça e a encarei. Foi incrível ver surpresa, indignação e desespero passarem pelo rosto dela e marcar presença.

– Você.

– Olá.

Sorri para ela. Esse diálogo estava incrível... Tomara que ela siga o roteiro.

– O que você fez com ele?

Isso! Isso mesmo! Não acredito, não pode ser! Ela falou mesmo. E agora é a minha vez novamente.

– Não fiz nada. Ele só voltou para a família.


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Notas finais do capítulo

Isso ai! Comentem e comentem, ok?



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