Damas Grifinórias escrita por Madame Baggio


Capítulo 8
Declare Guerra


Notas iniciais do capítulo

Olá, bonecos e bonecas!
Obrigada por todos os reviews!



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-Ela não pode fazer isso! -Remus exclamou indignado.

-Tanto pode como fez, Aluado. -James falou explodindo em frustração -Eu não acredito! Aquilo foi planejado. Ela só pode ter feito de propósito!

-Ela sabia a senha do Mapa! -Sirius estava furioso -Como ela sabia isso? -ele exigiu indignado.

-Eu não sei, mas juro que vou descobrir custe o que custar. -James prometeu, enfurecido.

Assim que Lily tirara o mapa dele, James não teve escolha senão ir atrás dos amigos. Mas ele esperou até o fim da noite quando Remus se transformou mais uma vez em humano para contar a eles o que acontecera. Essa conversa que eles tinham agora acontecia em um dos aposentos destruídos da Casa dos Gritos.

Ele contara tudo o que acontecera aos amigos e dessa vez até Remus se enfurecera de verdade contra a ruiva. A ousadia delas em saber a senha de abertura do mapa havia sido demais para os Marotos. Isso significava que elas estavam jogando sujo, pelas próprias regras e estavam de algum jeito espionando eles.

-Eu já sei o que eu vou fazer. -James falou de repente.

-O que? -Peter perguntou curioso.

-Existe um ditado trouxa que diz: "Mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto ainda". Elas não perdem por esperar. -ele prometeu -Mas até la elas que se preparem. Porque isso agora virou guerra. -James anunciou saindo do quarto e batendo com força a porta.

-Cara, vocês realmente me dão medo as vezes. -Peter falou antes de se jogar pesadamente no sofá destruído que havia ali.

XxX

Naquela manhã quando foram tomar café os Marotos ainda estavam furiosos. Remus ficara na Ala Hospitalar, mas prometera pensar em algum jeito de atingi-las tanto quanto elas haviam atingido a eles. A guerra estava declarada.

Nora voltava do café da manhã sozinha quando ao virar em um corredor percebeu que este estava deserto a não ser por uma única pessoa encostada na parede mais a frente. A princípio Nora não deu bola para isso. Ela era de longe melhor do que qualquer pessoa naquela escola e só um louco mexeria com ela.

Mas ao avançar mais um pouco ela percebeu que quem estava ali era de fato um louco. A mão dela foi parar diretamente em sua varinha, a qual ela não sacou. Cobras podiam sentir o medo e ela não daria a chance daquela cobra em particular fazer nada contra ela.

Ela se preparava para passar direto por ele, quando a voz dele a chamou.

-Acho que nós temos negócios a tratar, Carter.

Nora parou calmamente e virou-se para encarar os olhos frios de Rodolpho Lestrange.

Nora jogou seu melhor sorriso irônico para ele.

-Eu e você, Lestrange? Acho que você esta enganado.

Rodolpho era um setimanista Sonserino. Ele era, por falta de definição melhor, um demônio. Enquanto Rabastan ainda tinha seus momentos de ser humano Rodolpho passava longe disso. Ele era alguém que Nora não tinha dúvida de que seria capaz de qualquer atrocidade ou ato de crueldade para conseguir o que ele queria. Em um nível que ela nunca esperava ser capaz de alcançar. Por mais cruel que ela mesma fosse ela não queria nunca chegar ao descaso pela vida que Rodolpho sentia.

O problema era que a feição dele não combinava com essa atitude. Quem visse Rodolpho de longe, bem como Rabastan, pensaria que se tratava de um jovem muito bonito, um anjo. Os dois tinham o rosto de meninos, anjos, mas os olhos de ambos mostravam todo o frio que eles tinham em si. Nora não queria ter nada a ver com nenhum deles.

-Não, Carter, eu sei muito bem do que eu estou falando. -ele afirmou tranqüilo, se desencostando da parede e avançando em direção a Nora. Ela teve que se segurar para não recuar um passo -Eu sei que eu e você temos um interesse em comum.

-Eu duvido muito. -Nora falou tranqüila.

-Ah temos sim. -ele afirmou tranqüilo, parando a poucos passos dela -Nós dois queremos Sirius e Bellatrix bem longe um do outro.

Nora arqueou a sobrancelha. A conversa finalmente tomara um rumo interessante.

-Quem te disse isso? -ela perguntou casualmente.

-Isso não importa. -Rodolpho fez um gesto de dispensa com a mão -O que importa é que nosso interesse é o mesmo, então eu não vejo porque não juntarmos as nossas forças.

Nora sabia que não precisava da ajuda dele. Ela estava a um passo de se livrar definitivamente de Bellatrix. E mesmo que não estivesse. Ela não faria um pacto com o Diabo. O preço seria certamente alto demais.

-Eu não preciso fazer acordo nenhum com você, Lestrange. -Nora falou confiante -Eu ja estou a um passo do que eu quero. -ela afirmou dando as costas para ele e se afastando.

-Não ache que vai ser assim tão fácil se livrar de alguém como a Bellatrix, Carter. -Rodolpho chamou atrás dela -Você vai precisar de mim e vai voltar pedindo ajuda.

Nora ignorou totalmente. Sua alma era a única coisa nela que ainda lhe pertencia totalmente. Ela não iria vendê-la a uma pessoa como Rodolpho Lestrange.

XxX

Na hora do almoço Remus fez questão de ir ao Salão Principal. Queria ver frente a frente o quanto indiferente aquelas garotas podiam ser diante do que haviam feito.

Quando os quatro marotos estavam vindo no corredor a caminho do salão encontraram Dimitri parado na porta, encostado tranqüilamente contra a madeira, observando o movimento no corredor.

-Bom dia, Marotos. -ele falou jovialmente -Que mau humor é esse? -ele perguntou reparando nas expressões pouco amigáveis dos quatro.

-Nada demais. -James mentiu -O que esta acontecendo no corredor?

-As Damas estão vindo por ai e você sabe... Hogwarts pára para elas passarem. -Dimitri falou tranqüilo, fazendo um gesto com a cabeça na direção dos cochichos. Elas provavelmente deviam estar mesmo próximas ao salão.

-Não por muito tempo. -James falou -Quando nós acabarmos com elas ninguém vai nem sequer olhar na direção delas quando elas passarem.

-Ei! Espera ai. O que aconteceu? -Dimitri perguntou alarmado.

-Nada. -Sirius assegurou tranqüilo -Elas só pediram guerra e é isso que nós vamos dar a elas.

-Ei vocês! Isso não é uma guerra. É adolescência. -Dimitri argumentou.

-Nem adianta perder seu tempo, Dimitri. A gente ja se resolveu. -James afirmou frio.

-E o que vocês vão fazer? -Dimitri perguntou preocupado.

-Você vai ver. -James prometeu.

-Aliás, não me conte e não me mostre. -Dimitri pediu -Eu não quero me envolver.

-Eles devem estar possessos. -Marizza riu ao ver os Marotos e o professor Potter olhando na direção delas.

-Ignore-os. -Olivia falou tranqüila.

Nesse momento uma garota mais nova, Lufa-Lufa a julgar pela cor das vestes, acabou passando na frente delas e esbarrou em Marizza.

-Ai garota! Você não olha por onde anda? -a loira exigiu furiosa.

-M-me desculpe. -a garota gaguejou, assustada -Eu não... Eu...

-Quer saber? Não se aproxime. Você é ridícula. -Marizza falou empinando o nariz e passando pela menina.

-Nossa, essa foi cruel, Marizza. -Paloma comentou desconfortável.

-Ela que aprenda a ficar onde as pessoas do nível dela ficam. -Marizza falou como se fosse óbvio.

-É isso mesmo. Faça como eu. -Olivia falou orgulhosa -Acabe com a discriminação. Odeie todo mundo.

As garotas acabaram caindo na risada. Elas sabiam que o dia seria ótimo...

XxX

O resto do dia passou tranqüilamente. Lily teve uma reunião de monitoria no período da tarde e ignorou totalmente o jeito frio com o qual Remus a estava tratando. Mas ela tinha que admitir que não gostava de ser tratada assim por ele. Mesmo que não fossem mais amigos ela ainda sentia muito carinho e respeito por ele.

Ainda se lembrava com perfeição o dia que o conhecera. Era primeiro de setembro, sete anos atrás. Estava perdida na estação de trem, procurando a tal plataforma 9 ¾ para poder ir a tal escola mágica que lhe enviara a estranha carta presa a uma coruja. Ela estava parada entre as plataformas 9 e 10 e algumas lágrimas teimosas já escorriam de seu rosto. Foi quando ele apareceu. Um garoto magricela, de cabelos curtos e olhos cansados. Ele sorriu bondoso para ela e ajudou-a a passar para o outro lado.

Esse primeiro contato virou uma grande amizade, que anos depois virou um namoro e agora aparentemente virara hostilidade. Mas isso não importava tanto. A garota que Remus conhecera e namorara não existia mais. A Lily de agora era uma pessoa completamente diferente. E ela estava feliz em ser quem era agora. Ninguém mais fazia com que ela chorasse, ou a chamavam de sangue-ruim. As pessoas a respeitavam ou no mínimo a temiam. E isso para ela era o bastante. E Remus que aceitasse isso. Para nenhum deles havia volta agora.

XxX

Remus saiu da reunião respirando fundo.

Não só porque a noite já começava a cair e uma dor em seu peito tornava o ato de respirar mais difícil, mas também pela raiva que ele sentia de Lily. Do sangue frio dela. De como ela podia olhar para ele como se nada tivesse acontecido e tratá-lo como se ele não fosse mais que um estranho para ela. Como se apenas algumas noites atrás ela não tivesse dado a ele um presente, que por acaso estava preso ao seu pescoço naquele momento.

E ela teve a cara de pau de usar o presente que ele lhe dera! A fivela de libélula! Aquilo era provocação, porque ela não estava usando-a pela manhã. Disso ele tinha certeza. Ele queria saber porque. Era a única coisa que ele nunca entendera. Ele sabia o porquê ele havia mudado. Mas Lily? Nunca fizera sentido. Não para ele. Ela tinha tudo. Ela não precisava ter se transformado na pessoa que ela era agora. Ela já havia sido tão doce, tão iluminada. Por que ser uma vagabunda agora? Isso ele nunca ia entender.

-Nossa Remus, desfaz essa carranca ou você vai assustar os primeiranistas.

Remus virou-se ao som da voz conhecida. Deparou-se com Paloma olhando para ele com um sorriso divertido. Até no fim do dia quando todos estavam acabados e cansados Paloma era sensual. Ela tinha aquele magnetismo impressionante. Como agora, por exemplo. O cabelo dela estava preso num rabo de cavalo relaxado, com alguns fios negros escapando. O uniforme estava desalinhado, a gravata frouxa, alguns botões da camisa estavam abertos e mesmo assim... Mesmo parecendo cansada, ela estava absurdamente desejável. Praticamente irresistível.

Mas não dessa vez. Pelo menos não para ele.

-O que você quer, Parker? –ele perguntou frio.

-Nossa! –Paloma riu, levantando as mãos como que pedindo calma –Não fica nervoso, Lobinho. –ela riu –Essa agressividade toda tem motivo?

O olhar que Remus lhe lançou faria muitos homens fugirem de medo, mas Paloma era uma dama, ela não tinha medo de nada.

-Você devia ter o mínimo de respeito e não se aproximar, Parker. –ele falou frio como gelo –Principalmente depois da deslealdade sua e das suas amigas.

-Não sei do que você esta falando. –ela afirmou tranqüilamente.

-Não seja hipócrita, Parker. –ele avisou, seu tom ameaçador.

-Não precisa ficar nervoso, Remus. –ela falou fazendo um gesto de descarte com a mão –Você ficou um mau perdedor depois que ficou assim malvadinho. Você não era assim antes.

-Você também mudou, Parker. Então não venha falar de mim.

-Ah mas tem uma diferença ai. –ela falou com um sorriso travesso –Todos me diziam que eu tinha um sorriso lindo antes, então eu continuo a sorrir, mas você... –ela parou e soltou um suspiro dramático –As pessoas também diziam que você tinha um sorriso lindo. Cara, você sorria e a professora McGonagall sorria pra você. –ela falou gesticulando muito –Mas agora você não sorri mais. –ela completou desanimada.

-Talvez eu tenha perdido a razão para sorrir. –ele falou indiferente.

-Talvez você só precise encontrá-la de novo, então. –ela falou dando de ombros. Ela virou-se e começou a se afastar –Arrume uma garota pra acabar com esse stress, Remus. –ela falou sem virar-se para encará-lo –Você ta precisando.

-Isso é uma oferta? –ele perguntou irônico.

Ela riu, mas não virou-se para olhá-lo e nem parou de andar, apenas gritou já a distancia.

-Quando você quiser, Lobinho.

Remus sacudiu a cabeça. Paloma não tinha jeito. Mas dessa vez meia dúzia de gracinhas e gracejos não iam aliviar a barra dela com eles.

XxX

Na manhã seguinte quando os três Marotos desceram para o café a escola estava em polvorosa.

-Ah não. -Peter reclamou -O que foi agora?

-Ei pirralho. -Sirius chamou um garoto que passou correndo por ali -O que houve?

-Pegaram Bellatrix Black com drogas ontem e os professores descobriram uma sala onde uma aluna vendia drogas. –o menino falou, claramente empolgado –Tem gente que vai ser expulsa... –ele completou em tom de conspiração, antes de se afastar.

-Vamos contar isso para o Remus. –James decidiu, já começando a mudar a rota deles para irem até a enfermaria.

XxX

-Por Merlin. –Remus falou perplexo –O que esta acontecendo nessa escola?

-Nós vimos a Carter e a Morgan conversando com uma das garotas na sala dos drogados há algum tempo atrás. –Peter falou.

-É verdade. –Sirius falou pensativo –Eu to achando que elas estão chegando na gente. A Bellatrix, aquela garota... Elas estão declarando guerra, eliminando todos os inimigos.

-O Sirius tem razão. –Remus concordou –Quer saber? –ele falou decidido –Se é pra pegar pesado, vamos nessa. Elas estão pedindo.

-Quando você vai contar pra gente o que você esta planejando, James? –Sirius quis saber.

-Logo. –James prometeu –Só mais um tempo e a resposta que eu quero vai chegar. Mas até la... Elas precisam receber um troco.

-Tem que ser algo que as afete, mas não demais. –Remus falou pensativo –É algo para irritar, mas temos que nos lembrar que se elas ficarem bravas demais elas não vão ter muitos problemas em se livrarem da gente de uma vez.

-É. Vamos dar uma provocada de leve, só pra elas saberem que elas não estão sozinhas no jogo. –Sirius opinou.

-O que vocês sugerem? –James perguntou.

-Eu acho que nós podíamos nos livrar dos informantes delas. –Peter opinou –Um a um.

-Ótima idéia, Rabicho. –Remus falou animado –Elas têm contatos em todas as Casas, nós podemos começar a deixá-las sem informações pouco a pouco.

-Começamos por onde? –James quis saber.

-Corvinal. –Sirius sugeriu –É a Casa onde elas têm mais seguidores do que inimigos. Elas não têm mais namorados la, então elas não devem estar mais muito ligadas nessa Casa.

-Quem é a pessoa que elas tem contato la dentro? –Remus quis saber.

-Aquele florzinha do Willian Nox e a batedora do time da Corvinal, a Megg Miles. –Peter informou.

-Ótimo. Se foquem em pensar em como nós podemos tirá-los da jogada de forma simples. E aproveitem e pensem em como podemos tirar elas da jogada. –James pediu. Agora era guerra mesmo.

XxX

-A BLACK NÃO FOI EXPULSA? –Nora perguntou furiosa.

-Não. –Olivia confirmou –A família dela pressionou no Ministério e Dumbledore não teve escolha.

-Eu não acredito! –Nora falou, bufando de raiva.

-Calma, Nora. –Lily pediu –Ela esta suspensa até depois das férias de Natal.

-Não é o bastante! –Nora exclamou.

O plano dela tinha falhado. Se não fosse para humilhar Bellatrix expulsando-a da escola então o que? Ela não sabia o que fazer. Mas sua expressão se suavizou.

-Se bem que... Isso me dá um tempo extra com o Black.

-Viu? Não é tão mal. –Paloma falou dando de ombros –E quando ela voltar você pode dar a ela uma surpresinha...

-Hum... –um sorriso de satisfação cruel apareceu nos lábios de Nora –Eu com certeza posso...

XxX

Os Marotos nunca foram famosos pela discrição. Eles sempre gostaram de fazer as coisas para aparecer mesmo. Não havia porque guardar segredo. Não havia glória no segredo. Eles também nunca foram de planejar mais do que o necessário. Planejar demais era defeito feminino. Eles deixavam as coisas rolarem e sempre dava certo. Ocasionalmente as peças deles terminavam em dias de detenção, mas isso não importava muito. O que importava era que no dia seguinte com certeza a escola inteira estaria falando o nome deles. Isso sempre foi o que importou.

Mas não agora.

Agora eles tinham que agir e não serem descobertos. Ou pelo menos deixar que apenas elas soubessem que haviam sido eles. Pela primeira vez o que eles queriam requeria planejamento e cuidado. E por dois dias foi o que eles fizeram.

As Damas tinham "informantes" em todas as Casas. Eles eram na verdade um bando de idiotas que idolatrava o chão que elas pisavam e fariam qualquer coisa por um pouco de atenção. Inclusive contar segredos referentes as próprias casas. Mas elas tinham certo respeito por eles. E exigiam que todo o resto da escola também tivesse. Certa vez um grupo de Sonserinos azarou um dos informantes delas. Uma semana depois cada um deles sofreu um "acidente inexplicável" e no fim todos tiveram que passar dias na enfermaria.

Eles sabiam que elas não seriam loucas de atacarem eles por esse lado, mas eles precisavam se cuidar contra as intrigas. A professora McGonagall, bem como vários outros professores levavam muito em conta o que elas diziam. Ou pelo menos alguma delas. Nora e Paloma não tinham muito crédito com os professores, mas ainda tinham bem mais que eles.

A primeira escolhida foi Megg Miles. Ela era uma sextanista razoavelmente popular na Corvinal. Era batedora do time de quadribol da Casa e um tanto bonita. Ela freqüentava as "altas-rodas" Corvinais e idolatrava as Damas, desde que Nora havia ajudado ela contra um grupo de Sonserinos certa vez. Ela seria a primeira porque com ela seria mais fácil. Acidentes no quadribol aconteciam o tempo todo e eram suficientes para tirarem pessoas de circulação por um bom tempo.

O problema seria Willian Nox, ou a "Flor Corvinal", como vários chamavam ele. Willian não era gay. Ele já passara desse ponto. Ele era mais algo exagerado e sem sentido, que as garotas adoravam ter por perto e os rapazes odiavam. Ele e as Damas se davam muito bem. Os Marotos sabiam que qualquer coisa que eles fizessem contra ele traria uma resposta imediata das Damas. O que quer que eles fizessem contra ele teria que ser planejado e executado por outra pessoa. Mas eles também tinham seus contatos...

XxX

Sexta-feira era um dia sem nada para se fazer, mesmo em Hogwarts. As Damas não podiam estar mais entediadas, o que poderia querer dizer que alguém estava prestes a sofrer, ou que alguma idéia inovadora estava a ponto de surgir.

-La vai ela de novo... –Olivia falou, observando o pergaminho aberto diante de si.

No Mapa do Maroto o ponto que levava o nome da Professora Portman se movia em direção a uma sala vazia no quarto andar.

Lily não entregara o Mapa do Maroto a Filch. Logicamente não. Aquilo era um tesouro e portanto as Damas mereciam tê-lo. E elas o tinham.

Havia alguns dias elas vinham observando a Professora Portman e acabaram por descobrir algo interessante: ela mantinha um casinho com o capitão do time da Corvinal. O que era mais do que suficiente para tirar a mulher da jogada. Ela não havia sido corajosa de desafiá-las? Estava mais do que na hora de mostrar aquela invejosa o que elas podiam fazer e ela simplesmente dera a elas o que elas precisavam para se livrarem dela.

-Quando alguém vai acidentalmente descobrir o rolo deles? –Nora quis saber.

-Não vai demorar muito. Nós queremos algo bem feito e eu já sei como fazer. –Lily falou com um sorriso divertido –E só pra deixar as coisas ainda mais interessantes eu acho que vou jogar um Maroto na roda...

-Como assim? –Paloma quis saber.

-Já já vocês descobrem... –a ruiva respondeu com um sorriso misterioso.

Nesse momento Marizza entrou correndo no quarto.

-Vocês nem imaginam o que eu acabo de ouvir. –a loira declarou esbaforida.

-O que aconteceu? –Olivia perguntou interessada.

-A Miles sofreu um acidente num treino de quadribol. Parece que um balaço descontrolado acertou a vassoura dela e outro acertou ela. Parece que ela só não caiu no chão porque um dos jogadores estava muito perto dela. –Marizza contou –Ela vai ficar fora de circulação por um bom tempo.

-Quais as chances de dois balaços se descontrolarem ao mesmo tempo e acertarem a mesma pessoa? –Olivia falou pensativa.

-Nulas. –Nora respondeu.

-Alguém queria se livrar da Miles ao que parece... –Lily falou pensativa.

-O que nos resta saber é quem. –Nora concordou.

-E por que. –Paloma lembrou –Eu não acho que ela tenha rixas com as outras turmas da escola.

-Vocês acham que isso aconteceu porque ela tem contato com a gente? –Lily ofereceu.

-Não é difícil. –Olivia ponderou –Mas seja quem for não vai escapar impune disso.

-Não mesmo. Vamos descobrir quem e porque. –Marizza ponderou –E daí a gente decide o que fazer.

-Certo. –Olivia soltou um suspiro –Eu vou descendo meninas. Eu tenho um encontro com o Rabastan e não quero deixar ele esperando... Muito. –ela completou com um sorriso divertido.

-Quanto atrasada você já esta? –Paloma perguntou com um sorriso divertido.

Olivia checou o relógio.

-Só vinte minutos. Nada que ele não mereça. –ela respondeu tranqüila.

As meninas riram.

-Vai la, Encantadora de Serpentes. Mostra pra cobrinha quem manda. –Nora falou com um sorriso maldoso.

Olivia acenou para as amigas e deixou o quarto. Ela desceu as escadas cantarolando uma música qualquer. Ela não tinha falado com Rabastan desde a última discussão que eles tiveram. Ela o fez implorar bastante, antes de decidir aceitar se encontrar com ele e mesmo assim o deixara esperando um bom tempo. Mas como ela mesma dissera, nada que ele não merecesse.

Descendo as escadas ela acabou esbarrando em alguém.

-Você não olha por onde anda? –ela perguntou irritada.

-Foi mal.

Ela levantou os olhos e se deparou com Peter Pettigrew parado diante dela. Ele devia estar com tanta raiva delas como o resto dos Marotos, mas ao se ver frente a frente com uma delas e sozinho ele se encolhia como o rato covarde que ele era.

-Sai da minha frente, Pettigrew. –Olivia falou mau-humorada.

Ele saiu sem falar mais nada.

Olivia passou por ele soltando fumaça. Mas algo fez ela parar de repente. Ela virou-se e olhou para ele mais uma vez. Ele era um rato, mas... Ainda era um Maroto. Devia servir para alguma coisa... Nem que fosse só como bode expiatório.

Peter se mexeu desconfortável com o olhar de Olivia.

-Aconteceu alguma coisa, Morgan? –ele perguntou fingindo uma coragem que ela sabia que ele não tinha.

-Não, nada Pettigrew. –ela falou dando as costas para ele.

Ela acabara de encontrar uma solução para pelo menos um de seus problemas...

XxX

-Alguma reação da parte delas? –Remus perguntou na manhã seguinte, durante o almoço.

-Até agora nada. –Peter relatou –Elas só foram visitar a Miles na Ala Hospitalar, mas se ninguém ta fugindo o humor delas ainda esta bom o bastante.

-Melhor não baixar a guarda. –James lembrou –Elas são cobras sem sentimentos, elas fingem muito bem.

-E a sua idéia genial? –Sirius cutucou –Quando nós vamos saber do que se trata?

James deu um sorriso arrogante.

-Eu já recebi a resposta que eu estava esperando e o resultado foi exatamente o que eu queria. Elas devem receber uma certa carta hoje, no mais tardar amanhã.

As Damas estavam sentadas mais a frente no mesmo lugar que vinham sentando há um bom tempo. Elas conversavam tranqüilamente. Cena rara vindo delas, mas elas se sentiam tranqüilas dessa vez.

-Quando vai ser aquela festa da Lua Nova? –Nora quis saber.

-Que tal quando a lua nova chegar? –Olivia falou irônica.

Nora revirou os olhos e atirou um pedaço de pão na amiga.

-E quando vai ser isso?

-Em alguns dias. Vai cair certinho no sábado. –Lily respondeu.

-Sabe o que eu acho? –Marizza falou distraidamente, brincando com a comida em seu prato –Que nós devíamos viajar para algum lugar no feriado do Natal. É nosso último ano como estudantes, nós tínhamos que curtir em algum lugar diferente.

-Eu concordo com a Marizza. –Nora falou –E eu acho que nós devíamos comemorar em algum lugar caliente. Eu diria que é a época perfeita para Ibiza... –ela falou com um sorriso maldoso.

-Eu não prometo nada. –Paloma falou –Vocês sabem que se meus pais decidirem ir para outro lugar...

-A garotinha do papai vai obedecer. –Nora completou irônica.

-Não enche! –Paloma falou atirando um pedaço de pão em Nora.

-Ei! Não vale. –a morena riu.

-Olha só. –Marizza falou indicando um grupo de garotas Lufa-Lufas com a cabeça –Não é fácil ser eu, mas certamente é divertido ver as outras tentando. –ela completou debochada.

-Perdeu alguma coisa, Rogers? –uma das garotas, provavelmente a liderzinha do grupo desafiou –Ou só gostou do que viu?

-Gostar do que? –a loira desafiou –Uma cópia barata minha?

De fato tudo o que as quatro meninas usava era do estilo glamuroso de Marizza, desde os sapatos, até os acessórios, que no caso delas devia ser bijuteria barata, enquanto Marizza só usava jóias.

Sem ter o que responder a garota simplesmente empinou o nariz e saiu de la com suas amigas atrás, enquanto as Damas riam muito.

-Ridícula. –Nora falou enquanto ria.

Uma coruja sobrevoou a mesa até pousar suavemente ao lado de Paloma, então lhe oferecer a carta que trazia.

-Educada desse jeito só pode ser a coruja dos meus pais. –Paloma revirou os olhos.

Ela pegou a carta e leu-a, então soltou um suspiro frustrado.

-Droga.

-O que foi? –Olivia perguntou.

-Meus pais. –ela falou irritada –Eles acabaram de me informar que eu tenho que passar o Natal com os Potters.

-Por que? –Lily quis saber.

-Porque eles foram convidados pelos Potters para passarem o Natal la, mas eles não vão poder ir, já que eles já tinham combinado de passar o Natal na sogra do meu irmão, então eles querem me mandar como representante da família. –ela bufou.

-É só você falar que não quer ir. –Marizza falou como se fosse óbvio.

-Até parece que a princesinha desobedeceria os pais. –Olivia falou sarcástica.

-Não me enche. –Paloma falou mais uma vez, mas dessa vez sem nem um traço de humor em sua voz.

-O que você vai fazer? –Nora perguntou.

-Bom... –Paloma hesitou antes de sorrir esperançosa –Vocês podem vir comigo! Minha mãe falou na carta que a senhora Potter disse que eu poderia convidar minhas amigas para virem junto.

-Sem chance. –Marizza e Lily falaram ao mesmo tempo.

-Espera! Muita calma nessa hora. –Nora pediu –Vamos deixar a decisão para uma criatura do mal que consegue pensar friamente nas coisas.

As quatro olharam direto para Olivia. A morena arqueou a sobrancelha.

-Eu agradeço o voto de confiança. –ela falou sarcástica.

-Vamos, Olivia. Você esta louca para nos dizer o que fazer. –Marizza provocou.

Olivia deu um sorriso de canto de lábio, então descruzou as pernas e as recruzou antes de finalmente falar.

-Isso é coisa dos Marotos, do Potter no mínimo, podem ter certeza. –ela falou calma –Quantas vezes a Paloma já passou o Natal na casa dos Potters e quantas vezes nós fomos convidadas a participar? –as cinco se olharam em entendimento –Então, antes de mais nada, nós estamos sendo desafiadas.

-E nós nunca fugimos de um desafio. –Marizza lembrou.

-Exatamente. –Olivia concordou –E outra coisa: lembrem-se que as festas na casa dos Potters são sempre cheias de gente importante, pessoas de influencia ou no mínimo podre de ricas. Nunca é demais conhecer esse tipo de pessoas. –ela concluiu.

-Bom, acho que chegamos a um consenso. –Paloma sugeriu esperançosa.

-Diga aos seus pais que estamos indo. –Nora falou.

-Valeu! –a morena comemorou.

-Mas o Ano Novo é nosso em Ibiza! –Marizza completou.

-Certo. –Paloma concordou.

-Tudo bem se eu falar que não tenho um bom pressentimento sobre isso? –Lily resmungou.

-Seja controlada como você sempre é, Lily. –Olivia falou tranqüila –E tudo ficará bem, como sempre fica.

XxX

No dia seguinte enquanto ia para a biblioteca Nora pensava no que elas haviam feito. Ir a casa do Potter não parecia ter sido a idéia mais brilhante que elas já tiveram. Mas ela tinha que admitir que o desafio petulante deles a deixou louca também. Ela nunca ia recusar um desafio tão descarado quanto esse. Mas ela também não tinha um bom pressentimento sobre isso...

Quando ela entrou na biblioteca ela não sabia exatamente por onde começar. Ela achava que a seção de feitiços poderia ser útil. Devia haver algum feitiço que controlasse a vontade humana e que não fosse uma maldição imperdoável. Ela iria procurar em todos os livros se fosse necessário: feitiços e mesmo poções se fosse necessário. Ela só tinha que encontrar um jeito.

Mas uma hora depois e após vários livros ela já começava a se sentir cansada. Como sempre o caso dela parecia sem solução.

-Desde quando você estuda, Carter?

Nora virou-se e encontrou Sirius analisando-a, encostado de forma displicente numa das prateleiras.

-Desde quando você vem na biblioteca, Black? –ela rebateu.

-Bom, desde quando eu estou de passagem... –ele falou com um sorriso maroto, limpando uma marca de batom que ele tinha no pescoço, o que fez Nora revirar os olhos –e vejo belas Grifinórias nas prateleiras mais afastadas e sozinhas... –ele respondeu com um sorriso malicioso, aproximando-se felinamente dela.

-Black, você pode parar por ai. –ela avisou séria.

-Eu não sei que jogo você e suas amigas estão jogando... –ele começou, ignorando-a e chegando mais perto –mas vocês escolheram os oponentes errados.

Ele parou a um palmo de distância dela. Nora sabia que estava cercada. A prateleira estava a suas costas e ele a sua frente, mas tudo estava exatamente como ela queria que estivesse. Ele ainda achava que tinha o controle da situação.

-Eu não sei do que você esta falando, Black. –ela afirmou tranqüila.

-Ah qual é, Carter. Fingir de santa cola com a Evans e com a Morgan, mas não cola de jeito nenhum com você.

-Ah já entendi qual o problema. –ela falou, com falso entusiasmo –Você esta nervosinho porque sua priminha drogada foi suspensa e esta querendo descontar em mim. Procura outra Black. –ela falou fazendo menção de se afastar.

-Eu sei que vocês conheciam a garota da sala dos chapados, Carter. –Sirius falou, fazendo Nora parar –Eu vi você e a Morgan la, fumando.

Nora pareceu alarmada por um minuto, mas logo sua expressão calma se refez.

-Prove. –ela falou tranqüila e se afastou.

-Vocês não estão sozinhas nesse jogo. –Sirius avisou enquanto ela se afastava –Vamos ver quem cansa primeiro, madame...

XxX

Lily e Marizza caminhavam pelos corredores em direção a sala comunal Grifinória.

-Eu não acredito que eu to fazendo isso. –Lily reclamou.

-Lily, relaxa e goza, flor. –Marizza falou tranqüila –Alguma coisa de bom pode sair daí.

-Claro. Quem sabe você consegue seduzir o Remus de vez. –Lily falou revirando os olhos.

Marizza corou na hora, o que vindo dela era extremamente raro.

-Eu não sei do que você esta falando. –a loira negou, o mais firme que pôde.

-Você é afim do Remus desde antes de eu namorar com ele. –Lily falou tranqüila.

-Lily, isso não é...

-É sim e você sabe. –Lily falou tranqüila, antes de falar a senha e entrar na sala comunal.

James estava ali, esparramado num dos sofás lendo um livro. O que era uma raridade já que Lily nem sabia que ele tinha a capacidade de ler. Um garotinho do primeiro ano se aproximou hesitante de James.

-Ah... S-senhor Potter? Hum... –ele chamou tímido –O s-senhor poderia me dar seu autógrafo?

Marizza murmurou algo sobre como o menino era fofo, mas Lily só revirou os olhos. Como se o Potter já não fosse convencido o bastante.

-Claro, chega ai. –James sentou-se no sofá e guardou seu livro antes de aceitar o caderno que o menino lhe oferecia –Qual o seu nome?

-Chris Ledger. –o menino falou sorrindo –Eu adoro ver você jogando! Você é o melhor apanhador que existe.

-Valeu. –James falou com um sorriso -E você? Vai fazer teste para o time quando tiver mais idade?

-Eu? Ah não. –ele falou com triste conformismo –Os outros meninos falam que eu sou pequeno e fraco demais para ser jogador de quadribol.

-Não acredite neles. –James falou, fazendo um gesto de dispensa com as mãos –Quando eu estava no primeiro ano eu também era um dos menores meninos do ano e era magricela. Mas no terceiro ano eu me esforcei e consegui entrar para o time. –ele falou –Se você realmente gostar de quadribol todo o resto não vai importar.

O menino olhou para James com adoração. E até Lily estava chocada. Ela nunca havia visto James Potter ser tão sinceramente atencioso e gentil com alguém. Geralmente a gentileza dele se resumia a alguns minutos de palavras agradáveis para conquistar menininhas.

O menino agradeceu e se afastou. Os olhos de James caíram em Lily. Ele tinha um sorriso vitorioso no canto dos lábios. Lily ignorou isso e puxou Marizza para a escada em direção aos dormitórios.

-Nos vemos no Natal, Evans. –ela ouviu a voz debochada dele chamando as suas costas, mas ignorou.

Se ele achava que podia atingi-la, ele que esperasse até o Natal e ele saberia que uma dama nunca para de jogar e que não seria no território dele que elas seriam ameaçadas.


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Notas finais do capítulo

Comentários? ;)

B-jão