My Sister's Crush escrita por VanillaNiki


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Acho que esse é o capítulo mais longo que já fiz até agora. Bem cheio de diálogos também... Espero que gostem!



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Um certo garoto de olhos dourados e cabelos negros posicionou uma cadeira do lado da janela e sentou-se. 5:40 da manhã. Faltavam alguns minutos para o nascer do sol, e dessa vez queria observá-lo desde o começo.

Colocou os fones de ouvido, enquanto esperava que os raios de luz amarelada, laranja, aparecessem. Música clássica, como de costume. Era sua favorita, especialmente quando o som do piano era forte, preenchendo o "papel principal" na música, se não apenas ele.

Quando seu espetáculo natural começara, as luzes pareciam dançar, envolvendo o escuro da noite, trocando-o por diversas cores quentes, misturadas à um lindo azul claro que lembrava os olhos de Len. Até que pouco depois das 6h, esta foi a única cor que se podia ver, dominando o céu por completo, com exceção das poucas nuvens alvas, que divagavam em meio ao azul celeste absoluto.

As lembranças que essa tonalidade o trouxe o fizeram sorrir de leve... Rei gostaria de passar horas apreciando a cor dos olhos de Len assim como fazia com o céu. Talvez aquele fosse seu próprio céu.

Corou aos poucos, ainda sorrindo, e levantou-se da cadeira, afinal, a aula começaria dali a não muito tempo. Apenas uma coisa antes:

"De: Rei Kagene

Ohayo, Len!"

...

– Rui? - Bateu o irmão na porta.

– Desculpa Rei, acho que não vou poder ir à escola hoje...

Uma voz um tanto fraca e rouca saiu do quarto.

– Está doente?

– É só uma gripe. Não precisa se preocupar, a tarde vou estar melhor, mas não quero ir à escola assim e acabar passando gripe pros outros...

– Vou ficar cuidando de você, e claro que eu me preocupo.

– Tudo bem, pode ir. Se eu precisar de qualquer coisa eu ligo.

Rei suspirou na porta e a encarou por alguns instantes.

– Certo. Mas ligue mesmo.

– Ok, e, de qualquer forma, posso ir ficar com a Yukari-senpai se te preocupa menos.

Yuzuki Yukari era uma espécie de "outra irmã mais velha" para Rui, ainda que não de sangue. Quando era pequena, costumavam conversar mais. Yukari tinha 20 anos, não era mais uma estudante, e sim uma mulher admirada por muitas pessoas. Tinha carinho por ambos os Kagene e os tratava propriamente como parentes, mas Rei era mais resistente à isso. Moravam lado à lado desde pequenos, então de certa forma, Rui estaria segura.

– Seria bom também... Mas ainda assim, ligue. Bem, já vou.

Rei caminhou algumas ruas sem muita pressa, olhando em volta um tanto distraído. Envolto em seus pensamentos, sua distração, acabou por não perceber um carro que teria o atropelado, caso uma mão alheia não o tivesse tirado do caminho.

– Rei-kun, cuidado... - O loiro falou baixo, sorrindo.

– D-Desde quando está aí? - Corou e se arrepiou um pouco, por ouvir sua voz tão subitamente.

– Na verdade estávamos atrás de você a alguns minutos - Completou Rin, que logo se aproximou pelo outro lado - Só que o idiota aí queria esperar pra ver quando você notava.

– Hm, ohayo Rin-san, Len. Por que vieram por esse caminho?

Uma vez que Rin estava junto, Rei se esforçava para parecer mais "sério","controlado", teoricamente para não chamar atenção aos dois.

– "Por que"? - Falou Rin zoando - Queríamos encontrar você e a Rui. E eu aproveitei pra comprar um lanche... Já que não tínhamos açúcar em casa.

Len concordou com a cabeça, enquanto brincava com uma das mechas do cabelo de Rei e os três andavam. Rin, observando a situação, se calou e deu um risinho baixo, afinal, se fizesse algo à mais que isso, poderia acabar "assustando" à Rei. Pretendia fingir que não sabia de nada por um tempo. Alguém como ele não gostaria e ficaria constrangido caso alguém interferisse ou sequer soubesse de sua vida amorosa. O que, para ela fazia as coisas ainda mais interessantes... Bom, de qualquer forma, tentaria se controlar.

– Ah, onde está a Rui? - Falou Len, finalmente soltando o cabelo do outro.

– Ela disse que estava doente... - Respondeu, tentando esconder uma pontada de ciúmes, ainda assim perceptível.

– Nada sério, não é? - Disse fingindo extrema preocupação, para deixá-lo com mais ciúmes. Era realmente fofo ver sua reação.

– É só uma gripe - Replicou enquanto chutava algumas folhas caídas no chão - Nada grave.

O de olhos azuis olhou para cima, sorrindo. Daquela forma seus olhos refletiam o céu... Isso levou Rei à se distrair de todo o resto. Esquecer de seus ciúmes, das coisas e sons ao redor, ou até mesmo de que Rin estava ao lado. Apenas lhe importava olhar o contraste: céu em céu, até que viu à si mesmo espelhado nos olhos de Len.

– Rei? - Ser chamado o levou à sair de seu estado de semi-hipnose e o rubor tomou conta de seu rosto.

– H-Hai?

– A gente tá quase na porta da escola - Rin finalmente falou algo.

– Ah...

– Vamos? - Len segurou em seu braço sem aplicar força - Nossa primeira aula é matemática.

– Vamos - Concordou Rei, com um sorriso discreto.

...

Rei terminara os exercícios de revisão antes da maioria da sala, o que o deu tempo suficiente para pensar e apreciar a paisagem que se via da janela. As provas começariam logo, mas não se preocupava tanto com isso. Não porque fosse desleixado, muito pelo contrário. Simplesmente nunca tirara uma nota baixa na vida. Mas se perguntava como Len estaria quanto à isso. Queria poder ajudar, mas o que diria à Rui? Provavelmente, ela não ficaria feliz em não poder, sendo que o irmão sim. Afugentou rapidamente essas ideias e olhou ao redor, para notar que algumas pessoas mais na sala haviam terminado.

O professor não demorou à levantar de sua cadeira e declamar:

– Os alunos que já concluíram a atividade podem se retirar à partir de 09:30.

O Kagene olhou para o relógio que ficava pendurado acima da lousa (eram 9:26) e depois para Len, que estava se esforçando para fazer as últimas questōes. Por curiosidade, também notou que Rin esforçava-se para copiar as questões do aluno ao lado. Rei, diante disso, sorriu por um curto tempo e suspirou.

Pouco tempo depois, eram 9:30 e algumas pessoas saiam da sala. Pretendia ler um livro encostado na parede do corredor de frente para a saída da sala até que Len saísse. E assim o fez, até de repente sentir que alguém o encarava. Antes de desviar os olhos do livro para ver quem era, a figura se transformou em um vulto e se moveu quase correndo ao corredor adjacente.

Rei levantou uma sobrancelha, mas não se deu o trabalho de saber quem seria.

– Rei! - Ouviu a voz de Len o chamar, fazendo-o fechar o livro.

– Yo - Respondeu timidamente.

– Hmmm... O que estava lendo? - Encostou-se na parede ao seu lado.

O de cabelos pretos estendeu a mão em que estava o livro e o mostrou.

– Sekai Seifuku? Sobre o que é?

– Na verdade eu ainda estou no começo... É ficção dessa vez. É... Você vai rir se eu disser o assunto.

– Não vou, eu não riria!

– Superação.

O de cabelos loiros riu um pouco.

– Está lendo auto-ajuda?

– Eu sabia que ia rir - Encolheu os ombros e suspirou - Não... É que os personagens principais tem uma história mais ou menos de superação.

– Oh...

– E armas também.

– Acho que a Rin ia gostar então - Sorriu.

Continuaram conversando por um pequeno tempo, distraídos do restos.

– Ah! Quer ir pra outro lugar? Estamos no meio do corredor.

– S-Sim - Assentiu e corou pela ideia agradável de ficar sozinho com ele, o que não era tão frequente na escola.

Caminharam até a cobertura e, surpreendentemente, não havia ninguém. Acomodaram-se encostados na parede, do lado oposto da grade, onde fazia sombra. Rei tentava se controlar para não corar, mas era impossível. Len sorriu e corou também ao vê-lo assim, o fitando.

– Hey...

– H-Hai?

– Você...

– H-Hm? - Seu coração batia acelerado.

– Pintou as unhas?

Rei suspirou alto. Achava mesmo que fosse algo muito importante e levou um susto. De qualquer forma, respondeu:

– Na verdade foi a Rui, ela tinha insistido.

Len pegou sua mão esquerda com cuidado, a observando mais de perto.

– Nah. Ficou...

– Tosco.

– Não, está-

– Tenso? É, eu sei...

– Não! - Len segurou a mão de Rei e a beijou, fazendo com que ele corasse ainda mais - Está fofo. Combina... - Disse enquanto entrelaçava seus dedos nos do garoto.

Os deixaram assim por algum tempo, enquanto conversavam como se nada mais importasse, como se sempre tivessem se conhecido. Era impressionante como Rei podia agir de forma tão diferente de como era antes. Mas Len gostava de ambos esses lados. Tanto o "Rei" frio que pouco falava, quanto o que um dia o odiara, quanto este que sorria timidamente e corava por qualquer gesto inusitado, como simplesmente tocar sua mão ou chegar mais perto que meio metro de distância.

Quanto à Rei, este se sentia contente de estar a sós com Len, ter a oportunidade de estar mais perto dele que os demais, de vê-lo sorrir só para ele naquele instante, ainda que não admitisse. Odiava parecer egoísta, mas não conseguia evitar. Na verdade, não conseguia evitar vários sentimentos que esse loiro fizera nascerem, e que nunca imaginara, nem sequer tivera a curiosidade de imaginar.

Agora estava o de olhos dourados encostado no tórax de Len de olhos fechados, enquanto este brincava novamente com algumas mechas de cabelo.

– Rei... - Len falou baixo.

– Sim? - Falou baixo também, em um sussurro preguiçoso, por estar quase dormindo encostado em Len.

– Está com fome? O intervalo está quase acabando e ainda não comemos nada...

– Nyah, eu tinha esquecido...

O loiro então o encarou fixamente, como se tivesse levado um susto.

– L-Len?

– Você... Falou "nyah"! - Disse ele quase em um grito.

– E-Eu falei?!

– SIM! - Len o levantou e o abraçou.

Rei realmente não tinha notado isso. Nunca dissera essa palavra antes.

– É só barulho de gato... - Rei riu.

– É, mas é... Tão melhor quando você fala isso e não os gatos... - Len falou com os olhos brilhantes.

O outro garoto ficou em silêncio por alguns instantes.

– Se te faz feliz... N-Nyah - Disse com dificuldade e um pouco emburrado.

Len, parecendo ainda hipnotizado, sorriu, abraçando ao outro novamente, que tentou corresponder abraçando de volta, afundando mais uma vez sua cabeça no tórax dele.

– Mas então, Neko Rei, está com fome?

– É tosco me chamar assim - Suspirou, mas não aguentou rir de leve - E sim... Estou com um pouco de fome. Mas esqueci de trazer algo...

– Vamos comprar algo? Eu compro pra você - O de olhos azuis falou baixo.

Rei concordou com a cabeça e levantou com Len lentamente. Antes de saírem da cobertura, este lhe aplicou um leve beijo na bochecha, causando um doce sorriso.

...

No final das aulas, Rei arrumava seus livros enquanto algumas pessoas já saiam da sala. Assim que terminou de os guardar, observou o celular branco parado no fundo da bolsa. Refletiu sobre a mensagem que havia recebido no domingo, a do "número desconhecido", que lhe pedira para se encontrar com ele assim que a aula acabasse. Estava preocupado com o fato de não conhecer o remetente e este não ter se identificado. E além disso, não sabia se deveria falar à Len ou à qualquer outra pessoa. Mas por outro lado, realmente queria saber do que se tratava.

Pegou o pequeno aparelho, o encarando e releu a mensagem na caixa de entrada, quando sentiu alguém atrás dele.

– Hmmm... - Rin se aproximou curiosa do celular, assustando à Rei e o fazendo o guardar no bolso por reflexo - Problemas?

A garota sorriu, se apoiando na mesa para arrumar a própria bolsa, que caia com o peso. Sei irmão logo se juntou à eles, se espreguiçando.

– Não, é só... - Refletiu quanto à se deveria ou não falar sobre a mensagem, mas acabou decidindo falar.

Mostrou-a à eles, que pareciam pensar em uma solução.

– Bem, não acho que deva ser alguma coisa boa - Falou o loiro - Se fosse, deveriam ao menos se identificar ou dizer o motivo... Rei, e se forem te fazer mal?!

– Concordo. Você não tinha que cuidar da Rui?

– Mas... E se for algo sério?

– Tudo bem, mas não vou te deixar ir sozinho.

Assim que Len disse isso, Rin fez uma espécie de careta. Provavelmente, se esforçava para não dar nenhum risinho e voltar à seu estado normal. Rei, sem notar a expressão de Rin, custou à concordar, mas logo assentiu. Os dois caminharam até o portão que levava à área de esportes, e logo à área perto da piscina.

O vento fraco que passava agitava as águas, não muito limpas, por conta do time de natação que havia passado horas ali. Sentaram-se na arquibancada

– Chegamos cedo? - Len brincou.

– Não sei... Acho que o cidadão queria que eu tivesse vindo sozinho mesmo.

– Por que iria querer? De qualquer forma, ainda que não fosse por algo ruim, eu também tenho ciúmes, huh?

Rei corou e sorriu, tentando esconder o rosto o mudando de posição.

Assim que fez isso acabou por ver, não muito longe dali, ainda na área de esportes, uma figura apoiada na parede. Era a única ali. Imaginou que fosse a pessoa por quem estavam esperando.


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Notas finais do capítulo

Desculpem não revelar logo! Mas sem falta, capítulo que vem XD
Obrigada pelas reviews, e desculpem não responder às vezes, é que eu costumo entrar, postar, e sair logo... Mas estarei respondendo todas assim que publicar esse capítulo.