Guardiã - O Projeto Evans escrita por Alex Baggins


Capítulo 11
Capítulo 10




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Quando Lily acordou na manhã seguinte a primeira coisa que ela percebeu é que ela estava quente. Seu corpo sempre foi muito frio, muito gelado, mas ela sentia algo quente contra ela, aquecendo seu corpo inteiro.

A segunda coisa que ela percebeu foi a dor. Uma dor de cabeça aguda que borrava as vistas. Sem contar a dor nas costas, o enjoo, a boca seca e a dificuldade de focar suas vistas em qualquer coisa. Lily conhecia bem esses sintomas: estava de ressaca.

Ela se levantou lentamente, os olhos fechados e a mão na testa. Abriu os olhos de pouquinho, tentando se acostumar com a luz que entrava pela janela. Quando finalmente os abriu por completo, desejou que não o tivesse feito.

–Não pode ser. – murmurou para si mesma – Eu não fiz isso.

Lily não se lembrava de muita coisa da noite passada. Lembrava-se de gritar com Tatiana, de roubar a camiseta de quadribol de James, de entrar numa brincadeira idiota com Sirius... E suas memórias acabavam-se ai. A partir disso, tudo era um borrão.

Nenhuma memória explicava Remus deitado ao lado dela. Sem camisa (Lily estava com medo demais para checar se ele estava com calças).

Lily se deitou novamente, tentando ao máximo se desenrolar de Remus que havia jogado seus braços e pernas por cima dela. Remus era muito quente, mais quente do que qualquer outra pessoa que ela havia conhecido.

–Remus. – chamou baixinho tentando acorda-lo sem chamar a atenção dos outros meninos que ainda dormiam – Remus, acorde.

Remus resmungou, mas não abriu os olhos. Lily o sacudiu de leve e chamou seu nome mais algumas vezes, mas nada adiantou.

–Vamos lá... – grunhiu sacudindo-o com mais força – Acorde, Lupin...

Remus pareceu se irritar em seu sono. Ele resmungou palavras incompreensíveis e se esticou, arqueando as costas e bocejando. Lily achou que estava livre dele e tentou sair da cama, mas Remus a puxou de volta e se jogou sobre ela, prendendo-a debaixo de si. Lily começou a ofegar, não conseguindo respirar sobre o peso do corpo dele. O cabelo louro e longo caía sobre seu rosto, fazendo cócegas em seu nariz.

–Já chega, Lupin.

Lily posicionou suas duas mãos no peito largo dele (deixando-as ali por um pouco mais de tempo do que necessário) e, juntando toda sua força, ela o atirou para fora da cama, direto pro chão, onde ele aterrissou fazendo um barulho enorme que acordou a todos no quarto.

A boa notícia era que Remus estava de calças.

Se Lily não tivesse tão confusa e envergonhada, ela teria achado interessante observar os marotos acordando. Peter não se levantou, permaneceu dormindo como se nada tivesse acontecido. James sentou-se bem devagar com os olhos ainda semicerrados e o cabelo tão bagunçado que parecia o ninho de algum animal selvagem. E Sirius... Bem, Sirius acordou do mesmo modo que ela fazia tudo: com muito barulho e estardalhaço desnecessário. Primeiro ele se esticou, jogando pra fora toda de sua cama todos seus lençóis, edredons e travesseiros (Sirius, Lily notou, dormia com três travesseiros) e acertando sua mesinha, derrubando tudo o que havia ali. Depois ele soltou um bocejo tão alto que mais parecia um uivo. E só então ele se levantou, parecendo perdido e confuso.

–Por que Aluado está no chão? – perguntou James ainda com os olhos meio fechados.

–Hã... - Lily coçou a cabeça tentando, ao mesmo tempo, ajeitar o cabelo (que sempre acordava completamente indomável) e pensar em uma explicação – Isso é um sonho.

A explicação pareceu bastar para Sirius, que murmurou:

–Meus sonhos são ridículos. – e voltou a dormir.

James, no entanto, não pareceu se convencer. Virou um olhar inquisidor para Remus, que massageava as costas e xingava baixinho.

–Vou reformular minha pergunta. – falou James esfregando os olhos tentando se manter acordado – Por que Aluado está no chão do lado da sua cama?

Lily olhou em volta, avaliando a situação e tentando recuperar alguma memória da noite anterior. O quarto deles estava do mesmo jeito que ela se lembrava, porém com uma cama a mais (Lily supôs que eles haviam conjurado uma cama a mais antes de dormir). Algumas garrafas vazias jaziam no canto perto da porta do banheiro e as pilhas de galeões haviam sumido.

–Honestamente? Eu não me lembro de nada. – confessou Lily desistindo de tentar se recordar de qualquer coisa – Eu meio que estava esperando que algum de vocês tivesse uma ótima explicação do por que a) eu estou de ressaca b) Lupin estava sem camisa na minha cama.

Remus levantou-se e lançou um olhar carrancudo a menina, que se limitou a dar de ombro. Depois, para o desgosto dela, foi até seu malão e pegou uma camisa limpa.

–Ah, não, Lupin. – disse Lily com falsa tristeza – Você estava tão mais bonito sem a camisa.

–Disse a menina que me chutou para fora de sua cama.

–Você estava invadindo meu espaço pessoal. – respondeu ela simplesmente.

James tossiu falsamente, atraindo a atenção dos dois.

–Olá? Aluado sem camisa na sua cama? Alguma explicação, por favor. – pediu ele cruzando os braços, irritado.

–James, você sabe muito bem que eu sou sonâmbulo. – respondeu Remus revirando os olhos – Eu provavelmente fui até a cama dela enquanto dormia.

James não se convenceu.

–Espere, acho que minhas memórias estão voltando... – disse Lily antes que James pudesse dizer qualquer coisa – Não tenho certeza, mas me lembro de uma pessoa... – ela massageou a têmpora, fechando os olhos para se concentrar – Alguém fez strip tease ontem a noite? Alguém ficou sóbrio ontem?

Remus soltou um suspiro alto.

–Eu fiquei sóbrio, como sempre. –disse olhando para ambos de forma reprovadora, o que fez James dar de ombros e Lily abrir um sorriso enorme – Ninguém dez strip tease, apesar de você ter pedido por um diversas vezes.

–Sou uma bêbada divertidíssima.

O loiro lançou outro de seus olhares a lá McGonagall e saiu para o banheiro pisando forte. O silêncio se instalou preguiçoso e confortável como uma manta. Lily espreguiçou-se novamente, esticando os membros como uma gata recém-despertada. Seu rosto estava vermelho com marcas do travesseiro e suas pálpebras ainda pesadas. Seu cabelo brilhante estava quase tão incontrolável quanto o de James , mas ela rapidamente o controlou puxando-o para um coque apertado. Ela desviou os olhos inchados da janela e virou-se para James, que tinha o cotovelo no joelho e o rosto apoiado na mão. Ele a observava abertamente, com um vestígio de um sorriso bobo.

–O que foi? – perguntou Lily curiosa.

–Você é bonita de manhã.

Ela bufou.

–Ninguém é bonito pela manhã. – discordou.

–Então entre os feios e os amassados você é a mais bonita.

–Pior. Elogio. De. Todos os tempos.

James riu.

–Estou falando sério! Você fica toda desgrenhada e parece desorientada. Perde aquela pose de deusa da guerra bela e inalcançável.

–Quer dizer que sou bonita quando estou desorientada?

–Quero dizer que você é bonita quando é simples.

Ela soltou um suspiro pesado.

–Eu nunca sou simples.

–Todo mundo é simples quando dorme.

–Eu não sou todo mundo.

–Isso é óbvio. – James se levantou e caminhou até seu malão, buscando uma toalha e seu uniforme, ficando de costas para Lily.

Ela ficou quieta por um instante, pensando no que ele havia dito. Depois também se levantou e buscou seu robe, colocando-o por cima da blusa de quadribol dele.

–Ei, Potter. – chamou – Eu irei colocar sua blusa para lavar e devolverei assim que...

–Não precisa. – negou James ainda de costas.

–Mas é claro que precisa! Eu dormi com a blusa bêbada, deve estar cheirando a álcool.

–Quis dizer que não precisa devolver. – ele se virou e apoiou o quadril no malão – É um presente.

–Eu não sei se você percebeu, mas tem “Potter” escrito nessa blusa. Não vão haver muitas oportunidades para usá-la.

James deu de ombros.

–Use sempre que puder. É uma camisa confortável.

–Mas Potter...

–Só agradeça pelo presente, Evans. Você complica demais as coisas.

Lily virou o rosto, constrangida.

–Obrigada.

James não respondeu, limitando-se a dar as costas para ela novamente. Lily, corada e irritada, também se virou e com um aceno rápido de sua varinha inflexível fez a cama extra desaparecer. Ambos permaneceram de costas um para o outro, deixando o silêncio pairar interrompido apenas pelos roncos exageradamente altos de Sirius. Lily se virou para o maroto adormecido e o cutucou com força na costela, mas esse nem se mexeu.

–Como dorme... – comentou baixinho.

James ouviu e caminhou até a cama do amigo, parando do outro lado, de frente para ela.

–Sirius tem o sono mais pesado da face da terra.

Lily olhou para Sirius depois para sua varinha, sua mente arquitetando um plano diabólico. Ela abriu um enorme sorriso que só poderia ser descrito como maroto e disse numa voz sussurrada:

–Vamos testar isso?

XxX

Poucos minutos depois Lily deixou o quarto dos garotos com um sorriso torto de satisfação, o roupão apertado contra o corpo escondendo a blusa de James (que perdera totalmente seu cheiro e agora cheirava a álcool e Remus Lupin). Ainda era cedo e os corredores permaneciam desertos. Ela caminhava tão silenciosamente quanto um fantasma para que ninguém acordasse, mas quando chegou ao seu quarto, toda sua cautela foi deixada de lado. Ela abriu a porta com um estrondo e exclamou um “bom dia” anormalmente alto. Sorrindo, abriu todas as janelas do quarto e se jogou em sua cama fazendo as molas do colchão ranger.

Marlene já estava acordada, amarrando os cadarços do tênis de treinamento. Ela abriu um discreto sorriso cruel e respondeu em um tom exageradamente agudo:

–Bom dia, Lily! Dormiu bem?

Mary, Kimberly e Tatiana se sentaram, coçando os olhos e bocejando. Não demorou muito para perceberem o que estava acontecendo e Tatiana logo começou a resmungar.

–Pelo amor de Merlin, Evans, tem gente querendo dor...

–Ah, eu tive uma noite ótima! – respondeu Lily interrompendo-a – A cama do dormitório masculino parece que é ainda mais confortável que a nossa!

–Não diga! – exclamou Marlene rindo.

–Digo sim! E olhe para essa linda manhã de setembro! – disse a ruiva levantando-se e apontando para a janela onde uma tempestade começava a se formar – Tem como ficar de mau humor?

–Impossível!

Lily voltou para sua cama cantarolando e abriu seu malão, pegando dali suas roupas negras de treinamento. Ainda virada de costas para Tatiana, ela tirou o roupão, deixando à camisa de James a mostra.

A princípio Lily achou que a outra não havia visto, devido ao estranho silêncio que se instalou. Mas quando a ruiva se virou deu de cara com o rosto multicolorido da colega de quarto, quase riu. Tatiana permaneceu quieta por alguns instantes, mas quando abriu a boca foi para soltar um berro estridente que ecoou pelas paredes de pedra. Jogando seus lençóis para longe, ela se levantou e saiu pisando duro. Não demorou muito, Kimberly e Mary a seguiram.

Marlene gargalhou alto, sendo acompanhada pela ruiva que tirou a blusa de James, escondeu no fundo de seu malão, e a dobrou de forma cuidadosa, e começou a vestir seu uniforme de treinamento.

–Aonde conseguiu essa roupa, Lils? – indagou a morena rindo – Não me diga que realmente foi para o quarto dos meninos!

–Fui sim. – replicou a outra enquanto vasculhava o malão a procura de uma poção para dor de cabeça – Dormi como uma pedra.

–Provavelmente porque estava caindo de bêbada.

–Provavelmente. O pior é que eu nem me lembro de nada. Até onde eu sei, posso ter pegado todos os marotos e não vou nem saber de quem é o filho.

Marlene jogou a cabeça pra trás e riu até lágrimas começarem a escorrer pelos cantos dos olhos. Lily a acompanhou, dobrando-se e rindo com o rosto nas mãos. Demorou um tempo até que as duas se acalmassem e se sentassem.

–Lily? – chamou Marlie depois de um tempo, encarando-a com olhos inquisidores – Que cheiro é esse?

Lily levantou a cabeça e cheirou o ar, parecendo confusa.

–Que cheiro?

–Esse cheiro... Não é do Potter... – Marlene foi se aproximando, farejando o ar até a amiga, onde parou de pé e colocou as mãos nos quadris – Lily Evans, por que você está cheirando a Remus Lupin?!

A ruiva não se abalou com a pergunta. De forma muito natural, como se comentasse o tempo, respondeu:

–Porque eu dormi com ele.

Marlene também não reagiu exageradamente a resposta. Arqueou de leve a sobrancelha e cruzou os braços.

–Espero pelo bem do mundo que vocês tenham usado proteção. Não estamos pronto para um filho de vocês dois ainda.

–E agora, o que vou fazer com Reminho Jr.? – ao perceber que a amiga não havia achado graça, ela completou – Eu não dormi com ele nesse sentido. O garoto é sonâmbulo e foi até minha cama. Só percebi quando acordei. Você deveria saber esse tipo de coisa, não deveria?

Marlene revirou os olhos dourados.

–Eu não saberia.

Lily pareceu incrédula.

–Não me diga que vocês não...

A morena balançou a cabeça negativamente.

–Ficou assustada? Era selvagem demais, o lobinho? – provocou a ruiva.

–Ele não quis.

As duas ficaram caladas, Lily parecendo surpresa e Marlene irritada. Essa saiu do quarto antes que a amiga tivesse a chance de dizer qualquer coisa. Lily se apressou em prender o cabelo e a seguiu.

–Ei, ei, não fique brava comigo! – pediu a ruiva

Marlene estava parada no meio do corredor, de costas. Lily viu seus ombros se levantarem lentamente, como se ela estivesse respirando fundo.

–Não estou brava com você.

Lily também parou e esperou a amiga dizer mais alguma coisa, mas ela não o fez.

–Por que ele não quis?

Suspiro.

–Estava com medo de me machucar.

Lily foi até Marlene e pegou sua mão, dando um aperto leve.

–Não fique brava comigo. - pediu ela novamente.

–Não estou brava com você.

–Então com quem está brava?

Suspiro.

–Com o mundo.


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Notas finais do capítulo

Eu não vou nem dizer nada porque essa demora ridícula não tem desculpa.
Aproveitem o capítulozinho.