Damas Grifinórias escrita por Madame Baggio


Capítulo 2
As Leis das Damas


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo! Muito obrigada pelos comentários!



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Somos Grifinórias acima de tudo.

-GRIFINÓRIA! GRIFINÓRIA!

As arquibancadas pareciam vibrar ao som estrondoso de toda a torcida rubro-dourada. A Casa dos Leões mostrava mais uma vez suas garras para o time adversário.

Era meio de outubro já. Esse seria o primeiro jogo da Grifinória naquele ano, contra a Corvinal. A platéia gritava eufórica como não podia deixar de ser.

Um tanto longe das arquibancadas cinco belas jovens estavam no vestiário Grifinório. Já era praticamente uma tradição do time esperar pela visita das Damas antes de entrar em campo. Elas sempre estavam no vestiário antes dos jogos e eles nunca jogavam se receber os desejos de "boa sorte" delas. As Damas eram as musas do time Grifinório.

Marizza estava a um canto abraçada a Jeff Hills, batedor do time e seu atual namorado, pelas últimas três semanas. Nora e Olivia conversavam com Lisa Ring e Vanessa Mins, respectivamente artilheira e goleira, enquanto Lily e Paloma trocavam galanteios com os outros dois artilheiros, Thomas Klein e Mark Willis.

-Não vai desejar sorte para o seu capitão, Evans? –a voz provocante de James murmurou no ouvido de Lily.

Nunca mentimos para nós mesmas.

Ela sequer vira ele se aproximar. A voz dele sussurrada daquele jeito fazia um arrepio poderoso atravessar seu corpo. Ela não era louca ou cínica de negar que James Potter era extremamente bonito e atraente, mas ela também não era louca de cair no charme dele.

-Eu não tenho capitão, Potter. –ela falou encarando-o com um sorriso zombeteiro –Mas boa sorte, Potter. Para o time. –ela reforçou.

-Você me daria um beijo de boa sorte? –ele provocou, se aproximando um pouco.

-Eu te daria qualquer coisa. –ela respondeu também provocando. Então o puxou para mais perto pela camisa, até seus rostos estarem bem próximos –Depois que você vencer o torneio das Casas. –ela completou com um sorriso divertido, antes de soltar James e se afastar.

-Vamos meninas. –Olivia chamou –Temos um jogo para ver.

Elas desejaram boa sorte para o time uma última vez antes de saírem do vestiário.

-Eu vou terminar com o Jeff. –Marizza falou, tão logo elas se afastaram do lugar.

-Por que? –Nora perguntou.

-Porque eu cansei dele. –a loira falou dando de ombros –Ele é um idiota.

-Concordo. –Olivia falou, fazendo as outras rirem.

Nós nunca abaixamos a cabeça para ninguém.

Elas caminharam mais um pouco antes de se depararem com a professora de Adivinhação, Victoria Portman. A professora havia sido Sonserina enquanto estava na escola. O desprezo dela pelas cinco e por toda a Grifinória não era segredo para ninguém.

-Ora se não são as queridinhas da Grifinória... –ela falou com zombaria.

-Não, professora. –Paloma falou tranqüila –Ser "queridinha" significa ser a boa menina. Nós somos as vagabundas da Grifinória. –ela concluiu piscando para a professora e passando por ela junto com as amigas.

Elas não ligavam para o fato de estarem "atrasadas". Sabiam que a arquibancada já estaria lotada a essa altura. De qualquer maneira poderiam sentar-se onde quisessem. Ninguém ousaria dizer nada. Ninguém nunca ousava.

Nunca demonstramos fraqueza.

Elas expulsaram facilmente as primeiranistas que estavam sentadas onde elas costumavam sentar.

-O sol está forte, não acham? –Nora reclamou.

-Está mesmo. Eu não suporto esse sol. –Lily falou.

-Eu acho bom. –Marizza opinou –Mantém a cor da minha pele.

-Não fiquem reclamando. –Olivia cortou –Parecem crianças mimadas.

Marizza não queria falar, mas aquele sol a estava fazendo sentir um pouco de vertigem. Bom, não era só o sol, também tinha o fato de ela se sentir desconfortável aquela altura.

-Você esta bem, Marizza? –Paloma perguntou –Você parece mal.

-Eu estou bem. Não se preocupe. –a loira afirmou sorrindo.

-Você tomou café da manhã, né? –Lily perguntou desconfiada.

Marizza revirou os olhos.

-Tomei. A Olivia viu.

A morena confirmou.

-Eu fiquei de olho nela. Ela comeu direitinho. –Olivia falou passando a mão na cabeça de Marizza como se ela fosse um cãozinho.

-Engraçadinha. –Marizza falou tirando a mão da amiga de sua cabeça e arrumando o cabelo.

-Onde vai ser a festa depois do jogo? –Paloma perguntou.

-Ah, você não vai trazer aquele seu namoradinho Corvinal para a festa, né? –Nora reclamou.

-Não. –Paloma falou como se fosse óbvio –Eu vou me encontrar com ele primeiro e depois eu vou para a festa. Sozinha. –ela reforçou.

-Grande garota. –Nora falou com um sorriso.

Um balaço passou a centímetros delas, lembrando-as de que havia um jogo que aparentemente já havia começado.

Nós não sofremos por homem nenhum.

O jogo acabara e como era de se esperar a Grifinória vencera. Já nem era mais uma surpresa. A casa estava invicta havia seis anos e aparentemente continuaria assim.

Paloma saiu da sala comunal de sua casa para encontrar com o namorado, Patrick Shaw, como sempre fazia. Ela e as amigas ainda não haviam decidido o que fazer para se vingarem de Amos Diggory, mas cedo ou tarde elas teriam uma idéia. E melhor que fosse tarde, assim ele não estaria esperando.

O problema de Amos era que ele havia tentado ser esperto. Ele saíra com Paloma por duas semanas no ano anterior, antes de pedi-la em namoro. E então deu em cima de Nora, uma semana depois que já namorava Paloma. Ele achou que como Nora tinha fama de destruidora de casais ela não se importaria em sair com o namorado da amiga. Doce engano. Ele quis enrolar as duas, mas apenas acabou caindo na lista negra delas. Afinal elas não brigavam por homens e elas não se traíam.

Ela caminhou por um corredor até que ouviu barulhos vindo de uma sala de aula que estava com a porta aberta. Ela olhou para dentro da sala, tomando cuidado para não fazer barulho, e viu seu suposto namorado se agarrando com Mary Hopkins, uma sonserina mais barata que jornal.

-Quando você vai largar aquela vagabunda? –Mary perguntou em meio aos beijos quentes que trocava com o corvinal.

-Logo, meu amor. –ele prometeu, sem para de tentar encontrar uma brecha na blusa dela.

-Pat... –a garota choramingou, forçando Paloma a morder a língua para segurar a risada.

-Amanhã. Na hora do almoço. –Patrick afirmou –Na frente de toda a escola, só para humilhar aquela vagabunda.

Paloma arqueou a sobrancelha divertida e saiu dali. Virou num corredor e pegou sua varinha. Conjurou um pedaço de papel. Tirou um batom do bolso e escreveu algo no papel, beijando-o em seguida, deixando assim sua marca. Ela viu um garotinho que passava por ali. Pela cara não devia ter mais de doze anos e pelas roupas devia ser da Lufa-Lufa.

-Ei garoto. –ela chamou –Você mesmo, vem aqui. Patrick Shaw está na sala quinze, no próximo corredor. Você entrega isso para ele? –ela perguntou mostrando o pedaço de papel.

-Claro, senhorita Parker. –o menino falou sorridente.

-Obrigada, docinho. –ela falou dando um beijo estalado no rosto do menino, o que deixou uma marca de batom ali e deixo o Lufa-Lufa muito corado também.

O garotinho saiu caminhando e entrou na sala indicada pela morena e encontrou o casal num ardoroso beijo.

-C-com licença. –o menino pediu constrangido.

-O que você quer pirralho? –Patrick perguntou obviamente incomodado pela interrupção.

-Ah... Me desculpa, mas a senhorita Parker me pediu para te entregar isso. –ele falou, muito envergonhado, oferecendo o papel.

-Ta. –Patrick falou arrancando o papel da mão do garoto –Agora some daqui.

O menino saiu correndo da sala.

-O que aquelazinha quer? –Mary perguntou.

-Ela quer se encontrar comigo numa sala ai... –ele falou amassando o papel e jogando para o lado –Eu vou la ver o que ela quer e já volto.

-Não demora, lindo. –Mary choramingou.

Patrick saiu da sala confiante. Namorar uma das Damas Grifinórias era bom para seu status. Tudo o que elas tocavam virava ouro. Ele nunca fora tão popular entre as garotas quanto era agora que namorava Paloma Parker.

Caminhou pelos corredores desertos até o quarto andar onde ficava a sala que Paloma indicara. Tudo estava no mais completo silêncio até que ele abriu a porta. Provavelmente um feitiço havia sido feito na porta para que todo o barulho dentro daquela sala não soasse no corredor. Naquela sala, naquele exato momento, acontecia a festa da vitória da Grifinória. Os alunos lotavam a sala. Toda a torcida rubro-dourada parecia estar ali.

Patrick sentiu seu sangue ferver ao pensar na cilada que havia caído. O que Paloma pretendia trazendo-a a território Grifinório?

Encontrou uma garota e perguntou onde Paloma estava. A garota apenas indicou o fundo da sala para ele. Algo no sorriso daquela garota o incomodou. Era como se ela estivesse se divertindo com algo que estava na cara dele e ele não sabia.

E qual foi a sua surpresa ao chegar lá. Paloma estava sentada num sofá, ao lado de Thomas Klein, artilheiro do time Grifinório, as pernas no colo dele, trocando um beijo caloroso diante de todos na sala. Diante dele!

-Paloma! –ele chamou enfurecido.

A morena separou os lábios dos do artilheiro e olhou para Patrick de forma surpresa, mas não culpada.

-Ah perdão, Patrick. Não tinha visto que você já estava ai. –ela falou tranqüila –Eu só chamei você aqui para avisar que a gente não namora mais, ok? –a essa altura muitas pessoas já olhavam para os dois –Bom, era só isso. Você já pode ir. –ela falou fazendo um gesto de dispensa e voltou a beijar Thomas, que tinha um enorme sorriso.

Patrick ficou olhando a cena em choque, enquanto vários alunos riam dele. Então saiu de la bufando de raiva, e ao passar pelas outras quatro Damas e ver o sorriso zombeteiro delas só se sentiu ainda mais enfurecido.

Nós estamos acima de todos.

-Pobre menino... –Olivia falou sarcástica.

-Esses meninos ganham confiança rápido demais, esse é o problema deles. –Lily falou dando um gole no whisky de fogo que os Marotos haviam contrabandeado para a festa,

-Por falar em confiança... Eu tenho que terminar com o meu namorado. –Marizza falou colocando a própria bebida de lado.

-Você não ia esperar a te a festa terminar? –Nora perguntou.

-Pra que? –a loira perguntou –Só pra adiar o inevitável?

-Você tem razão. –Lily concordou –Vai la, loira.

Marizza fez um aceno com a mão e se afastou das amigas, indo em direção ao namorado que estava cercado por alguns amigos. No geral Marizza era a que se dispunha a assumir namoros sérios com os meninos, ela só não sabia porque. Ela cansava deles rápido demais. Namorar exigia muita mão de obra, ela tinha que parar de arrumar sarna para se coçar.

Ela caminhava em meio à multidão, mas não precisava pedir licença. Ninguém ousaria ficar no caminho dela, assim como ninguém ousaria reclamar do jeito dela. Ela era realeza, os outros eram resto.

Nós nunca pedimos desculpa.

Os dois terceiranistas que cortaram-na por acidente pediram imensas desculpas. Ela sequer olhou na direção deles.

-Jeff. –ela chamou quando já estava próxima.

-Oi princesa. –ele falou se aproximando, mas quando ele foi beijá-la ela virou o rosto suavemente –O que foi?

-Nada. Eu só quero terminar. –ela falou com uma calma assombrosa, olhando nos olhos dele, sem hesitar, o que o deixou ainda mais desconcertado.

-Mas... Por que? –ele perguntou confuso.

-Por que? Não tem motivo. –ela falou tranqüila –Eu só quero terminar.

-Mas Marizza... –ele começou ainda muito chocado.

-Até mais, Jeff. –ela falou dando as costas para ele.

Não esperou resposta. Não tinha mais o que falar, nem o que ouvir.

Garotas Grifinórias não são inimigas (a não ser que elas insistam muito...).

-Sou só eu ou tem mais alguém entediada aqui? –Nora perguntou.

-Você tem andado entediada mesmo. –Lily observou –O que foi?

-Nada. Só plano genial da Olivia para eu "pegar" o Black que tornou meus dias entediantes. –Nora reclamou.

-Mas vai funcionar. –Olivia assegurou tranqüila –E você vai começar a ver isso logo.

-O que vocês estão aprontando? –Lily perguntou curiosa, mas foi interrompida quando alguém abraçou-a por trás.

-Como vai a ruiva mais perigosa da escola? –Sirius perguntou, seu corpo sem equilíbrio balançando e levando Lily junto.

-Black, você esta bêbado. Como sempre. –Lily falou incomodada –Tire as mãos, por favor.

-Sempre tão refinada, Evans. –ele falou irônico soltando-a.

-Por que você não estava no vestiário hoje, Black? –Olivia perguntou divertida –Perdeu o nosso desejo de boa-sorte. –ela provocou.

-E mesmo assim nós vencemos. –ele falou zombeteiro –Eu não preciso de vocês para vencer um jogo, então eu estava gastando meu tempo de maneira mais proveitosa.

-O que quer dizer que você estava provavelmente iludindo mais uma pobre coitada. –Lily falou.

-Como se você fosse uma menina muito boazinha... –ele falou revirando os olhos.

-Até eu tenho princípios, Black, o que você e seus amiguinhos desconhecem totalmente. –ela rebateu.

-Só porque vocês não usam azarações e não mexem com garotas Grifinórias você se acha melhor que a gente? Me poupe, Evans...

-Sirius, deixa as meninas em paz. –Remus pareceu colocando a mão no ombro do amigo.

-E vem o salvador de donzelas indefesas. –Sirius falou cheio de ironia.

-Desculpe o incomodo, meninas. –Remus pediu tranqüilo.

-É sempre um prazer, Lupin. –Olivia falou irônica.

Remus fez um aceno com a cabeça e levou o amigo embora.

-Sempre tão encantador... –Nora falou sarcástica.

-O Lupin ou o Black? –Lily perguntou.

-O Lupin. O Black é um babaca.

-Com certeza... –Olivia concordou rindo.

-Falando mal do Sirius? –Paloma perguntou se aproximando. As amigas fizeram que sim com a cabeça –Repararam no estilinho novo dele?

Sirius tinha mudado um pouco desde o começo do ano. Seu cabelo agora estava crescendo, formando alguns cachos rebeldes e ele tinha uma principio de barba também.

-Ele aproveitou a fama de rebelde que ganhou porque fugiu de casa e agora ta fazendo estilinho pra pegar as meninas. –Nora falou com desprezo –Daqui a pouco ele compra uma moto e uma jaqueta de couro.

As meninas riram.

-Mas até que fica bom, não acha? –Paloma comentou maldosa –Dá uma cara de selvagem para ele...

-É, dá sim... –Nora comentou mordendo o canto inferior do lábio.

Nós não temos medo de nada.

Olivia decidiu voltar para o dormitório. As amigas ainda decidiram ficar mais um pouco, mas ela não agüentava mais. Aquela barulheira, aquelas pessoas. Não suportava tudo aquilo. Mas agora andar sozinha pelos corredores desertos não lhe parecia mais uma boa idéia.

Ela tentou conter o arrepio que percorreu seu corpo. Odiava sentir-se frágil e assustada, mas nessas horas sempre se sentia assim. Odiava lugares desertos e odiava ainda mais estar sozinha neles.

Ouviu passos a frente e refez sua pose, embora sua mão já estivesse segurando firmemente a sua varinha, no bolso das roupas caras que usava.

Os passos continuavam a se aproximar, alguém vinha em sua direção.

Quando a luz lhe permitiu ela pôde ver quem era. Peter Pettigrew que provavelmente vinha da cozinha, a julgar pelos inúmeros pacotes de comida que trazia nos braços.

-Morgan? –ele perguntou arqueando a sobrancelha –Precisando de alguma coisa? –ele perguntou inseguro.

Olivia sabia que Peter tinha um certo medo delas. Principalmente dela e de Nora. Ela podia exigir qualquer coisa dele que sabia que ele faria. Mas pedir alguma coisa a um maroto, mesmo que fosse um tão reles quanto Peter Pettigrew era humilhação demais.

-Eu só preciso que você saia do meu caminho. –ela respondeu, irritada por nada, passando por ele como um furacão.

Nossa amizade está acima de tudo. Mesmo das outras regras.

Quando as outras meninas voltaram para o quarto, duas horas depois, encontraram Olivia deitada em sua cama lendo um livro.

-Demoraram. –ela falou fechando o livro.

-Noite difícil. –Lily murmurou.

Em silêncio elas pegaram as varinhas e fizeram movimentos silenciosos e as camas se afastaram. Então Olivia e Marizza jogaram um dos colchões no chão, enquanto Paloma fazia um feitiço para aumentá-lo. As cinco deitaram-se ali lado a lado, o mais próximas que pudessem.

-Tudo vai ficar bem. –Lily, deitada no meio, afirmou –Tudo sempre fica bem.

As outras concordaram e tentaram dormir e foi o único momento naquele dia que Paloma se permitiu uma lágrima solitária.


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Notas finais do capítulo

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