Damas Grifinórias escrita por Madame Baggio


Capítulo 14
Seu Beijo Pode Me Matar


Notas iniciais do capítulo

Ai está, mais cedo do que esperado!

Muito obrigada pelos comentários que eu venho recebendo, vocês são os melhores!



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Remus jogou-se em uma das poltronas da sala comunal, o caderno de Marizza seguro em uma de suas mãos. Já fazia três dias desde o encontro deles na Torre de Astronomia. Três dias que ele tinha aquele caderno nas mãos e não o tinha lido ainda. Três dias que Marizza não olhava na direção dele.

Ah por Merlin, ele não tinha feito nada errado. Ele não tinha porque se sentir culpado. Ele duvidava que ela se sentisse culpada por qualquer coisa. Por que ele deveria?

Mas o caderno... O caderno estava sinceramente incomodando. O que tinha sido aquele poema que ele lera? Aquilo era de Marizza ou ela tinha copiado de algum lugar?

Ele suspirou e abriu o caderno mais uma vez. Ele já estava ali mesmo...

Eu quero conhecer a beleza da vida

Eu quero fazer minhas escolhas e brilhar

Eu vou voar e tocar meus sonhos

Não importa o quanto longe eles pareçam estar

Eu vou seguir meu coração sem medo

Eu vou escolher minha vida aqui e agora.

Ele fechou o caderno mais uma vez. Isso estava fora de controle! Marizza não era uma pessoa cheia de sonhos e sentimentos. E não seria um caderno que iria convencê-lo do contrário.

XxX

Peter desceu as escadas sozinho e em silêncio. Ele mentiria se dissesse que não estava pensando no que Olivia dissera na noite anterior.

Que, ao contrário de toda a escola, elas não tinham medo dos Marotos isso era óbvio, muito menos respeito... Mas será que existia alguém, algum grupo com o qual elas não mexiam? Ele sinceramente não conseguia pensar em ninguém...

-Pára, Rabastan!

Peter parou na hora. Essa era a voz de Olivia. Mas ela não parecia realmente brava, ela parecia... Divertida?

Ele se aproximou de onde ele imaginou que tinha vindo o som da voz e olhou pela fresta da porta.

-Tá ficando difícil, hein Olivia? –Rabastan provocou, antes de puxar Olivia contra si e beijá-la.

Peter ficou sem fala. Olivia e Rabastan Lestrange? Mas... Mas... Desde quando? E como? Merlin, será que era disso que ela estava falando ontem? Talvez as Damas respeitassem os Sonserinos. Não, não podia ser. Mas Lily se envolvera com um e Paloma andava como dois... Ou será que eram sangue-puros? Será que era isso que elas respeitavam? O sangue? Não, isso também não podia ser, porque Lily e Nora eram nascidas trouxas. Então o que era?

-Eu tenho que ir. –Olivia falou empurrando Rabastan.

-Alguma maldade nova? –ele provocou.

-Algo do gênero. –ela falou dando de ombros –Paloma precisa de um favorzinho.

-Ela pede para aqueles dois gorilas que ela gosta de ficar se pegando. –Rabastan falou dando de ombros e envolvendo a cintura de Olivia num abraço –Você pode ficar aqui.

Olivia revirou os olhos e se afastou dele.

-Não, não posso. –ela falou calmamente –Eu combinei com as minhas amigas. Apesar de que eu duvido que você entenda o conceito de amizade, já que você não tem amigos, só cúmplices.

-Olivia, não se faça de boa e sensível, porque você sabe que você não é isso. –Rabastan falou tranqüilamente –Aquelas garotas não são suas amigas, são só mais pessoas que você manipula.

-Pense o que quiser, Rabastan. –Olivia deu de ombros e saiu da sala, nem olhando na direção de Peter quando passou por ele.

Logo depois, Rabastan também saiu e deu de cara com Peter que ainda estava parado no mesmo lugar.

-Ora, veja quem está aqui... –Rabastan comentou arqueando a sobrancelha –Perdeu alguma coisa Pettigrew?

-N-nada. –Peter deu as costas e começou a se afastar.

-Sabe o que impressiona garotas como elas, Pettigrew? –Rabastan falou calmamente.

Peter virou-se, um tanto confuso, sem entender porque Rabastan Lestrange estava falando com ele.

-Hã? –ele perguntou confuso.

-Sabe o que chama a atenção de mulheres como aquelas cinco Damas? –Rabastan insistiu, um sorriso maldoso no canto dos lábios.

Peter balançou a cabeça de forma negativa. O sorriso de Rabastan só aumentou.

-Poder. E a consciência de que você pode fazer o que quiser com esse poder. –ele falou simplesmente –Olivia só está comigo porque ela sabe que eu posso fazer o que eu quiser e ninguém vai fazer nada contra, que meus inimigos me temem...

-Quer dizer... –Peter começou inseguro –Que ela está com você porque você é bom em mágica?

-Não por isso, Pettigrew. –Rabastan revirou os olhos –Porque eu estou do lado mais forte. Eu estou do lado que pode mais.

Sem falar mais nada ele deu as costas a Peter e começou a ir embora.

Rabastan tinha mesmo acabado de dizer o que Peter achava que ele tinha dito? Como se fosse fácil assim? Mas não parecia realmente difícil... Quer dizer, todo mundo sabiaque os irmãos Lestrange já estavam envolvidos com as artes das trevas e que eles eram possíveis seguidores de... Bom, Você-Sabe-Quem. Mas daí a falar desse jeito...

Será que era mesmo?

XxX

James estava a um passo de matar Lily. Disso ele tinha certeza. Desde o dia que eles haviam se beijado na sala comunal a ruiva só o estava deixando mais e mais furioso. Cada dia ela aparecia com um garoto novo a tiracolo. E não olhava na direção dele. De jeito nenhum. Era como se ele fosse simplesmente inexistente para ela. E isso o estava deixando furioso e irritado.

Naquela manhã mesmo ela tinha passado por ele de braços dados com um batedor da Corvinal. Um babaca que James não lembrava o nome, mas não estava nem ai por isso. Seja que for com certeza era um idiota. Não era um cara digno de ter Lily Evans tão perto.

Ah Merlin ele estava louco. Era isso. Não tinha outra explicação aceitável. Dois beijos e ela contaminara o sangue dele como um vírus sem cura. E ele não sabia o que fazer disso. Não era para ser assim. Não era para ela estar desse jeito na cabeça dele.

James olhou para o céu la fora, por uma das janelas do corredor. Estava começando a escurecer. Onde estaria Lily? Ele a tinha procurado por toda a escola e não a encontrara de forma alguma. Sem o Mapa do Maroto para ajudar era muito mais difícil encontrar alguém naquela escola enorme, mas ele ainda não havia desistido. E quando ele a encontrasse ele não tinha a mínima idéia do que ia fazer, além de exigir que ela não se aproximasse de nenhum outro homem!

Foi passando por um corredor que ele ouviu o som de choro abafado. Ele olhou em volta e encontrou uma garotinha caída no chão. O joelho esquerdo dela estava sangrando, provavelmente ela havia se ferido ao cair. James não estava muito no clima para caridades ou ser atencioso, mas era uma menina Grifinória no fim das contas. E ela parecia tão perdida e sozinha ali. No fim da contas ele não conseguiu não se aproximar dela.

-Você está bem? –ele perguntou ajoelhando-se ao lado da menina.

A menina, uma loirinha que não devia ter um metro e quarenta de altura, pulou assustado ao ver alguém se dirigindo a ela. Ela pareceu engolir o choro.

-Sim. –ela respondeu de forma nada convincente.

-O que aconteceu? –James perguntou.

-Eu... Caí. –ela respondeu de forma ainda menos convincente.

James olhou desconfiado para ela.

-Foi só isso mesmo? Como você caiu? –ele quis saber.

Ela pareceu hesitar, assustada.

-Alguém te empurrou? –ele adivinhou.

Ela fez que sim com a cabeça.

-De propósito?-ele insistiu.

Ela pareceu um pouco preocupada, olhando em volta, como que para se certificar de que ninguém ia ouvir, então ela fez que sim com a cabeça de novo.

-Quem foi? –ele quis saber.

-Uma menina mais velha. –ela falou baixinha –Uma ruiva...

James sentiu um solavanco no estomago e soube que era de raiva. O que Lily pensava que estava fazendo agora?

-Vem, eu te ajudo a levantar. –ele falou oferecendo a mão para ela.

A pequena aceitou e colocou-se de pé.

-Vá até a Ala Hospitalar. –James sugeriu –Madame Pomfrey pode fechar esse machucado num minuto.

A pequena concordou e então saiu na direção da Ala Hospitalar. James se sentiu furioso. Agora elas estavam machucando primeiranistas? Elas tinham finalmente ficado loucas de vez. Agora ele sabia que precisava de fato encontrar Lily e agora ele sabia exatamente o que ia falar para ela.

Ele marchou irritado para o Salão Principal, mas não precisou ir muito longe. Ele encontrou Lily vindo na direção dele, correndo mais precisamente. A cabeça dela estava baixa. Quando ela passou por James ele a segurou pelo braço e virou-a com tudo em sua direção.

-Evans, o que você pensa que está fazendo... –ele parou de falar de repente ao ver os olhos dela vermelhos.

-Lily? –ele chamou, a fúria totalmente esquecida –Lily, você está chorando? –ele perguntou preocupado.

Lily puxou se braço de volta de forma agressiva.

-Será que só por hoje você não pode esquecer que eu sou uma pessoa sem sentimentos, uma pessoa fria e me deixar em paz? –ela gritou para ele, antes de sair correndo mais uma vez.

James ficou pregado ao chão. Totalmente sem entender o que acabara de acontecer, mas profundamente marcado pelas lágrimas de Lily.

XxX

Marizza estava preocupada com a Lily. Ela tinha desaparecido. Isso não era bom sinal.

Quando McGonagall tinha se aproximado com uma expressão muito séria dizendo que precisava falar com Lily urgentemente Marizza já soube que nada de bom podia sair dali. E agora Lily desaparecera. Isso era ainda pior. Ela tinha a impressão de que a amiga precisava dela e ela odiava não estar la para ajudar.

-Rogers.

Marizza virou-se e deparou-se com Remus olhando para ela. Ótimo, tudo o que ela precisava agora.

Remus tinha um olhar extremamente frio em sua face e chegava a ser arrepiante. Ele caminhou tranqüilamente na direção dela e estendeu um caderno para ela.

-Você esqueceu isso na Torre de Astronomia outro dia. –ele falou simplesmente.

Marizza olhou para o caderno na mão dele e reconheceu como sendo o seu. Ela estava como louca atrás dele.

-Meu caderno. –ela falou pegando-o da mão de Remus –Estava com você o tempo todo?

-Estava. –ele respondeu tranqüilo.

-E por que você não devolveu antes? –ela quis saber.

-Eu o estive lendo. –ele deu de ombros –De onde você copiou tudo isso? –ele quis saber.

-Eu escrevi tudo isso, Lupin. –ela retrucou fria.

-Eu só achei que... –ele começou meio desconcertado.

-Que alguém fútil e estúpida como eu jamais conseguiria fazer uma coisa dessas, né? –ela falou irônica –Sinto desapontar, Lupin. Eu tenho um pouquinho mais de sentimentos do que você me dá crédito. –sem falar mais nada ela deu as costas a ele e saiu dali. Apertando fortemente seu caderno contra o peito.

Ali estavam todas suas fraquezas e medos. Ali estava sua grande e única paixão mais do que declarada. Merlin ajudasse e Remus nunca entendesse o que estava escrito ali.

XxX

James entrou na sala comunal preocupado. Não era só Lily quem tinha desaparecido, todas as Damas haviam seguido a idéia. Elas não apareceram para o jantar.

Assim que ele pôs o pé na sala ele deu de cara com quatro das cinco meninas ali. Olivia e Nora pareciam estar conversando em sussurros urgentes num dos sofás. Paloma estava sentada em uma das poltronas, os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto escondido nas mãos. Marizza estava andando de um lado para o outro, na frente das escadas que levavam ao dormitório feminino.

De repente a loira virou-se e ao ver James ali seu olhar brilhou em fúria.

-Quem você pensa que é? –ela exigiu vindo para cima dele –O que você disse para ela, seu idiota? O que você fez? –ela exigiu empurrando James.

-Eu não fiz nada! –o maroto defendeu-se.

-Disso eu duvido muito! –Olivia retrucou também se aproximando –O que você falou para ela? –a morena exigiu.

-NADA! Eu só encontrei essa garotinha machucada, dizendo que tinha sido empurrada por uma ruiva mais velha...

-E você automaticamente concluiu que fosse a Lily? –Nora falou frustrada e brava –Nós não machucamos crianças! –ela falou exasperada.

-E a Lily não é a única ruiva da escola. –Paloma lembrou –Tem uma corvinal do sétimo ano que adora judiar de nascidos trouxas que também é ruiva.

James se sentiu mal. Ele tinha se esquecido que as Damas não mexiam com meninas Grifinórias. A loirinha do corredor era Grifinória.

-O que aconteceu com ela? –James quis saber.

-O pai dela morreu. –Marizza informou –A professora McGonagall tinha chamado a Lily para falar disso.

-De tudo o que ela falou entre as lágrimas a gente só entendeu que foi um acidente de carro e que ele morreu na hora. –Nora falou –E que você gritou com ela! –ela acusou.

-Eu estava fora de mim, ok? –James explodiu irritado –Eu achei que ela tinha machucado a menina, ela esteve me ignorando a semana inteira, andando com um cara diferente por dia! Eu estava puto da vida com ela! –ele se defendeu.

-Bom, problema seu! –Paloma falou irritada –E agora ela está chorando la em cima e não quer ninguém perto dela.

-Eu vou la. –James falou.

-Não, você não vai! –Marizza rebateu na hora.

-Rogers, eu quero falar com ela! –James exigiu –Eu quero saber como ela está!

-Potter, você só sobe la se for para pedir desculpas. –Olivia informou –Do contrário você não está indo a lugar nenhum.

James respirou fundo. Pedir desculpas? Por que cargas d'água ele iria pedir desculpas a Lily? Ela não precisava, não queria as desculpas dele. E ele também não queria ter que pedir. Mas ele falaria o que fosse para vê-la agora.

-Tudo bem. –ele se rendeu –Eu peço desculpas.

Olivia se aproximou da escadaria que levava ao dormitório feminino e pressionou um dos tijolos.

-Agora você já pode subir. –ela falou –A escada não vai te derrubar. O nosso quarto é a segunda porta a direita.

James pareceu um pouco desconfiado e cuidadosamente começou a subir as escadas. Quando ele viu que realmente ele não ia escorregar ele subiu correndo os últimos degraus.

Ele encontrou facilmente a porta do quarto das meninas, não só porque Olivia tinha dito qual era, mas também porque havia um D pendurado ali.

James entrou sem bater na porta. O quarto estava escuro. Apenas uma vela em um criado-mudo espalhava uma luz vacilante pelo quarto. E na cama, ao lado desse criado mudo havia alguém deitado, chorando silenciosamente.

James se aproximou da cama e se ajoelhou ao lado dela. Lily estava deitada, a cabeça afundada no travesseiro, tremendo, o som do seu choro abafado pelo tecido.

-Lily. –James chamou suavemente.

Lily levantou a cabeça, assustada. Os olhos dela estavam vermelhos e inchados de tanto chorar. Uma imagem que rasgou o coração de James. Lily era uma rainha, uma deusa. Ela não devia ter que passar por essas coisas, ela não devia sofrer ou chorar. Ele preferia que nesse momento ela estivesse olhando para ele com frieza do que com toda aquela dor.

-O que você está fazendo aqui? –ela perguntou.

-Eu soube o que aconteceu. –ele falou simplesmente –Eu sinto muito, Lily.

-Você não conhecia ele, Potter. –ela falou, novas lágrimas correndo pelo lindo rosto dela –Como você pode sentir muito?

-Eu sinto muito que isso ter faça tão triste, Lily. –James falou, sem tirar seus olhos dos dela –Eu sinto muito que isso faça uma das meninas mais lindas dessa escola chorar dessa forma. –ele esticou a mão e tocou o rosto dela –Eu sinto muito. –ele repetiu.

Lily ficou olhando em choque para James por um minuto, antes de se deitar na cama mais uma vez e olhar para o teto.

-Ele não merecia isso. Minha mãe não merecia isso. –ela falou baixinho –Eles se amavam tanto... O que vai ser dela agora?

James se aproximou um pouco e debruçou-se para poder olhar nos olhos de Lily.

-Me diz o que você quer. –ele pediu sério –Você quer um diamante? Um casaco de pele? Você quer uma estrela do céu? Você quer minha cabeça numa bandeja de prata? Me diz o que eu tenho que te dar para você sair desse estado Lily, e eu juro que é seu.

Lily olhou em choque para James por um minuto, antes de esticar a mão e tocar o rosto dele, puxando-o para perto, até seus lábios se tocarem.

Esse beijo começou exatamente como o primeiro beijo deles: suave e sem pressa. Era um consolo, uma carícia. Até que se transformou em algo totalmente diferente.

Lily correu a língua por entre os lábios de James, pedindo por mais. O moreno levantou-se do chão e deitou-se sobre ela na cama, seu corpo pressionando deliciosamente o dela. Quando eles voltaram a se beijar o gesto tinha o dobro do desejo e da necessidade.

James tirou seus lábios dos de Lily e desenhou beijos pelo rosto dela: nariz, testa, queixo, ele beijou as lágrimas dela.

Lily puxou James de volta para si, seus lábios atacando os dele de forma faminta. Então ela começou a soltar os botões da camisa dele. E James começou a fazer o mesmo com ela.

Eles estavam sendo desastrados e atrapalhados. Não que eles nunca tivessem feito isso antes, mas nunca nenhum dos dois precisou tanto de alguém. Nunca o desejo de estar com alguém havia sido tão intenso e tão doloroso.

E foi no momento em que eles estavam definitivamente juntos, próximos em corpo e alma que ambos souberam: os dois tinham perdido o jogo. Os dois tinham se apaixonado.

XxX

-O que será que está acontecendo la? –Marizza perguntou olhando em direção as escadas.

-Olha, eu tenho um palpite e nem um pingo de vontade de descobrir se eu estou certa. –Paloma falou analisando as unhas.

-Eu também. –Nora concordou –Eu não subo la até o Potter descer.

-Será que eles vão... –Marizza hesitou –Começar a...

-Você quer dizer se eles vão começar a namorar? -Olivia ajudou –Eu não sei. Duvido.

-Por que? –Paloma quis saber.

-Os dois são orgulhosos demais, nenhum vai querer admitir derrota e, acredite, na cabeça dos dois admitir um relacionamento seria o mesmo que admitir derrota. –Olivia explicou -Eles não vão saber baixar a crista e se resolver. –ela deu de ombros –Eles não vão se resolver.

-Ah que horror, Olivia. –Marizza falou –Bota um pouquinho de fé neles.

-Marizza, eu tenho toda a fé do mundo na Lily. –Olivia reforçou –Eu só não confio no Potter, nem na capacidade dele de irritar a Lily ao extremo. Não confio nada.

Paloma e Marizza trocaram um olhar preocupado. A amiga tinha um ponto válido...

XxX

James terminou de abotoar a própria camisa e então olhou para a pessoa deitada ao seu lado na cama. Lily parecia estar dormindo.

Ah Merlin, agora eles realmente tinham ido até o fim. E ele não tinha a mínima idéia do que eles fariam agora. Ele tinha um certo receio em pensar no dia seguinte, quando ela estivesse recuperada, quando ele não fosse mais um consolo necessário.

Ele não iria pensar nisso agora. Pelo menos ela não estava mais chorando e isso já o deixava mais do que satisfeito. Ele odiara vê-la chorando. Ele não queria nunca mais ver os lindos olhos verdes dela molhados por lágrimas. Disso ele tinha certeza.

Ele se curvou sobre a figura adormecida de Lily e depositou um suave beijo nos lábios dela.

-Eu te vejo amanhã. –ele murmurou próximo ao rosto dela.

Então James se levantou e deixou o quarto.

Assim que a porta se fechou Lily abriu os olhos.

-Não, James, você não vai me ver amanhã.

XxX

Na manhã seguinte a notícia da perda de Lily se espalhara pela escola e não demorou nada para os demais alunos darem pela falta da monitora ruiva.

-Onde está a senhorita Evans, senhorita Morgan? –Dimitri quis saber, naquela tarde.

Todos estavam na aula de DCAT e enquanto os demais alunos escreviam algo que o professor pedira Dimitri aproveitou para se aproximar das Damas.

-Ela foi liberada para ir para casa, professor. –Olivia repetiu pelo o que parecia ser a milésima vez naquele dia –Para o enterro do pai. Ela deve voltar em dois dias.

-Entendo... –ele falou calmamente –Se vocês entrarem em contato com ela, mandem meus mais sinceros pesares a ela.

-Nós mandaremos, professor. –Olivia assegurou.

Dimitri ainda lançou um último olhar na direção de Paloma, mas ela o ignorou totalmente, fingindo estar totalmente concentrada em seu dever.

XxX

Era totalmente desnecessário comentar que James estava de extremo mau humor. Os Marotos não sabiam o que realmente causara todo esse stress, mas eles tinham um palpite de que isso tinha a ver com o fato de Lily ter sumido do mapa. Eles só não sabiam exatamente como, já que o moreno não contara aos amigos o que tinha acontecido entre ele e a monitora na noite anterior.

Também era desnecessário dizer que toda a escola estava sofrendo por isso. Ele azarava qualquer um que meramente cruzasse seu caminho.

A situação ficou tão absurda que os próprios Marotos ficaram de saco cheio de James e decidiram deixar o quarto. Peter desapareceu para as cozinhas, Sirius foi se encontrar com alguma garota Corvinal e Remus foi vagar pelo castelo.

Remus seguiu seus pés sem rumo até se perceber diante da porta Torre de Astronomia mais uma vez. E mais uma vez essa porta estava entreaberta e de lá vinha o perfume de morangos...

Remus parou e respirou fundo. De onde vinha essa vontade intensa e repentina de falar com Marizza? De vê-la?

Merlin, ele nunca tinha provado uma menina com sabor de morango, mas ele sabia que se tinha uma que ele gostaria de experimentar essa era Marizza. E essa era a maior vontade dele agora. Subir todos aqueles degraus e...

AH MERLIN! Ele estava ficando louco. Só podia! E Marizza estava brava com ele! Furiosa, ele ousaria dizer. Ele tinha certeza de que se ela aparecesse na frente dela agora ela iria falar coisas nada agradáveis para ele...

La estava de novo... Aquele sentimento ridículo. Ele quase se sentia culpado por ter feito ela brava! O que era de fato ridículo.

-Que se dane. –Remus murmurou antes de subir as escadas em direção a Torre de Astronomia, em direção a Marizza.

XxX

Marizza suspirou e fechou o seu caderno. Ela não ia conseguir escrever nada essa noite. Ela já sabia disso antes mesmo de subir até ali. E mesmo assim ela não pudera evitar, mesmo assim ela estava ali. Estava ali como estivera em tantas outras noites, quando sentia que precisava de um momento só seu.

Ela tinha um segredo que só as Damas sabiam. Ela queria ser uma escritora. Apesar de todos os papos de moda, apesar de todas as frivolidades só tinha uma coisa que ela queria: escrever. Escrever livros que fizessem as pessoas se emocionarem, se apaixonarem, se assustarem... E ela conseguia isso. As pequenas histórias que ela escreviam era divinas, as amigas adoravam ler. Uma delas, as jornadas de uma menina que caíra num mundo diferente, era a preferida de Lily e Olivia. Elas não a deixavam em paz se ela não escrevesse pelo menos um pouco por dia para elas lerem.

Ela sabia que a mãe não gostava muito da idéia de ela ser escritora. Ela achava isso tudo besteira. Mas não tinha problema. Ela não precisava da aprovação da mãe. Ela só queria seguir um caminho só seu.

Ela se mexeu, mas não trocou de posição. A Torre de Astronomia tinha uma janela não muito alta, mas que era larga o bastante para ela se sentar ali com os pés esticados. A posição era ótima, dali ela podia ver claramente a lua-crescente e o lago. O céu estava limpo e as estrelas brilhavam como jóias. Era a noite perfeita. Perfeita e solitária...

Lily estava mal e precisava delas, mas elas não puderam estar com ela. Por mais compreensivo que Dumbledore fosse ele não liberou para elas saírem junto com Lily. Nenhuma delas. E o que teria acontecido com Potter? Ele parecera furioso o dia inteiro. Ela nem queria imaginar o que acontecera entre ele e Lily, apesar de ela ter uma certa idéia...

A porta da Torre abriu-se de repente e Remus entrou por ela. Ele não parecia muito feliz, mas ele também não parecia surpreso de encontrá-la ali.

-Lupin? –ela falou em choque –O que você faz perdido aqui?

-Eu vim falar com você. –ele declarou, e apesar da frieza da voz dele os olhos dele pareciam em chamas.

-Sobre? –ela quis saber.

Remus respirou fundo como se estivesse contemplando seu próximo movimento.

-Esse caderno. –ele falou por fim, indicando o caderno nas mãos dela.

-O que tem?

-Desde quando você escreve?

-Desde o primeiro ano. –ela deu de ombros –Mas foi melhorando com o tempo. –ela admitiu.

-Você parece inspirada. –ele falou se aproximando –De onde vem tanta paixão?

Marizza levantou os olhos e o encarou por um torturante e longo minuto.

-Isso é problema meu. –ela falou desviando os olhos de volta para a janela.

Remus respirou fundo. Ele sentou-se no banco que ficava encostado na parede onde a janela que ela estava sentada ficava. Assim ele ficou mais baixo que ela, mas pelo menos estava perto o bastante para sentir o perfume dela.

-Você lembra quando a gente se conheceu, no primeiro ano? –ele perguntou após um minuto de silêncio.

Ele já estava achando que ela ia ignorá-lo totalmente quando ela soltou um longo suspiro.

-Lembro, por quê?

-Parece que tudo mudou tanto de la para cá... –ele falou, não olhando realmente para ela –Nós somos pessoas diferentes, Hogwarts é uma escola diferente, nossos sentimentos são diferentes...

Marizza bufou irônica.

-Hogwarts vem sendo o mesmo lugar por séculos. Acredite: nada mudou por aqui. Nada, nem os alunos, nem os preconceitos idiotas que os separam. Nós mudamos, mas não foi tanto assim. Você ainda tem os mesmos amigos, Black ainda é um babaca e o Potter ainda se acha a última bolacha do pacote. –ela deu de ombros –Lily ainda é a menina mais esperta do nosso ano, senão de toda a escola. Olivia ainda é fria e calculista, Nora ainda não liga a mínima para o que falam dela. A Paloma ainda adora flertar com os meninos e eu... –ela pareceu pensar antes de falar -Eu ainda sou exatamente a mesma pessoa, só um pouco mais metida. Em relação aos sentimentos... Não foram todos que mudaram... –ela suspirou distante.

-Eu não vou pedir desculpas. –ele avisou.

-Eu não achei que você fosse. –ela deu de ombros –Você se acha superior a essas coisas. Assim como eu.

-Mas... –ele ajudou-a a continuar.

-O fato de eu entender não quer dizer que eu vou perdoar, ou esquecer o que você falou, Lupin. –ela olhou para ele –Eu não gostei nada das suas acusações.

-E se eu pedir desculpas?

-Eu posso pensar no seu caso.

Eles ficaram em silêncio mais uma vez.

-Eu nunca quis que nada disso acontecesse, Marizza. –ele falou, olhando para ela, apesar de ela ter ignorado isso e continuado olhando as estrelas –Quando nós começamos essa rixa com vocês eu não sabia que íamos parar tão longe.

-Eu também não, Lupin. –ela admitiu –Mas isso não importa mais.

-Quem te faz vir de madrugada para a torre de Astronomia ficar escrevendo versos, Marizza? –ele perguntou de repente –Quem te faz escrever aquelas frases cheias de solidão e paixão? Quem é esse cara que faz uma Dama ser mais uma menina apaixonada?

Marizza virou-se para encará-lo mais uma vez. Os olhos dela estavam brilhando de uma emoção que Remus não sabia ler. Ela deu um sorriso triste.

-Se você não percebeu até agora não vou ser que vou te falar... –ela concluiu num suspiro.

E Remus entendeu. Ele não precisou de explicação nenhuma, ele não precisou esperar. Naquele momento o propósito que o trouxera até aquela torre pareceu muito claro. E ele soube sem sombra de dúvida o que ele tinha que fazer.

Remus esticou a mão e envolveu a cintura de Marizza num abraço, puxando-a para baixo. Ela soltou um gritinho assustado, antes de cair no colo dele.

Ela abriu a boca para perguntar o que ele tinha na cabeça, quando ele colocou o dedo indicador contra os lábios dela. Haveria um tempo para conversas, mas certamente esse tempo não era agora.

Ele tocou os lábios de Marizza com os seus e ela pareceu congelada por um segundo, totalmente pega de surpresa. Mas então a carícia da boca de Remus pareceu trazê-la de volta a vida. Ela se arrumou, de modo a ficar no colo dele, seus seios contra o peito de Remus, seus joelhos um de cada lado do quadril dele.

O beijo começou, espantosamente, com calma. Só uma provocação, um beijo quase infantil, onde apenas lábios se tocavam. Remus afundou uma das mãos no cabelo de Marizza, fechando-a em punho, segurando firmemente os fios loiros e trazendo-a para ainda mais perto. Ela inclinou a cabeça para trás, entreabrindo os lábios, permitindo que finalmente as línguas se tocassem. E a partir daí tudo foi uma explosão de energia.

Remus tomou posse da boca de Marizza. Ele a puxou ainda mais de encontro a si, não deixando espaço nem para ar entre eles. A mão dele que não estava nos cabelos dela estava na cintura dela, não a deixando sair de perto dele. As mãos dela estavam agarradas aos ombros dele, como se precisasse de um suporte para não cair.

Os beijos dele se desviaram da boca de Marizza para o maxilar e então ela derrubou a cabeça para trás, dando ele acesso total a seu pescoço. As duas mãos de Remus ganharam uma nova tarefa: desfazer os botões da camisa de Marizza.

Quando a camisa estava totalmente aberta, expondo não apenas a pele dourada dela, mas também o sutiã de renda branca que ela usava, Remus desceu as mãos pelas pernas dela, segurando-a pelas coxas e num movimentou rápido, inclinou-a para trás, de forma que ela se deitasse no banco e ele ficasse por cima dela.

-Eu sei que é meio tarde para perguntar... –ele falou olhando nos olhos dela –Mas você tem certeza disso?

-Absoluta. –ela respondeu sem hesitar, antes de puxá-lo para um novo beijo.

E a partir desse ponto palavras se fizeram totalmente desnecessárias.

XxX

-Cadê a Marizza? –Paloma quis saber, pouco antes da meia-noite.

Olivia tirou os olhos do seu livro e encarou a outra morena.

-Se ela não chegou até agora eu não tenho certeza se eu quero saber...

As outras duas riram.

-Os hormônios estão tomando conta desse dormitório viu... –Nora comentou.

-Quem sabe você entra no espírito, Nora? –Paloma provocou.

Nora riu sarcástica.

-Não tem chance de nenhum desses meninos medíocres colocarem as mãos em mim, Paloma. –ela falou tranqüila –Eu não preciso de nenhum deles.

XxX

Remus e Marizza andaram em silêncio lado a lado pelos corredores desertos da escola. Era quase seis da manhã.

Eles tinham acabado caindo no sono depois de... Bom, depois de passarem um tempo acordados na Torre de Astronomia. Marizza acordara com Remus chamando-a suavemente e dizendo que era melhor eles voltarem para o dormitório deles.

Eles saíram em silêncio da torre até alcançarem o retrato da Mulher Gorda. Ela olhou para eles de forma desaprovadora, mas concedeu entrada mesmo assim. A sala comunal estava deserta, como já era de se esperar. Era muito cedo para qualquer um estar acordado.

Marizza parou diante da escada que levava até o dormitório feminino e só então percebeu que Remus ainda estava ao seu lado, observando-a em silêncio.

-Até mais. –ela falou baixinho, na intenção de subir as escadas e sair dali logo.

Mas Remus segurou-a pelo pulso.

-Você está tão arrependida assim? –ele quis saber.

-Eu não estou fugindo se é isso que você está insinuando. –ela falou, cansaço evidente em sua voz –Eu só realmente não sei o que fazer agora.

-Fingir que nunca aconteceu está fora de questão. –ele avisou-a de um jeito que fez um arrepio percorrer a espinha dela.

-Bom, então manter segredo também está! –ela falou cruzando os braços de forma desafiadora –Ao contrário do que toda essa escola possa pensar eu não durmo por ai com qualquer um. Então vai ser tudo ou nada, Lupin. Ou nós estamos ou não junto. Sem meio termo. –ela avisou.

Remus arqueou a sobrancelha.

-Você está me dando um ultimato? –ele pareceu checar.

-Exatamente. –ela afirmou sem medo nenhum –Até daqui a pouco, Lupin.

Marizza deu as costas para Remus e correu até seu dormitório. Ela não queria vê-lo por um tempo. Era melhor ela deixá-lo pensar um pouco.

Ela entrou no quarto e se jogou na cama, ao mesmo tempo em que Paloma saía do banheiro, amarrando o cabelo, pronta para sua corrida matinal.

A morena olhou para a loira jogada na cama e deu um sorriso de canto de lábio.

-Eu suponho que você não vai correr comigo agora de manhã.

-Supôs certo. –Marizza respondeu fechando suavemente os olhos.

-Certo, mas eu vou querer os detalhes sórdidos depois. –Paloma provocou.

-Eu te conto tudo passo a passo se você me deixar dormir agora. –Marizza prometeu.

-Bons sonhos... Moranguinho. –Paloma falou rindo antes de deixar o quarto.

Marizza afundou a cabeça no travesseiro e por mais preocupada que ela estivesse o cansaço levou a melhor sobre ela.

XxX

-Vamos logo, Barbie. –Olivia provocou –Ninguém mandou ficar fora tendo uma noitada. Agora não nos atrase.

-Eu já vou. –Marizza bufou, amarrando o cabelo num rabo de cavalo descuidado.

-E ai, quem foi o cara? –Nora quis saber.

-Vocês não vão acreditar... –ela avisou.

-Isso promete ser uma delicia. –Olivia falou com um sorriso maldoso –Diga.

-O Lupin. –Marizza falou sem rodeios.

-Isso É uma delicia! –Paloma começou a rir descontroladamente.

-Meu deus do céu... –Nora falou incrédula –Como isso foi acontecer?

-Você quer mesmo que eu te explique? –Marizza perguntou revirando os olhos.

Paloma riu ainda mais.

-Ah! Você está me devendo os detalhes sórdidos! –ela lembrou.

Marizza estava prestes a retorquir quando uma coruja bicou a janela do quarto delas, chamando a atenção das três.

Paloma foi até a janela e pegou a carta que a coruja oferecia.

-É da Lily. –ela falou.

-O que diz? –Marizza quis saber.

Paloma abriu a carta e começou a ler em voz alta.

-"Olá meninas. Já estou morrendo de saudades de vocês. Minha mãe não está nada bem, parte meu coração o estado que ela está. Petúnia vai ficar aqui por uns tempos, até ela melhorar pelo menos um pouco o estado de espírito dela, mas eu acho difícil que isso aconteça logo. De qualquer jeito eu estou voltando amanhã, então nós poderemos conversar melhor. Amo vocês. Lily"

As meninas ficaram em silêncio por um minuto.

-Qual a justiça que existe no mundo? –Nora falou de repente –O pai da Lily que era um bom homem, ótimo pai e marido, morre desse jeito. E o cretino do meu pai ainda vive e provavelmente vai continuar vivendo mais uns cem anos...

-Essa é a história da vida, querida. –Olivia deu de ombros –Não existe justiça.

Marizza suspirou.

-Vamos descer? –ela pediu –Eu preciso tomar café da manhã.

-Merlin do céu! O Lupin deve ser melhor do que eu pensei se ele te deixou até com fome. –Paloma provocou rindo.

-Cala a boca. –Marizza pediu corando.

Elas desceram a escada rindo, mas as quatro brecaram antes de atingirem o último degrau. Remus Lupin estava encostado de forma displicente contra a parede próxima a escada. Ele pareceu ouvir as quatro chegando porque levantou os olhos e encarou as quatro.

Paloma foi a primeira a sorrir tranqüila e passar por ele.

-Bom dia, Remus. –ela cantarolou animada.

-Bom dia, Lupin. –Olivia e Nora falaram juntas passando por ele.

Remus apenas fez um gesto de reconhecimento com a cabeça, seu olhar totalmente pregado em Marizza. A loira desceu mais alguns degraus, até estar perto dele, mas não desceu o último, ficando um pouco mais no nível dele.

-Bom dia. –ela falou, se sentindo tonta por estar nervosa.

-Bom dia. –ele falou, com a mesma calma de sempre.

-E ai? –ela falou, mordiscando o lábio de forma nervosa.

-Espero que você saiba que lobos são extremamente territoriais. –ele falou, extremamente calmo –Então eu sou extremamente ciumento. Eu não quero nenhum outro homem perto de você. –ele avisou.

Marizza sorriu de canto de lábio.

-Isso quer dizer...? –ela provocou.

-Quer dizer que você é minha agora. Oficialmente. –ele esticou a mão e traçou o lábio dela com o polegar.

-Só se você for meu também. –ela lembrou, mordiscando o dedo dele.

-Considere feito. –ele deu um sorriso de canto de lábio, antes de esticar o braço e soltar o cabelo dela.

-Remus, meu cabelo...

Remus cortou-a puxando-a para um beijo, ao que Marizza apenas sorriu e envolveu o pescoço dele num abraço.

De longe as Damas observavam em silêncio a cena.

-Bom... –Paloma falou quebrando a quietude –Eu disse que ela ia conseguir o Lupin cedo ou tarde. –ela concluiu esticando a mão em direção as amigas.

Nora e Olivia reviraram os olhos, mas depositaram os galeões na mão da morena.

-Cara, isso é muito estranho. –Nora comentou.

-Meu anjo, isso certamente nem começou direito ainda... –Olivia comentou tranqüila –Eu tenho a leve impressão de que daqui em diante a tendência é só piorar...

Nora e Paloma olharam confusas para a amiga, mas acharam melhor não perguntarem mais nada. Já estavam tendo emoção demais para um começo de manhã...

-O que é isso? –veio a pergunta chocada da escada do corredor masculino.

As três damas viraram os olhos e viram os outros três Marotos parados, olhando em choque o casal que se beijava.

-Permita-me esclarecer para você, já que aparentemente você não está acostumado com o gesto, Potter. –Olivia falou irônica –"Isso" é beijar.

-Jura, Morgan? –James falou irônico –Não me diga... Eu quero saber por que raios o Aluado ta beijando a Barbie!

-Ah deus, como ele é lerdo... –Nora comentou revirando os olhos –Eles estão namorando, animal.

Os três marotos ficaram literalmente de queixo caídos.

-Desde quando? –Sirius quis saber.

-Desde... –Paloma checou o seu relógio de pulso –Dois minutos atrás.

-Merlin... –Sirius murmurou descrente –Como isso foi acontecer?

-Deve ter alguma coisa a ver com sexo na Torre de Astronomia. –Paloma falou tranqüila.

-O QUE? –os três marotos perguntaram em choque.

-Ah vocês não sabiam? –Nora provocou –Que dó...

-Como vocês sabiam? –Peter quis saber.

-Que tal ela contou para a gente, gênio? –Paloma sugeriu irônica.

-Por que o Aluado não contou para a gente? –Sirius perguntou indignado.

-Bom, daí já não é problema nossa. –Olivia deu de ombros –Ei, Marizza, depois você e o Lupin se devoram mais. Vamos tomar café!

Marizza se separou de Remus, com os lábios inchados pelos beijos.

-Certo. –ela sorriu –Te vejo depois. –ela deu mais uma rápido selinho nele, antes de seguir com as amigas para fora da sala comunal.

Remus suspirou tranqüilo ao ver as garotas saindo, mas sua paz não durou muito, já que ele logo se viu cercado por seus amigos.

-Você não está se esquecendo de nada, Remus? –Sirius exigiu.

-Café da manhã? –ele perguntou com falsa inocência.

-Desde quando você está pegando a Rogers? –James quis saber.

Remus estreitou os olhos.

-Mais respeito, James. Eu não estou pegando ninguém. –ele avisou –A partir de agora a Marizza é minha namorada. Acho bom vocês tratarem ela como tal.

-Desde quando você tem interesse nela, Remus? –Peter perguntou confuso.

-Desde o momento que eu entendi que todo esse tempo ela só pensava em mim. –ele deu de ombros –Deu um certo orgulho no começo, mas depois eu percebi que não era só isso. Era quase um... Alívio sabe? Como se eu estivesse preocupado que ela fosse escolher um outro cara e no fim ela tivesse sempre sido minha.

James arqueou a sobrancelha.

-Que papo estranho é esse?

-Eu nem imagino. –Sirius deu de ombros –Mas no geral... Eu acho que acabaram de encoleirar nosso lobo de estimação.

XxX

-Eu ainda não acredito que depois de todo esse tempo... –Olivia comentou quando elas se sentaram a mesa.

-Você acha que eu acredito? –Marizza perguntou com um enorme sorriso –Depois de todo esse tempo eu podia jurar que ele não estava nem ai para mim. Eu já tinha até me acostumado com a idéia...

-Pois é, meu amor, nunca se subestime. –Paloma falou sorrindo –Nada como o poder sedutor de uma pele bronzeada. –ela falou cumprimentando Marizza.

Nora e Olivia reviraram os olhos.

-Se você ta com esse poder todo, morenaça... –Nora falou irônica –Por que o professor agüentou firme? –ela provocou.

Paloma bufou incomodada.

-Porque o Dimitri é um idiota que dá valor a moral. –ela falou irritada –Mas eu te garanto que ele vai comer o pão que o diabo amassou por causa disso!

-Ele já deve estar comendo, meu anjo. –Olivia falou tranqüila –Você tem desfilado pela escola inteira sempre acompanhada. Se ele não está com ciúme ele está no mínimo com orgulho ferido.

-E acredite: isso para um Potter é morte. –Paloma comentou com um sorriso satisfeito.

-E você vai continuar a fazer isso quanto tempo? –Marizza quis saber.

-Até que ele caía de joelho e implore. –Paloma falou por entre os dentes.

-Ah que saudade desse veneno todo! –Nora falou animada, abraçando Paloma.

-Isso me lembra uma cena extremamente interessante do Natal...

As meninas viraram-se para ver Sirius logo atrás delas, olhando as duas com um sorriso maldoso.

-Querendo ver um replay, Black? –Nora provocou –Pois eu adoraria ver um beijinho entre você e o Potter. Quer trocar? –ela propôs arqueando a sobrancelha.

Sirius riu tranqüilo.

-Eu não estou mais bêbado a esse ponto, Carter, mas se você quiser... –ele sorriu maldoso –Eu substituo a Parker e o beijo fica entre nós.

Nora revirou os olhos.

-Vai sonhando, Black...

-Ei Black! –Thomas chamou se aproximando –Treino hoje?

-Com certeza. –Sirius confirmou.

-Madames. –Thomas fez uma curvatura exagerada para as meninas.

-Viu, Black? O Thomas sabe se portar. –Nora provocou.

-Se eu ganhasse a recompensa que ele recebe cada vez que ele é todo educadinho assim com vocês eu pensaria no caso... –Sirius retrucou irônico.

Thomas ignorou os dois.

-Madame Parker. –ele chamou –Que tal eu e você nos perdermos por esses corredores mágicos? –ele sugeriu.

Paloma riu e se levantou.

-Se vocês me dão licença... –ela falou para as amigas antes de sair dali de braços dados com Thomas e rindo.

-A Paloma tem sorte de ter um estepe desse... –Olivia comentou.

-Do que você está falando, Morgan? –Sirius provocou –Não é você que tem um Sonserino de estimação?

Olivia lançou um olhar perigoso para Sirius.

-Como você sabe? –ela exigiu.

-O Mapa que sua amiguinha roubou da gente e vocês devem estar usando. –Sirius falou como se fosse óbvio –A gente já tinha visto vocês dois juntos uma ou várias vezes...

-Minha vida não é da sua conta, Black. –Olivia avisou –Se eu fosse você eu ficava de fora dela.

-Então nós ainda estamos em guerra? –ele provocou –Eu achei que tínhamos ficados todos amiguinhos depois do Natal... –ele falou sarcástico.

-Black, não tem amizade. –Nora avisou –É cada um por si e que ganhe quem seja mais forte. Essa é nossa política. Se você fica no caminho a correnteza te arrasta.

-E nós somos a correnteza. –Marizza falou com um sorriso satisfeito.

-Ah é? E seu novo namorado? –Sirius quis saber.

-Ele já foi levado pela correnteza. –Olivia declarou com um sorriso vitorioso.

Sirius bufou cansado e saiu dali sem falar mais nada.

-O Black precisava arrumar alguma terapia ocupacional melhor do que encher o nosso saco. -Nora falou entediada.

-Se ele não encher o saco ele não é o Black. –Marizza falou –Mas... Ele ta insistindo mesmo nessa história de ficar com você né?

-Pois é... Tem uma história até de que a priminha foi rejeitada por ele e ficou toda furiosa. –Olivia falou –Rabastan disse que a Sonserina tava um inferno naquele dia.

-É o que a cretina merece. –Nora comentou dando de ombros –Mas não é o bastante, porque se eu bem conheço o Black, e eu conheço, ele vai deixar nós duas na reserva até achar um jeito de ficar com as duas.

-E como você vai fazer ele por ela de lado? –Olivia quis saber.

-Isso, minha cara, você vai descobrir logo logo... –Nora prometeu com um sorriso maldoso.

XxX

Thomas deu um beijo apressado em Paloma. Ela riu.

-Pode parar, Thomas. –ela falou rindo –Sem beijos, ou vamos ficar os dois atrasados.

-Ainda faltam uns minutos para dar o sinal... –ele argumentou.

-É, eu sei, mas eu também sei que se eu te der um minuto a mais nós vamos acabar ficando por aqui uns dez minutos a mais e, portanto vamos nos atrasar.

Thomas riu.

-Certo, certo. –ele cedeu –Eu saio primeiro?

-Sim. –Paloma falou –Assim dá tempo de arrumar meu cabelo.

Thomas riu.

-Te vejo depois. –ele falou piscando para ela.

Paloma acenou. Depois que Thomas saiu ela ainda tirou um tempo para calmamente passar os dedos pelos fios de cabelo negros e fazer uma trança graciosamente relaxada.

Isso não era mais divertido. Ficar por ficar, transar por transar... Não tinha mais graça. Não era mais prazeroso. E ela nem queria pensar no que isso poderia querer dizer. Ela não queria pensar na possibilidade de isso significar que... Que nada. O melhor era deixar para la.

Ela saiu da sala e mal deu dois passos antes de trombar com alguém.

-Paloma.

Ela levantou os olhos e se deparou com Dimitri encarando-a. Ele não tinha se afastado um passo sequer dela depois da colisão, deixando os dois extremamente próximos.

-Oi professor. –ela falou com falsa doçura –Um dia adorável, você não acha?

-Paloma, nem começa com isso. –Dimitri pediu.

-Começar com o que? –ela perguntou, fingindo inocência ainda maior.

-A me tratar como você trata todos os outros professores, porque eu com certeza sou diferente!

-O que te faz pensar que você é diferente? –Paloma desafiou.

-Por que eu duvido que você faça visitas noturnas a todos os professores. –ele falou –Eu duvido que Slughorn já tenha tido o prazer. –ele falou irônico.

-Quem disse que não? –ela provocou –Como você acha que eu entrei na aula dele esse ano?

Dimitri pareceu muito irritado pela provocação.

-Você está fazendo de propósito, não está? –ele acusou –Está me provocando, me irritando, porque eu te mandei embora aquela noite, não é?

-E se for? –ela perguntou irritada –O que você vai fazer? Contar para o diretor? –ela sugeriu irônica.

-Eu acho bom você parar com esses joguinhos, Paloma! –Dimitri avisou por entre os dentes.

-Ah é? –ela desafiou –Por que?

As mãos de Dimitri agarraram os ombros de Paloma com firmeza.

-Porque você não está brincando com um garoto, mas com um homem. –ele falou por entre os dentes.

Paloma se inclinou na direção dele, deixando apenas um suspiro de distancia entre seus lábios.

-Até agora você só agiu como um garoto assustado. –ela falou baixinho, a voz uma carícia –Comece a agir como um homem e eu encerro a brincadeira.

Dimitri fechou os olhos e respirou fundo. Uma vez só. Um beijo só. Não podia fazer mal algum...

O sinal tocando, despertando Dimitri de seus devaneios. Ele se afastou de Paloma num salto, como se o contato com a pele dela o queimasse.

Vários alunos começaram a caminhar pelo corredor, passando por eles como se eles sequer estivessem ali. Teria alguém visto?

Paloma deu um sorriso de canto de lábio, antes de deslizar os dedos pelo contorno dos próprios lábios e então mandar um beijo para o professor.

-Até mais, professor. Tenha um bom dia. –ela falou irônica, dando as costas para ela.

Dimitri viu a figura de Paloma se afastar e soltou um suspiro sofrido. O dia não seria nada bom depois disso. E provavelmente ele teria outra noite terrível...

XxX

Marizza se jogou na cama com um sorriso bobo enfeitando o rosto.

-Hoje foi um dia perfeito.

Nora revirou os olhos.

-Dá pra você parar com isso? Eu vou ter um ataque diabético se você não parar com todo esse açúcar.

Paloma riu.

-Deixa a loira em paz, Nora. Ela conseguiu o infeliz dos sonhos dela, deixa ela curtir a vitória.

-E por quanto tempo isso vai durar? –Olivia quis saber.

-Nem imagino. –Marizza admitiu –Eu sou a primeira a admitir que meus namoros vem com prazo de validade, mas eu não quero começar essa relação pensando em quando ela vai acabar. Então o dia que chegar o fim chegou e ponto. Por enquanto eu vou curtir todos os inúmeros dotes do meu lobinho... –ela completou com um sorriso maldoso.

Olivia revirou os olhos.

-Bom, imagino que você esteja certa. –a morena deu de ombros –A questão é aproveitar enquanto dá, porque cedo ou tarde tudo termina...

Nora lançou um olhar preocupado à amiga.

-Rabastan? –ela chutou.

Olivia suspirou.

-Não dá mais. –ela falou, sem olhar para as amigas –Ele ta afundando demais nessa lama de Comensais. Se é isso que ele vai apoiar não tem mais como eu ficar com ele, nem por diversão.

-Também acho uma boa você se livrar dele, Olivia. –Paloma falou séria –Você vai acabar se pondo em risco.

-Eu sei. Eu vou terminar tudo. –Olivia falou firme -Eu só tenho que fazer uma coisa antes...

-O que? –Paloma perguntou curiosa.

-Oi, meninas.

As quatro Damas viraram-se imediatamente para o som da voz, deparando-se com Lily parada diante delas, vinda da passagem mágica do espelho.

-Lily!

As quatro abraçaram a ruiva de forma firme, sem hesitação.

-Nós achamos que você só voltava amanhã. –Nora falou se afastando um pouco, apenas o suficiente para encarar a ruiva.

-Eu ia. –Lily confirmou num suspiro –Mas eu não agüentava mais, eu tinha que voltar.

Finalmente as quatro tiraram seu tempo para analisarem a ruiva. Ela não parecia nada bem. Seu cabelo parecia opaco e sem brilho, seus olhos pareciam distantes e ela estava pálida, com olheiras.

-Estava um inferno em casa. Minha mãe parece uma casca vazia. É como se ela fizesse tudo por reflexo, sem realmente estar atenta aos seus movimentos. –ela falou, enquanto as amigas a ajudavam a se sentar em sua cama –Ela ficou muito arrasada com a perda do meu pai. Isso é óbvio.

-Então porque você voltou, Lily? –Marizza quis saber –Ta na cara que você queria ter ficado.

-Porque nem numa situação dessa minha irmã me dá uma folga! –Lily falou entre lágrimas –Ela não parava de implicar e me provocar e nossa mãe estava tão sem energia que ela já nem pedia para a gente parar, mas dava para ver que ela estava muito mal. Então no fim eu resolvi vir embora. Não pela Petúnia, mas pela minha mãe. Ela não merecia ter que agüentar mais essa.

-Você acha que ela vai se recuperar logo? –Nora quis saber.

-Eu realmente não sei. –Lily admitiu triste –Mas eu espero que sim, ela é muito nova e cheia de vida para morrer desse jeito. Ela tem que superar.

-Ela vai superar. –Olivia afirmou com firmeza.

-Obrigada, meninas. –Lily falou sincera –Eu não sei o que seria de mim sem vocês.

-Você ainda seria uma menina certinha que namora um cara mais ou menos certinho. –Paloma falou com um sorriso divertido.

-Por falar nisso... –Olivia abriu um sorriso –Nós ainda temos alguns babados quentes para te contar...

XxX

McGonagall tinha sido uma alma generosa o bastante para dispensar Lily das aulas da manhã e ela fez bom uso disso ficando em seu dormitório para se recuperar emocionalmente o melhor que ela pudesse. As meninas tinham prometido não contar a ninguém que ela tinha voltado, pelo que ela era extremamente grata.

Ela tinha que admitir que as notícias sobre Marizza e Remus tinham sido surpreendentes, mas ela já devia estar esperando por isso. Depois de todos esses anos uma hora Marizza tinha que finalmente conseguir o Lobinho dela. Ela nunca duvidou que a loira fosse ter êxito.

Ela ficou bem surpresa com a história de que Olivia pretendia largar de Rabastan. Isso sim era algo que ela nunca tinha esperado. Mas ela ficava feliz pelo fato de que ia acontecer. Olivia não precisava daquele garoto na vida dela.

Paloma continuava a torturar Dimitri e Nora ainda estava jogando com Sirius.

Tanta coisa acontecendo e a cabeça dela foi parar exatamente no mesmo lugar onde ela estivera pelos últimos dias: em James Potter.

Ela nunca tinha tido a intenção de chorar na frente dele, de beijá-lo, muito menos de transar com ele. Era apenas que... Na hora tudo pareceu absurdamente natural. Como... Como algo destinado a acontecer. Mas agora parecia um erro gigantesco.

As meninas haviam dito como ele estivera furioso nos últimos dias por causa do seu sumiço. Ela imaginava que agora ele estaria se achando o dono do mundo e o dono dela também.

Mas ele estava muito enganado se achava que sexo mudava alguma coisa. Sexo nunca fez nenhum dos outros alguém especial e certamente não faria dele também.

Não importava que ela só tivesse pensando nele nesses dias. Não importava que os únicos momentos de paz que ela tinha tido na casa de sua mãe havia sido lembrando dele sussurrando o nome dela ao seu ouvido. Não, nada disso importava.

Ela não sabia o que ela ia fazer, mas ela sabia o que ela não tinha a mínima vontade de fazer nesse momento: encontrar James. Ela sabia que isso só ia complicar as coisas e Lily não tinha estoque emocional para isso no momento. Ela já estava cansada, exausta para ser mais precisa. Emocionalmente falando. Ela não precisava de mais dessa tralha no momento.

Por isso e só por isso ela ia ficar ali no quarto. Só mais um pouco...

XxX

-Quando a Lily volta? –Remus perguntou a Marizza.

Os dois estavam sentados próximos ao lago, ela tinha as costas contra o peito dele, a cabeça encostada no ombro dele.

-Hoje. A qualquer momento. –ela deu de ombros –Eu não tenho certeza.

Eles ficaram em silêncio por alguns instantes até Remus resolver falar de novo.

-Você sabe o que houve entre eles...

-No nosso dormitório? –Marizza completou por ele –Claro que sim.

-E o que ela disse sobre isso?

Marizza revirou os olhos.

-Remus, mesmo você sendo meu namorado assunto de Dama é assunto de Dama. –ela lembrou –Você não me contarias as conversas de dormitório de vocês, contaria?

Remus suspirou.

-Não. –ele cedeu.

-É a mesma coisa.

-Eu entendo. –ele admitiu no fim –É só que... Eu não sei, parece que deixou de ser um jogo para ele sabe? Parece que tem alguma coisa a mais no meio. Qualquer coisa.

-Eu sei. –Marizza suspirou –Seria tão mais fácil se todos eles se beijassem e resolvessem os problemas, você não acha?

Remus deu um sorriso de canto de lábio.

-Como nós fizemos? –ele sugeriu dando um beijo no pescoço de Marizza.

Ela soltou um som baixo de apreciação e inclinou a cabeça para trás dando melhor ângulo para os lábios de Remus.

-Com certeza. –ela murmurou em meio a outro som de prazer –Nós somos exemplos a serem seguidos.

Remus deslizou os lábios pelo pescoço de Marizza e entreabriu-os levemente, deixando sua língua tocar o pulso daquele lugar.

Marizza pareceu puxar ar com urgência.

-Remus, acho bom você parar por ai... –ela falou, um tanto sem ar –Ou nós vamos acabar com uma detenção...

-Eu vou pegar uma detenção por beijar minha namorada? –ele perguntou com falsa inocência.

Marizza adorava ouvir ele repetindo sem parar que ela era a namorada dele.

-Não por me beijar, mas certamente se eu resolver retrucar nós vamos acabar numa situação muito constrangedora no meio do jardim. –ela falou de forma divertida, enquanto ele continuava com os beijos.

Marizza soltou um gritinho de surpresa, quando num movimento rápido demais para ela entender Remus tinha conseguido deitá-la no chão e ficar em cima dela.

-Remus! Meu cabelo vai ficar cheio de grama. –ela bronqueou.

-Eu te ajudo a tirar depois. –ele falou com um sorriso maroto –Eu adoro o seu cabelo.

-Pois é, eu já percebi. –ela falou rindo –Seria esse cheirinho de morango?

-Isso também. –ele admitiu –Me faz pensar que você deve ficar uma delicia com creme de leite...

Marizza riu.

-Eu conheço isso de algum lugar. Você finalmente aceitou minha sugestão de cantada Lupin? –ela falou fingindo surpresa.

-Vamos apenas dizer que desde a noite que você falou isso essa virou uma das minhas maiores fantasias. –ele falou com um brilho malicioso nos olhos.

-Uma das maiores? –Marizza perguntou confusa –Qual seria a maior?

-Te ver de novo naquele modelito que eu te vi uma vez na sala comunal.

-Qual? –Marizza perguntou parecendo se concentrar.

-Aquela vez que a McGonagall foi me buscar na sala para me levar para o Salgueiro.

-Ah. –realização caiu sobre a expressão de Marizza –Aquela vez que você disse que eu estava sexy...

-E você estava. –ele falou enrolando uma das mechas de cabelo dela em seu dedo –Me deu um trabalhão te tirar da cabeça depois daquilo.

-Bom, se você quiser eu posso vestir aquela roupa especialmente para você de novo. –ela falou com um sorriso maldoso.

-Bom, com tanto que depois você possa tirar ela especialmente para mim também...

Marizza riu e puxou o namorado para um beijo. A vida não podia ser mais perfeita que isso nesse momento.

XxX

Na hora do almoço Lily decidiu que não tinha mais como ou porque ficar trancada no quarto. Mesmo porque ia fazer parecer que ela estava se escondendo e isso ela nunca faria.

Ela se vestiu com cuidado no uniforme da escola e se maquiou com esmero. Essa escola nunca tinha visto ela menos do que perfeita e não ia ser agora que eles iam começar a ver.

Ela ajeitou sua gravata diante do espelho, então abriu a porta e desceu as escadas em direção a sala comunal que estava deserta por acaso. Ela soltou um suspiro de alivio. Então se dirigiu para a saída e passou pelo retrato. Porém, assim que ela pôs o pé no corredor a paz dela terminou totalmente.

-Lily?

Ela respirou fundo, colocando o melhor olhar de indiferença que ela conseguiu em seu rosto e se virar para a pessoa que falara com ela.

-Posso ajudar, Potter?

James cruzou os braços diante do peito, num gesto claro de desafio, mas sua expressão não denunciava emoção nenhuma.

-Eu não sabia que você tinha voltado. –ele falou num tom impessoal.

Lily colocou as mãos na cintura.

-Eu não lembrava que devia satisfações a você. –ela retrucou irônica.

-Porque você saiu da escola? –ele exigiu.

Lily revirou os olhos.

-Caso você não se lembre meu pai morreu há dois dias atrás, Potter. –a voz dela era cortante de tão fria.

James suspirou.

-Eu sei disso, Lily. –ele falou, a voz bem mais suave agora –Eu quero saber porque você sumiu sem falar nada.

-Potter! –ela falou, escondendo todo o nervosismo que sentia com irritação –Eu não te devo satisfações! Eu fui porque eu tinha que ir. Eu não avisei porque eu não tinha que te avisar! Eu e você não temos nada. Nada!

-Nada? –James repetiu indignado –Você sempre transa com caras com quem não tem nada, Lily?

-Só se eles forem fáceis demais como você foi. –ela falou fria.

James sentiu como se tivesse levado um tapa. E naquele momento ele realmente preferia que tivesse levado.

A crueldade de Lily não era uma novidade para ela. Ele estudara com ela a vida toda. Ele sabia muito bem como ela podia ser má se quisesse, sabia a facilidade com que ela dizia palavras que podiam destruir as pessoas. E sabia como ela não sentia remorso por isso.

Mas ele não esperava que depois de tudo, depois do que eles haviam compartilhado, de que ela ainda podia ser assim. Esse era um choque para o qual ele não estava preparado.

-Então isso é o que você tem a dizer? –ele perguntou, sua voz fria não traindo nem por um minuto todos os sentimentos confusos que ele tinha dentro de si.

Lily tinha se arrependido de cada uma das palavras que ela havia falado. Mas ela não era garota de pedir desculpas, nem de admitir um erro. E ali naquela situação o erro óbvio era falar que James não tinha significado nada.

Mas ela estava pensando não só em agora. Ela também pensava no futuro. E ela sabia que não importava agora. Ela e James nunca dariam certo. Isso seria um erro enorme. Então era melhor acabar com qualquer possibilidade agora. Essa era a coisa lógica a se fazer. E ela gostava de ser lógica. Era como ela era...

-É, Potter. Isso é o que eu tenho a dizer. –e sem dizer mais nada ela deu as costas para James.

Respirando fundo Lily tentou dizer que acabara de fazer a coisa certa. Que ela nunca ia se arrepender de ter dito que não a James Potter.

XxX

Sirius tinha certeza de que tinha ouvido algo sobre Lily ter voltado para a escola. E lógico que a primeira coisa que ele tinha feito era ir contar para James. E não muito surpreendentemente a primeira coisa que James fez foi correr para a sala comunal da Grifinória atrás da ruiva.

Sirius sinceramente esperava que o amigo tivesse ido la dizer umas boas verdades para ela. Aquela ruiva nojenta merecia.

Quanto a ele... Ele tinha ido dar uma volta pela escola. Desde que essa história com Nora e Bellatrix tinha começado ele não tinha um minuto sequer de paz. Seus amigos faziam questão de garantir isso. Remus principalmente parecia estar se divertindo horrores com a situação, mesmo que ele não falasse. Afinal Remus era esperto o bastante para não abrir a boca sobre o assunto, a menos que ele quisesse apanhar.

A questão era que tinha um tempinho Sirius não via Nora. E ele não sabia o que ela estava fazendo, mas com certeza alguém ia estar mal no fim do dia. E ele tinha certeza de uma coisa: se ela estivesse querendo irritar a ele, aquela morena pequena ia se dar muito mal, porque ele estava de péssimo humor hoje. Mas de acordo com Peter o mau humor dele não era novidade.

Sirius virou o corredor só para se deparar com a cena que definitivamente estragaria seu dia. Nora. Acompanhada. Do cara Corvinal com quem ele a vira conversar alguns dias antes. Aos beijos, para ser mais especifico.

Sirius viu vermelho. Disso ele teve certeza. Como ela ousava? Ela exigia que ele ficasse longe de Bellatrix para ficar aos beijos com outros? Quem ela pensava que era?

Ele nem pensou antes de marchar na direção do casal e puxar o garoto pela camisa, afastando-o de Nora. Sirius usou tanta força que o menino caiu para trás. Nora sequer pareceu surpresa.

-Suma. –Sirius falou por entre os dentes para o garoto que sequer questionou o tom ameaçador. Levantou-se correndo e saiu dali.

Sirius virou queimando de raiva para Nora. A morena apenas encostou-se tranqüilamente na parede e analisou calmamente as unhas.

-Algum motivo em especial para você me interromper, Black, ou você só estava entediado mesmo? –ela perguntou extremamente calma.

Sirius teve vontade de enforcá-la.

-Posso saber o que você pensa que estava fazendo, Carter? –ele perguntou, claramente irritado.

Nora olhou ele com cara de falsa pena.

-Pobrezinho de você, Black... Faz tanto tempo que você não pega alguém que até se esqueceu o que é um beijo? –ela falou com uma voz infantil que só o deixou ainda mais irritado.

-Carter, você não brinque comigo a menos que você consiga agüentar as conseqüências. –ele avisou –Por que você estava beijando aquele idiota?

-Eu achei que era óbvio. –ela falou tranqüila e irônica –Porque eu quis.

Ele já tinha mencionado que queria enforcá-la?

-E se eu dissesse que estou indo beijar a Bellatrix porque eu estou com vontade? –ele sugeriu, tentando se acalmar.

Nora deu de ombros, extremamente calma.

-Não é problema meu se você quiser beijar sua prima. Só vale lembrar que se você beijar aquela coisa você não vai me beijar. Mas a escolha é sua.

-Onde está a justiça nisso? –ele perguntou furioso –Você pode beijar quem você quiser, mas eu não posso beijar a Bellatrix?

-Black... –ela falou irritantemente calma –Eu achei que você já soubesse que o mundo não é justo. –ela provocou –Além do mais você não disse nada sobre eu ficar com outros caras. E eu disse que você podia ficar com quem quisesse, menos com a sua prima, não que você não podia beijar ninguém. –ela lembrou.

-E daí você também pode beijar quem você quiser? –ele perguntou em choque.

-Bom, isso certamente não é, nem vai ser um acordo unilateral. Eu não te pedi exclusividade, mas também não te prometi isso. A brincadeira aqui, Black, vai para os dois lados. Só não me peça o que você não está disposto a oferecer. –ela concluiu.

-Então é isso? –ele repetiu incrédulo –Você beija quem quiser e eu também?

-Menos a Black. –Nora cantarolou.

-Você está louca?

-Hum... –ela fingiu pensar –Não que eu saiba. Black... –ela suspirou –Você não é obrigado a nada. –ela lembrou –Só que comigo ou é assim, ou não é. Você decide.

E de repente Sirius se viu irritado. E de saco cheio, para ser mais sincero. Ela estava pedindo tanto e ele nem sabia se valia tanto assim. Ele só a beijara uma vez. E ele precisava mais do que isso para se decidir.

Então num movimento forte ele empurrou Nora totalmente contra a parede.

E ela riu.

-Você sabe não é? –ela provocou –Você sabe que não me resiste...

Ele não ouviu mais. E não a deixou falar mais. Ele a calou com um beijo.

Ela era tudo o que ele lembrava e muito mais. Tão agressiva quanto Bellatrix, mas muito mais quente. Provocante, feminina... Em certos aspectos ela lembrava muito Bellatrix, mas por algum motivo ela era muito melhor. Por algum motivo beijar Nora fazia mais sentido do que beijar Bellatrix.

Os lábios de Sirius esmagaram os de Nora, num beijo violento e sem um minuto sequer de hesitação. Logo as línguas já se enroscavam numa briga furiosa por controle. Nora deixou Sirius ter o controle, só dessa vez...

O corpo de Sirius pressionou o de Nora com firmeza contra a parede de pedras frias. As mãos fortes de jogador de quadribol dele desceram pelo lado do corpo dela, até ele puxá-la para cima, numa tentativa de amenizar os mais de vinte centímetros de diferença entre eles.

Sirius sentiu Nora sorrir contra sua boca, enquanto ela abraçava a cintura dele com as pernas. As mãos dele mergulharam nos cabelos dele e agarraram os fios com força. Ela mordiscou com força o lábio inferior dele. Isso era uma coisa que ela fazia que Sirius já estava começando a adorar.

Eles se separaram, ambos ofegantes, mas permaneceram com as testas coladas. Nora deu um sorriso de canto de lábio.

-Decisão feita, Black? –ela provocou.

Sirius bufou.

-Você sabe como cortar um clima, hein Carter? –ele falou incomodado.

Nora riu.

-Sem uma decisão, sem acordo, Black. –ela falou com voz falsamente doce –Ou melhor, sem beijos. –ela avisou desenroscando as pernas da cintura dele e pisando tranqüilamente no chão.

Ela se afastou, ajeitou o uniforme e deu um sorriso vitorioso.

-Até mais, Black. Pensa bastante em mim. –ela falou com um sorriso maroto, antes de beijar a ponta do próprio indicador e tocar os lábios de Sirius com ele.

Sirius viu a pequena morena se afastando tranqüilamente pelo corredor. Ele sentia que seus hormônios estavam todos caminhando para uma resposta, mas ele ainda não ia dar nada a Nora. Ele tinha seu orgulho para preservar e ele não queria dar um a vitória a ela. Ele iria arrumar uma saída. Era só questão de tempo.

XxX

James sabia muito bem que se havia um momento no mundo em que ele tinha todo o direito de odiar Lily Evans esse momento era agora. E mesmo assim ele não conseguia se fazer odiá-la. E ele estava começando a se odiar por isso.

Ela era uma vagabunda de sangue frio, pelo amor de Merlin! Ela falara as coisas mais cruéis para ele sem nem piscar ou hesitar! Ela não devia ter sentimentos.

Não importava o que Remus dizia. Não importava o quanto seus pais a tivessem adorado.

Ele não entendia o que tinha acontecido. Ele estava no pleno controle de si mesmo antes. Ele sabia o que fazia e o que queria. E então Lily Evans entrou na sua vida. Bom, não exatamente entrou em sua vida. Mais como "começou a fazer parte dela". Ele já conhecia Lily Evans, de certa forma. Mas de algum jeito ela entrou de forma tão intensa em sua vida de uma hora para a outra que ele não teve como se preparar para enfrentar as conseqüências.

Ele tinha certeza de que sua cabeça estava no lugar exato no começo desse ano. Ele sabia o que queria. Afinal não eram grandes ambições: ele apenas queria vencer o torneio de quadribol entre as Casas, se formar de boa, conquistar quantas meninas fosse possível e colocar as Damas no lugar delas.

Como ele fora tolo. Ele sabia agora que seu maior erro tinha sido beijar Lily. Nada no mundo nunca o faria esquecer o gosto da boca dela, a maciez dos lábios da ruiva. Ele podia não saber antes o que ele sentia por ela. Infelizmente agora ele não tinha mais essa sorte.

Ele não podia dizer que amava Lily Evans agora. Isso seria extremamente ridículo. Ele não acreditava que uma relação como a deles pudesse virar amor. Claro que a relação dos pais dele começou com brigas, mas eram coisas totalmente diferentes. Sua mãe nunca fora uma pessoa fria e seu pai por mais arrogante que fosse nunca tinha sido tão cheio de si mesmo como ele era, isso ele tinha que admitir.

Ele e Lily eram um caso extremo demais. Eles se odiavam. E se não se odiavam mais com certeza não se amavam. Ele desejava Lily. Muito. Até demais. E ele de certa forma a respeitava pela força que ela tinha. Mas era só. Querer protegê-la? Todo cara quer proteger uma garota que chora. Ele ajudou a primeiranista que tinha caído e nem por isso ele estava apaixonado por ela. E nem o desejo era prova de alguma coisa, já que qualquer homem com sangue nas veias adora uma garota bonita que usa saias curtas.

Mas de algum jeito ele a queria para mais do que curtição. De algum jeito, ele sabia dentro de si que, se não a amava, ele poderia pelo menos se apaixonar por ela. Por que não? Talvez eles pudessem ficar juntos, por um tempo. O suficiente para ele curar essa estranha obsessão que Lily Evans era para ele.

Mas agora ele já não tinha certeza de mais nada. A frieza que ela mostrara pouco tempo atrás destruíra toda a vontade que ele tinha de ter qualquer coisa com ela. E mesmo assim, nesse momento, por mais que destruísse o orgulho dele ter que admitir isso de algum jeito (mesmo que apenas para si), ele não conseguia odiá-la, não conseguia sequer se sentir irritado com ela. Ele estava frustrado, isso era fato, mas ele não estava realmente bravo. A única vontade que ele tinha no momento era ir atrás dela e... Sabe Merlin fazer o que! Qualquer coisa! Sacudi-la, gritar com ela, beijá-la... Mas convencê-la de alguma forma de que eles deviam ficar juntos mesmo que temporariamente.

E era isso. Apenas temporariamente. Ele tinha que se convencer disso.

XxX

-Eu devo perguntar ou apenas ser uma amiga que dá apoio calada?

Lily tirou a mão de cima dos olhos e deparou-se com Marizza olhando-a de forma curiosa.

A ruiva estava deitada na própria cama, a barriga para cima e os braços jogados sobre os olhos. Ela estivera pensando. E muito.

Lily suspirou.

-Apenas me dê um pouco de apoio moral. –ela respondeu –Eu não quero ter que repetir tudo quando as outras meninas chegarem.

Marizza fez um sinal de concordância antes de jogar-se sem cerimônia ao lado da amiga na cama.

-E como foi o seu dia? –Lily perguntou –Pensando bem, eu já sei, deixa pra la.

-Como você já sabe? –Marizza perguntou confusa.

-Bom, essa marca de chupão no seu pescoço já fala por si só... –a ruiva falou com um sorriso maldoso.

Marizza levou imediatamente a mão ao pescoço.

-Ah meu deus! Ta marcado mesmo?

-Ta sim. –Lily falou rindo –Mas tem um feitiço fácil que tira isso logo daí.

-Ah pode me ensinar então, porque namorando ou não, andar pela escola com marca de chupão é fim de carreira!

As duas amigas caíram na risada.

XxX

Dimitri bufou, fechando os olhos em seguida. Ele encostou a cabeça contra o espaldar da cadeira e tentou relaxar por um minuto. Mas ultimamente era impossivel para ele relaxar.

A qualquer momento do dia se ele fechasse os olhos Paloma iria vir assombrar sua cabeça. Merlin, se ela estava querendo enlouquecê-lo, parabéns, ela já tinha conseguido.

Dimitri nunca soube como ou porquê Paloma entrara na sua cabeça do jeito que tinha entrado. Um dia ela era uma menina bonitinha que gostava de sorvete de morango e no outro ela era a mulher mais linda que ele já tinha visto.

Só Merlin sabia o quanto culpado ele se sentira por desejá-la. Afinal ele era dez anos mais velho que ela. Ele tentou se convencer de que isso era doentio, pervertido, vulgar, mas não conseguira. Não era desse jeito que ele via Paloma, por mais bonita que ela fosse.

Ele podia falar com segurança que conhecia Paloma desde que ela nascera. Ele chegou a ver a mãe dela grávida e até foi com os pais visitar o novo bebê Parker. Ele lembrava de sua mãe dizendo que era um belo bebê, mas para ele aquela coisinha envolta em um monte de pano mais parecia um joelho com olhos enormes e azuis.

Mas ela foi crescendo, e por Merlin, a cada ano ela ficava ainda mais bonita. Ele nunca se esqueceu do Natal em que ela tinha quatro anos e declarou que ia se casar com ele. E assim passaram-se muitos anos. Ele concluiu os estudos para ser professor, para desespero do pai que não via utilidade na profissão, e alguns anos depois foi trabalhar em Hogwarts.

Quando ele entrou em Hogwarts para ser o professor de DCAT o primo e os amigos estavam no quinto ano. E Paloma também. Foi um choque para ele vê-la no ambiente escolar. Ela era sempre tão contida nos lugares onde ele a via, sempre tentando agradar os pais, vestindo-se com recato.

Mas não em Hogwarts, porque a escola era o reinado delas. Elas não tinham que se esconder ali. Paloma andava pela escola como se fosse dona do mundo, tão cheia de charme e de carisma que era impossivel não vê-la.

Ele só começou a realmente entender o que sentia pela aluna no ano seguinte. Até ali ele tinha se enganado, dizendo que era afeto, carinho. Mas ele sentiu uma pontada tão forte de ciúme ao vê-la aos beijos com um garoto qualquer que ele foi obrigado a reconhecer. Paloma não era só mais uma aluna para ele.

E a culpa que veio com a descoberta foi enorme. Ele se sentia um pervertido por causa disso, então fez questão de nunca deixar que ninguém soubesse o que ele sentia, mas pelo jeito ele tinha falhado em algum momento.

Ele tinha entrado nesse novo ano com um pressentimento estranho sobre Hogwarts. E tudo só foi se confirmando conforme os meses passavam. Os Marotos não parava de falar das Damas, Nora vinha lhe pedir ajuda... Merlin, ele dançara com Paloma na casa de Andrew e quase a beijara na frente de todos que quisessem ver! Claro que nada disso se comparava com o fato de que ele a tinha beijado, na sua própria sala! Enquanto devia estar dando uma detenção a ela!

Ele estava tão confuso que sabia que se não fosse pelo fato de ser o meio do ano escolar ele pediria demissão imediatamente. Mas ele não podia deixar Dumbledore na mão desse jeito. Ele era o primeiro professor de DCAT em anos que durava mais que um ano letivo na escola. E se demitir no ano seguinte não ia adiantar nada, afinal seu maior problema na escola já não estaria mais ali...

Dimitri suspirou mais uma vez, encarando os papéis que tinha diante de si. Já fazia pelo menos duas horas que ele estava ali e não corrigira nem metade dos trabalhos que tinha para corrigir. Paloma estava ocupando sua cabeça. Mas até agora ele não entendia o que ela queria.

Era orgulho ferido por ele a ter recusado? Era o desafio de fazer o professor cair aos seus pés?

Fosse o que fosse ele precisava entender logo, porque ele dificilmente agüentaria muito mais dessa tortura de Paloma...

XxX

-Diga-nos o que aflige esse coraçãozinho do mal, meu anjo. –Nora pediu, jogando-se na cama ao lado de Lily.

A ruiva apenas revirou os olhos.

As outras amigas tinham finalmente chego ao quarto e agora elas estavam todas um tanto espremidas, um tanto esparramadas na cama da ruiva.

-É o Potter. –a ruiva explicou num suspiro.

-O que aconteceu dessa vez? –Olivia perguntou com cuidado.

-Ele veio falar comigo. –Lily começou, em meio a outro suspiro.

As amigas trocaram olhares preocupados.

-E...? –Paloma encorajou.

Lily contou as amigas em detalhes o que acontecera, não deixando de fora nenhuma de suas palavras cobertas de veneno, além de contar suas razões e temores que a levaram a isso. Quando ela terminou o conto as amigas carregavam todas expressões diferentes: Nora parecia satisfeita, Olivia pensativa, Marizza mordia o lábio inferior de forma preocupada e Paloma se limitou a arquear a sobrancelha.

-Se eu falar que eu acho que você fez uma besteira enorme você vai ficar brava comigo? –Marizza perguntou após alguns segundos no mais completo silêncio.

-Não se você me der uma boa razão para achar isso. –Lily falou por fim.

-Eu acho que você só está dando desculpas sem fundamento, Lily. Você não é obrigada a casar com o Potter, nem ao menos é obrigada a fazer esse relacionamento durar mais que um mês. –Marizza lembrou a amiga -Ninguém espera que você case com seu próximo namorado, muito menos com o Potter. Você só está fugindo do confronto usando uma desculpa muito fraca.

-Ah e daí? –Nora cortou –O Potter merecia. Você não queria acabar com ele? Bingo, você conseguiu queridinha. Isso deve ter sido um golpe e tanto para o ego dele.

-Nisso a Nora tem razão. –Olivia falou de forma razoável –Ele deve estar possesso no momento. E te odiando. –ela completou.

-Eu não sei não... –Paloma falou com cuidado –Não é a cara do Potter sequer vir numa menina que tão claramente desprezou ele, quem dirá vir quase cobrando um relacionamento... E se ele realmente sentir alguma coisa por você, Lily?

-Ah não seja ridícula, Paloma. –Nora falou revirando os olhos –Tipo, até parece que o Potter ia se apaixonar pela Lily.

-Eu não falei de amor, nem de paixão, Nora. –Paloma lembrou a amiga –Eu estou falando que ele pode sentir alguma coisa pela Lily. Qualquer coisa. Desejo, respeito, um senso de proteção... Sei la, ele pode sentir várias coisas.

-A Paloma tem um ponto, sabe. –Marizza apoiou –Eu não acho que o Potter viria até você só por vir, Lily. Talvez ele realmente... Sei la, queira algo. Você não devia ter dado as costas. Você devia ter ficado e conversado com ele. Sem se esconder atrás de uma cortina de veneno.

Lily suspirou.

-Eu não sei o que fazer. –a ruiva admitiu, sentindo-se estupidamente derrotado –Isso não pode estar acontecendo comigo. Não pode.

-Isso o que? –Olivia perguntou curiosa.

-Culpa! Eu me sinto culpada por ter falado o que falei para ele. Pela primeira vez em muito tempo eu me sinto sinceramente arrependida. –ela passou as mãos pelos cabelos –E mesmo que eu não esteja a ponto de me desculpar nem nada, eu só... Queria poder voltar no tempo.

-Mas você não pode, anjo. –Olivia lembrou.

-Eu sei. E também não vou me desculpar. –Lily afirmou sem hesitar.

-Você não tem que se desculpar. –Nora falou como se fosse óbvio –Você falou o que sentia no momento. Ele que passe uma borracha nisso e tente de novo, já que ele está tão interessado assim. –ela deu de ombros.

Paloma revirou os olhos.

-Quem dera fosse fácil assim... –ela comentou irônica.

-Mas é. –Nora insistiu –A Lily não tem que ceder. O Potter não veio todo cheio de amor pra dar? Então, ele que mantenha a oferta, se ele não quiser, certamente tem quem queira.

Marizza balançou a cabeça e ignorou a amiga morena.

-O que você vai fazer? –ela perguntou diretamente a Lily.

-Eu não sei. –a ruiva admitiu cansada –É contra as regras sofrer por um homem. –ela lembrou.

-É, mas também é contra as regras mentir para si mesma. –Paloma lembrou.

-Ou ter medo. –Olivia completou.

-E o que vocês sugerem então? –Lily perguntou, já um tanto impaciente.

-Meu lema pessoal, meu amor. –Paloma falou com um sorriso malicioso –Relaxa e goza. Afinal... Você disse que tinha sido bom... –ela completou, com um sorriso ainda mais maldoso.

Marizza caiu na risada.

-É, Lily, quem sabe você também ganha uma marquinha para exibir por ai...

-Como assim? –Nora perguntou confusa.

-Nada. –Lily falou, fazendo um gesto de descarte com a mão –Só a Marizza que tem andado por ai com uma marca de chupão no pescoço.

-Marizza! –Paloma falou –Até pra quem ta namorando isso é muito fim de carreira.

Marizza revirou os olhos.

-Eu sei. –a loira falou –Mas o que eu posso fazer? –ela falou com um sorriso maldoso –Eu tenho um lobo faminto para cuidar.

As cinco amigas caíram na risada.

-E ai, Lily? –Nora perguntou depois que elas pararam de rir –O que você vai fazer?

Lily suspirou, pelo o que pareceu ser a milésima vez aquela noite.

-Ver o que rola. –ela falou dando de ombros –Se eu encontrar com ele amanhã eu falo com ele. Se não... Bom, se não eu vejo o que acontece.

-Boa sorte. –Olivia falou irônica.

Lily não respondeu. Ela sabia que na verdade ela ia precisar de toda a sorte possível.

XxX

Olivia desceu a sala comunal procurando por uma pessoa. E não se decepcionou, Peter Pettigrew estava realmente ali.

Ela não se sentia culpada pelo o que estava tentando fazer. O mundo, por mais "civilizado" que fosse, ainda era uma selva. E ela acreditava fielmente na lei dessa selva: sobrevive o mais forte. Se o negócio era devorar ou ser devorado ela que não ia dar chance a ninguém chegar perto o suficiente para tentar dar um bote.

Ela passou por ele como se não o tivesse visto, antes de olhar em volta da sala e fingir vê-lo ali pela primeira vez.

-Pettigrew! –ela chamou.

Peter se encolheu instintivamente, como se esperasse que ela fosse acertá-lo.

-O que? –ele perguntou com cuidado.

-Você estava la fora? –ela perguntou, com aquele jeito frio e cheio de autoridade que ela tinha.

Peter apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça.

-Você viu o Rabastan? –ela quis saber.

-Não. –Peter respondeu.

-Ok, que seja. –ela falou já se preparando para sair da sala.

Cinco, quatro, três, dois, um e...

-Ei, Morgan! –Peter chamou de forma hesitante.

Olivia se permitiu um sorriso vitorioso, mas quando virou-se para encarar Peter sua expressão era a de eterna frieza.

-O que foi, Pettigrew? –ela perguntou, quase ameaçadora.

Peter engoliu em seco.

-Você... Você fica com o... O Lestrange porque...

-Porque ele é mais homem do que toda a população masculina dessa escola junta. –Olivia falou como se fosse óbvio –Ele tem coragem, tem as ambições dele e sabe o que fazer para chegar la.

-Ser um Comensal? –Peter quis saber.

-Eu não devia estar te contando isso, Pettigrew. –Olivia falou, então ela olhou em volta, checando se havia alguém ali que os pudesse ouvir –Mas é isso mesmo. Assim que ele sair da escola Rabastan vai se unir ao Lorde das Trevas.

-Mas ele vai ser um servo só. –Peter lembrou.

-Na verdade não. –Olivia falou dando de ombros –É como uma parceria. Se Rabastan ajudar Voldemort, Voldemort vai ajudá-lo. Fácil assim.

-Você não tem... Medo dele? –Peter perguntou desconfortável.

-Do Rabastan? –Olivia perguntou com desprezo –Por favor, Pettigrew. É preciso mais do que isso para assustar uma pessoa como eu, apesar de ser o bastante para me impressionar. Ser um Comensal vai igualar Rabastan a mim, mas ele nunca será capaz de me ultrapassar.

Sem esperar uma resposta ela deu as costas a ele e saiu dali. Esse era o segredo, sempre deixar eles querendo mais. Eles sempre voltavam para uma segunda rodada e com sorte Peter Pettigrew voltaria para se tornar um Comensal da Morte...

XxX

Lily parou no corredor pela quarta vez e respirou fundo mais uma vez. Merlin, ela estava patética.

Desde que Lily deixara a sala comunal da Grifinória ela já tinha parado quatro vezes para respirar fundo e recuperar a coragem, antes de continuar andando em direção ao seu destino.

Os vestiários da Grifinória, perto do campo de quadribol. O lugar onde James estava no momento. Informação que ela tinha graças ao Mapa dos Marotos. O Mapa que ela tomara de James.

Depois de toda aquela conversa com as amigas ela decidira que iria conversar com James. Na manhã seguinte, logicamente. O que, ela não tinha a mínima idéia, mas ela esperava que a inspiração viesse tão logo ela precisasse.

Ela cruzou os campos de Hogwarts e apertou mais o casaco em volta do corpo. Merlin, estava frio! E eram sete da manhã. Quem em nome de Merlin acordava as sete da manhã, com o frio que estava fazendo para ir ao campo de quadribol? Bom, com a exceção clara de Paloma, que para variar tinha deixado o dormitório bem cedo arrastando Marizza.

De qualquer jeito...

Merlin ela esperava que ele não estivesse bravo. Aquele garoto irritado era um perigo...

Ela chegou a porta do vestiário e respirou fundo uma última vez. Sem bater, sem cuidado e com toda a confiança que ela conseguiu concentrar naquele momento, Lily abriu a porta e entrou de uma só vez no vestiário.

A principio ela não encontrou ninguém ali. O vestiário estava totalmente vazio e silencioso. Será que James tinha ido embora? Ela realmente levara um longo tempo para chegar até ali, talvez ele já tivesse saído...

Sons chamaram a atenção dela e Lily virou a cabeça bem a tempo de ver James vindo da direção dos chuveiros. Ah Merlin, ela estava perdida.

Ele estava com os cabelos molhados, obviamente vindo de um banho. Ele tinha os óculos no rosto e estava usando a calça do uniforme da escola, mas estava descalço. Ele também estava usando a camisa branca, mas essa estava totalmente aberta, expondo os contornos bem definidos da barriga dele, bem como aqueles dois ossinhos mais pronunciados do quadril dele. Lily adorava isso num homem...

James pareceu finalmente perceber que não estava sozinho. Ele levantou os olhos e deparou-se com Lily e sua expressão não foi das mais felizes.

-Evans. –ele falou por entre os dentes, quase num rosnado.

-Eu vim falar com você, Potter. –Lily falou, sua voz totalmente firme.

-A que devo a honra? –ele perguntou irônico, ignorando-a e indo em direção ao seu armário.

Ainda bem que Lily não estivera esperando ele toda entusiasmado em vê-la.

-É sobre nossa conversa de antes e... Tudo antes disso. –ela falou.

James nem virou-se para olhá-la, enquanto abotoava os botões de sua camisa.

-Você chama aquilo de conversa? –ele perguntou sarcástico.

-Sim, eu chamo. E dá pra você ter um pingo de educação e olhar para mim quando eu falo com você? –ela rebateu impaciente.

James virou-se para ela claramente enfurecido.

-Um pingo de educação? –ele repetiu, fúria encharcando suas palavras –Você quer que eu seja educado com você, Evans? Depois de tudo o que você me disse ontem? Depois do quanto fria e volúvel você foi?

Lily quase se encolheu diante do ataque. Mas ela era uma Dama. Ele não tinha como assustá-la. Ele que viesse com toda a fúria que tinha porque ela não ia deixar por menos.

-Sim, eu quero Potter. E se você for maduro o bastante para ouvir o que eu tenho a dizer você pode gritar o quanto quiser depois. –ela falou, tão firme quanto antes.

James avançou perigosamente na direção dela, seu olhar ameaçador. Lily recuou instintivamente só para encontrar-se com a parede logo atrás de si, e sem rota alguma de fuga.

James venceu os passos que os separavam e colocou um braço de cada lado do corpo dela prendendo-a contra a parede.

-Vamos la, Evans. Agora você tem toda minha atenção e educação. –ele falou irônico –O que você queria me dizer?

Lily lutou muito para manter sua expressão limpa e venceu.

-Um pouco de espaço pessoal ajudaria, Potter. –ela falou por entre os dentes.

James fingiu pensar.

-Acho que você via ter que se virar com o que tem, Evans. -ele falou por fim.

Lily bufou, parecendo impaciente.

-Você sempre tem que ser o infantil né, Potter? –ela falou, extremamente fria.

-Se eu sou tão infantil assim para sua magnânima pessoa, Evans, por que você veio perder seu tempo falando comigo? –ele falou se inclinando para mais perto dela.

-Porque eu sou uma idiota. –Lily falou de repente –Só pode ser por isso que eu venho aqui perder o meu tempo com você. Mas não se preocupe! –ela anunciou tentando afastá-lo de si –Eu pretendo corrigir esse erro indo embora agora mesmo.

Não muito surpreendentemente James não se mexeu nem um centímetro quando ela o empurrou. Ele apenas deu mais um passo para frente, ficando ainda mais perto dela, seu corpo roçando contra o dela, fazendo com que ele tivesse que olhar para baixo para conseguir encará-la.

-Não, Evans. Agora você fica aqui. –ele falou, sua voz quase uma ameaça –Você entrou tão decidida por aquela porta, querendo me falar alguma coisa. Agora eu quero saber o que era.

Lily respirou fundo. Agora mais do que nunca ela entendia como ela tinha sido uma idiota por ter ido até ali querendo falar com ele. Ela nunca tomava decisões tão equivocadas. Ela era mais cuidadosa! Ela pensava antes de fazer as coisas. Aparentemente não quando James Potter estava envolvido.

E pro inferno com essa coisa de ser forte. Por Merlin, ela só era humana no fim das contas! Só tem um tanto que uma pessoa pode suportar e la já tinha atravessado isso ao perder o pai. Ela não tinha mais força emocional para nada!

-Quer saber? Pra mim já chega! –ela falou furiosa de repente –Eu cansei de jogos, cansei de provocações e mentiras! Eu cansei de você, James Potter! Mudar de idéia a cada cinco minutos é direito feminino! Você não tem direito a mudar nada! –ela falou, totalmente consciente de o que ela falava não fazia o menor sentido –Você nunca soube o que queria! Eu te perguntei desde o começo se você queria me ter ou me destruir e até agora você não conseguiu se resolver. E sabe o que eu acho? Que nem você sabe o que você quer! E eu... –ela parou para respirar fundo. Ah droga, os olhos dela estavam queimando –Eu já não agüento mais... Não era para ser assim...

Ela fechou os olhos e respirou fundo. Sem chance, elas não ia chorar. Ela não chorava por homens! Ela certamente não choraria por James. Mas a verdade era que ela queria chorar e não era por James. Ele não tinha nada a ver com isso. Ela queria chorar e a única culpada era ela mesma.

Ela e as amigas tinham andando na beira do precipício tantas vezes esse ano que ela já nem sabia mais como era caminhar sem ter que se preocupar se você ia tropeçar e desabar a qualquer momento. Ela estava cansada. Era só isso. Ela estava drenada emocionalmente. Ela não tinha mais força para brigar. Ela só queria... Sumir.

Ela respirou fundo e sentiu uma lágrima quente escorrer pelo seu rosto. Ah perfeito. Agora ela ia chorar na frente dele.

-Lily?

A voz de James soou tão preocupada que Lily se obrigou a olhar para ele na mesma hora. Lembrava muito o tom que ele usara com ela quando os dois haviam caído na casa dele. Ele parecia realmente preocupado com ela...

-O que? –ela perguntou, tentando soar irritada, mas falhando miseravelmente.

-O que você veio fazer aqui? –James perguntou de forma firme.

-Eu estou cansada, James! –ela falou, a voz alta, mostrando a irritação –Eu não agüento mais essa montanha-russa de emoções. Merlin, meu pai morreu faz poucos dias e ao invés de estar sofrendo e chorando tudo o que eu deveria e tinha o direito eu estou me fazendo de vagabunda fria para a escola inteira, como se eu não me importasse com o fato de que a pessoa mais importante da minha vida se foi para sempre! –outra lagrima teimosa escorreu dos olhos dela –E você... Merlin, você só me complica mais! Eu não sei mais o que pensar, ou o que sentir. Eu só consegui pensar em você todos esses dias, onde eu devia estar chorando a perda do meu pai. E então eu chego aqui e você vem me cobrar, brigar comigo. O que você queria que eu fizesse? Eu só fiz o que era reflexo. Eu...

James capturou o rosto de Lily entre suas mãos.

-Então pare de falar, pare de pensar. –ele pediu, olhando fundo nos olhos dela –Deixa que eu ajo agora. E daí você pode me culpar por tudo mais tarde. –e sem falar mais nada ele a beijou.

Lily não teve um minuto para reagir. Mas ela teve todo o tempo do mundo para sentir. Ela fechou os olhos, totalmente rendida a calma daquele beijo. Lembrava muito o primeiro beijo deles. Cuidadoso. Era como se James estivesse querendo consolá-la. Acalmá-la propriamente. Mas de repente ela não queria que ele a acalmasse.

-Pára! –ela murmurou e o empurrou –Me beijar agora não resolve nada, James.

James bufou cansado e se afastou dela, claramente incomodado.

-Então me explica o que resolve as coisas, Evans, porque eu claramente não sei de mais nada! –ele falou irritado.

-Eu não sei o que resolve as coisas! –ela falou –Se eu soubesse você pode ter certeza de que eu não estaria aqui tendo praticamente um ataque histérico! Eu estaria tomando uma atitude. Qualquer uma.

James suspirou, agora também se sentindo cansado.

-E o que você quer que eu faça?

-Eu quero que você se decida, Potter! Eu quero que você me diga o que você quer, para que eu decida o que eu quero!

James olhou para Lily, pensativo por um minuto. O que ele queria? Se ele também soubesse o que queria eles certamente não estariam passando por tantos problemas como estavam agora.

Mas então ele se lembrou de sua última decisão. Ele não sabia se ele poderia ou se ele queria ter Lily para sempre. Mas ele tinha certeza de que ele a queria agora. E não é isso que dizem que importa? Viver o presente? Então era isso. Ele a queria. Mais do que queria viver e respirar.

-Eu quero você. –ele declarou –Eu quero você como minha. Eu quero você só comigo. Eu quero essa escola inteira vendo você do meu lado. –ele se aproximou dela, mais uma vez decidido –Eu quero que você seja minha, Lily Evans, pelo tempo que tiver que ser.

Lily olhou para ele, sua face totalmente limpa de qualquer emoção.

-Você não está me prometendo um "felizes para sempre". –não era uma pergunta, e sim uma constatação.

-Não. –James respondeu sincero.

Lily suspirou, quase aliviada.

-Era só isso o que eu queria ouvir. –ela falou antes de puxá-lo pela nuca e beijá-lo de novo.

Dessa vez eles não tiveram tempo para calma, para cuidado. Em segundos eles já estavam totalmente perdidos num beijo profundo e descontrolado. Lily mal sentiu quando James a pegou no colo, mas sentiu em suas costas a madeira dos bancos do vestiário quando ele a deitou ali.

Ela não teve problemas em abrir os poucos botões da camisa que James tinha fechado. Ele separou-se dela só o bastante para tirar totalmente a peça. Mas antes de voltar a beijá-la ele olhou fundo nos olhos dela.

-Você não vai mais desaparecer. –parecia um aviso, quase uma ameaça.

-Eu não estou indo a lugar algum. –Lily afirmou.

James deu um sorriso de canto de lábio.

-Disso você pode ter certeza...

XxX

Na hora do almoço, as Damas, menos Lily, estavam sentadas na mesa da Grifinória, conversando calmamente.

-A Lily desapareceu mesmo... –Paloma falou pensativa –Aliás, ela e o Potter. O que a gente faz?

-Bom... –Olivia começou tranqüila -Se eles não aparecerem logo a gente vai ter que: ou ajudar a Lily a esconder o corpo do Potter, ou procurar o corpo da Lily no qual o Potter deu um sumiço ou... Bom, ou nós vamos ter um novo casal na turma.

-Elas estão ali!

As quatro damas viraram a cabeça para ver Sirius vindo furioso em direção a elas, com Remus e Peter logo atrás.

-Onde ele está? –ele exigiu assim que chegou perto o bastante.

Nora arqueou a sobrancelha.

-Surtou de vez, Black?

Remus ignorou o amigo e sentou-se no banco ao lado de Marizza e a beijou de forma lânguida.

-Ei vocês dois, menos ai. –Paloma pediu revirando os olhos –Depois que alguém explicar o que está acontecendo vocês dois podem voltar a se engolir, mas antes eu quero saber do que o Black está acusando a gente.

-O James sumiu. –Remus falou dando de ombros –Ele falou que ia no campo de quadribol essa manhã, mas não voltou até agora.

-E eu fui atrás dele e não o encontrei. –Sirius cortou –Então só resta a pergunta do que vocês fizeram com ele!

Olivia revirou os olhos, impaciente.

-Ah nem vem, Black. Se a gente tivesse matado o Potter nós teríamos deixado o corpo para exposição. Então desencana.

Sirius respirou fundo.

-Então onde está o James? –ele exigiu.

-Serve aquele la entrando de mão dadas com a Evans? –Peter perguntou, apontando para a entrada do Salão.

Todos viraram a cabeça imediatamente para a entrada do Salão Principal. E de fato la vinham James e Lily, juntos, de mãos dadas. Logo mais pessoas começaram a perceber a entrada do casal, e quanto mais pessoas viam, mais pessoas começavam a olhar e logo o burburinho pele salão estava incontrolável.

E mesmo assim os dois pareiam totalmente inabaláveis. As expressões de ambos eram completamente brancas.

Eles se aproximaram de onde os amigos estavam e pararam ali sem falar mais nada.

-O que raios...

-Já era hora, Lily. –Paloma falou, cortando Sirius –A gente já tava achando que ia ter que sair procurando você. Ta bom que eu falei para você seguir minha filosofia de vida, mas não precisava levar tão a sério assim.

Marizza começou a rir e logo foi acompanhada por Nora. Lily revirou os olhos.

-Quietas.

-Ah nem vem, meu amor. Eu vou querer todos os detalhes sórdidos depois. –Paloma falou com um sorriso maldoso.

-O que te faz ter tanta certeza de que tem algum detalhe sórdido para ser contado? –James falou com um sorriso malicioso.

-O tanto que as camisas de vocês dois estão amassadas. –Paloma respondeu sem hesitar.

Com isso as quatro Damas explodiram em risadas.

Lily revirou os olhos mais uma vez.

-Eu vou falar com as minhas amigas. –ela falou para James –A gente se vê depois.

-Certo.

Lily simplesmente virou-se e começou a sair do salão. As outras Damas se levantaram rapidamente e a seguiram.

Quando Marizza alcançou Lily ela jogou um braço em volta dos ombros da amiga.

-E ai? –ela quis saber.

Lily deu um sorriso de canto de lábio.

-Mais um levado pela correnteza. –foi a resposta dela.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo é bem longo e bem intenso!

Espero que vocês curtam!

B-jão