Guardiã - O Projeto Evans escrita por Alex Baggins


Capítulo 3
Capítulo 2




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Lily Evans não era uma menina que perdia a calma com facilidade. A sua vida inteira fora treinada para controlar seu temperamento, para manter a calma em situações difíceis. Ela fora treinada para ser uma menina disciplinada, pois só assim poderia ser uma boa guardiã. Afinal, ela não poderia sair gritando quando estivesse em uma situação perigosa.

Mas naquele momento, ela perdeu totalmente a pose. Era como se tivesse doze anos de novo, gritando a plenos pulmões com James Potter.  Mas dessa vez era pior, porque agora Lily sabia como bater nele.

Ela pegou ele pela gola da camisa e o colocou contra a janela do vagão com força, seu rosto a centímetros de distância do dele. Olhou fundo nos olhos dele e começou a gritar:

-Você achou que seria engraçado, não é? Me requisitar como sua guardiã? Olhe para mim, Potter! Eu não estou achando engraçado!

James se debatia, assustado, mas Lily era bem forte. Ele a encarava, totalmente confuso enquanto gaguejava:

-L-Lily, eu não sei do que você está falando! Q-que história é essa? Guardiã? Guardiã do quê? 

A cada segundo a raiva dela parecia crescer mais e mais. Como ele podia mentir assim, na cara dura? Como podia ser tão falso?

-Não se faça de desentendido, Potter! Eu sei que você me requisitou como sua guardiã. – lágrimas raivosas começaram a escorrer – Merlin, como você pode ser tão egoísta? Você pelo menos parou para pensar no que isso significaria para mim, Potter? É claro que não!

Lily sacudiu ele pela gola da camisa e o jogou para o lado, fazendo com que ele caísse com um baque no chão. Os Marotos, chocados com a brutalidade da garota, estavam paralisados em seus acentos. Foi apenas quando ela ameaçou avançar em James novamente que Remus a segurou pelos braços.

Não foi o suficiente. Com um puxão brusco Lily conseguiu se desvencilhar do aperto do colega e avançou em James, acertando um soco em seu nariz. Sangue pingava no chão enquanto ele gemia de dor. Lily ia acertar outro soco, mas dessa vez Sirius e Remus a seguraram. Ainda assim, foi preciso certo esforço para segurar a ruiva. Merlin, ela era forte!

Depois de alguns minutos eles finalmente conseguiram fazer com que a menina se sentasse. Ela soltou um grunhido e afundou o rosto nas mãos, respirando fundo. Ela tinha que se acalmar. Tinha que tomar o controle de si mesma. Não adiantava nada bater em James, ele era seu protegido e nada mais poderia mudar essa situação.

-Por que fez isso, Potter? – perguntou ela num sussurro – Por que você não me deixa em paz?

James, que estava sentado no chão da cabine limpando o sangue do seu rosto, levantou-se e foi até ela.

-Evans – chamou ele. A menina não levantou o rosto – Eu juro que não sei do que você está falando.

-MENTIROSO! – gritou Lily e avançou mais uma vez.

Lily teria feito um grande estrago no rosto de James se Marlene não tivesse entrado naquele momento. Rápida como um raio ela foi até a amiga e segurou, colocando ambos os braços dela nas costas. A outra ainda se debateu, gritou e choramingou, mas Marlene permaneceu inflexível, sem nunca afrouxar seu abraço. Com o tempo, os berros de Lily foram diminuindo até não passarem de lamentos sussurrados.

-Lily se acalme. – pediu Marlene quebrando o silêncio assustado e desconfortável – Ele não tem culpa. Você sabe que não.

-Como posso saber? – murmurou a outra – Como sei que não está mentindo e que não é falso aquele olhar assustado?

Marlene ficou um silêncio por um longo tempo, parecendo até que não havia escutado a pergunta. Soltou um suspiro resignado e respondeu baixinho:

-Abra a mente, Lily, e veja a verdade.

Lily a encarou com os olhos úmidos e duvidosos. Marlene sustentou o olhar dela até que Lily assentiu e fechou os olhos, fazendo uma careta de concentração. Então, de forma suave, ela apontou sua varinha para James e disse:

-Legilimens.

Com a força e a velocidade de um trem-bala, as memórias dele a invadiram, tomando-lhe o a mente. Sonhos, lembranças, pensamentos e divagações, tudo o que já passara pela cabeça de James agora passava pela dela. Rostos desconhecidos, sorrisos, medos e outros sentimentos que se tornavam difusos pela velocidade com que eram sentidos.

Lily se surpreendeu com a quantidade de vezes que seu rosto aparecia. De todos os ângulos, com todas as expressões. Triste, alegre, séria, pensativa e, na maioria das vezes, fria. E entre suas imagens, ela notou um tom de carinho e admiração nos pensamentos dele em relação a ela.

E ela também viu a verdade. James Potter não havia a requisitado como guardiã. Ele nem sequer sabia o que isso significava. Ele era inocente, por mais difícil que fosse acreditar.

-Você está certa, Marlie. – concordou Lily jogando-se no assento acolchoado e rompendo a conexão mental – Mas quem faria isso? Se não ele, quem?

Marlene deu de ombros.

-Eu não sei dizer. Mas estamos fazendo isso errado. Antes de questionar, temos que explicar o que está acontecendo.

-Por favor! – pediu James com a voz anasalada, a mão no nariz tentando parar o sangramento – Explique por que fui socado.

Lily lhe lançou um olhar fulminante.

-Antes de tudo, vocês tem que entender o que somos. – começou Marlene com a voz séria.

-Loucas? – interrompeu Sirius.

-Sabe, Black, – disse Lily com uma voz falsamente doce – seria um prazer imenso dar um soco nesse seu nariz empinado para você ficar combinando com o Potter. E eu realmente duvido que Marlene vá me segurar dessa vez.

Sirius bufou.

-Eu também duvido. – respondeu Marlene – Mas continuando... Nas poucas aulas de História da Magia que vocês estiveram acordados, vocês devem ter ouvido falar de guardiões. Bruxos treinados a vida inteira para proteger membros de grandes e poderosas famílias puros-sangues? – os Marotos assentiram – Bem, é isso o que somos. Eu e Lily acabamos de nos formar como Guardiãs. – terminou ela com certo orgulho.

Remus, James e Peter ainda pareciam confusos, porém Sirius olhava para elas como se finalmente entendesse algo.

-Então é por isso que vocês tem ficha especial no Departamento de Mistérios.

Lily arfou.

-Como você sabe disso? – perguntou ela de olhos arregalados.

Sirius deu de ombros.

-Quando eu ainda morava com meus pais – respondeu ele com a voz amarga – eu os ouvia falarem de vocês algumas vezes. Uma vez eu vi uma pasta com selo oficial do DM em cima da mesa. Os nomes de vocês estavam ali.

Marlene e Lily trocaram um olhar preocupado.

-Você tem alguma ideia de como essa pasta foi chegar lá, Black? – perguntou a morena seriamente.

-Meus pais eram Comensais. Deviam ter contatos no ministério, ou algo assim.

Marlene encarava o chão, sem realmente ver nada e quase era possível ver seu cérebro trabalhando a mil. Comensais com acesso a ficha delas... Isso era algo muito, muito ruim.

-Lily... – começou a falar.

Lily se levantou.

-Fique e explique as coisas para eles. Eu irei contatar o Conselho.

Dizendo isso ela se levantou, limpando o rosto manchado de lágrimas com o dorso da mão e saiu.

-Sinto muito pelo nariz. – falou Marlene com uma voz que dava a entender que ela não sentia nada – Não é do feitio dela se estressar desse jeito. Você – ela dirigiu seu olhar inexpressivo para James – a levou ao limite.

Ele pareceu chocado.

-Como?! – exclamou – Eu não fiz nada! Eu mal sei do que vocês estão falando!

Marlene revirou os olhos dourados.

-Então você é um tanto quanto burro, pois acabei de te explicar. – ela se sentou ao lado de Remus e começou a falar lentamente e calmamente, como se tentasse fazer uma criança entender porque o céu é azul – Lily e eu somos guardiãs, nós protegemos membros de famílias puro-sangue. Recentemente, nós completamos dezessete anos, idade na qual atingimos maior idade e somos designadas para alguém, que é escolhido de acordo com nossas habilidades. Quanto mais importante for o bruxo, mais talentoso e letal será seu guardião.

-Pois então, - replicou James com a mão no nariz que, apesar de já ter sido consertado magicamente, ainda sangrava - eu não tenho culpa de nada! Não fui eu.

-O problema, Potter – respondeu a morena com um suspiro cansado – É que na carta oficial do Conselho dos Guardiões, consta que Lily foi chamada para ser sua guardiã de propósito. Alguém pediu especificamente pela Lily...

-E ela achou que fui eu. – terminou o outro – Mas, McKinnon, eu juro que não fui eu. E de qualquer modo, - ele se aprumou na cadeira – eu não preciso de guardiã nenhuma. Pode dizer a Lily que não precisa cuidar de mim.

Marlene balançou a cabeça negativamente.

-Não é assim que funciona. Uma vez decidido, o Conselho não pode mais mudar. Vocês têm um laço que os prende junto, um laço mágico. Por isso que ela ficou tão chateada. Ela está presa a você.

“A partir de agora, Lily vai te acompanhar para onde quer que você vá. Em Hogwarts não há necessidade, uma vez que contamos com a proteção dos feitiços que cercam o castelo e com o próprio Dumbledore. Mas fora dos terrenos da escola é função dela te proteger. E você tem que entender isso, Potter: Agora a sua vida vem antes da dela.”

Remus e James pareciam abismados e revoltados.

-Isso é ridículo! Faz parecer que de alguma forma, James é mais importante que  Lily.

Novamente a menina negou com a cabeça.

-Claro que não. Não é uma questão de importância, e sim de sobrevivência.

Pettigrew, que até então havia permanecido quieto, coçou a cabeça e disse:

-Não entendi.

-Não protegemos as famílias puro-sangue porque elas são melhores que nós ou algo do tipo. – explicou ela calmamente – Protegemos para dar continuidade a raça bruxa.

“Lily, apesar de ser uma grande bruxa, ganhou seus poderes devido a uma anomalia genética. Se ela se casasse com um trouxa, suas chances de ter uma criança bruxa seriam muito pequenas. Porém, as chances de um puro-sangue ter um filho bruxo são muito mais altas. Por isso os protegemos. Para garantir a sobrevivência da magia.”

James parecia irritado e indignado ao mesmo tempo e sacudia a cabeça freneticamente.

-Isso é um monte de baboseira! – reclamou ele – Não preciso da proteção de uma garota!

Marlene riu dele.

-Potter, não seja arrogante, pelo menos dessa vez. Sua cabeça vale milhões para os Comensais. Sua família é extremamente visada, por serem os maiores traidores do sangue da história. Além disso, você é incrivelmente obtuso. É óbvio que você precisa de proteção.

Finalmente, ela se levantou e ia saindo quando voltou e disse:

-E não subestime a Lily. Ela conseguiu quebrar seu nariz com dois caras com o dobro do tamanho dela segurando-a. Você está seguro com ela, mas eu não a irritaria. Eu já treinei com Lily e bem sei que o soco dela dói.

Ela se virou para sair, porém Sirius a chamou de volta.

-McKinnon? Você não disse de quem você é guardiã. – disse ele receoso.

-Ah é... – concordou ela – Já tinha me esquecido. – ela caminhou até Sirius e antes que o maroto pudesse pensar ela acertou um soco preciso nele – Isso é por me requisitar como guardiã. Black. Passar bem.

E saiu.


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Notas finais do capítulo

Ei, pessoal, desculpe pela demora. É que minha vida está uma loucura ultimamente e escrever tem ficado difícil. Mas apesar de tudo, eu consegui escrever um pouquinho para vocês. Obrigada por todos os reviews maravilhosos!



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