Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Gente, que semana foi essa? '-' pensei que conseguiria postar todos os dias, mas tava complicado as coisas aqui!
Mas, aqui está mais um!!



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Você já parou para pensar que quando somos adolescentes pensamos muito no futuro? Lembra que passávamos horas e horas a fio de madrugada imaginando como seriamos no futuro? Como íamos estar? A cor do cabelo? A cor do cabelo do namorado? Ou se estaríamos com aquela pessoa que gostamos.

E agora – mais velhos do que gostaríamos – começamos a ver que não somos nada do que pensávamos. Que nossa vida tomou um rumo totalmente diferente daquele que queríamos e que muito provavelmente não estamos com o amor da nossa vida. Saco!

Se me falassem onde eu estaria agora quando eu tinha quinze anos, eu com toda certeza entraria em colapso nervoso e vomitaria o almoço. Por quê? Bem, porque quando se vende a primeira impressão do seu livro em uma semana e está no topo dos mais vendidos a duas, você vai a algum programa de entrevista falar sobre isso. E é onde eu estava.

Minhas mãos estavam parecendo bicas de suor e eu tentava mate-las secas com um lenço de papel que Ally tinha me dado. Mas ele estava esmigalhado na minha palma.

De onde eu estava nos bastidores podia ver o apresentador fazendo piadas sobre as coisas que aconteceram na semana. A moça que tinha me ajudado a me arrumar me deu a folha com as perguntas que ele me faria e eu já tinha todas as respostas... Mas isso não estava me impedindo de ficar nervosa!

Parecia-me que meu cabelo estava mais vermelho, minha pele mais pálida e minha roupa muito amassada! Certo, eu sabia que era coisa da minha cabeça, porque meu cabelo estava perfeitamente arrumado, minha pele lindamente maquiada e minha roupa normalmente estranha. Como sempre.

– Ei escritora, dez segundos para a sua deixa.

– Ok.

Respirei fundo e joguei o papel esmigalhado num lixinho que tinha ali perto. Respirei fundo novamente e escutei meu nome sendo chamado.

– Callissa Miller! A autora do mais novo sucesso do mundo literário! Venha, venha!

O apresentador se chamava Carl Jay e o programa era o Hello Seattle. Era meu programa favorito de domingo, por que, como eu já disse, eu odeio domingos e HS é a única coisa que presta.

Subi as escadinhas com cuidado para não tropeçar e andei com passos decididos até o apresentador que me cumprimentou com um aperto de mãos.

– Olá Carl!

– Vejam gente! Ela parece mesmo uma sereia não é?

Sorri descaradamente e dei um pequeno aceno para a platéia. Tive uma pequena impressão de ver algo familiar, mas Carl me puxou para a poltrona ao seu lado e eu perdi de vista.

Sentei-me e fiquei encarando Carl enquanto ele fazia um breve resumo do meu livro.

– O livro da nossa querida sereia aqui chegou ao topo na primeira semana de venda! O livro Como Sereia foi feito pela bela imaginação de Callissa, mas grande parte foi baseada em fatos que os pais da autora encontraram em varias expedições.

Eu apenas sorria e balançava a cabeça concordando com ele. A maioria dos fatos mais concretos do livro foram meus pais que me contaram desde que eu me considero por gente. Carl se virou para mim, ai viria à primeira pergunta:

– Callissa, de acordo com os comentários finais do livro, você diz que acredita realmente que sereias existem... Como isso repercutiu na sua vida?

– Eu passei a infância toda acreditando nisso, pois foi assim que meus pais me criaram. Sempre me fizeram entender que não devemos achar que somos únicos aqui.

Depois dessa vieram uma série tortuosa de perguntas sobre minha vida, minhas crenças e coisas favoritas. Respondi o que achei que deveria responder, brinquei na hora que tinha que ser e mudei de assunto na maior parte do tempo. Escorregadia como um peixe!

Então chegou a parte mais temida por mim: As perguntas da platéia.

– Certo, vamos para a platéia! Shauna com quem você está ai?

– Carl, estou aqui com a Beca.

Todos disseram “Oi Beca” e eu sorri e acenei para ela. Beca pareceu bem feliz com meu sorriso, então sorri mais um pouquinho. Só um pouquinho, de orelha a orelha.

– Olá Calli! Eu queria saber: como foi que você conseguiu juntar tantas informações sobre sereias com um romance tão lindo?

– Beca, para mim foi bem fácil. Tipo, eu tive que tirar o estereótipo de que as sereias têm aquela imagem Iara que pensávamos, mas quando eu consegui convencer a mim mesma de que vocês entenderiam, sei lá, deu certo.

Beca sorriu e bateu palmas com o restante da platéia. Sentou-se e Carl voltou a falar.

– Próximo!

Peguei a caneca de chá-com-leite que a produção tinha me trazido e não prestei atenção ao rosto do outro curioso.

– Então, meu caro, qual o seu nome?

– Hey Carl, eu sou o Jake!

Quase cuspi o chá-com-leite de volta à caneca e encarei a platéia procurando-o. Avistei-o ao lado de Shauna, as mãos nos bolsos da calça, o cabelo arrumado. Ele estava sorrindo. E estava de camisa. Me recompus e olhei meu inquisidor.

– Faça a sua pergunta.

– Callissa Miller, você já amou tanto alguém que simplesmente não soube fazer a coisa certa e acabou perdendo-a?

Minha respiração se prendeu no meu peito... Um bolo esquisito estava preso na minha garganta. Eu queria responder, mas estava igual a um peixe novamente: abrindo e fechando a boca em busca de ar. Carl falou antes de eu pensar em algo.

– Uau! Uma pergunta prá de lá de pessoal! Será que eles se conhecem? Vamos esperar a resposta da nossa maravilhosa escritora após os comerciais.

Vi pela visão periférica Carl sorrir e piscar para uma câmera. Jake continuava no mesmo lugar, de pé, tinha parado de sorrir e parecia preocupado com minha expressão. Eu estava preocupada com minha cara. Será que as câmeras me focaram desse jeito? Ai, que vergonha!

Comecei a sentir o ar retornando aos meus pulmões... E ele continuava me encarando.

– Ei, querida Miller! Por favor, se recomponha.

– D-desculpe Carl... Fiquei um pouco surpresa.

– Surpresa? A última vez que vi uma mulher com essa expressão foi quando minha esposa viu o nosso filho na cama com outro cara! E foi uma situação bem difícil...

Virei para ele, mas antes de poder responder, Carl piscou outra vez e o programa voltou ao ar. A pior parte foi que nem consegui pensar em uma resposta...

– Voltamos com o Hello Seattle! Estamos com a talentosa Callissa Miller, a senhora das sereias! E no ultimo bloco foi feita a ela uma pergunta bem pessoal, vejam o a cena.

Pausa para o replay malvado da cena vergonhosa da minha cara chocada. Foi bem pior do que eu pensava! Estava, tipo, horrível! Que horror meu Deus, tem como piorar?

– E agora vamos à resposta! E então Callissa?

Respirei fundo e abaixei o olhar para minhas mãos cruzadas em cima do meu colo. Era essa a oportunidade que eu tanto queria: vê-lo e dizer que o amava.

– Eu amei tanto uma pessoa, na verdade amo, mais fui muito burra ao deixá-lo ir embora. Fui burra ao pensar que ele era um egoísta, e fui mais burra ainda ao pensar que ele em nenhum momento gostou de mim de verdade.

Eu disse tudo aquilo o encarando e vi seu rosto mudar para surpresa, fascinação e de repente ficar vermelho como um pimentão ao roubar o microfone da mão de Shauna e falar praticamente correndo e tropeçando nas palavras:

– Eu não gostei de você Callissa, eu me apaixonei por você a cada dia que passamos juntos... E eu continuo me apaixonando por você a cada dia que estamos separados... E eu não sei mais o que fazer!

Fiquei de pé em cima dos meus sapatos com saltos mortíferos e me segurei na poltrona para me equilibrar... Antes que eu pudesse fazer algo contra, eu já estava parada no ultimo fio de palco procurando um meio de chegar à platéia. Mas não tinha como, porque várias câmeras estavam lá com mais alguns seguranças me impedindo de passar. Senti um desespero terrível.

– Calma Senhora Sereia! Pelo que pude acompanhar vocês realmente se conhecem! E estão apaixonados! Será que é daí que veio aquela paixão aterradora entre Merida e Ertes?

Olhei a platéia acima e fitei seus olhos com linhas azuis. Jake assentiu com a cabeça e me fez sinal para voltar para o meu lugar. Era a melhor coisa a fazer, não dava mais para pagar mico na televisão. Virei-me para Carl e sorri.

– Foi exatamente isso Carl!

Andei de volta para a poltrona e continuei a entrevista de forma feminina e civilizadamente. Bem, eu esperava que fosse feminina e civilizada. Meus olhos saltavam de cinco em cinco segundos até onde Jake estava, mas me contive. Eu poderia beijá-lo finalmente daqui a alguns minutos.


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Notas finais do capítulo

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