O dia se passou rápido demais sem ter que realizar todas as tarefas, mas eu não podia reclamar. Annie bateu na porta antes de entrar acompanhada de Cinna.

Cinna era como um irmão pra mim, mas também era um bom conselheiro. Ele sorriu pra mim e levantou o que imaginei ser meu vestido.

— Pronta?

— Não, mas que escolha eu tenho? – Ele deu uma risada baixa antes de entregar o vestido a Annie e ir até minha caixa de joias. Tirou um cordão de ouro com um pingente de coração, brincos de ouro com pedrinhas de rubi e um anel também de ouro com rubi.

Ainda não tinha visto o vestido, mas imaginei que seria vermelho. Ele penteou meus cabelos e prendeu meu diadema dourado. Eu gostava mais da minha coroa verde, mas em eventos como esse eu concordava em usar o diadema.

Cinna deixou o quarto e Annie me ajudou com o vestido e os sapatos altos. Era uma roupa muito bonita, de fato. Ele voltou e arrumou um pouco meus cachos de novo.

— Maravilhoso, não? – Ele sorria satisfeito enquanto eu me olhava no espelho. Olhei o cordão e me lembrei do pingente de Narrow. Ignorei o pensamento e sorri de volta para Cinna.

Annie tinha saído do quarto, não sei porquê. Cinna me olhava satisfeito. Como sempre, ele me deu um conselho antes de irmos.

— Seja sincera, honesta. – Levantei meus ombros e avaliei minha postura. Segui até a imensa sala de jantar, decorada com as rosas brancas que eu tanto detestava.

Observei a roupa de minha mãe. Não era um vestido com uma saia grande e redonda como o meu. O vestido verde escuro de mangas compridas parecia ser muito leve. Ela usava um cordão e brincos de prata com alguns diamantes e um sapato verde, mas a coroa sobre os cabelos preso em um coque e a aliança dourada se destacavam.

Meu olhar seguiu para Prim, sorridente como sempre. Suas roupas eram mais delicadas que as minhas e as da minha mãe, mas eram tão bonitas quanto. O vestido roxo e os sapatos baixos também roxos, enfeitada com brincos de ametista e um colar , o diadema sobre os cabelos loiros.

Assim que me sentei, as portas duplas se abriram revelando dois casais. Os Odair entraram acompanhados de seus filhos. Eu sabia que o homem, pois ele com certeza era mais velho que eu, chamava-se Finnick, mas não sabia o nome de sua irmã.

— Majestade – Eles fizeram uma reverência e minha mãe abaixou a cabeça um pouco. – Altezas – Eu e minha irmã repetimos o gesto da minha mãe.

— Odair – O casal mais velho sorriu endireitando a postura.

— Permita-me apresentar-lhes meus filhos – Ele se virou soltando o braço da esposa e apontando para o casal mais jovem. – Meu filho , o primogênito, Finnick Odair.

Finnick refez uma reverência e sorriu. Ele realmente era muito bonito, alto e bronzeado, com os cabelos acobreados. Era o tipo de pretendente perfeito nos livros de contos de fadas.

— Madge Odair – A garota sorriu e fez sua reverência. Olhei sua roupa, curiosa. Era bonita, o vestido e os saltos rosa, com o anel de ouro e os brincos de diamante rosa. O cabelo estava preso em um coque complicado. Não sei se eu usaria um vestido tão chamativo por opção.

— Sejam bem vindos. Agora, sem mais delongas... – Os Odair se sentaram e minha mãe ordenou que trouxessem o jantar. Todos esperavam enquanto ela comia um pouco do carneiro e nos desse permissão.

Prim logo iniciou uma conversa com Madge, que estava sentada ao seu lado. Minha mãe conversava com o Duque e a Duquesa, mas eu e Finnick simplesmente não conseguíamos falar sobre nada.

O jantar durou pouco mais que uma hora, foi bem rápido. Prim ainda conversava animada com Madge.

— Duque, Duquesa, gostariam de uma bebida? – Ela foi para outra sala seguida pelo duque e pela duquesa. Antes de entrar na sala ela olhou pra mim com um olhar cortante.

— Prim, por que você não mostra nossa biblioteca para Madge? Pelo que ouvi de sua conversa ela adora ler – Ela sorriu e levou Madge para a biblioteca. Não sei porque, mas minha mãe queria que eu conversasse com Finnick, então eu conversaria.

— Gostaria de andar pelos jardins, Finnick? – Ele assentiu e me acompanhou, ainda calado. Caminhávamos devagar, seguindo pelos corredores até o início de uma trilha pavimentada que atravessava os jardins.

— Acha essa situação tão estranha quanto eu, não? – Ele me olhou surpreso depois que despejei a pergunta sobre ele.

— Assumo que não é a situação mais agradável que já passei, Alteza, mas também não posso dizer que foi a pior. – Não foi tão difícil continuar a conversa depois disso, mas uma sensação estranha me rondava. Poderia ser apenas desconforto com a brisa, mas aquela sensação era um pouco diferente.

A trilha acabou, não muito antes do portão por onde eu e Peeta saímos na noite anterior para o vilarejo. A mesma sensação de que eu estava sendo observada do beco tomou conta de mim naquele momento, mas imaginei que fosse a brisa e ignorei.

Eu não tinha nenhum interesse em Finnick, mas gostei de sua companhia. Ele era uma boa pessoa. Uma pessoa vinha num passo rápido na nossa direção, carregando uma lamparina.

— Alteza, sua mãe lhe aguarda. O senhor também, senhor Odair. – Ela olhava um tanto quanto embasbacada para o rosto de Finnick, que também a olhava, porém mais discretamente.

— Tudo bem, Annie. – Ela assentiu e começou a caminhar na direção do castelo. Aquela sensação de estar sendo vigiada não me abandonava.