Pessoa Certa escrita por Mary


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Aqui gente, mais um! Vou arranjar um tempinho todo dia a tarde para escrever e postar! Então, vai ter capitulo novo mais ou menos sempre nesse horário!



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- Certo Calli, o que mais ele te disse?

                - Só isso que eu já falei.

Ele me olhou de onde estava sentado. Parecia não acreditar.

                - Você está me dizendo que dormiu com um cara todas essas semanas e não sabe simplesmente nada da vida dele?

                - Não, estou dizendo que eu sei o nome dele e de onde veio.

                - Só isso não me ajuda!

                - Credo Olie! Ele também apostava na bolsa, ganhou a maior grana e agora só isso.

Bufei e me sentei no sofá ao lado. – Olie, onde está a Ally?

                - Ela disse que foi ao correio.

                - De novo?

                - Sim e o mesmo papo das outras vezes. Ela pensa que pode enganar a gente.

Allyson estava enlouquecendo. Nas ultimas duas semanas ela tem corrido para lá e para cá. Ela pensava que eu não sabia o que ela estava fazendo, mas a verdade é que eu nem estava com cabeça para prestar atenção nisso.

Naquele momento eu só queria encontrá-lo. Eu não queria desistir de procurá-lo. Precisava encontrá-lo e dizer, pelo menos uma única vez, que o amava. Ah, merda.

                - Calli, e se eu procurar somente o sobrenome?

                - Pode tentar Olie. Mas talvez você só encontre coisas sobre o escritor.

                - Ou talvez...

A porta se abriu estrondosamente e Ally entrou na sala com os braços abertos e gritando:

                - Callissa Miller, seu livro foi aceito!

Arregalei os olhos e quando dei por mim já estava dando pulinhos, abraçada à Ally.

                - Como foi...?

                - Mandei para todas as agencias do país... As editoras menores devolveram dizendo que o texto era ruim, mas as maiores editoras já estão dando os lances por ele.

                - Não acredito!

                - Pode acreditar!

Parei de pular e me sentei novamente no sofá. Droga, aquele sempre fora meu sonho. Mas agora que estava acontecendo, eu não consigo ficar entusiasmada. Feliz, sim. Realizada? Não.

                - Calli.

                - Que foi Olie?

                - Encontrei.

                - Ele?

Olie balançou a cabeça e Ally olhou para ele de cara feia. Eu entendi o que aquele olhar significou e me preparei para o que viria a seguir.

                - Calli, você sabe que vai ter que escolher, não sabe?

                - Porque eu não posso ter os dois?

                - Mas você pode! Mas tente focar no melhor no momento.

                - Os dois são bons...

                - Vamos, eu sei que você vai pensar em algo que coincida os dois.

Fechei os olhos por um momento e encostei a cabeça no encosto do sofá.

                - Venha Olie, vamos deixá-la pensar.

Eu sabia que Ally queria que eu fosse feliz. Mas ela queria que eu fosse feliz na minha profissão... Não posso culpá-la, desde que ela me conheceu eu venho deixando claro que queria realizar esse sonho e nunca me importei em tentar ter um relacionamento.

A culpa do fim do meu namoro com Cam foi minha e não dele. Agora você se pergunta: “O que se passa com essa mulher?” então eu te respondo: Meu problema é que quando algo começa a ficar sério, eu caio fora. Pulo do barco... Igual aos meus pais.

No dia em que eles morreram, nós brigamos porque eu não queria continuar com aquilo de ser bióloga marinha... Simplesmente não conseguia entender o porquê da fascinação deles pelo mar. Tudo o que eu queria era viver minha vida e poder escrever... No dia do acidente, eu bati o pé e disse a eles o que achava daquilo tudo. Magoei meus pais profundamente e eles morreram sem eu conseguir dizer que os amava. Sem que eles me perdoassem.

Desde esse dia eu me deitava na banheira cheia e me lembrava deles e do fascínio pela a água. Ficar mergulhada ali me fazia voltar à época em que eu ia para as expedições e ficava na beira do barco olhando o mar azul.

E é por isso que estava tão preocupada em dizer ao Jake o quanto eu o amo. Porque não vou conseguir conviver comigo mesma se não conseguir fazer isso.

Levantei-me e sentei na frente do computador. O artigo que Oliver tinha encontrado estava na tela. Comecei a ler. “Sociedade de Adams e Blake termina após traição”.

Pelo que eu podia entender Jake começou a sociedade com o tal amigo de infância, Arthur, seis anos atrás. Nessa época Jake tinha acabado de começar a namorar, Savana, que conheceu Arthur e começaram a ter um caso um ano depois.

O que me faz parar e pensar como é que eles sabem isso! Credo!

Abaixei a página e vi uma imagem dos três. Aproximei bem o rosto do computador e encarei a tal Savana: Ela só tinha o cabelo de diferente do dia que encontrei com ela no prédio. Desci um pouco mais e vi a foto do casamento de Jake.

Fechei a pagina e deixei a cabeça cair na mesa.

                - Que inferno!

Levantei e peguei minha bolsa do chão ao lado do sofá. Desci as escadas correndo e fui procurar Ally. Encontrei-a no bar.

                - Ally, me explica o que aconteceu.

                - Você já resolveu?

                - Vou fazer o certo... Por enquanto.

                - Certo, Calli se você aceitar eu gostaria de ajudar você com... 

                - Que pergunta é essa? É claro que sim! Agora me explica.

Ally sorriu e me explicou tudo certinho: o maior lance levaria o livro e cuidaria do resto (digitalização, propaganda, venda...). No momento eu só teria que esperar e depois escolher qual a editora que iria lançar o livro. Fiquei contente com a parte de escolher eu mesma.

Despedi-me da Ally e sai da boate. Pedi pra não ir a noite – não estava afim de agitação – e tratei de correr dali. 

No caminho – a pé – parei em um pet shop para comprar mais comida para a Lotte que de raquítica passou para bola em uma semana. Talvez eu deva parar de alimentá-la de duas em duas horas... Hum, é melhor.

Estava agachada lendo os nomes das rações das prateleiras de baixo (que por acaso não me diziam nada) e pensava no meu livro. Era incrível ele ter sido aceito. Mas eu não conseguia me sentir feliz... Parecia um buraco no lugar do meu estômago.

Peguei cerca de quatorze latinhas de comida sabor carne, peixe e eca, fígado. Fui para o caixa e paguei as compras. Na semana passada eu tinha comprado uma cama, uma caixa de areia e um monte de latinhas de ração que foram consumidas em cinco dias. Mas a cama não servia pra nada, por que eu não conseguia convencer a Lotte a sair da minha cama. E ela tinha medo da caixa de areia. Eu sei: dona complexada, gata complexada. 

Senti uma preguiça miserável de terminar o caminho a pé. Parei um taxi e passei meu endereço. O caminho foi feito em vinte minutos, paguei o taxista e entrei no prédio. Pro meu espanto o elevador tinha sido consertado.

Fui pulando até ele e apertei o botão para chamá-lo. As portas se abriram, eu de cabeça baixa fui entrar com o pé direito (pra ver se dava sorte e o elevador nunca mais quebrasse) e dei de cara com um homem.

                - Olha por onde anda!

                - Desculpe...

Encarei-o com a sensação de que já o conhecia. Tinha o cabelo loiro e feições fortes, difíceis de serem esquecidas. Ele saiu do elevador e eu entrei e apertei o seis... Só então percebi que o elevador tinha vindo do sexto andar e que o homem tinha uma caixa de papelão cheia de coisas... Inclusive, um abajur de bota.

Segurei a porta com a mão e sai correndo atrás do cara. Parei na porta do prédio a tempo de vê-lo abrir a porta de um carro preto e dar a caixa a alguém. Corri até lá e consegui ver a pessoa no banco do carona.

                - Eu não acredito!

                - Olá.

A gazela maluca sorriu para mim, segurando a caixa no colo. Pulei na janela do carro, peguei o abajur de bota e gritei:

                - O que vocês fizeram com ele?

                - Não fizemos nada, ele só voltou para a família.

Então o homem, que agora eu sabia que era o Arthur, deu partida e saiu rapidamente da minha visão. Segurei o abajur fortemente contra meu peito e senti uma vontade absurda de tacar ele na cabeça de alguém.

Controlei-me e voltei para o prédio, juntei a sacola que nem tinha percebido que tinha deixado cair. Apertei o botão novamente e dessa vez entrei com o pé esquerdo mesmo. Dane-se a sorte.

Cheguei ao meu apartamento e depois de trancar a porta, liguei os recados da secretária. Tirei os sapatos e chamei Charllote. A voz de Cam encheu o apartamento.

                “- Calli, oi... Olha me desculpa... Eu não devia ter feito aquilo, nem dito o que disse... Você sabe que eu não te machucaria não é?”

Suspirei a abri a latinha, comecei a despejar o conteúdo no pratinho da gata. O recado continuou:

                “- Eu queria só dizer pra você não se preocupar, eu não vou mais te perseguir, nem nada do tipo... Antes de sair do seu prédio naquele dia, eu bati um papo com seu amigo...”

Ele deu bastante ênfase no “papo” e o imaginei com um olho roxo. E mais recado... Será que isso não tinha tempo marcado? Credo, as pessoas costumam falar idiotices quando tem bastante tempo.

                “- Ele me disse algumas coisas sem sentido... Algo sobre se nós tínhamos mesmo terminado e se eu o conhecia...”

Finalmente o bip, a voz dele sumiu. Próximo recado. Ah, adivinha... Era do Cam também.

                “- Eu só quero terminar de dizer que ele pareceu bem chateado e nem me deu tempo de dizer que não namorávamos há anos. Olha, se algo aconteceu por causa daquilo, me desculpa... Mesmo. Eu só fui até ai pra tentar te convencer a voltar pro grupo, porque todos nós sentíamos a sua falta e pra te dizer que eu vou me casar com a Shelley. Bem, o convite logo vai chegar ai... Adeus, Callissa.”

Fim do recado. Eu estava paralisada com a latinha meio vazia numa mão e a colher na outra, Lotte se enroscando nas minhas pernas tentando chamar minha atenção... Mas eu estava chocada. Ele não me queria de volta. Eles me queriam.

No primeiro ano, logo que comecei a trabalhar na Oa Dance, conheci Cam - ele era meu parceiro antes do Joe – comecei a gostar dele e fui correspondida. Cam me convidou para dançar com o grupo de dança dele e eu fui.

Conheci Jason, Master, Nelly, Jessye, Amy e Shelley. Dançamos juntos por alguns meses, entramos em alguns campeonatos... Mas não foi a melhor época da minha vida, porque graças aos seus cabelos escuros, ombros largos e tanquinho, todas queriam um pedacinho dele. E eu não queria dividir. Cam queria ficar comigo de qualquer jeito, discutia comigo para irmos morar juntos... Mas como eu disse, a coisa ficou muito séria, então eu terminei com ele.

Estava tão perdida na minha cabeça que nem percebi que o outro recado tinha tocado. Fui até a secretária e apertei o botão para voltar. Era da Ally.

                “- Calli! Você não vai acreditar! Eles deram um lance de sessenta e oito mil! A agente nos disse para aceitar esse... E se esse livro estourar, vender o próximo vai ser mais fácil e lucrativo ainda! Meu Deus, Callissa! Você tem que aceitar esse! Ah, e arranje um celular... Olha o seu tamanho, é difícil te ligar só em casa...” Piii.

Eu não queria um celular, por que não queria que as pessoas me encontrassem. Mas se quer saber, eu estava em choque novamente.


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Notas finais do capítulo

Comentem!! Sim? Por favorzinho? Heim?