Inglaterra um ótimo lugar para se viver, governado ainda pelos Reis e Rainhas, suas formas de comando são bem mais eficazes do que a de qualquer outro estilo de governo. Mas ninguém nunca soube como é difícil estar na pele dos integrantes da realeza, fazendo esforços e sacrifícios, apenas para a felicidade de seu reino. Quem eu sou? Bem, costumam me chamar de Princesa Elena, mas pode se sentir à-vontade para me chamar apenas de Elena, sou filha do Rei Edward e da Rainha Beatrice, governantes do Reino do sul da Inglaterra. Meu reino está em decadência, fomos vitimas de um reino distante que se apoderou de tudo o que era nosso, levou vários súditos junto com eles, com promessas de que suas vidas iriam melhorar, e com isso metade da população se foi, trazendo dividas e mais dividas ao nosso reino, já que não havia mais quem pagasse os impostos cobrados, estávamos nos afundando cada dia mais, e a nossa única solução era um casamento, um casamento arranjado com o príncipe do lado Norte da Inglaterra, o príncipe mais egocêntrico, metido a besta, nariz em pé, mulherengo que eu já conheci em toda minha vida. Seu nome é Damon, e só de ouvir este nome todos os fios de cabelo do meu corpo se arrepiam em sinal de repulsa, já tentei de todas as formas fugir deste casamento, mas meu pai perde totalmente o controle só de pensar em me ver desistindo, diz que como princesa tenho deveres a serem cumpridos, e sempre colocar a Inglaterra em primeiro lugar, se fosse para o bem de seu povo deveria ser feito. Fui obrigada a me mudar para o seu castelo para passar mais tempo com o meu futuro marido, um enjôo sobrenatural veio em mim só de ouvir essa palavra, MARIDO. Além de passar mais tempo com ele deveria também ensaiar tudo sobre o casamento, a forma de entrar, a forma de me retirar, as trocentas danças da festa pós casamento, e principalmente ensaiar meu estomago a aguentar Damon, missão quase impossível, mas não custa tentar. Todos os preparativos deveriam estar prontos dentro de um mês, um mês morando na mesma casa que ele, já posso morrer agora? Mas voltando a pensar no bem da Inglaterra, irei fazer o que for necessário para reerguer o meu reino.

Os dias se passaram rápido e quando eu vi faltava apenas um dia para o casório, todos os preparativos estavam nos trinques, a única coisa que faltava realmente era o meu amor pelo meu futuro marido, desde pequena sonhei com esse dia, com o meu vestido, e com o príncipe que eu iria me casar, ele seria alto, loiro, dos olhos verdes, completamente o oposto de Damon, e o mais importante eu seria completamente apaixonada por ele e viveria feliz para sempre. Doce ilusão de criança, vou me casar com um homem alto, moreno, dos olhos azuis e sem amor nenhum por ele, não nego que Damon é um pedaço de mau caminho, mas tudo o que ele tem de lindo ele te de arrogante, prepotente, um maricão se é que posso o descrever assim. Falava com ele algumas vezes durante o dia, somente para discutir ou para fingirmos estarmos completamente apaixonados em frente aos nossos pais, e pelo o que parecia estávamos conseguindo os enganar bem. Subi até meus aposentos e repousei, queria acabar logo com essa tortura, já que não há outro modo enfrentarei tudo isso de cabeça erguida. Chegado o tão esperado dia que o mundo todo se juntou para comemorar, o dia do casamento dos príncipes, não se falava de outra coisa, “qual será o vestido da princesa?” “Será que futuramente chegara um novo herdeiro fruto dessa união?” televisões, rádios, internet, todos focados no casamento perfeito do Príncipe Damon com a Princesa Elena, irônico não? As pessoas estão mais empolgadas para o “meu” casamento do que eu mesma. Após todo o sofrimento de passar nas mãos de cabeleireiros, maquiadores e costureiras, lá estava eu, pronta, impecável, nunca havia me sentido tão linda quanto naquele instante, mas sem animo nenhum para aquilo, respirei fundo e sai ao encontro do motorista, afinal, só faltava a noiva que já estava uns 20 minutos atrasada e nesse momento meu pai já estaria dando um surto pensando que eu havia desistido, mas infelizmente não sou corajosa o suficiente para abandonar meu reino. Chegando a Igreja fui cercada por vários seguranças tentando impedir o aproximamento dos paparazzi, eram tantos flash que por alguns segundos pensei que iria ficar cega. Adentrei a igreja com meu pai envolvo no meu braço, e em passos leves caminhamos até o altar, e lá estava ele, Damon, lindo, mas ainda sim um completo babaca, logo meu pai se separou de mim e entregou minha mão ao Damon, e a partir dali, saberia que não teria mais volta.

Ele disse, finalmente disse às palavras que eu estava com tanto medo de ouvir o “sim”. Se ao menos ele não tivesse as dito eu teria uma chance de sair livre disso tudo, mas não agora eu preciso repetir a sua palavra ou o reino da minha família acaba e tudo por minha causa. Respirei fundo uma, duas, cinco vezes tentando me acalmar, minhas mãos suavam e tremiam. Por um momento cheguei a ver a igreja girar, mas então senti um aperto em minha mão, era a mão dele. Quando encarei seus olhos eles estavam aflitos, com certeza se eu negasse me casar com ele isso prejudicaria seu ego, e nada pior do que prejudicar o ego de um príncipe que tem um reino dez vezes mais rico que o seu. E alem do mais, se eu negasse seria o fim do meu reino e eu não queria nunca perder aquilo, eu amava meus súditos, todos eles tratavam tão bem a minha família, se sacrificavam para nos ver felizes, então eu devia isso a eles.

– Si-im – Gaguejei e logo senti uma lágrima teimosa escorrer pelos meus olhos.

– Então eu os declaro príncipe e princesa. – Não conseguia olhar para nada alem das minhas mãos tremulas nas suas. Ele parecia tão tranqüilo, conseguia passar por aquela situação tão bem, eu pelo contrario estava morrendo por dentro.

– Vamos beije a noiva. – Ouvi a voz grossa do bispo me arrancar dos devaneios.

A não, o beijo, eu me neguei por meses beijar aqueles lábios, mas hoje era preciso, tudo para salvar meu reino certo?Tudo para a felicidade dos outros, mesmo que para isso eu tivesse que sacrificar a minha. Fechei meus olhos esperando pelo toque quente de seus lábios nos meus, e assim ele o fez, senti um arrepio tomar conta de meu corpo enquanto sentia seus lábios acariciarem os meus, meu coração de um jeito estranho estava acelerado. Isso me deixou desnorteada e acabei quebrando o beijo, sorrindo para o homem em minha frente. Ele apertou minha mão com um tanto de força fazendo-a latejar. Sem demonstrar apenas abri o sorriso mais convincente que consegui enquanto sentia mais lágrimas rolarem pelos meus olhos. Fomos bruscamente virados para a porta da igreja onde estava abarrotada de pessoas se espremendo para verem o mais novo casal da Inglaterra. Minhas pernas vacilaram ao notar a quantidade de gente que ali estavam, tentei sorrir, tentei segurar minhas lágrimas, mas foi inútil. A partir de agora minha vida toda mudaria, e pelo que tudo indica, para pior. Terei que viver nas mãos do príncipe Damon pelo resto da minha vida, dividindo minha cama com ele, minhas coisas, minhas memórias, tudo por que tenho que salvar meu reino da falência.

Senti alguém pegando minha mão, quando me virei notei que era minha mãe, informando que deveríamos sair do altar. Sem pensar duas vezes soltei minhas mãos das de Damon e corri do altar até os braços da garota ao lado da minha mãe. Caroline minha melhor amiga e prima posso dizer. Ela sempre esteve comigo em todos os momentos, bons ou ruins, apenas ela no meio de todas aquelas pessoas entendia o que eu estava passando, entendia meu sofrimento. Olhei para seus olhos, eles estavam marejados e piedosos, ela segurou minhas mãos e as apertou, tentando me passar calma, mas foi em vão por que mais lágrimas e soluços escapavam de meu rosto.

– Mantenha a calma, por favor, Elena. – Ela sussurrou.

– N-Não consigo Car. – Gaguejei limpando meus olhos com as costas de minha mão.

– Minha... Minha vida... – Tentei falar, mas os soluços tornavam isso impossível.

– Eu sei. – Ela me abraçou novamente. – Mas não chore, as pessoas vão falar. – Ela falou secando minhas lágrimas com as pontas de seus dedos quentes. – Mantenha a calma.

Respirei fundo novamente recuperando a postura perdida há dois minutos atrás. Se eu estivesse disposta a salvar meu reino eu precisava que essa mentira fosse adiante, e do jeito que eu me encontrava ninguém conseguiria acreditar em minha felicidade ao lado do príncipe Damon.

– Olha ai minha princesinha favorita. – Damon sussurrou no pé de meu ouvido em um tom de deboche fazendo meus olhos revirarem.

– Sai daqui Damon. – Rosnei entre dentes.

– Escuta aqui Elena, eu não quero isso tanto quanto você, mas ao menos durante a cerimônia precisamos fingir que estamos loucamente apaixonados um pelo outro. – Ele falou puxando meu queixo para que eu encarasse seus olhos extremamente azuis que no mesmo instante fizeram minhas pernas vacilarem. – Por que se alguém descobrir que tudo isso é uma farsa. – Respirou fundo. – Não serei eu o prejudicado. – E mais um sorriso de deboche brotou em seus lábios fazendo meu corpo arder de raiva daquele ser em minha frente.

– Vamos acabar logo com isso. – Peguei sua mão e sai caminhando por entre o salão até que cheguei à mesa onde nossos pais estavam sentados conversando.

– Olha se não é o casal mais lindo da Inglaterra. – Minha mãe disse batendo palmas. Forcei um sorriso e passei meus braços pela cintura de Damon. – Como estão se sentindo?

– O mais feliz possível. – Sorri erguendo meu rosto para fitar Damon. – Encontrei o homem da minha vida. – Forcei um sorriso apaixonado enquanto ele acariciava meu rosto com o polegar.

– Eu não poderia ser mais sortudo. – Ele disse com um sorriso bobo brincando em seus lábios.

Cocei meus olhos tentando dar a entender que estava cansada, talvez assim poderíamos logo sair dessa cerimônia chata. Damon me encarou entendendo o que estava tentando fazer e bocejou juntamente a mim.

– Vocês parecem cansados. – Rainha Kate disse.

– Na verdade estamos sim mãe. – Damon sorriu carinhosamente para a mulher a nossa frente. – Se nos derem licença, queríamos ir para nossos aposentos. – Falou simpaticamente, eu sem querer deixei um sorriso escapar de meus lábios.

Damon em momento algum soltou sua mão da minha, e para falar a verdade eu não queria. Parecia que se ele a soltasse naquele momento eu desabaria. Então sem relutar deixei que sua mão quente continuasse entrelaçada a minha enquanto eu era arrastada até nosso quarto. Fomos ao encontro do motorista que nos esperava na porta do salão, em questões de minutos chegamos ao castelo, caminhei em passos largos em direção ao meu quarto, queria dormir e me esquecer desse dia, nem que seja apenas durante os meus sonhos. Senti uma mão me segurar forte me fazendo sair do transe de pensamentos.

– Está pensando que vai entrar ai sem antes ser carregada pelo príncipe? – Damon falou soltando um sorriso sarcástico

– Não estou pensando, eu vou, que palhaçada é essa agora Damon? – falei tentando me soltar de sua mão, obvio que foi em vão, ele é mil vezes mais forte do que eu.

– Nananinanão, vou te carregar você querendo ou não, não quero má sorte no meu casamento – assim que Damon terminou de falar, passou rapidamente a mão por trás dos meus joelhos me pegando no colo

– Damon me larga, estou te ordenando a me por no chão – gritei batendo em seu peitoral tentando me soltar dele

– Claro que vou te colocar no chão, assim que entrar no “nosso” ninho de amor, ou acha que eu iria te carregar para o resto da vida? – soltou uma gargalhada linda, me vi perdida naquele sorriso, FOCO ELENA!

– Pronto minha princesa – falou Damon me colocando delicadamente ao chão do nosso quarto, correu e se jogou na cama

– Ei, dá pra sair da minha cama? – falei batendo o pé, aguentar ele não esta sendo uma tarefa fácil

– Sua? – Repetiu novamente aquela gargalhada gostosa – Nada aqui é “seu” agora é tudo “nosso” – terminou de falar e deu um sorriso de canto

– Nada disso, me recuso a dormir na mesma cama que você – falei arrumando uma gaveta que estava semi aberta, talvez por eu ter saído com pressa.

– Não posso fazer nada “amorzinho” vai ter que se acostumar – Damon levantou vindo em direção ao armário, e logo me joguei na sua frente pra ele não mexer naquela gaveta

– NÃO MEXA AI! – gritei, sendo desviada facilmente por ele (odeio não ser forte o suficiente para encher ele de pancadas)

– Não creio, que uma princesa tão certinha como você usa uma peça como essa – Falou caindo na gargalhada quando arrancou de meu armário, uma das minhas peças intimas, uma calcinha um tanto quanto vulgar, que é? Sou princesa mas também sou filha de Deus

– Você não tinha o direito de mecher ai, seu... seu... seu,,, – Damon me puxou pelo braço aproximando nossos corpos, me forçando a olhar para aqueles olhos azuis que me hipnotizavam

– Seu? – perguntou nos aproximando mais e roçando seus lábios ao meu, minhas pernas se estremeceram e me entreguei ao seu carinho, mesmo eu não querendo, meu corpo havia criado vida própria e estava disposto a ganhar um beijo de Damon, ele então colou nossos lábios, abri passagem para sua língua e travamos uma briga quase inacabável, mas num surto de consciência me separei dele, o repudiando por ter feito isso, não quero nada com ele, não quero ele perto de mim, já bastava as vezes que teríamos que fazer isso na frente das pessoas, o que nós tínhamos era apenas um contrato, apenas isso, nada que envolva sentimento.

– Você não tinha o direito de ter feito isso também, vá embora daqui agora Salvatore, ande! – Gritei andando para o outro lado do quarto

– Não finja que não gostou disso, posso ver nos teus olhos – falou tentando se aproximar

– Não, eu não gostei, agora pegue suas coisas e vá para o sofá – Falei seca, agradecendo a Deus por ter um sofá naquele quarto imenso, mesmo odiando ele, teríamos que fingir dormir no mesmo quarto todos os dias, mas não na mesma cama, e ninguém precisava ficar sabendo disso. Fui ao banheiro retirar o resto de maquiagem que ainda restava, assim que voltei me deparo com a cena mais linda que eu já vi em toda minha vida, Damon Salvatore apenas de cueca boxer, olhando pra mim como se quisesse me comer viva. Senti na mesma hora minhas bochechas queimarem e minhas pernas vacilarem enquanto meus olhos se concentravam em cada pedacinho do seu corpo, ele era a coisa mais linda que eu já tinha presenciado em toda minha vida, por um momento minha cabeça chegou a imaginar como ele deveria ser sem aquela cueca boxer. Calma Elena, concentração e pare de olhar para esse pedaço de pano cobrindo ele. Balancei minha cabeça e subi meus olhos lentamente até encontrar os dele. Seus olhos estavam um ou dois tons mais escuros e completamente repletos de luxuria, era como se todos seus desejos mais obscuros estavam se transparecendo ali, naquele olhar.

– O que você ta fazendo? – Tentei manter minha voz firme.

– Esperando você, para dormirmos na nossa cama. – Um sorriso cheio de malicia abriu em seus lábios, fazendo um arrepio correr pela minha espinha.

Por um momento pensei em como seria dormir com ele, sentir seus braços me protegendo, o calor do seu corpo me aquecendo...Eu acho que eu bebi de mais na nossa festa de casamento, só isso explica esses pensamentos nada normais com Damon.

– Você dormirá no sofá. – Caminhei até a cama retirando de lá um travesseiro. – Eu, dormirei na cama. – Joguei o travesseiro na direção dele e o mesmo bateu na cara do príncipe. Gargalhei da cena enquanto deslizava para baixo das cobertas quentinhas.

– Boa noite principezinho de meia tigela – falei dando uma piscadinha provocando-o

– Boa noite princesinha safada – falou se referindo a calcinha que vira mais cedo, me retribuiu a piscadinha e se jogou no sofá. Estávamos realmente cansados, uma boa noite de sono, era disso o que eu realmente precisava.