Mais Do Que Você Imagina escrita por RoBerTA


Capítulo 27
Reunião em família


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, dedico esse capítulo à Darin e Dark Princess pelas recomendações que me fizeram babar :D
Segundamente - é, essa palavra nom ecziste, fazer o que né - vocês preferem capítulos longos com uma demora maior para atualizar ou capítulos curtos porém mais frequentes?



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POV Eric

Eu queria matá-lo, apertar aquele pescoço nojento até seu coração imundo parar de bater.

Um som de batida.

A cabeça da Christina batendo contra o chão. Meu punho batendo contra a cabeça do marginal.

Meu coração batendo a mil por hora.

Um desejo maluco de batertanto naquele maldito até seu sangue jorrar e me cobrir por inteiro. Um anseio assassino apoderando-se de mim por extenso, batendo na minha sanidade.

Mas um único olhar em sua direção bastou para me acalmar, e então, aterrorizar.

Seu sangue manchava o chão, mas graças a Deus era uma quantidade não alarmante, porém foi o suficiente para me deixar em pânico.

Esse momento de distração da minha parte lhe concedeu uma breve vantagem, na qual ele me derrubou com uma rasteira. Todo meu lado direito doía, e provavelmente ficaria um hematoma gigantesco posteriormente.

Fechei os olhos com força por um milésimo de segundo.

Quando os abri, não era mais eu o senhor do meu próprio corpo. A vingança havia se apoderado dele de tal forma que eu mal me sentia humano.

O ataquei.

Como um selvagem.

Um assassino de sangue frio.

Christina ainda sangrava, e por mais ridículo que pareça, esqueci-me dela por completo, mesmo sendo ela o motivo da minha vingança sanguinária.

E o amor da minha breve vida.

POV Calli

E cada vez ficava pior, se possível.

Meu, meu... Por Deus! Meu meio-irmão! Vamos Callilda, aceite essa realidade de uma vez por todas! Dei um soco no chão. Meu meio-irmão e até então minha paixão estava atracado com aquele monstro no chão. Ele batia no homem de forma violenta. Logo as pessoas que estavam por perto saciando sua curiosidade nojenta apartaram a briga.

Eu continuava encolhida no chão chorando lágrimas que mais pareciam ácido, veneno. Elas ardiam por onde passavam. Um lembrete de como é a vida. Mais amarga que um limão.

– Eu vou te matar! – John parecia um cachorro com raiva, quase espumando. Uma veia estava saltada em sua têmpora.

– Você vai é pra cadeia seu marginalzinho! – O outro gritou de volta, parecendo cuspir as palavras com desprezo para seu filho. – Maldita a hora que te botei no mundo! – E então olhou para mim. – Vocês dois são uma vergonha como filhos.

John tentou atacá-lo novamente, porém já eram três homens o segurando. Sua tentativa foi falha, mas seus olhos fuzilavam aquele que tanto odiava.

Senti-me uma inútil. Aparentemente meu único dom era chorar infinitamente. Uma completa inútil, nem para abrir a boca era capaz. E ainda por cima a trouxona aqui foi se apaixonar pelo irmão.

Juntei todas as minhas forças e levantei. Bem nessa hora um carro da polícia vinha a mil em nossa direção, com aquele barulho infernal que mais parecia a trilha sonora do purgatório.

Todos se aquietarem, até mesmo John.

Um policial com um bigode grande demais – provavelmente a morada de algumas pulgas – aproximou-se da pequena multidão formada por nós juntamente com aqueles curiosos idiotas.

Ótimo, algum babaca chamou a polícia. Perfeito.

POV Eric

Havia acabado com ele.

Sua face agora era algo desfigurado e ensanguentado. Ainda respirava, embora oscilante.

Seu destino não estava em minhas mãos. Esse tipo de justiça é muito maior que eu e a minha vontade.

Corri até Christina. Graças a Deus ainda respirava. Eu morreria se algo acontecesse a ela, principalmente se for por minha culpa.

O rosto de anjo estava com alguns hematomas, e quase voltei até lá para espancar o maldito mais um pouco. Mas então me contive e fiz a coisa mais sensata.

Liguei para a polícia e uma ambulância.

Chris necessitava de cuidados médicos.

Peguei-a no colo com toda a delicadeza do mundo. Sua respiração estava muito fraca, e ela parecia ter emagrecido nesse tempo. Abracei-a, e meu desejo era de nunca mais largá-la.

Acomodei-a de forma que ficasse confortável no meu colo, e subi aquelas escadas estreitas e castigadas pelo tempo.

Não conseguiria descrever com palavras e tampouco compreender meus sentimentos naquele momento. Consegui, consegui resgatar Chris, e mal acreditava nessa realidade tão estranho.

Por favor, não quero acordar e descobrir que tudo isso foi um sonho. Ela está comigo agora e nada poderá tirá-la de mim.

Apresso o passo quando ouço uma sirene de polícia, seguida por uma de ambulância.

Agora estou do lado de fora, onde o sol alcança e carrega promessas consigo. Desconfio delas.

Aperto-a contra meu peito, em uma tentativa falha de fundi-la contra mim, para que nenhum mal volte a lhe acontecer. Depois desse momento, é tudo confusão. Pessoas gritando, correndo frenéticas de um lado para o outro. Chris é tirada de mim, de uma forma quase dolorosa. Colocam-na em uma maca, tomando todas as medidas necessárias para que ela fique bem. Ouço ligarem para seus pais, em seguida Duende é retirado da casa pela polícia. Está acordado, e olha diretamente para mim.

Talvez eu devesse ter batido mais um pouco nele.

Colocam-no em uma viatura e se vão. Fico aliviado por ele estar longe o suficiente da Chris e de mim. Permitem-me acompanhá-la até o hospital, por não haver nenhum parente por perto.

Seguro sua mão durante todo o caminho, e só a solto quando chegamos.

POV Calli

Estou em uma delegacia.

No mesmo dia da minha primeira vez.

Quando descubro meu parentesco com John do pior jeito.

Papai querido está em um canto afastado de nós, à espera de seu ilustre advogado. Quer processar John. Não me pergunte o que ele tem no lugar do coração.

John está sentado a apenas um metro de mim, e quando processo essa informação, ele a torna falsa, pois se senta ao meu lado. Tento ignorar sua presença e proximidade. Mais inútil que isso, só eu e minhas habilidades inexistentes mesmo.

Sabe o que torna tudo isso pior? O fato de terem ligado para nossas mães por sermos menores de idade. Será uma espécie de sonho ver a família toda reunida, isto é, se eu não tiver outros quase irmãos por aí.

Nessa hora entra um homem com o rosto todo ensanguentado de estatura baixa. Um policial provavelmente muito importante está a sua frente, enquanto que dois guardas seguram o homem-trapo.

– Coloquem-no em uma cela, e chamem um médico. Esse bandido não colocará os pés fora dessa delegacia, mesmo que seja um hospital, estamos entendidos?

Todos concordam parecendo cachorrinhos treinados e obedientes. O homem faz um gesto para que levem O Espancado para alguma cela. Quando se vira, seu olhar cai sobre mim. Dura meio minuto, e não consigo desviar meus olhos dos seus, até que ele dá meia volta e sai por onde entrou.

Antes que eu possa me recuperar, duas mulheres entram ao mesmo tempo, um truque sujo do destino. Primeiro elas olham para seus filhos aparentemente rebeldes e encrenqueiros, até que minha mãe percebe a presença daquele homem no outro lado do recinto.

Sua bolsa cai, e o chaveiro produz um barulho metálico quando atinge o chão.

A mulher que eu vi naquela foto na casa do John olha bem nessa hora para seu marido.

Reunião em família. Viva.


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