Mais Do Que Você Imagina escrita por RoBerTA


Capítulo 36
Simplesmente longe




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Notas do capítulo

Oiii!! Então, AMEI os comentários, e vou respondê-los assim que conseguir ^^ (aceito mais :D) Não gostei do título, e também não gosto da escola shusuauasuh' Alguém já leu a série As Crônicas Arcanas, da Kresley Cole? Fantááásticaa :D

Boa leitura!

.

POV Chris

As pessoas que mais falam no amor são as que menos o compreendem.

Pergunto-me se fiz a escolha certa, e sei que não há dúvidas nesse quesito.

Uma vida vem acima do meu egoísmo de querer estar com a única pessoa que já amei.

Mesmo se essa pessoa fugiu de mim, sem um único adeus, um último beijo...

Como ele pôde? Como?!

Essas palavras já não faziam mais sentido para mim, tão gastas pela repetição que ficaram.

Por quê? Por quê? Por quê?

Sinceramente? Eu não sei.

Achei que ele me amasse, de verdade.

As lembranças e impressões mentem.

Assim como as pessoas.

POV Calli

Ele acaricia meu rosto com as pontas dos dedos, enquanto a outra mão ajeitava meu cabelo que se rebelava junto ao vento.

Deus me ajude, mas eu acho que estava me apai...

Não, não pode ser. John, ele e eu... Eu o...

Seus olhos possuíam peso e calor. Suas pupilas estavam em um tamanho maior que o habitual, e suas íris muito mais escuras do que de costume.

A impressão era que ele iria me devorar a qualquer momento, tamanha a gana com que me mirava.

─ Sabe, deveríamos fazer mais esse tipo de coisa. ─ E afunda a cabeça em meus cabelos. Sou atingida por seu cheiro, que me embriaga e me leva até a noite passada. Quem diria, hein. Pouco tempo atrás eu não acreditava que iria perder meu grande V tão cedo, mas agora, cá estava eu, com esse homem incrível que me fazia se sentir uma mulher.

A sua mulher, de corpo e alma.

Por Deus, como esses tipos de pensamentos vinham me atormentando ultimamente. Eu simplesmente ainda não estava pronta a admitir que sentisse mais que uma culminante atração carnal por Leonardo.

Mas o jeito que ele me olhava... Estremeci, fazendo-o se afastar com uma olhar preocupado.

─ Você está com frio?

Dou um sorriso acanhado.

─ Eu sou fogo, lembra? ─ Ergo uma sobrancelha de modo sugestivo, o que parece agradá-lo profundamente. ─ E sim, ─ passo meus braços ao seu redor ─ deveríamos fazer mais coisas do gênero.

Olho ao meu redor, para as poucas, porém bem cuidadas árvores que zelavam os ternos amantes. Apenas havia casais nessa área.

─ Sabe, você vai acabar desempregado se continuar assim. ─ Brinco com Leonardo, que nesse momento parece muito distraído olhando para a curva do meu pescoço. Engulo seco, tentando me desviar do caminho da tentação, por assim dizer.

Seus olhos se voltam para o meu rosto.

─ Por que diz isso? ─ Pergunta confuso.

─ Oras, ─ chego mais pertinho dele, sentindo seus deliciosos músculos por trás de sua fina camisa branca ─ ultimamente você tem passado muito tempo comigo, negligenciando seus deveres como um policial do bem.

Sua mão descansa em meu joelho, enviando arrepios deleitosos por todo o meu corpo, enquanto um sorriso travesso surge em seu rosto.

─ Não é como se eu tivesse outra opção.

Ergo uma sobrancelha.

─ Que eu saiba ninguém está te obrigando a nada aqui.

─ Você tem toda a razão. ─ Seus lábios estão quase nos meus. ─ Mas a minha falta de opção não tem nada a ver com obrigação. Eu não consigo mais... ─ franze o cenho confuso, como se as palavras tivessem escapado do seu alcance nesse momento tão crucial ─ viver sem você. Não, não é isso. Muito clichê, não é isso... ─ murmura consigo mesmo, completamente frustrado; minha visão está embaçada ─ eu... ─ suas mãos envolvem meu rosto, de modo possessivo, porém delicado ─ eu preciso de você.

Fala isso em um tom tão urgente, que não consigo me conter. As lágrimas rolam livremente pelo meu rosto. Uma expressão de dor cruza o seu rosto.

─ Não chore...

E antes que eu possa responder, seus lábios estão beijando as minhas lágrimas.

Fecho os olhos e sinto sua barba rala arranhando levemente a minha pele. É... Delicioso.

Só que ele não entende.

Não são lágrimas de tristeza.

São de alegria.

Afasto-me dele, mesmo que isso doa em mim.

─ Leonardo, eu... ─ Te amo? Não, era muito cedo para isso, não nos conhecíamos há tanto tempo, e mesmo assim... Eu sabia que ele me tinha na palma da mão. E isso era recíproco. Seu afeto por mim transparecia em suas doces palavras e gestos de amante.

O que eu diria agora? Depois daquela declaração dele, e, diga-se de passagem, foi a mais atrapalha e doce que eu já ouvira, bem, eu não poderia simplesmente ficar calada e não lhe dizer nada.

Não que eu fosse ter a oportunidade de pronunciar qualquer coisa naquele momento.

Seu olhar era magoado, ferido, até. Vestido daquele jeito discreto que tanto me chamara atenção. E lá estava novamente, aquele buraco horrendo em meu peito, como se recém tivesse sido aberto. Fazia algum tempo que não sentia aquela dor claustrofóbica.

Seus olhos não desviavam dos meus, enquanto apertava com força um caderno debaixo do braço. Até que viu Leonardo praticamente fundido em mim. Seu rosto ficou lívido, enquanto cambaleava para longe de mim. De nós.

Sinto Leonardo ficar tenso ao meu lado, provavelmente tendo visto um John sair quase correndo de lá.

Essas lágrimas com certeza não eram de felicidade.

POV Chris

Acho que nunca tinha ouvido tanta música deprimente em toda a minha vida. Nem assistido a tantos filmes água com açúcar. Muito menos chorado tanto e com tal afinco.

Quase quis morrer.

Mas então recordava aqueles momentos terríveis enquanto estive sequestrada. O que me levava a Guilherme, para ser mais precisa, ao fatídico dia.

Guilherme, o que você pensa que está fazendo?

Decidi ir pelo modo autoritário. Talvez um tom mais imperativo o fizesse acordar para a realidade. Pelo menos era isso o que eu queria, rezava até.

Tentei ignorar a ânsia de olhar para o céu, e ver se algum enorme avião passava por ali. Masoquismo, masoquismo puro, eu sei.

Minha escolha já havia sido tomada.

Eric deveria tomar a dele agora. E se realmente me amasse, desistiria dessa ideia ridícula.

Acrescente mais esse fato às minhas preces.

Christina? Parecia genuinamente confuso, como se eu fosse a última pessoa que esperava ver naquele momento. O que você está fazendo aqui?

Dou de ombros.

Soube que Eric iria sair do país. E... Eu me lembrei de tudo.

Seus olhos se arregalaram.

Eu sinto muito! Juro que nunca quis que algo ruim acontecesse a alguém. Me perdoe...

Minha vez de ficar confusa.

Mas por que você deveria se desculpar?

Por ter sido a causa do teu sequestro e tudo que te aconteceu de ruim.

Ok, certo, isso é repentino. Como assim a causa? Olho para seu rosto abatido, coberto de remorso, e me lembro de todas as vezes que nos vimos depois da minha perda de memória. Ele nunca trocou uma única palavra comigo, sequer me olhou nos olhos.

Nem me passou pela cabeça o verdadeiro motivo do meu sequestro, até então. Lembro-me daquele crápula acusando Eric, dizendo que o mesmo devia ao marginal.

Dívidas...

Minha mente foi rápida em arrumar algo para falar.

Só te perdoo se você me explicar essa situação direito.

Ergo o queixo, fingindo que sei de tudo.

Você não me odeia? Quase gagueja ao falar isso.

Claro que não. Agora me diga, como isso tudo começou?

E ele disse, com os mínimos detalhes. Falou de seus vícios e suas dívidas. Em cada palavra sua havia um resquício de alívio. Enquanto me confessava seus crimes e pequenas, vi aquele peso abandonando as suas costas.

Cada gesto dele implorava para que eu o perdoasse.

Não sabia se poderia fazê-lo.

Ele era o motivo de tudo aquilo ter acontecido. Todas as coisas ruins. Uma vida que eu poderia estar tendo. Um amor que eu deveria estar vivendo.

Mas por mais incrível que pareça, não conseguia odiá-lo. Não havia um pingo de rancor em meu peito. Guilherme poderia não ter o meu perdão, mas não teria meu ódio.

Estava farta de todos os sentimentos ruins existentes. Eu só queria ser feliz. E a minha felicidade estava tão perto... Eu ainda poderia alcança-lo. Sei que poderia. Além do mais, Eric jamais ira embora e me deixaria para trás.

Olhei no fundo dos olhos de Guilherme, atravessei todas as barreiras que ele impôs entre si e o mundo. Até que vislumbrei a sua alma.

Por favor, saia dali. Existe pessoas que te amam e vão te apoiar. Não faça isso com a sua família. Não faça isso com você.

Ele começou a chorar.

Você não entende... Eu estraguei tudo! Mereço morrer!

Ali estava a palavra que tentei a todo custo evitar, mesmo nos meus pensamentos.

Não. Você merece uma secunda chance, como todo mundo.

E quando falei essas palavras, senti a magnitude delas. E as amei.

Todos merecem uma secunda chance.

Eu também.

Assim como Eric.

E o nosso amor.

Guilherme, eu preciso ir. Preciso chegar até Eric e dizer o que sinto por ele.

O irmão mais velho me olha com tristeza e pesar, depois de olhar rapidamente seu relógio de pulso.

Você não vai conseguir. Ele foi embora.

Não acreditei nele.

Pedi para que não fizesse nenhuma besteira, e senti firmeza e sinceridade quando falou que não iria.

Corri até Eric.

Deveria ter acredito.

Ele foi embora. Para longe de mim.

Longe de nós.


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