Mais Do Que Você Imagina escrita por RoBerTA


Capítulo 2
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Então, eu só ia postar quando acabasse AmorÀ19V, mas já que num surto de inspiração acabei escrevendo esse capítulo, e recebi reviews absolutamente lindos e cativantes ( e eu não esperava nem a metade!) então decidi postar agora ^^
Espero não decepcionar ninguém
Aah, isso é mais uma introdução, para ninguém ficar perdido ^^
BjxxX



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Ato I – Se conhecendo

Era uma manhã gelada, um dia terrivelmente frio, de um inverno incomum até então. A família Mason recém havia se mudado para a Rua das Rosas, onde seu nome era justificado pelas lindas rosas de diferentes cores, que pareciam estar em qualquer canto. Mas o inverno rigoroso não estava contribuindo para a beleza delas.

Lola saiu do caro com o pequeno Jimmy no colo, enquanto a filha mais velha, Christina, era escoltada pelo pai, com sua típica cara rabugenta. O pai parecia cansado da longa viagem, e não tinha mais forças para pedir que a filha que mal chegava um pouco acima de seus joelhos, parasse de reclamar.

— Esse lugar é escroto! — Essa foi a primeira coisa que ela falou, assim que pôde.

— Chris! O que eu falei sobre manter a boca fechada!

Mas tudo que a pequena fez foi ignorar a mãe. Eles entraram na casa que passaria a ser o lar deles de agora em diante. Já estava tudo mobiliado e decorado, coisa que eles resolveram fazer antes de se mudar, para não se estressarem posteriormente.

— Amor, eu vou levar o Jimmy para cima, e já volto. Provavelmente os Gall irão vir aqui para dar as boas vindas. Dê um jeito na Christina.

Então Lola subiu, não antes de lançar um olhar ameaçador em direção a menininha com longos cabelos dourados, que permaneciam em grandes cachos. Mas tudo que ela fez foi arquear as sobrancelhas de um jeito que pretendia parecer má, mas que apenas a fez ficar ainda mais fofa do que já era, enquanto sustentava o olhar.

— Filha, — Philip se ajoelhou diante dela, que parecia se esforçar para evitar o olhar dele, mas sem nunca perder sua carranca — você precisa abrir aquele sorriso lindo que eu amo, e ser amigável com nossos vizinhos.

— Como você quer que eu sorria, se não estou feliz!?

— Sorrir não quer dizer que você está feliz, e sim que se importa o suficiente com sua mãe para tentar agradá-la.

— E vocês se importaram em me agradar quando me separaram os meus amigos?

— Nós já conversamos sobre isso... — Ele apoiou a cabeça nas mãos, cansado. — E eu já lhe disse que você irá fazer novos amigos aqui.

— Não. — Sua carranca se aprofundou ainda mais enquanto ela cruzava os pequenos bracinhos resoluta.

Seu pai suspirou, e estava prestes a abordá-la de forma diferente, quando a campainha o fez levantar-se de susto.

— Devem ser eles. Se comporte.

Chris o seguiu, mesmo contra sua vontade.

Quando Philip abriu a porta, se deparou com um homem de aparência simpática, usando uma camisa xadrez confortável. Uma mulher que apesar de aparentar idade, continuava linda, com seus olhos verdes que pareciam pertencer a uma jovem. Dois garotinhos com pouca diferença de idade estavam parados em frente a seus pais. Ambos eram agradáveis de olhar, o mais velho estava sorrindo abertamente, e parecia extremamente carismático. Seus cabelos eram castanhos escuros iguais aos do pai, mas os olhos eram da mãe. Já o mais novo, provavelmente com a idade de Chris, tinha uma cara de mau humor que parecia competir com a da menina. Seus cabelos eram negros como breu, e os olhos eram impossíveis de identificar a cor. Verde? Azul? Quem sabe? Mas pareciam muito escuros, e convidativos, apesar de sua expressão.

Quando ele viu Chris o analisando, a sombra de um pequeno sorriso pareceu iluminar seu rosto, e ele sussurrou algo no ouvido do irmão, que pareceu achar graça.

Chris ficou profundamente incomodada por achar que estavam rindo dela.

— Por favor, entrem. Lola foi pôr Jimmy para dormir, mas já irá se juntar a nós. Coitadinho, ele estava tão cansado da viagem!

Quando Lola se juntou a eles, a conversa ficou animada. A mulher era extremamente simpática e conquistava qualquer um com seu jeito doce. O marido era mais sério, centrado. Talvez o fato de eles se completarem com o que cada um não tinha e o outro tinha, fez com que o casamente desse tão certo.

Chris passou o tempo todo olhando para o chão, sem tentar participar da conversa, e se esquivando quando tentavam inclui-la.

Quando eles se despediram, alegando terem algo importante para tratar, o pequeno Eric se inclinou para ela, quando estavam se despedindo.

— Eu gostei de você.

Ela ficou vermelha, e não conseguiu pensar em nada feroz para rebater.

Naquela noite, ela descobriu que seu quarto ficava de frente para o dele, e o viu acenar para ela antes de apagar a luz. Sem pensar duas vezes, fechou a cortina o máximo que podia. Amaldiçoou-se quando tentou, antes de dormir, descobrir a verdadeira cor dos olhos dele.

Decidiu, então, que a cor se chamava incógnita.

Ato II – A infância

Minha história começa aqui, nesse parque onde muitas crianças estão no momento. A maioria brincando, mas algumas conversando entre si, com apenas duas se encarando com expressões hostis.

Na verdade, eu sou uma dessas duas, e a outra, é meu vizinho Eric. A gente já havia brigado algumas vezes antes, mas agora a coisa havia tomado grandes proporções.

Ponho a mão na cintura, e tento ficar um pouco mais alta, para parecer mais intimidadora.

— Eu cheguei primeiro naquele balanço!

Falo fula da vida, agora o cutucando no peito. Sim, estávamos brigando por causa de um balanço, e eu não ligava para os olhares que estava recebendo.

— Pode ter chegado primeiro, mas não foi forte o suficiente para ficar com ele.

Eric mantém seu costumeiro brilho brincalhão nos olhos, mas dessa vez tem algo... Diferente.

— Forte! Está insinuando que sou fraca, por acaso!?

Qualquer desculpa servia para eu arrumar uma briga, principalmente quando se tratava de Eric.

— Talvez. — A desgraça ergueu uma sobrancelha, se divertindo com minha reação, enquanto eu sentia minhas bochechas queimarem de raiva. Mas o pior eram as lágrimas que ardiam atrás de meus olhos, uma triste consequência muito humilhante de quando eu ficava com raiva.

— Então talvez eu devesse mudar a sua opinião sobre isso.

Devo dizer que me arrependi mais tarde sobre o que veio a seguir, mas a causa do arrependimento era sobre eu ter ficado de castigo por duas semanas inteirinhas, nada relacionada com o bem estar do Eric.

Mirei meu joelho no lugar onde sabia que iria doer um inferno, como meu primo havia comentado certa vez. Sim, foi bem lá.

O que veio a seguir foi um caos, seguido pela minha mãe e a mãe do coitado, que agora estava ajoelhado na areia.

Eric ergueu um pouco a cabeça, o suficiente para eu ver seus olhos. Olhos, que até hoje eu não era capaz de dizer qual era cor deles. Sua expressão se esquivou da de dor, para a de pura e felina cólera.

Soube, naquele momento, que havíamos passado da implicância para a inimizade.

E eu estava adorando a ideia.

Ato III – Atualidade

— Senhorita Mason! — Meu professor de matemática praticamente gritou no meu ouvido, ocasionando um salto olímpico, enquanto eu tentava descobrir o que estava acontecendo.

Meus colegas riam de mim, inclusive meus amigos, e até mesmo o mala do Eric, que ria mais que todo mundo.

Gemi, enquanto me afundava na cadeira. Estava óbvio que eu havia pegado num sono — de novo — durante a aula — chata — de matemática.

— O que foi, querido?

Borges ficou em um tom de vermelho pimentão, ultrajado. Ele pareceu respirar longa e profundamente, tentando se acalmar. Por fim, sua cor voltou ao normal, mas suas bochechas continuavam rosadas.

— Senhorita Mason, essa é a última vez que tolerarei seu desrespeito, apenas por que estimo seu pai. Da próxima vez, terá detenção. E trate de não dormir mais em minhas aulas, porque essa situação está inadmissível!

Bem naquele momento bocejei. Por favor, ele não esperava matar meu sono com aquele discurso chato, né? Ele ignorou meu bocejo, e voltou para frente da sala, retomando a aula.

Uma bolinha de papel repousou na minha classe, e a desdobrei para ler seu conteúdo.

Você baba enquanto dorme, uma graxinha :)

Eric piscou para mim quando o fuzilei. E ainda teve a audácia de mandar um beijinho. Mostrei meu dedo do meio para ele, que infelizmente o Prof. Borges também viu.

— Senhorita Mason!

Francamente, já havia perdido as contas de quantas vezes o ouvi exclamar “Senhorita Mason!” naquele típico tom de ultraje.

Desculpei-me — falsamente — e a aula prosseguiu.

Comecei a rabiscar os cantos da página do meu caderno, enquanto ele seguia com a explicação. Mas tarde faria com que Daniel, meu amigo nerd, me ensinasse a matéria. Eu simplesmente era incapaz de compreender qualquer coisa que aquele professor que definitivamente não ia com a minha cara, falasse.

Beatriz fez um gesto exagerado para chamar minha atenção. Bem na hora que virei de lado, para ver o que ela queria, fui atingida em cheio no meio da testa, por uma bolinha de papel.

Catei-a do chão antes que o professor visse, e fiz uma cara feia para Beatriz, que ria disfarçadamente de mim.

Hoje vai ter uma festa no lago, por causa da volta às aulas. Você vai, né?

Como se eu tivesse outra opção. Suspirei, e fiz um sinal de positivo para ela. Ia perguntar, no verso daquele mesmo papelzinho, quem mais do nosso grupo ia, mas quando estava prestes a lançar a bolinha, a voz de Eric me impediu.

— Senhor Borges, acho que nossa cara Senhorita Mason, está perturbando sua aula com bilhetinhos. Eu pessoalmente, fiquei muito desconcentrado.

E então dá um pequeno sorriso pra mim. Argh, juro que qualquer dia desses eu ainda roubo o caminhão do meu vizinho, e atropelo o Eric.

O professor se aproxima de mim com passos largos, e o rosto púrpura.

— Eu pensei ter deixado bem claro o que aconteceria caso perturbasse minha aula novamente, Senhorita Mason! Falarei com seu pai sobre esse infeliz acidente, e a senhorita, ficará de detenção por uma semana!

Minha boca ficou escancarada, enquanto tentava assimilar aquela triste realidade. A maioria dos meus colegas — párias — pareciam se divertir à custa da minha miséria, mas foquei toda minha raiva em Eric, que se deleitava com minha situação.

— Senhor Borges, não seria justo se Eric fizesse companhia para mim nessa detenção? Afinal, foi ele quem colocou aquele sutiã na sua bolsa. Eu tenho provas.

Terminei triunfante, olhando para um Eric furioso. Eu pretendia fazer uso desse trunfo em algum outro momento, mas parecia perfeito agora, como uma espécie de pequena vingança pessoal. Tudo bem que eu teria que aturá-lo na detenção, mas valeria a pena, e de quebra, eu poderia infernizar a vida dele nesse tempo ainda mais.

Borges parecia em dúvida se acreditava ou não em mim. Então saquei da minha mochila minha câmera fotográfica. Liguei-a, e fui direto para a foto que tirei discretamente no dia em que Eric e seus amiguinhos tiveram a brilhante ideia de pôr um sutiã nos pertences do Borges. Foi um dia memorável. Nem eu, quando coloquei cola na cadeira dele, o deixei tão rubro de raiva.

Pobre Eric.

Mostro para ele, e quando percebe que estou certa, precisa se controlar para manter a compostura. Se isso fosse um desenho animado, era bem provável que estivesse saindo fumacinha da cabeça dele.

— Os dois. Detenção. Três semanas.

Nesse momento meus olhos quase pularam da minha cabeça, de tanto que se arregalaram.

— Três semanas?! Mas porque, se eu acabei de entregá-lo?

— Você poderia ter dito antes, mas só o fez agora por vingança. Agradeça-me mais tarde.

Enquanto todos meus colegas assistiam a cena como se fosse um filme, precisei me controlar para não atirar tudo o que tinha ao meu alcance naquele velho barrigudo.

— Sim senhor.

Quase engasguei para que essas palavras saíssem, mas sabia que a coisa podia piorar ainda mais, se eu fizesse mais caso da situação.

Quando a aula termina, estou lívida de raiva, e me controlando para não matar meu professor de matemática, e a porcaria do Eric, que não para de me lançar olhares assassinos.

Beatriz e Daniel se aproximam cautelosos de mim. É ela quem fala primeiro.

— Então, você ainda vai à festa hoje de tarde?

Meu olhar não desgruda de Eric, que está conversando com seus amiguinhos num canto da sala. A maioria já saiu, e logo também precisaremos dar no pé, quando a sala for trancada.

— Você sabe se o Eric também vai? — Praticamente cuspo o nome do infeliz.

Beatriz me olha de uma forma cautelosa.

— Parece que sim.

Abro o sorriso mais diabólico que possuo, e ambos meus amigos parecem assustados, até Eric, quando me olha rapidamente, fica um pouco apreensivo.

— Então eu vou. Óbvio que sim. Eric que me aguarde.


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Notas finais do capítulo

Reviews??