Mais Do Que Você Imagina escrita por RoBerTA


Capítulo 35
Uma escolha árdua




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Geeente, amei os reviews ♥ ♥ E pretendo terminar de respondê-los assim que possível :D (vou começar a colocar as notas no próprio capítulo, pois elas estão saindo pela metade lá em cima).

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POV Calli

Seus dedos se enroscam em meus cabelos, em uma carícia tão dolorosamente deliciosa que morro de vontade de beijá-lo, mas continuo com a cabeça em seu colo, sentindo o seu perfume com a minha alma, e o calor de seu corpo com o meu desejo.

─ Não se preocupe, minha flor, ela vai melhorar.

Engulo o choro.

─ Você não entende... Parece que só restou o corpo. Eu odeio ele.

─ Ei, olhe para mim. ─ Segura meu rosto com surpreendente delicadeza. ─ Ódio é um sentimento que corrói a alma da gente. Você é boa demais para ficar guardando mágoa.

Nego com a cabeça.

─ Não sou boa demais, por isso posso sim guardar mágoa. E você fique quietinho e me abrace.

E ele o faz. Com um meio sorriso que me faz querer beijá-lo até me esquecer do meu nome.

─ Calli?

─ Hum.

Sinto uma preguiça imensa de abrir a minha boca para formular qualquer tipo de resposta. Faz muito tempo que não me sinto tão bem quanto agora, deitada no colo de Leonardo em sua cama que me faz ter pensamentos vergonhosos. É o mais próximo que já cheguei do céu, mesmo estando condenada ao inferno.

─ Preciso te contar uma coisa.

De repente a preguiça se esvai e me sinto completamente alerta.

─ Pode dizer.

Tento soar calma, embora esteja uma pilha de nervos por dentro. O que será que ele iria dizer? Será que diria que não poderíamos mais nos ver? A ideia por si me dava uma imensa vontade de vomitar.

─ Lembra que eu falei que você me lembrava de uma pessoa?

Balanço a cabeça, quase grata. Ele não iria me deixar, afinal. Mas...

─ Ela era a minha noiva. Foi atropelada.

Quem se sente atropelada sou eu, mas pelo excesso de informação.

─ Sinto muito...

Leonardo abre a boca para dizer algo, mas então a fecha. Dá de ombros, e tenta falar novamente.

─ Esse tipo de coisa acontece. Foi por esse motivo que resolvi virar policial. Defender e salvar pessoas. Salvar o amor de outra pessoa.

Isso me atinge de diferentes formas. O vejo com outros olhos, e lá estão as malditas borboletas, mas essas permanecem no meu estômago. E também há aquela pontada, ao ouvi-lo falar sobre salvar o amor de outra pessoa, já que o dele lhe foi arrancado. Ela devia ser o amor de sua vida...

Caramba, o que estava acontecendo comigo?

─ Isso é lindo...

Quando Leonardo sorri, é um sorriso triste, melancólico até. Faço o que tanto queria fazer. Abraço-o e colo nossas bocas.

Talvez ele cure as minhas dores, e eu cicatrize as dele.

Talvez, nada sege por mero acaso.

POV Chris

Uma semana.

Sete dias.

Cento e sessenta e oito horas.

E eu não havia visto nem a fuça do Eric.

Ok, por que eu deveria me importar? Quero dizer, depois daquele dia no circo, quando ele fugiu de forma grosseira, eu não tenho motivo nenhum para me importar com ele.

Isso é o que a minha mente diz. Já meu coração, este está implorando para ser vendido no mercado negro.

Coloco o meu livro de lado, afinal, por mais que eu lesse umas quinhentas vezes a mesma frase, era incapaz de compreender o que estava escrito.

Suspiro enquanto olho para o meu celular. A Calli anda meio estranha ultimamente, e nesse momento eu adoraria ligar para ela e escutar sua voz. Perguntar como se estava saindo a respeito de toda aquela história com a sua família. Francamente, eu era uma amiga horrível.

E egoísta. Estava mais disposta a ficar tentando me lembrar do que me foi roubado, ao invés de ajudá-la a superar os seus problemas. Coitadinha, não deveria ter ninguém para consolá-la...

─ Chris!

Olho para meu irmão, que parece estranhamente feliz.

─ O que foi?

─ Eu me acertei com a Bianca!

Olho para ele sem entender nada.

─ Quem diabos é essa Bianca?

Compreensão ilumina seu rosto. Essa era mais uma parte do que eu havia me esquecido. E estava cem por cento disposta a recuperar.

─ É uma garota que eu estava muito afim. Mas não queria nada comigo. Digamos que as coisas mudaram radicalmente nesses últimos tempos... E ah, antes que eu me esqueça, ela mandou eu lhe entregar isso.

Estende um papel amassado, que pego sem pestanejar.

Desdobro com cuidado, revelando uma letra curvilínea e elegante. Jimmy espia por cima do meu ombro.

Christina;

Meu primo irá passar um tempo com a vovó no Canadá. Seu avião partirá essa tarde. Sugiro que se apresse.

B.

─ Quem é o primo da Bianca? ─ Pergunto para Jimmy sem entender nada.

─ Eric. ─ Ele responde, sem nenhum rastro da felicidade anterior.

Arregalo os olhos.

─ Como ele pôde? Como pôde me deixar para trás? Como...

As lágrimas jorram infinitamente, parecendo nunca terem fim.

Por que estou chorando? Não sei.

─ O que você está esperando? Anda!

Tudo para, parecendo levitar no tempo. Agarro o braço do Jimmy, e me sinto expandir. Sinto o inexplicável.

Sinto tudo.

Vejo tudo.

Eu me lembro de tudo.

Meu Deus, é isso. Eu amo o Eric. E essa é a verdade mais absoluta que já me apresentaram. Mesmos as recordações terríveis daqueles momentos que passei com aquele bandido não são suficientes para me acanharem. Elas são um nada perto do meu amor, e de todas as outras lembranças boas.

Como pude me esquecer de tudo o que passamos juntos?

Eu preciso ─ devo ─ consertar isso.

Ele precisa saber o que eu sinto.

Olho pela janela. Oh, Deus. Estamos no meio tarde.

Eric não pode ter partido. Não pode...

─ Cristina. ─ Jimmy me acorda do meu transe. ─ Vai.

E eu vou.

Apenas pego o celular pelo caminho, e continuo de pantufas. Por sorte o aeroporto não ficava longe da minha casa. Bastava correr como se a minha vida dependesse da minha velocidade, o que não era inteiramente mentira.

Enquanto corria tentava ligar para seu celular, mas todas às vezes caía na caixa postal. Quase atirei meu celular em um arbusto uma hora, mas me segurei, caso contrário meus pais me matariam e eu ficaria sem celular.

Apressei o passo, mal vendo a hora de encontra-lo... De beijá-lo... De dizer aqueles três palavrinhas mágicas...

Guilherme?

Paro de repente, quase caindo. No caminho da minha casa até o centro da cidade há uma pequena ponte, mas a sua altura é considerável. A minha vida inteira ouvi de meus pais e todos os outros adultos para eu ficar longe da beirada. Poderia ser perigoso. Mortal.

Mas Guilherme não parecia se importar com isso. Não quando ele estava de pé na bordinha da ponte, em uma clara posição de quem planejava se jogar de lá.

Uma escolha de enorme peso se apresentou diante de mim. Se eu voltasse a correr imediatamente, ainda conseguiria chegar a tempo de ver Eric. Mas isso resultaria na morte de seu irmão. E eu jamais me perdoaria.

Respirei fundo, enquanto uma parte do meu coração era arrancada do meu peito e estava prestes a entrar em um avião. Ignorei a agonia que varia o meu peito, e me pus a pensar nas palavras capazes de enganar um suicida.


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