Mais Do Que Você Imagina escrita por RoBerTA


Capítulo 3
Dando o troco


Notas iniciais do capítulo

Oii gente linda! Como vão? Tudo na perfeição?? Enfim, espero que gostem do capítulo ^^ Sugestão, reclamação, observação, viva aos reviews õ/
Boa leitura.
BjxxxxxX



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— Sim, sim, eu já entendi!

Caramba, como as pessoas conseguiam ser chatas quando queriam. Fico olhando para Jimmy, tentando dizer por pensamento para que ele saia do meu quarto antes que o atire pela janela. O garoto não desiste da ideia de me usar para tentar conquistar uma garota lá.

Eu até concordaria, se essa fosse a primeira vez.

— Mas e a Luci? Eu pensei que você estava completamente apaixonado por ela.

Ele finge não notar meu tom de sarcasmo, enquanto fica bloqueando a passagem pela porta. Jimmy tinha essa mania de ficar se apaixonando, toda hora, como se isso fosse um hobby. E tinha essa outra mania de pedir minha ajuda para conquistar essas pobres coitadas.

— Mas dessa vez é diferente, eu juro! Bianca parece ter aversão a mim. Não existe nada que eu diga que faça com que ela simpatize comigo. Você precisa me ajudar, por favorzinho?

Ele faz aquela cara de cachorrinho sem dono que afeta todo mundo, inclusive eu.

— Você tentou fazer essa cara pra ela?

— Tentei, mas não funcionou. — Ele suspira melancólico.

Era difícil de acreditar que alguma garota estivesse resistindo a ele, afinal Jimmy não era feio, nem de longe. Não chegava a ser um modelo de masculinidade, mas o garoto recém havia feito quinze anos, então não se pode esperar muito dele nesse quesito. Mas ele era fofo, o tipo de fofura que atraía as garotas. Olhos de anjo, dourados, iguais aos meus, apesar de ter uma alma mais diabólica que angelical. Seus cabelos também eram louros, mas os dele, diferentes dos meus, eram lisos naturais. Havia um tempo que passei a fazer uso da chapinha, por motivos pessoais. Ele não era musculoso, mas também não era gordo. Mas o mais importante, o garoto sabia o quê e quando falar. Ele tinha uma lábia impressionante. Às vezes costumo pegar no pé dele, e digo que ele daria um ótimo político, mas então ele fica brabo comigo.

— Ok, eu vou te ajudar. E gostaria de dizer que essa vai ser a última vez, mas acho um tanto improvável. Mas agora eu preciso ir, estou atrasada.

— Você é a melhor irmã do mundo! — E Jimmy se joga pra cima de mim em um abraço agradecido. E ele era o melhor irmão do mundo, apesar de eu não admitir isso em voz alta. Nunca fui muito boa em lidar com afeto e sentimentos.

Ele então vai para seu quarto, ao lado do meu, e eu pego minha bolsa que havia posto no chão enquanto falava com ele. Nunca saio sem uma bolsa com uma câmera dentro.

Fotografia é minha paixão. A ideia de eternizar um momento me seduz. É minha maneira de deixar meu legado. Talvez isso se deva ao fato do meu medo de perder. Eu odeio ter que abrir mão de algo.

É uma pena que meus pais não levem a sério o fato de eu querer viver disso. Eles só implicam comigo quando toco no assunto. Acabei aprendendo que é melhor não falar disso com eles. Mas isso não significa que desisti da ideia.

Jogo a bolsa carteiro jeans sobre o ombro, e ajeito o biquíni por baixo da minha roupa de verão. Desço as escadas correndo, e vejo minha mãe arrumando um vaso perto do sofá.

— Eu vou ir naquela festa que te falei. Beijos mãe.

— Ok, tente não arrumar encrenca.

— Prometo tentar. Mas não prometo cumprir.

E saio antes que ela me repreenda. É do conhecimento geral que sou do tipo de garota encrenca. O problema parece apaixonado por mim, sempre me visitando nos piores momentos possíveis.

Vou a pé mesmo, por o dia estar extremamente agradável. O sol estava radiante, e não havia uma única nuvem no céu. A cidade era bem definida quando se tratava das estações. Um inverno rigoroso, e um verão com temperaturas elevadas.

Não demora muito para que chegue ao tal lugar. Há um laguinho, e ao seu redor, estão vários adolescentes rindo e bebendo. Alguns até dançam ao som da música alta vindo de uma caminhonete. Avisto Beatriz e Daniel, juntamente com alguns outros colegas nossos. Aproximo-me deles.

— E aí pessoal?

— Oi princesa. — Daniel passa um braço ao redor do meu pescoço, e toma um gole da sua cerveja. Digamos que ele é um nerd diferente. Santo na escola, mas nem tanto fora dela. Principalmente em festas. Ele me oferece também, mas nego. Uma, porque ainda somos de menor, e legalmente não poderíamos estar bebendo bebidas alcoólicas, e outra, não gosto de nenhuma bebida que faça com que eu perca a razão e o domínio sobre mim mesma. Gosto de estar sempre no controle.

— Já ouviu os boatos? — Bea me pergunta, meio que cochichando.

— Depende, já são tantos boatos sobre tudo e todos, que nem sei mais o que eu sei ou não sei.

Ela franze o cenho, tentando entender o que falei, por fim dá de ombros, e se aproxima mais de mim.

— Jenna ficou com o Olavo. — Ela fala como se fosse o fim do mundo. Talvez seja para alguns, mas não para mim. Ele sempre quis ser padre, o tal do sonho da vida dele. Nunca se interessou por nenhuma garota, e era constante alvo de chacota de pessoas maldosas. Sempre o defendia quando podia. Já Jenna, era o tipo de piriguete, sabe as maçanetas do colégio? Ela era a nossa. Mas eu sabia que isso era pura fachada, um modo de ela extravasar as frustrações, consequências das constantes brigas dos pais. Eu sabia disso. Olavo também. Eu via o jeito que eles se olhavam. Os outros não. Eles estavam apaixonados, e não haviam apenas “ficado”. Mas ninguém se importava com a verdade. Só queriam um boato para espalhar.

— Talvez as pessoas devessem cuidar das próprias vidas. E parar de falar das dos outros.

Digo em um tom duro, e me arrependo ao ver o olhar magoado de Beatriz.

— Ei, sinto muito, não queria ter falado assim com você. Não é culpa sua. Só não ajude essa gente a fazer esse tipo de coisa, ok?

Ela assente, mas não parece muito convencida com minhas desculpas. Ficamos um momento conversando com nosso grupo, até que notei Eric chegando com alguns amigos.

Ele sorria, como se o mundo fosse dele. E aposto que o mundo nem se importava. Talvez até gostasse. Enquanto andava, piscava para cada garota em seu caminho, e elas davam risadinhas enquanto pareciam engolir ele com os olhos. Então Eric me viu. Ele não piscou, mas sorriu de modo maroto, um sorriso torto. Ele sempre fazia isso quando me via.

Ergui uma sobrancelha, e o cumprimentei com o dedo do meio. Ele pareceu achar graça, e mandou um beijinho soprado. Mostrei a língua pra ele, e quando o fiz, Eric lambeu os lábios. Foi um gesto quase obsceno. Desviei minha atenção para meus amigos, que me encaravam curiosos.

— Essa inimizade de vocês vai longe. — Daniel observou. Sorri pra ele. Ah, com certeza ia. E hoje Eric iria me odiar um pouco mais.

— Então, ninguém vai entrar na água? — Perguntei de forma inocente. Inocente e falsa.

Beatriz coçou a cabeça, e seus cabelos curtinhos balançaram.

— Ninguém quer ser o primeiro.

Rolo os olhos, e faço cara de indignação.

— Então talvez eu deva dar o exemplo.

Coloco a bolsa com cuidado num canto, e tiro a regata e o short, jogando-os por cima da bolsa, enquanto sinto vários olhares em mim.

Quando me viro, vejo que realmente tem muita gente olhando para mim. Principalmente os garotos. Não sou egocêntrica nem nada do gênero, mas reconheço que o sexo oposto me acha atraente, resultado de todas as minhas caminhadas matinais. Corro até o laguinho e me jogo nele. Primeiro, afundo. É uma sensação estranha a princípio. Uma força me puxa para baixo, e permito que ela o faça. Deixo-me afundar, sentindo a água ao meu redor, de modo opressor. E então luto para chegar à superfície. Tomo um longo fôlego. Agora as pessoas parecem estar ansiosas me olhando. Vejo Eric pelo canto, em sua típica postura arrogante, e uma expressão de satisfação.

Dou um grito de alegria, e bato as mãos na água. É o que as pessoas precisam para seguir meu exemplo. Não muito tempo depois, tem mais pessoas do lado de dentro do que de fora. Quando começo a procurar por Eric, ele vem até mim.

— E aí, Piradinha. — E joga água na minha cara. Cuspo ela, e pisco algumas vezes, os olhos ardendo onde ele jogou a água repentinamente. Atiro a água de volta, braba por ele usar o apelido que me deu. Não tem jeito de fazê-lo parar de me chamar assim.

— O que foi, seu estúpido?

Ele não parece nem um pouco ofendido quando se aproxima de mim.

— Sabia que esse biquíni te deixa apetitosa?

Tento chutá-lo, mas então me lembro de que isso é inútil debaixo d’água.

— Eu não sou comida pra você falar assim de mim.

Ele faz uma cara triste, pura encenação. Não é a toa que Eric participa do teatro da escola. Dói admitir, mas ele é muito bom no que faz. Mas não caio em suas encenações.

— É uma pena, porque se fosse, eu comia.

Minha boa cai lá embaixo, enquanto quase me afogo, não na água, mas em toda a minha indignação. Tento acertar um tapa em sua cara, mas ele prende minha mão na sua.

— Que menina má. Talvez eu deva te ensinar boas maneiras... Ainda mais agora que vamos ter detenção juntos. Hnm, quanto tempo, para fazer muitas coisinhas...

Esse comentário sujo me lembrou do que eu pretendia fazer. Aproximei-me mais dele na água, e fiz algo do qual não me orgulho muito. Ele podia me odiar, mas era um garoto, afinal. Ergui-me na água, com meus montes quase na cara dele. Imediatamente o senti soltando minha mão. Era minha deixa. Submergi na água, e tentei fazer mais rápido que conseguia. Desci sua sunga, e nadei para longe, ainda mergulhando. Quando emergi, já distante de onde estava, vejo seu rosto vermelho, lívido de raiva. Ele tenta vir até onde estou, mas sou mais rápida.

Nado rápido até sair da água. As pessoas parecem perceber que algo está acontecendo, por que estão nos observando.

— Meninas, parece que o galinha-Eric está nuzinho. Preciso acrescentar algo?

Elas parecem lutar contra a vontade de se aproximar dele. E ele parece estar morrendo de vontade de me esganar. Não que possa, a não ser que saia da água. E aposto que ele não vai optar por isso.

— Nos vemos em breve, meu vizinho amado. — Pego minhas roupas e bolsa, e atiro sua bermuda por cima do ombro, como um troféu. Mas antes de ir, me viro para ele, que continua no mesmo lugar, mas agora com umas meninas mais perto dele, e atiro um beijinho. Dessa vez sou eu quem ganho um dedo médio.

Vou para casa cantando vitória.


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