Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

E ai, gente? Mais um capitulo de quem vai ficar em casa e não vai comemorar o carnaval...



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Eu estava sentada em um sofá impecavelmente branco, numa casa assustadoramente grande e tinha um lustre monstruoso em cima da minha cabeça que em noites depressivas eu poderia imaginá-lo caindo na minha cabeça.

Sentada à minha frente havia uma mulher com uma roupa tão branca quanto o sofá, o cabelo prateado bem penteado caindo sobre os ombros. Mãe de Jake, Sônia Adams. Ela estava me encarando a minutos incessantes e eu não sabia se tinha algo errado com seus olhos ou se tinha crescido uma verruga gigantesca no meio da minha testa. Credo.

– Então, minha cara...

Meu Deus, ela falou! Ela falou comigo! Eu já estava começando a pensar que ela estava esperando o assistente chegar para usá-lo como pombo correio e assim não ter que me pronunciar a palavra.

– Sim?

– Eu li o seu livro.

Meu Deus de novo! Agora ela vai dizer que é um lixo! Que medo!

– Hãn, e o que achou?

– Eu acho que você deveria começar a pensar em uma sequência...

– Ah sim, eu já estou trabalhando nisso.

Impressão minha, ou seus olhos brilhavam tanto quanto os diamantes em suas orelhas?

– E uma adaptação cinematográfica?

– Assinei o contrato semana passada... Mas, isso é segredo! A senhora não pode contar para ninguém!

Eu vi a mulher que era a matriarca da família mudar a posição de aniquiladora-de-garotas-tentando-roubar-meu-bebê para meu-Deus-eu-não-acredito-nisso em questão de cinco segundos. Ela estava de olhos arregalados, as mãos tampando a boca em sinal de emoção.

– D-desculpe, eu... Eu assustei a senhora?

– Não, não querida! É que eu sou sua fã, e quando eu vi meu Jakezinho no televisor se declarando para você eu fiquei muito feliz! E agora, saber que o meu livro favorito vai ter uma adaptação... É muita emoção!

Agora eu que estava surpresa! Uma mulher de mais de cinquenta anos é fã do meu livro? Um livro que por acaso é um romance adolescente? Ai meu Deus!

– Mas espere, você vai acompanhar a preparação do roteiro, não vai? Eu não aguentaria ver uma história dessas ser estragada!

–Ahn, na verdade eu mesma estou procurando um roteirista, então eu vou ver de perto o que ele vai fazer.

– Na verdade minha mãe trabalhou muitos anos como roteirista. Ela era muito boa, foi até premiada uma vez.

A voz de Jake me atingiu feito uma ancora de navio: rápida e direto na minha cabeça... Me senti em um desenho animado quando o personagem é atingido por uma flecha gigante. Ele estava falando da ante-sala onde tinha se enfiado pra fazer sei lá o que.

– Jake, querido, por favor não fique falando sobre isso com ela. O que a Callissa vai pensar?

– Eu vou pensar que acabei de encontrar minha roteirista.

– Meu Deus, sério?

– É claro!

Sônia levantou desesperada e tive medo dela cair dos saltos. Mas ela manteve o equilíbrio e começou a andar – correr – pela sala até a porta que dava para a escada. Parou no meio do caminho e gritou:

– Foi um prazer lhe conhecer querida! Quem sabe poderia assinar minha cópia de Como Sereia mais tarde? Agora vou começar a adaptá-lo para o roteiro! Até mais!

– Foi um prazer...

Ela já tinha desaparecido escada acima. Suspirei tentando me acalmar. Não tinha mais por que ficar nervosa: a mulher que deu a luz ao cara que eu estou apaixonada é minha fã, e não quer me matar. Isso é ótimo.

Mas minha respiração continua presa nos meus pulmões.

Depois que o programa acabou, eu corri para os bastidores indo para o meu camarim. Quando abri a porta, Jake estava lá com um boá de penas coloridas em volta do pescoço. Eu sorri e me joguei em seus braços. Senti penas na minha boca, mas nem me importei. Jake me prendeu em um abraço de urso tão apertado que não podia nem respirar, mas eu não conseguia pensar em outra sensação tão boa quanto aquela. “Eu senti tanto a sua falta, Calli”. “Prometa que nunca mais vai me abandonar Jake.” “Eu prometo, Calli, eu prometo”. Então eu o beijei e descobri outra sensação tão boa quanto a primeira.

– Calli, Callissa, Callicalli.

– Ah, oi.

– Estava em que mundo?

Jake me trouxe de volta à realidade. Ele estava parado na minha frente segurando uma caixa com as duas mãos. Parecia bem pesada. Ergui a cabeça para ele e sorri.

– Estava no mundo “Jake coisa linda, onde você estava”?

Ele jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada. Vi sua garganta se mover para cima e para baixo e comecei a sentir minha boca ficando seca.

Eu tinha me declarado em rede nacional para aquele cara – que tecnicamente eu nem conhecia direito – e agora eu estava na casa dele, conhecendo sua mãe. E não faço ideia do que vou fazer a seguir.

– O que foi Calli?

– Eu ainda não tenho muitas informações sobre você Jake.

Abaixei meu olhar para o meu colo e fiquei olhando a estampa do meu vestido. Jake sentou-se ao me lado e colocou a caixa no sofá.

– Calli, eu já sabia que isso aconteceria. Por isso eu fui buscar essas coisas para você ter mais informações sobre mim do que qualquer outra pessoa do mundo.

– Jake, jura que você não é um tarado psicótico me seduzindo para arrancar minha pele e fazer almofadas?

– Você está assistindo muito American Horror Story... Mas em todo caso, eu juro.

Jake sorriu, passou o braço pela minha cintura e encostou a testa na minha. Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha e fechei os olhos, fazendo o possível para guardar o cheiro dele.

– Eu gosto muito de você, seu idiota.

– Eu te amo Callissa.

– Droga, agora eu vou ser obrigada a dizer que também te amo.

– Você não precisa dizer se não quiser.

Senti um ponto de magoa na sua voz e abri os olhos instintivamente. Coloquei as mãos em volta do seu rosto e o fiz me olhar.

– Jake Adams.

– Jake Samuel Adams.

Ergui uma sobrancelha interrogativamente.

– Homenagem ao meu avô.

– Ata.

– Pode continuar onde você tinha parado.

Sorri.

–Ok. Jake Samuel Adams, eu amo você e nunca teria pagado aquele mico se isso não fosse verdade.

– É muito legal ouvir isso.

Ele passou os braços ao meu redor e me beijou. Senti suas mãos caminhando pelas minhas costas e meus braços se arrepiaram. Apertei meus braços no seu pescoço e grudei meu corpo no dele. Então me lembrei do sofá branco e do lustre demoníaco. Tentei separar os meus lábios dos dele, mas Jake apertou-os mais.

Jake começou a empurrar meu corpo para trás, tentei me manter no lugar, mas ele era bem mais forte e me deitou no sofá se encaixando sobre mim. Mexi meu corpo tentando sair debaixo dele, ele só colocou os braços ao meu redor prendendo-me.

Só tinha uma maneira. Passei meus braços ao seu redor e nos puxei para o lado. Caímos com um baque surdo no chão.

– Cara, isso doeu.

– Desculpe.

– Porque fez isso?

– Você lembra onde estamos?

Jake estava com o rosto enfiado no meu pescoço embaralhado no meu cabelo. Só o escutei rindo.

– Me distrai.

– Sei...

Ele riu mais um pouco e ficou de joelhos em cima de mim. Eu estava deitada com os braços dobrados ao lado da cabeça, o cabelo jogado por todos os lados. Isso me lembra que eu tenho que tirar um pouco das pontas, estão meio secas...

– Por que você é tão linda?

– Por que você é tão cego?

– Porque você não acredita em mim?

– Querido, eu tenho espelho em casa!

Jake balançou a cabeça para os lados e fez um som reprovador enquanto cruzava os braços sobre o peito. Não fez menção de que iria se levantar.

– Sai de cima de mim, tenho que levantar do chão.

– Não saio enquanto você não disser que é linda.

– Eu já disse que quando eu começar a mentir a gente conversa.

– E eu já disse que não saio enquanto você não disser.

Ah, eu mereço! Nada mais faz sentido na vida! Saco! Cara chato! Como pode? Será que ele bebeu soda caustica quando era criança? Anotar isso para perguntar para a Sônia mais tarde.

– Jake...

– Vamos lá, repita comigo.

– Não Jake.

– Eu, Callissa Miller, sou a garota mais gostosa que existe no mundo...

– Sério mesmo?

– Aham.

Suspirei. O que é que eu tenho a perder mesmo? Ah, ah é: minha dignidade! Mas fazer o que né.

– Tudo bem. Eu, Callissa Miller, sou a garota mais gostosa que existe no mundo...

– E tenho o sorriso mais bonito de todos...

– E tenho o sorriso mais bonito de todos...

– E também namoro o cara mais bonito do mundo...

– Eu não vou mentir!

Ele me olhou de cara feia. Senti medo, então resolvi dizer.

– E namoro o cara mais bonito do mundo...

– E também tenho a maior bunda do universo!

– Jake!

Jake soltou uma gargalhada e entortou o corpo para me beijar no nariz.

– Você é um idiota Jake.

– Você é um doce... Um doce por baixo dessa camada azeda.

Foi minha vez de rir. Contorci-me por baixo do corpo dele, tendo espasmos pelo corpo por causa das gargalhadas. Quando consegui parar de rir e abri os olhos Jake estava me encarando de um jeito meio abobalhado.

– Que foi?

– Sei lá, mas acho que quero estar com você todas as manhãs quando eu acordar. Eu quero que você seja a primeira pessoa que eu verei.

– Pode ser, se você realmente quiser.

– E eu quero.

– Ótimo.

– Perfeito.

Ficamos um espaço de tempo indeterminado nos encarando. Podia sentir seus olhos explorando meu rosto e eu fazia a mesma coisa com ele. Com o passar do tempo eu já conhecia seu rosto de cor, sabia quantas sardas ele tinha e que o lábio inferior era mais carnudo que o superior. Ele sorriu e vi as covinhas se formarem em suas bochechas. Sorri também.

– Que tal você me mostrar o que tem na caixa?

– São só algumas fotos e cadernos antigos. Que tal se eu te mostrasse meu quarto?

– Eu já vi o que você quer me mostrar no seu quarto. Quero ver as fotos.

– Ah, droga Callissa! Sempre acabando com a minha graça!

– Quanto amor.


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Notas finais do capítulo

Comentem ta bom? Façam uma criança feliz! *-*
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