Damas Grifinórias escrita por Madame Baggio


Capítulo 11
Natal Na Mansão Potter


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos!

Muito obrigada pelos comentários e pela atenção. Passem no meu perfil e deem uma olhada na minha nova fanfic "Você Sabe Que Me Ama"!!

B-jão



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Logo começaram as férias de Natal. Cada um dos alunos da escola, incluindo Marotos e Damas, e excluindo os poucos que haviam optado por ficar na escola, foram para suas casas. As Damas haviam combinado de irem para a casa de James dia 23 a tarde, quando Paloma garantiu que já estaria la, esperando por elas.

James estava deitado em seu quarto, olhando para o teto, deixando sua mente vagar. Logo as Damas estariam ali... O moreno não sabia explicar a ansiedade que sentia dentro de si. As vezes se pegavam pensando em Lily. Havia muito tempo que ele não a via mais como uma pessoa decente, mas aquela manhã distante de domingo, ela fazendo algo gentil e ajudando aquela menina não saía de sua cabeça. Mas ele sabia que não devia pensar nela. Era loucura, era sem sentido. Ela era uma vagabunda da pior espécie: cruel e fria.

James soltou um suspirou cansado e passou as mãos pelo rosto. Estava cansado de pensar nela.

-Isso é um suspiro apaixonado?

James levantou a cabeça e viu a mãe parada a porta de seu quarto, olhando para ele com uma expressão divertida.

Giulia Potter era uma bela mulher. Ainda muito jovem, apenas 36 anos. Ela tinha traços fortes, seus cabelos castanhos eram longos, chegando a linha de sua cintura e ela tinha os mesmos olhos castanho-esverdeados de James.

-Apaixonado? Eu? –James riu debochado –Sem chance, mãe.

-Hum... Então qual seria o motivo desse suspiro? –Giulia insistiu –Tem alguma coisa a ver com aquelas meninas que você quis convidar para o Natal?

-É, mais ou menos... –ele admitiu –Nós não nos damos muito bem.

-Então por que você quis convidá-las para nossa casa? –Giulia perguntou confusa.

-Por uma questão de tática. –ele falou dando de ombros.

-Hum, sei... –Giulia fez uma cara de entendimento.

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos antes de James soltar outro suspiro, que fez Giulia rir.

-Filho, sabe essa ruiva que não sai da sua cabeça? –ela riu ao ver os olhos dele se arregalaram de surpresa –Eu não sou muito chegada em frases feitas, mas acho que essa se encaixa perfeitamente a situação: "O maior erro de um homem é querer tirar da cabeça o que não sai de seu coração". –ela piscou para o filho e deu as costas para sair do quarto.

-Mãe! –James chamou, antes que ela saísse –Como você sabe que ela é... Quer dizer, quem disse que tem uma ruiva nessa história?

Giulia deu um pequeno sorriso maroto.

-Você sempre falou enquanto dormia, James. –ela retrucou tranqüila –Apenas atualmente você anda sonhando muito com lírios ruivos. –ela deu um sorriso carinhoso para James antes de deixar o quarto do filho.

XxX

Era pouco mais de duas da tarde quando a campainha tocou. Um elfo doméstico foi abrir a porta. La estavam Marizza, Olivia e Lily, inabaláveis como sempre. Cada uma delas trazia apenas uma frasqueira, mas esta estava enfeitiçada para que coubesse tudo o que elas realmente precisavam ali. O elfo que abriu a porta encaminhou as três meninas até a sala onde os quatro marotos estavam. Remus e Peter haviam chegado para o almoço, enquanto Sirius já estava morando ali.

Enquanto elas caminhavam pelos corredores da mansão as garotas não puderam deixar de reparar na incrível coleção de vasos, tapetes e móveis, tudo exalando poder e dinheiro.

-Mestre James, suas visitas chegaram. –o elfo anunciou quando alcançou a sala onde James e seus amigos estavam.

A sala era de fato linda. Papel de parede vermelho queimado cobria os quatro cantos da sala, um lustre de cristais pendia do teto, com velas acesas nele. Uma lareira ardia, aquecendo o ambiente. Algumas decorações de Natal também estavam espalhadas por ali e uma enorme árvore de Natal belamente decorada estava ali no canto. O chão de mármore escuro estava coberto por um belíssimo tapete, uma mesa de centro estava postada ali, cercada por um sofá de três e um de dois lugares, mais um divã e duas confortáveis poltronas, tudo de estofado vermelho sangue.

James olhou surpreso para as três ali, ele esperava que elas aparecessem todas juntas. Antes que ele tivesse a chance de falar algo Olivia se pronunciou.

-Onde está a Paloma?

-Ela ainda não chegou. –Remus respondeu a pergunta –Eu acho que ela só vai chegar mais pra fim de tarde.

-Eu mato a Paloma. –Lily falou por entre os dentes.

Nesse momento Giulia entrou na sala e sorriu ao ver as meninas ali.

-Ah vocês devem ser as amigas da Paloma! –ela falou animada, sorrindo para as meninas –Eu sou Giulia Potter, mãe do James, muito prazer em conhecê-las.

-Eu sou Olivia Morgan. –Olivia falou sorrindo educadamente e oferecendo a mão para Giulia.

-Muito prazer Olivia. –Giulia falou ignorando a mão que Olivia lhe oferecia e beijando o rosto da menina.

-Eu sou Marizza Rogers. –Marizza falou com um sorriso animado, abraçando a mulher.

Giulia riu, retribuindo o abraço.

-Muito prazer, Marizza. –então ela virou-se para Lily e seus olhos pareceram brilhar com malícia –E essa bela ruiva seria...?

-Lily Evans. –Lily falou aceitando o abraço que Giulia lhe deu.

-Lily! –Giulia comentou animada –Como em lírio?

-Sim. –Lily confirmou.

-Seu cabelo é lindo, querida. –Giulia continuou.

-Obrigada. –Lily agradeceu sincera –Por mais incrível que pareça essa é a cor natural dele.

-Veja só, uma ruiva. –Giulia lançou um olhar de canto de olho para James que estava tentando se manter indiferente –Bom, meninas, se vocês me acompanharem eu vou mostrar o quarto de vocês agora.

As garotas seguiram Giulia até o andar de cima da mansão e por um corredor.

-Espero que vocês não se importem de terem que dividir um quarto. Na noite de Natal muitas pessoas da família do Andrew dormem aqui, então para vocês não terem que deixarem o quarto de vocês eu acomodei todas no mesmo quarto. –Giulia explicou.

-Sem problema. Nós geralmente dividimos o quarto. –Olivia falou.

-Mesmo quando a gente viaja, nós costumamos dividir quartos em hotéis. Nós gostamos de ficar juntas. –Lily completou.

-Isso é muito legal. –Giulia falou admirada –Esse é o quarto de vocês.

As meninas se depararam com um quarto maior que o dormitório delas em Hogwarts. Com cinco camas de viúvo, todas com colchas roxas e almofadas lilases por cima. Todos os móveis do quarto eram em madeira branca, as paredes eram decoradas com papel de parede creme, com pequenas flores lilases desenhadas nele. Uma porta branca dava para o banheiro do quarto e a outra dava para um closet.

-Espero que vocês fiquem confortáveis aqui. –Giulia falou sorrindo.

-Certamente ficaremos, Giulia. –Marizza falou animada.

Elas ouvem a campainha tocar.

-Eu acho que é a Nora. –Olivia falou.

As quatro mulheres desceram as escadas e encontraram Nora cercada pelos quatro marotos na sala.

-Black, me erra. –Nora estava falando, de cara amarrada.

-Sirius, já incomodando a menina? Ela mal chegou. –Giulia falou revirando os olhos.

-Foi mal, mãe. –ele respondeu com um sorriso maroto –Eu não resisto em provocar a Carter.

-Hum seria isso amor? –Giulia provocou.

-Por favor, senhora Potter, não me deseje tão mal assim. –Nora falou tranqüila.

-Gostei dessa menina. –Giulia falou rindo –Pode me chamar de Giulia querida.

-Então você pode me chamar de Nora. –a morena falou oferecendo a mão para Giulia, que aceitou o gesto, por achar Nora bem mais reservada.

Foi então que Lily reparou que algo estava errado. O dia la fora não estava extremamente claro e de qualquer jeito eles estavam dentro de casa, mas mesmo assim Nora estava usando óculos escuros. E ela estava parecendo pálida também.

-Você esta bem, Nora? –Olivia perguntou desconfiada. Lily sabia que a amiga tinha o mesmo que ela em mente.

-Sim. –Nora respondeu indiferente –É que eu tive que pegar um Noitibus para ir até o Caldeirão Furado e de la vir até aqui via pó de flú, então eu to assim. Aquele negócio é um pesadelo.

-Nisso você tem razão. –Giulia concordou –Porque vocês não a levam até o quarto assim ela pode descansar um pouco também?

-Boa idéia. –Marizza falou.

Nora pegou a alça de sua mala e passou pelo seu obro direito e no processo uma parte de sua camiseta foi levantada, revelando um pedaço de pele da sua cintura e Sirius não pôde deixar de perceber uma enorme mancha roxa ali. Escura demais para ser recente.

Marizza colocou a mão no ombro de Nora para guiá-la, mas a morena deu um gemido de dor e se afastou. As três amigas olharam para ela de forma inquisidora.

-É que eu caí no Noitibus. –Nora explicou de forma tensa.

-Vamos subir. –Olivia praticamente mandou.

As garotas se dirigiram em silêncio para o quarto, mas assim que elas entraram no aposento e Marizza fechou a porta Olivia avançou para cima de Nora e arrancou os óculos da amiga, revelando olhos vermelhos de quem estivera chorando.

-Você andou chorando de novo. –não era uma pergunta, era uma acusação.

-Eu sabia que essa história de Noitibus era ridícula. –Marizza falou num suspiro –Mostra o corpo.

-Não. –Nora implorou.

-Você não tem escolha, Nora. –Lily falou pegando um frasco em sua bolsa –Me mostra os machucados assim eu posso cuidar deles.

Nora ainda pareceu hesitar. Sabia como as amigas ficavam sensíveis quando ela aparecia machucada. Nora nunca seria o tipo de pessoa a se passar por frágil, mas agora nesse momento ela era frágil. Ela parecia a ponto de quebrar. Esse era um dos momentos que ela morreria, mas não contaria a ninguém como era fraca.

Ela ainda lançou um ultimo olhar para as amigas, mas ela viu pelas expressões delas que ela não teria escapatória. Nora soltou um suspiro, colocou suas bolsas no chão e tirou o casaco de forma lenta, ela não tinha porque querer antecipar aquele momento. Ela mesma não queria saber como estava seu corpo naquele momento. Ela desenrolou seu cachecol com cuidado. Ela estava usando duas blusas de manga comprida por causa do frio e tirou a primeira, mas hesitou na segunda. Por fim quando ela finalmente tirou a roupa ela ouviu as exclamações inconformadas das amigas.

Ela tinha uma mancha roxa gigantesca no ombro esquerdo. Seus braços também tinham marcas claras de dedos. Ainda haviam algumas manchas menores espalhadas pelo tronco dela, mas havia uma maior nas costas.

-Por Merlin, Nora! –Olivia exclamou horrorizada –O que aconteceu dessa vez?

-Ela terminou com ele. –Nora gemeu de dor quando Lily tocou um de seus machucados –De novo.

-É inacreditável. –Marizza falou furiosa -A amante termina com ele e ele tem coragem de bater em vocês.

-Eu acho que ela faz de propósito. –Nora falou com um olhar vazio, sentando-se na cama mais próxima –Deixa ele irritado só pra ver ele descontar na gente.

Lily sentou-se atrás da amiga.

-Só você apanhou? –Lily perguntou enquanto espalhava o liquido do frasco nos machucados de Nora. Aquela era uma poção que fazia os sinais desaparecerem, mesmo que o lugar continuasse dolorido por um tempo.

-Não. Minha mãe também apanhou, mas eu me ferrei mais porque ele viu que eu estava arrumando as malas para passar o feriado fora. –ela explicou.

Elas ficaram em silêncio por um minuto até que Nora começou a chorar. As amigas trocaram um olhar triste entre si.

-O pior de tudo... –Nora falou entre lágrimas –É que todo esse tempo eu só agüentei isso por causa dela! Mas foi ela quem escolheu essa vida pra ela, não eu! Até hoje eu estive presa la por causa dela, porque eu não queria deixá-la la sozinha, mas eu cansei sabe? Ela me abandonou. Ela nunca fez nada para me ajudar. Eu apanho sem saber desde que eu me conheço por gente e nem uma única vez na vida ela se levantou pra fazer ele parar. Eu... Eu simplesmente não posso mais.

-Nora, eu estou te avisando que você não vai voltar mais para a sua casa. –Olivia falou séria –Dessa vez você esta vindo morar comigo pra valer.

-Olivia...

-Eu não quero discutir isso. –Olivia cortou –E você também não vai mais por os pés naquela casa.

-Meus irmãos vão buscar suas coisas na sua casa. –Marizza falou –Eu levo eles, mas você não chega perto daquele lugar nunca mais.

-Obrigada, meninas. –Nora falou, voltando a chorar.

Elas continuaram em silêncio por mais uns minutos, enquanto Lily terminava de passar a poção nos machucados de Nora.

-Ai... –Nora soltou um gemido de dor.

-Eu nem apertei Nora... –Lily falou, até que um sinal de entendimento se formou em seu rosto –Você esta com cólica né?

-Sim. –Nora gemeu de dor mais uma vez.

-Por que você não falou antes? –Marizza pediu inconformada.

-Porque vocês três estavam ocupada demais se preocupando com meu outro problema. –ela reclamou deitando-se na cama.

-Eu vou falar com a senhora Potter e ver se ela tem os ingredientes para eu fazer a poção. –Lily avisou levantando-se e saindo do quarto.

Lily desceu as escadas correndo. Sabia como as cólicas de Nora eram terríveis e dolorosas. Ela procurou por Giulia em algumas salas, até ouvir a voz dela vindo de uma outra sala.

-Então a Lily é a famosa ruiva que ocupa os seus sonhos?

-Mãe...

Lily brecou na porta da sala, mal com seguindo assimilar o que acabara de ouvir. Giulia e James olharam para a porta. O moreno praguejou mentalmente. Ela havia escutado! Estava escrito na testa dela.

-Algum problema querida? –Giulia perguntou tranqüila.

Lily balançou a cabeça, como que para despertar.

-Eu preciso pedir um favor a você, Giulia. –ela falou –Em particular. –adicionou, olhando para James.

Ela nem precisou pedir de novo. James não queria ficar na mesma sala que ela naquele momento.

-O que houve, querida? –Giulia perguntou um pouco preocupada.

-É sobre a Nora. –Lily começou a explicar –Ela tem cólicas fortíssimas no fim do ciclo dela. Eu preciso de um caldeirão e alguns ingredientes para fazer uma poção para ela.

-Muito forte? –Giulia perguntou.

-Sim. A poção não alivia 100 por cento a dor, mas ajuda muito.

-Você me permite então sugerir uma receita diferente? –Giulia propôs –É uma receita de família, muito boa.

-Se ficar pronta rápido e aliviar a dor dela eu aceito qualquer coisa. –Lily falou.

-Meu bem, você tem sorte que eu sou ótima em poções. Venha por aqui, vamos até o meu laboratório. –Giulia falou, indicando para Lily segui-la.

XxX

Meia hora depois, as duas tinham a poção pronta e Nora pôde bebê-la. Foi a primeira vez que as meninas viram a dor de Nora realmente passar. A poção que Giulia fizera era muito boa. A que Madame Pomfrey ensinara para Lily não tinha um efeito tão bom. Geralmente mesmo depois de beber a poção Nora tinha que ficar na enfermaria.

Nora adormeceu após beber a poção e as meninas e Giulia deixaram o quarto.

-Muito obrigada, Giulia. –Olivia agradeceu –Quando essas dores começam a Nora geralmente passa o dia trancada no quarto com dor, mas dessa vez passou mesmo.

-Sem problemas, querida. –Giulia falou sorrindo –Mas por que a Nora tem dores tão fortes? Isso não é comum.

-São problemas em casa. –Marizza falou com cuidado –Se refletem nela desse jeito. Em vez de ela ter algum problema psicológico ela tem um problema físico.

-São problemas assim tão graves?

-São problemas que nós não temos o direito de comentar. –Lily respondeu.

-Eu entendo.

XxX

Enquanto Nora descansava no quarto as meninas acabaram por passar a tarde n a cozinha, fazendo companhia para Giulia, que fazia questão de fazer ela mesma o jantar, apesar dos vários elfos-domésticos que trabalhavam ali.

-Então não é difícil dividir o quarto em cinco? –Giulia perguntou rindo.

-Não. –Marizza falou tranqüila –Só complica um pouco as vezes na hora de dormir.

-Por que? –Giulia perguntou confusa.

-Pra começar a Olivia fala dormindo. –Marizza falou rindo –Isso quando ela não acorda a gente aos gritos. Já a Lily não acorda por nada nesse mundo. É impossivel acordar ela, só o despertador consegue essa proeza. A Paloma não pára quieta na cama, ela mexe, vira, vira de novo. Normalmente não tem problema, mas se nós estivermos em quarto com colchão de mola ninguém merece. E a Nora tem a mania irritante de dormir sem roupa.

-Sem roupa? –Giulia riu.

-É. –Olivia confirmou –Isso deu um baita rolo na nossa primeira noite, já la no primeiro ano. Depois a gente entrou em um acordo, de que ela só ia tirar a roupa com o cortinado da cama dela fechado e que ela não ia ficar zanzando sem roupa pelo quarto, mas foi uma guerra pra ela aceitar.

-E não vamos nos esquecer da Marizza. –Lily falou divertida –Que levanta umas vinte vezes na noite. Pra ir no banheiro, pra beber água, pra comer...

-E mesmo assim vocês continuam sempre dividindo o quarto... Vocês devem ser mesmo grandes amigas. –Giulia falou impressionada.

-Você nem imagina o quanto. –Marizza falou sorrindo.

-Mãe! – a voz de James gritou de algum lugar –A Paloma chegou.

-Aquela cretina de uma figa! –Lily falou irritada, saindo da cozinha seguida das amigas e de Giulia, que tinha um expressão confusa.

Lily seguiu direto para a sala em que tinham visto os Marotos pela última vez, e entrou no aposento bem a tempo de ver Sirius tirando a mala de Paloma da lareira.

Paloma estava vestindo um belo vestido azul com listras marrons, que ficava bem abaixo de seu joelho. Ela usava um bolero de cor creme, super discreto, seus cabelos estava alisados de forma comportada e ela usava apenas uma maquiagem discreta.

-Sua mentirosa, volúvel, fingida... –Lily bronqueou com a amiga, mas logo a ruiva parou de falar –Quer saber? Enquanto você estiver ai se fingindo de virgem eu não vou falar com você.

Giulia olhou de uma para a outra em choque.

-Ah Lily me dá um tempo vai. –Paloma pediu, passando as mãos pelos cabelos e bagunçando-os um pouco –Você sabe que eu...

-Que você não tem coragem de deixar de ser a garotinha do papai. –Olivia cortou –Agora pára de frescura e volta a ser uma Dama.

Paloma lançou um olhar constrangido a Giulia.

-Foi mal ai, tia Giulia. –ela falou antes de tirar o bolero, revelando que seu vestido era tomara-que-caia, então ela puxou a saia do mesmo, que se soltou, revelando um short marrom que mal chegava ao meio das coxas dela e não combinava em nada com a neve que caía la fora.

-Agora sim nós podemos conversar. –Olivia falou satisfeita.

-Cadê a Nora? –Paloma perguntou olhando em volta.

-Ela está la em cima. Com cólica. –Marizza informou.

Paloma lançou um olhar desconfiado às amigas e depois fez um sinal de entendimento.

-Alguém se importaria em me explicar quem é essa pessoa parecida com a Paloma que está parada no meio da nossa sala?

-Pai. –James passou pelas meninas para cumprimentar o homem que acabara de entrar na sala.

Andrew Potter tinha a aparência de um homem maduro com seus atuais 45 anos. James era exatamente a cópia do pai, a mesma cor de cabelo, a mesma cara, com exceção de que os olhos de Andrew eram cor de chocolate. E apesar de sua aparência de homem sério, ele não conseguia disfarçar um certo brilho maroto em seus olhos.

-Oi tio Andrew. –Paloma falou num sorriso sem graça.

-Oi Paloma. Eu sempre soube que um dia ia ver você saindo da concha. –Andrew falou rindo.

-Pra você ver tio... –ela falou já mais animada –Esse é meu verdadeiro eu. –ela falou dando uma voltinha.

-Eu tenho certeza de que os meninos adoram essa sua versão. –ele falou rindo –E quem seriam as outras adoráveis damas?

-Essas são as amigas da Paloma. –Giulia falou animada se aproximando do marido –Essa é Olivia Morgan e essa é Marizza Rogers. E essa linda ruiva... –Giulia falou apontando para Lily, com um sorriso maroto –É Lily Evans.

-Hum... –Andrew pareceu pensativo –E o fato de você tê-la apresentado dessa maneira deve querer dizer alguma coisa que no momento eu nem imagino o que seja. Mas mesmo assim, muito prazer em conhecê-la, senhorita Evans.

-Pode me chamar de Lily. –ela falou num sorriso, apertando a mão de Andrew –Muito prazer senhor Potter.

-Ora, me chame apenas de Andrew querida. –ele falou, dando uma piscadela charmosa para Lily.

-Acho que nós já podemos servir o jantar não é? –Giulia falou animada –Meninas, vocês querem vir comigo?

Elas fizeram que sim com a cabeça.

-Alguém precisa chamar a Nora. –Olivia se lembrou de repente.

-Sirius, querido, você pode fazer isso para mim? –Giulia pediu.

-Claro, mãe. –Sirius deu um sorriso maroto para Giulia antes de sair dali.

-É seguro deixar o Sirius e a Nora sozinhos em um quarto? –Marizza perguntou pensativa.

-Por que? Você acha que o Sirius poderia fazer algo com a Nora? –Giulia perguntou preocupada.

-Eu tava pensando mais na Nora fazendo algo para ele...

XxX

Sirius bateu na porta do quarto das meninas, mas não obteve resposta nenhuma.

-Carter! –ele chamou, mas continuou sem resposta.

Sirius bufou incomodado e decidiu entrar no quarto de qualquer jeito. Ele abriu a porta e entrou no ambiente, que estava escuro, sendo iluminado pela luz que vinha do corredor. A cama mais perto da porta era a única ocupada e foi ai que Sirius já começou a se arrepender de ter entrado la.

A pouca luz era suficiente para revelar os contornos do corpo dela. Nora estava deitada de lado, as costas viradas para a porta. Ao se aproximar mais Sirius pôde ver outra coisa: ela não estava usando roupas. Não que ele estivesse vendo muita coisa, ela tinha um lençol enrolado no quadril, em volta de sua perna e cobrindo seu peito, mas ele podia ver toda a pele das costas dela e ali nenhum sinal da mancha roxa que ele vira mais cedo.

Ele nunca vira Nora tão tranqüila. Ela não se parecia perigosa, ou cruel enquanto dormia. Ela chegava a parecer... Humana. Ele nem percebeu o que fazia. Quando se deu conta já estava sentado na cama ao lado dela. Ele deslizou as costas de sua mão pela pele macia do ombro dela e viu ela se arrepiar. Lentamente ela começou a abrir os olhos.

-Black? –ela perguntou sonolenta, esfregando os olhos.

-Eu vim te chamar para o jantar. –ele falou e por algum motivo sua voz saiu rouca e baixa.

-Jantar? –ela falou se sentando na cama, o lençol seguro por uma das mãos, cobrindo seu busto –Que horas são?

-Já passa das sete. Você dormiu a tarde inteira. –ele falou tranqüilo.

-Ok... –ela levantou-se da cama, ainda parcialmente enrolada no lençol.

Sirius observou o corpo de Nora enquanto ela caminhava até o closet. Ela era diferente das garotas com quem ele costumava sair. Nora, bem como Lily e até Olivia, era petit. Baixa em altura, com curvas delicadas e corpos suaves. Elas criaram um novo padrão de beleza na escola.

Nora abriu a porta do closet, onde suas amigas tinham deixado suas coisas já arrumadas e pegou um vestido qualquer. Sirius conseguia vê-la la dentro, graças a um espelho. Nora soltou o lençol, deixando o corpo praticamente nu a apreciação de Sirius. E foi ai que ele viu, um palmo acima do limite da calcinha dela, uma tatuagem, algo que ele sequer pensava que ela teria. Era pequena, obviamente feita para ficar escondida, mas ele não conseguiu identificar o desenho.

Nora começou a se arrumar calmamente, praticamente alheia a presença de Sirius.

-Agora nós podemos ir. –ela falou, depois de calçar um sapato.

-Eu estou te devendo algo pelo show? –Sirius perguntou irônico.

-Como se você nunca tivesse visto uma garota sem roupa. –ela respondeu tranqüila.

Sirius percebeu que ela ainda estava sonolenta e perguntou-se se era por isso que ela estava tão tranqüila. Ele achou melhor não perguntar.

XxX

O jantar correu numa paz surpreendente. Era mais do que óbvio que Andrew e Giulia haviam adorado as meninas e, para a total surpresa dos marotos, as meninas haviam adorado os dois. Elas fizeram o possível para serem educadas o tempo todo e ignorar os Marotos ainda mais.

James estava receoso de que Lily tocasse no assunto do que ela tinha ouvido mais cedo, mas a ruiva não falou nada, e nem sua mãe, pelo o que ele era muito agradecido.

Depois do jantar eles foram todos se sentar diante da lareira, na mesma sala onde eles haviam estado no começo da tarde, para comer a sobremesa. Após terminarem de saborear o delicioso mousse de chocolate, os nove jovens assistiam entretidos Andrew tentar convencer Giulia a ficar ali com eles ao invés de ir ela mesma levar tudo para a cozinha.

-Deixa que os elfos recolhem tudo. –Andrew argumentou.

-Eu sei que eles recolhem, Andrew. –Giulia falou se levantando –Mas eu tenho que...

Andrew puxou a esposa, fazendo ela cair sentada em seu colo.

-Fica comigo um pouco, mulher. –Andrew reclamou.

-Ah que marido manhoso eu tenho. –ela falou rindo, antes de pegar o rosto dele carinhosamente entre as mãos e beijá-lo suavemente.

Logo os dois estavam trocando um beijo um pouco mais longo.

-Ei! Será que dá pra vocês dois pararem? –James pediu incomodado.

Sem se separar de Giulia, Andrew atirou uma almofada no filho. Então o casal se separou aos risos.

-James e Sirius sempre ficam incomodados quando a gente se beija. –Giulia explicou risonha –Meus meninos são muito ciumentos. Os três. –ela concluiu com uma piscadela.

-Vocês não se incomodam meninas? –Andrew perguntou.

-Não. Os pais da Lily fazem isso o tempo todo. –Marizza explicou.

-Verdade, Lily? E você não liga? –Giulia perguntou curiosa.

-Não. –Lily respondeu tranqüila –Meus pais são casados há vinte anos. Eu acho legal que eles ainda se curtam tanto.

-É, eles são uma gracinha. –Paloma comentou sorrindo –O pai da Lily chama a mãe dela de cereijinha. É muito fofo.

-Eu admiro muito isso neles. –Lily falou com um sorriso sonhador e distante –É o que eu gostaria de ter para mim.

James tinha uma resposta extremamente debochada e agressiva para ela agora mesmo, na ponta de sua língua, mas por algum motivo aquilo ficou preso na garganta dele. Ele não queria falar algo grosseiro para ele e ele não entedia o porquê. E isso era bizarro demais para ele.

XxX

Paloma e Marizza desceram em silêncio as escadas, em meio a penumbra noturna. Já devia passar facilmente da meia noite, mas Marizza sentira sede e como sempre esquecera de levar água para o quarto, então ela acabou acordando Paloma para que elas fossem juntas a cozinha.

-Por que eu tenho que te levar até a cozinha? –a morena perguntou mau-humorada e sonolenta.

-Porque você conhece a casa melhor do que eu e você sabe onde estão as coisas na cozinha. –a loira respondeu como se fosse óbvio.

-Que coisas? –Paloma perguntou arqueando a sobrancelha -Você não ia só beber água?

-É que eu queria comer mais um pouquinho daquele mousse do jantar também. –Marizza admitiu, corando de leve.

Paloma revirou os olhos.

-Não vai exagerar e depois passar mal. –a morena advertiu.

-Não vou. –Marizza falou revirando os olhos.

As duas chegaram a cozinha e Paloma mostrou a Marizza onde encontrar tudo.

-Você pode voltar para o quarto se quiser, Paloma. –Marizza falou –Eu me viro. Volta a dormir.

-Certeza? Valeu então...

Paloma atravessou os corredores escuros, iluminando seu caminho apenas com a luz que saía de sua varinha.

-O que você está fazendo aqui?

Ela pulou ao som da voz. Virou-se e deu de cara com Dimitri olhando para ela de forma curiosa. Ele estava vestido em roupas normais, o que queria dizer que ele devia ter acabado de chegar ali. Ela, por outro lado, estava no seu mais perfeito estilo "pronta pra dormir". Usando uma camisetinha de algodão branca e calça de moletom preta.

-Professor! Que susto! –ela falou rindo.

-Você sabe que fora da escola você não precisa me chamar de professor. –ele falou sorrindo.

-É eu sei. –ela também sorriu –Eu vim passar o Natal aqui. –ela falou, respondendo a pergunta anterior dele –E você?

-Eu acabei de aparatar aqui. Eu estava achando que não veria você aqui esse Natal, até Nora me falar que vocês estariam todas aqui. –ele falou arqueando a sobrancelha.

-Você sempre me vê aqui, todo Natal. Já devia estar acostumado.

-Eu acho que nunca vou me acostumar com você zanzando por aqui. –ele falou passando a mão na cabeça dela como se ela fosse uma criança.

Eles ouviram ao longe uma badalada de relógio indicando que era uma da manhã.

-Hum, já está tarde. Hora de criança estar na cama. –Paloma falou se espreguiçando –Boa noite professora. –ela falou piscando para Dimitri.

-Boa noite, senhorita Parker. –ele respondeu sorrindo.

Ele viu Paloma passar por ele em direção as escadas que davam para os quartos. Desde que ele se conhecia por gente ele se lembrava dos pais dela passando o Natal com os Potters. Lembrava-se da mãe dela grávida, lembrava-se de quando ela era um frágil bebê, lembrava-se de quando ela virou uma garotinha que falava que ia se casar com ele e se lembrava da menina que dizia que não ia casar nunca. E agora ela era sua aluna. A única aluna em Hogwarts capaz de fazê-lo perder o fôlego...

XxX

Remus desceu até a cozinha no meio da noite. Uma semana para a lua cheia e sua cabeça já o estava matando. Ele tinha a leve impressão de que toda essa loucura e briga e "guerra" com as Damas só estava servindo para levar seu instinto até o limite.

Quando ele parou a porta da cozinha, porém, foi surpreendido pelo cheiro suave de morangos que vinha de la. Giulia não havia feito nada com morangos aquela noite.

Foi então que ele viu quem estava ali na cozinha. Marizza. Ela estava de costas para ele, de frente para o balcão, mas ele não conseguia ver exatamente o que ela estava fazendo. Mas ele podia vê-la perfeitamente. Usando um short curto de algodão rosa e uma camisetinha de alças finas branca. Ele percebeu que ela tinha os pés descalços e o cabelo preso num coque. E então ele viu, pequena, na lateral esquerda do pescoço dela, algo que se parecia com uma tatuagem. Ele se aproximou silencioso.

-Marizza.

A loira pulou e virou-se para encará-lo.

-AH! Lupin! –ela falou respirando de forma descompassada pelo susto –Você tem que parar de pisar macio como se fosse um lobo cercando sua presa.

Remus arqueou a sobrancelha, mas optou por não responder o comentário.

-O que você esta fazendo aqui a essa hora da noite? –ele perguntou.

-Lanche noturno. –ela falou mostrando a taça com mousse de chocolate.

-Chocolate? –ele perguntou arqueando a sobrancelha.

-Não existe hora pra chocolate. –ela falou com um sorriso divertido, piscando para ele.

Remus rolou os olhos, foi então que ele percebeu que o cheiro de morango estava mais forte agora.

-Hi, sai pra la. –Marizza falou ao ver o que ele estava fazendo -Vai farejar em outro canto.

Foi então que ele percebeu que o forte cheiro de morango vinha dela.

-Eu nunca tinha reparado, mas você cheira a morangos.

-Talvez porque meu shampoo e creme o creme que eu uso na pele sejam de morango. –ela falou irônica.

-Pra que tudo isso?

Marizza revirou os olhos.

-Talvez porque eu queria cheirar como morangos. –ela falou irônica -Morango é bom e fica uma delicia com creme. –ela acrescentou maliciosa.

-Ah é?

Marizza bufou. Então encostou-se contra o balcão.

-Ah Lupin você tira a graça de tudo. –ela falou sarcástica. -Agora que eu te dei uma deixa você devia ter aproveitado e flertado comigo de algum jeito...

-Flertado com você, Marizza? –ele perguntou, dando um sorriso de canto de lábio –Eu acho que isso se reserva a pessoas que não estejam tentando se apunhalar pelas costas.

-Nem adianta, Lupin. Eu não tenho medo de você, então nem venha com essas piadinhas. –ela falou dando de ombros.

-Não tem? –ele arqueou a sobrancelha e deu um passo a frente. Um de seus braços se apoiou no balcão sobre o qual Marizza se apoiava, deixando-a com uma saída a menos.

-Não, Lupin. –ela respondeu de forma simples –Por mais que você e eu tenhamos mudado eu sempre vou ver você como o Remus gentil que namorou a Lily, eu não consigo ter medo de você, mesmo sabendo que isso é o mais prudente.

Remus olhou para ela em silêncio. Ele não sabia o que dizer ou fazer nesse momento, mas Marizza aparentemente sabia.

Ela deu um passo para frente, fazendo seus corpos se roçarem. Na mesma hora Remus recuou um passo, só para se arrepender depois.

-Boa noite, Remus. –ela falou com um sorriso divertido, antes de sair da cozinha.

E por mais leve que tivesse sido o toque dela Remus sabia que ele passaria a noite sentindo o perfume de morangos.

XxX

Na manhã seguinte Lily acordou antes que todas. Não era muito cedo, mal passava das nove da manhã. Normalmente a ruiva não teria muitos problemas em deixar o quarto e ir arrumar alguma coisa para fazer, mas estando na casa do inimigo ela preferiu chamar todas as amigas.

-O que nós podemos fazer? –Marizza perguntou animada.

As cinco damas estavam sentadas no chão em fila indiana, uma arrumando o cabelo da outra. Olivia fazia a segunda trança no cabelo de Lily, que fazia uma trança embutida no cabelo de Nora, que fazia uma trança única em Paloma, que estava amarrando o cabelo de Marizza em duas maria-chiquinhas altas.

-Bom, o jardim da casa dos Potter é muito grande. –Paloma comentou –Nós poderíamos sair la fora e andar um pouco na neve.

-Pode ser. –Olivia concordou, amarrando o próprio cabelo num rabo de cavalo alto.

-Acho melhor pegarmos nossos casacos. –Marizza falou.

-Eu acho melhor você colocar um cachecol nesse seu pescocinho, Marizza. –Lily falou atirando um cachecol para a amiga –Tem coisa aparecendo ai, que devia ficar escondido.

Marizza riu, antes de envolver o pescoço com o cachecol.

Elas vestiram seus casacos e desceram em silêncio, Paloma guiando-as até a porta dos fundos, que dava para o jardim, totalmente alheias aos cinco rapazes que as viram passando.

-O que elas estão aprontando? –Sirius perguntou desconfiado.

Dimitri revirou os olhos.

-Da pra vocês pararem de pensar que tudo o que elas fazem é com má intenção? –ele reclamou.

-Pare de defendê-las. –James cortou.

-Por que vocês não vão checar o que elas estão fazendo se estão curiosos? –Peter falou entediado.

Sirius, James e Remus trocaram rápidos olhares.

-Ah não! –Dimitri falou, antes que os outros se pronunciassem –Vocês não vão...

Mas os três já tinham saído no corredor, seguindo na mesma direção em que eles tinham visto as cinco seguirem.

-Droga... –Dimitri murmurou, antes de ir atrás dos Marotos, com Peter logo atrás de si.

Os cinco rapazes saíram no jardim e olharam em volta, procurando pelas garotas. Eles ouviram o som das vozes delas, vindo de algum lugar um pouco mais distante e foram naquela direção.

Foi ai que eles viram a cena mais chocante de suas vidas: Olivia estava caída no chão, com Lily e Paloma deitadas em cima dela e com Marizza e Nora, sentadas em cima das três. E elas estavam rindo! Rindo felizes, sinceras. Rindo como crianças.

-Saiam de cima de mim! –Olivia exigiu, rindo.

Nora e Marizza se levantaram rapidamente, enquanto Lily e Paloma se enrolaram e acabaram caindo de novo e rindo. Marizza juntou neve e fez uma bola e lançou-a com a intenção de atingir Olivia que tinha se levantado. Mas um imprevisto ocorreu: a morena abaixou-se a tempo e a bola de neve acabou acertando em cheio o rosto da pessoa que estava atrás dela: Remus. Foi ai que as meninas perceberam que eles estavam ali.

-Remus! –Marizza cobriu a boca com as mãos –Eu sinto muito.

Um minuto de profundo silêncio se fez, enquanto o choque ainda varria todos. Remus limpou a neve de seu rosto e ombros com uma expressão tão calma que chegava a dar medo. Então ele abriu um sorriso maroto.

-Agora você vai ver, Rogers. –ele falou enquanto juntava neve numa das mãos.

-Espera ai, Lupin. –Marizza falou, mas já estava rindo.

Em um minuto, que nenhum deles nunca saberia como explicar, eles estavam todos brincando na neve. Os meninos, com exceção de Sirius e James que assistiam a tudo sem se envolverem, corriam atrás das meninas, que se escondiam atrás das árvores. Dimitri conseguiu pegar Olivia e Marizza e jogar cada uma sobre cada um de seus ombros. Peter estava ajudando Remus a atirar bolas de neve nas outras. Lily correu rindo, e então começou a andar para trás, sem realmente ver para onde estava indo e assim não conseguiu ver que estava chegando numa pequena ladeira. Ela ia cair se não parasse.

-Evans! –James chamou, mas ela não ouviu –Evans! LILY!

Ela virou-se para olhá-lo, mas seu pé já havia pisado em falso e ela perdeu o equilíbrio. Um flash passou por sua cabeça e ela soube que ia cair e se machucar. Muito.

James se moveu sozinho. Quase num reflexo, que ele não saberia explicar, ele correu o mais rápido que pôde na direção dela. Não foi o suficiente para impedi-la de cair, mas ele conseguiu abraçá-la e protegê-la de uma queda pior.

Os dois rolaram ladeira a baixo até pararem. Lily estava de olhos fechados, como se ainda estivesse esperando o pior.

-Você está bem?

A pergunta foi feita de maneira tão preocupada que ela abriu os olhos imediatamente. James estava sobre ela, um olhar preocupado no rosto, os braços ainda envolvendo-a. Lily percebeu que suas mãos ainda estavam agarradas a jaqueta dele e suas pernas estavam enroscadas.

-S-sim. Eu estou bem. Eu acho. –ela respondeu com cuidado.

E foi ai que ela percebeu como os dois estavam pertos. E como os olhos dele ficavam incrivelmente lindos vistos assim de perto.

James fez um movimento para se levantar, mas as mãos de Lily agarraram-se ainda mais fortemente a jaqueta dele. Ela não entendeu sua própria reação, mas uma profunda satisfação tomou conta de si ao ver que ele não se mexeu mais para afastar-se.

Era só na cabeça dele ou algo ali estava mais do que errado? Por um minuto ele quisera sair de perto dela, ele realmente quisera, mas ela não o deixou ir e agora ele não queria mais sair dali. Algo parecia tão... certo. Os dois ali, juntos. Mas não era para ser certo! Era para estar errado!

-Evans...

-Você me chamou de Lily agora a pouco. –ela lembrou.

-É, eu... –ele parou de falar.

A distância entre eles tinha diminuído sem que eles percebessem, mas agora o único foco que James tinha eram os lábios rosados de Lily. Seriam eles amargos e venenosos como ela? Ele realmente queria descobrir. E não era aquele desejo insano de sempre. Era algo diferente, algo que não tinha nome. Pelo menos não um que ele se lembrasse agora.

Ele inclinou mais o rosto na direção de Lily e seus lábios se tocaram, num curto beijo. Os lábios dela era perfeitos: quentes, macios, delicados.

-Lily? James?

Ao ouvir a voz dos amigos James se levantou rapidamente, afastando-se de Lily. Logo os rapazes e as Damas se aproximaram correndo, preocupação estampada em seus rostos.

-Você está bem, Lily? –Nora perguntou ajudando a amiga a levantar-se.

-Na medida do possível. –Lily respondeu tranqüila.

Lily e James evitaram fazer contato com os olhos, aquele definitivamente não era o momento.

-Vamos entrar. –Peter falou –Nós ainda não comemos café da manhã. –ele lembrou.

-Verdade. –Paloma comentou –Acho que todo mundo precisa de um pouco de combustível aqui. –ela falou lançando um olhar mais direto a Marizza.

XxX

Os meninos repararam, com curiosidade, que as quatro Damas pegavam no pé de Marizza quando o assunto era alimentação e sempre ficavam de olho nela durante as refeições. Foi assim que elas passaram o café da manhã, o almoço, e o jantar...

XxX

Depois do jantar todos se dirigiram a uma das diversas salas que pareciam haver na enorme mansão. Essa sala porém tinha algo a mais: um lindo piano de cauda, de madeira negra e reluzente.

-Que lindo esse piano. –Lily comentou surpresa –Você quem toca, Giulia?

Giulia riu tranqüila.

-Querida, eu não consigo tocar um instrumento nem que minha vida dependesse disso. –ela falou tranqüila –Andrew é o único de nós com talento musical.

-Toca alguma coisa pra gente, tio. –Paloma pediu animada.

-Como eu posso recusar a um pedido tão doce? –Andrew falou revirando os olhos.

Ele levantou-se e tomou seu lugar diante do piano. Andrew posicionou a mão sobre o teclado e quando seus dedos começaram a se mover foi como se mágica envolvesse a todos. A música era suave, sem ser triste ou deprimida. Pelo contrario. Era como se as notas falassem de uma história, de fantasia, de um sentimento bonito. As meninas sentiram-se afogar nela e terem seus corações aquecidos. Foi de fato muito triste quando a música acabou.

-Isso foi lindo, Andrew. –Nora falou emocionada –Como essa música se chama?

Andrew sorriu e seu olhar caiu em Giulia.

-Se chama Giulia. –ele falou tranqüilo.

Os olhos das meninas pareceram brilhar o dobro.

-Você quem escreveu essa música? –Marizza falou emocionada.

-Pra Giulia? –Lily falou também animada.

-Sim, pouco depois que nós começamos a namorar. –ele afirmou orgulhoso.

-Ah meu deus... Onde eu arranjo um homem desses pra mim? –Paloma falou rindo.

-Case com um Potter, querida. –Andrew falou maroto –Todos os homens dessa família são extremamente românticos.

-Eu consigo pensar em um que não é... –Lily comentou fazendo todos, menos James é claro, rirem.

-James é romântico sim. –Giulia afirmou –Ele só esconde muito bem.

-Mãe! –James reclamou.

-Bem mesmo. –Nora comentou irônica.

Eles riram mais uma vez.

-Alguma de vocês toca o piano? –Andrew perguntou.

As quatro meninas viraram-se para Olivia no mesmo momento.

-Nem sonhem com isso. –a morena falou.

-Ah qual é Olivia! Você arrasa no piano. –Marizza falou animada.

-Depois de ouvir o Andrew vocês acham mesmo que eu vou tocar pra vocês? De jeito nenhum.

-Ora, por favor, Olivia. –Andrew pediu –Dê-nos o prazer de ouvi-la toca.

Olivia pareceu desconfortável com a idéia, mas mesmo assim foi até o piano e trocou de lugar com Andrew.

-Eu não tenho nenhuma composição própria. –ela falou desanimada.

-Faz o que você faz de melhor, queridinha. –Nora comentou tranqüila.

-É, toca a nossa preferida. –Lily apoiou.

Olivia respirou fundo e colocou seus dedos sobre as chaves do piano. Logo seus dedos começaram a correr por elas, arrancando uma melodia triste. (n/a: "Breathe no more", Evanescence)

Mas todos se surpreenderam quando a voz de Olivia veio acompanhar a melodia triste.

-I've been looking in the mirror for so long,

That I've come to believe my soul's on the other side.

A voz dela era inesperadamente forte e melodiosa. E o som dela era lindo.

-All the little pieces falling, shattered.

Shards of me too sharp to put back together.

Too small to matter,

But big enough to cut me in to so many little pieces if I try to touch her.

And I bleed. I bleed.

And I breathe. I breathe, no more

Mesmo os Marotos não tinham palavras para descreverem o que aquela canção despertava nelas. Porque cada uma das palavras de dor e solidão pareciam ecoar dentro deles e parecia que Olivia também sentia cada uma delas, com força e muita dor.

-I take a breath and I try to draw from my spirits well.

Yet again you refuse to drink like a stubborn child.

Lie to me convince me that I've been sick forever.

And all of this will make sense when I get better.

But I know the difference between myself and my reflection.

I just can't help but to wonder which of us do you love.

So I bleed. I bleed.

And I breathe.

I breathe no,

Bleed. I bleed.

And I breathe. I breathe. I breathe.

I breathe, no more.

Todos aguardaram em silêncio, enquanto Olivia tocava os acordes finais da triste canção. Quando ela terminou seu olhar ainda ficou fixo no piano, antes de ela colocar suas mãos sobre o colo e aguardar em silêncio.

-Meu deus, Olivia, isso foi lindo. –Giulia falou emocionada.

-Tem certeza que não foi você quem compôs essa música? –Andrew perguntou sorrindo –Porque você canta como se ela tivesse sido feita pra você.

Olivia sorriu suavemente.

-Não, não é minha, infelizmente, mas é certamente uma das minhas preferidas.

-Ah querida, diga-nos que vai tocar uma música para nós amanhã no baile de Natal. –Giulia pediu animada.

-Giulia, deixa a menina. –Andrew pediu, revirando os olhos –Se ela quiser tocar será muito bem vinda, mas não fique pressionando-a.

-Andrew, você ficou muito chato depois de velho. –Giulia falou ficando emburrada.

Todos riram mais uma vez.

-Se eu bem me lembro você sempre me achou um chato. –ele provocou arqueando a sobrancelha.

-Andrew, eu tinha sete anos. –ela reclamou –Quando você vai esquecer isso?

-A mulher da minha vida me xingando de todos os nomes possíveis... –ele pareceu pensar –Acho que eu nunca vou esquecer.

-Vocês se conhecem desde muito novos? –Marizza perguntou curiosa.

-É claro que com meu incrível charme vocês não devem ter percebido... –Andrew começou com um sorriso maroto que fez Giulia revirar os olhos -mas eu sou onze anos mais velho que a Giulia.

As meninas ficaram em choque.

-Nossos pais tinham negócios em comum, então a gente acabou se conhecendo. Só que nessa época ela tinha seis anos e eu já tinha dezessete.

-E ele era insuportável comigo. –Giulia reclamou –Vivia enchendo o meu saco.

-É que ela fica encantadora quando esta brava. –Andrew se defendeu rindo –E adorava gritar como me odiava.

-E esse sem vergonha falava que ia casar comigo. –Giulia comentou revirando os olhos.

-Bom, você tem uma aliança no indicador esquerdo com o meu nome escrito nela, não tem? –Andrew provocou.

Giulia revirou os olhos.

-Nunca duvide de um Potter. –ela falou para as meninas como se fosse um segredo.

-Mas o que aconteceu entre vocês? –Paloma perguntou curiosa.

-Bom, depois que eu terminei Hogwarts eu fui para o treinamento de aurores, passei alguns anos fora e quando eu voltei ela não era mais uma pentelha de sete anos. Ela tinha doze anos e já ia para Hogwarts. Então eu passei um bom tempo sem realmente vê-la.

-Até aquele Natal que eu tinha quinze anos e você me agarrou. –Giulia acusou.

As meninas olharam em choque de Giulia para Andrew.

-Não fala assim, mulher. –Andrew pediu inconformado –Faz parecer que eu te ataquei.

Todos eles riram.

-Vocês não têm idéia de quanto linda esse mulher já era, quando ela tinha só quinze anos. E claro que eu tentei enfiar na minha cabeça que ela ainda era só uma menina, bem mais nova do que eu, mas não tava dando muito certo.

-Nossos pais tinham alugado uma casa na França para aquele Natal, então pra piorar, ou talvez pra facilitar, a gente ainda estava vivendo debaixo do mesmo teto. –Giulia comentou maldosa.

-Claro que um dia foi o suficiente pra ela voltar a me odiar. –Andrew comentou revirando os olhos.

-Bom, você era um idiota arrogante, você queria o que? –Giulia se defendeu.

-Tal pai, tal filho... –Nora comentou irônica.

-Mas se vocês se odiavam como vocês se acertaram? –Marizza perguntou curiosa.

-Ela me odiava. –Andrew falou enfático –Eu estava louco por ela. –Giulia revirou os olhos –Então na noite de Natal eu pedi para dançar com ela.

-E eu inocente achei que não tinha segundas intenções.

-Nós dançamos e depois fomos conversar na sacada. –Andrew continuou, ignorando a mulher.

-E ele basicamente me agarrou. –Giulia interrompeu de novo.

-Você resistiu por tipo dois segundos, mulher. –Andrew falou revirando os olhos.

-Não é minha culpa que você beija bem.

As meninas riram mais uma vez.

-Quando a Giulia terminou Hogwarts nós casamos e então pouco depois James nasceu. –Andrew concluiu.

-Que história mais fofa... –Nora falou um tanto irônica.

-O duro é eu ter que agüentar esse homem se gabando disso pelo resto da vida. –Giulia provocou.

-Ah você bem que gosta. –Andrew provocou, abraçando e beijando a esposa.

-La vão eles... –James comentou entediado, revirando os olhos.

-Deixa seus pais, Potter. –Lily provocou –Não é só porque você não beija ninguém faz tempo que eles não podem se beijar.

James lançou um olhar a Lily que teria matado uma pessoa qualquer. Mas ela não era uma pessoa qualquer.

-Bom, amanhã é Natal, Evans. –ele provocou –Quem sabe que eu não consigo meu beijo amanhã?

XxX

Já era quase meia noite, logo seria dia 25 de dezembro. Logo seria Natal.

Lily já sabia o que tinha que fazer. Podia parecer estranho, mas era a decisão dela. Essa cena falsa ela não faria na manhã seguinte na frente dos pais de James. Essa coragem ela não tinha.

Ela levantou-se da cama em silêncio e abriu sua mala, tirando de la a caixa que deixara escondida. Não sabia exatamente comprara aquilo, mas agora que já havia feito tinha que dar o presente.

Ela saiu pelos corredores perguntando-se onde ele poderia estar. Se ele estivesse em seu quarto ela não tinha certeza se entraria para falar com ele, mas com sorte ele estaria em alguma sala com os amigos. Ela já se encaminhava para as escadas quando ao passar por uma das salas viu uma fresta de porta aberta, que deixava luz escapar para o corredor escuro. De dentro do aposento vinha algum barulho. Logo Lily percebeu que era a voz de algum falando algum feitiço. Ela foi ver quem era.

Ela empurrou a porta, abrindo-a totalmente e encontrou James ali, varinha em punho, praticando algum tipo de feitiço. Ele usava uma calça de pijama negra e uma camiseta regata branca e estava descalço. Ele parecia mais selvagem que o normal, suado, arfando...

Lily balançou a cabeça para espantar esses pensamentos. Não era o que ela precisava agora.

-Boa noite, Potter. –ela falou, entrando totalmente na sala.

James virou-se surpreso, não tinha ouvido Lily chegar.

Ela estava ali, parada diante dele, os cabelos vermelhos presos num coque frouxo, um robe de seda creme, cobrindo uma camisola similar, os pés descalços e havia algo envolvendo o pulso direito dela.

-Boa noite, Evans. –ele falou, tirando os óculos e passando uma toalha pelo rosto –O que houve com o seu braço?

-Nada. –ela respondeu tranqüila –Eu só tenho tendinite por escrever demais. A noite eu tenho que usar munhequeira pra dormir. –ela explicou dando de ombros.

-A que devo o prazer da visita? –James perguntou.

Lily tirou a pequena caixa de dentro do bolso de seu robe.

-Eu só vim te dar meu presente de Natal. –ela falou oferecendo a caixa para ele.

James arqueou a sobrancelha de forma divertida.

-Eu achei que o Natal era só amanhã.

-E é. –Lily falou calma –Mas quer saber? Por mais que eu finja que esta tudo bem e que é uma grande alegria para mim estar aqui eu não posso estar amanhã debaixo daquela árvore de Natal, te dando meu presente, como se o mundo fosse lindo e nós fossemos amigos. –ela falou e por um minuto sua voz não pareceu muito firme, então ela estendeu mais uma vez o presente -Só aceite o meu presente.

James olhou para ela, confuso, sobre como devia agir. Então ele estendeu a mão e aceitou o presente que ela oferecia.

-Espero que você goste. –ela falou, então deu as costas para ele. Quando ela chegou a porta eles ouviram o badalar do relógio, anunciando que já era meia noite, já era dia vinte e cinco, era Natal –Feliz Natal, Potter. –e deixou a sala.

-Feliz Natal... Lily.

XxX

Olivia observou uma nuvem esconder a lua no céu e suspirou. Seus pais não haviam entrado em contato com ela. De novo. Não que ela realmente estivesse esperando que eles fizessem isso. Esse era o tipo de ilusão idiota que ela perdera há muito tempo. Ela sabia que eles não olhariam para trás. Eles nunca olhavam.

Ela já não tinha mais idade para se iludir e achar que eles voltariam um dia. Sua irmã mais velha devia estar esperando por isso até hoje, seu irmão provavelmente nunca esperara que eles mudassem de idéia. Ela já teve a esperança de que um dia eles voltariam. Hoje ela não tinha mais esperança nenhuma em relação a eles.

Ela tinha feito muitas curvas erradas em sua vida, mas nenhuma lhe trazia tanto arrependimento quanto se envolver com os Comensais trazia. Essa era uma parte de sua vida que ela apagaria sem medo, se ela tivesse como fazer isso. Infelizmente ela não tinha.

E agora ela iria jogar Peter Pettigrew na boca dos lobos. E ela não se importava nem um pouco com isso. Ela faria tudo para salvar a própria pele. Esse tanto seus pais haviam lhe ensinado bem.

XxX

Na manhã seguinte todos acordaram cedo, naquela excitação quase infantil de Natal. Cada um querendo esconder do outro o quanto ansiava por aquela manhã e aqueles presentes embaixo da árvore.

Logo os Marotos, as Damas, Andrew e Giulia e Dimitri estavam reunidos numa das salas onde a gigantesca árvore de Natal havia sido montada.

Eles trocaram os presentes e todos foram decentes o bastante para comprarem presentes um para o outro e também todos foram cautelosos o bastante para não comentarem o fato de que Lily não dera um presente a James e ele também não dera nada para ela.

-Esse é o quarto relógio que você ganha, Lily. –Remus comentou admirado.

-Eu adoro relógios. –a ruiva respondeu, admirando o belo acessório em seu pulso.

-Vocês conhecem os gostos umas das outras muito bem. –Giulia observou.

-Ah, não é assim tão difícil nos agradar. –Marizza comentou dando de ombros –Relógios de pulso para a Lily, couro para a Nora, roupas para a Paloma, brincos para a Olivia e maquiagem para mim.

Giulia riu.

-De fato, nada complicado. –ela admitiu levantando-se –Eu vou até a cozinha ver como anda o almoço.

-Ah não, espera ai mulher! –Andrew falou saindo atrás da mulher.

-Ah me erra, Potter. –eles ouviram a voz de Giulia bronquear.

-Bom... –Sirius comentou preguiçoso –Eu vou lembrar do que vocês gostam, pra próxima vez que eu quiser alguma coisa de vocês. –ele falou sarcástico.

-Black, você poderia me dar uma mina de ouro e mesmo assim você não ia conseguir nada de mim. –Olivia falou tranqüila.

-A Nora por outro lado ficaria muito feliz em receber algo de mim, não é minha dama? –Sirius falou com um jeito cafajeste, passando o braço pelos ombros de Nora, que estava sentada ao seu lado.

-De você eu não quero nem educação, Black. –Nora falou, tirando o braço dele de seu ombro.

-Isso é uma coisa um tanto curiosa de se falar, tendo em conta que nós estamos bem embaixo de um ramo de azevinho. –ele falou num tom falsamente casual.

Nora olhou para cima, incrédula, só para constatar que realmente havia um ramo bem acima de sua cabeça e da de Sirius.

-Black, não tem chance nenhuma de eu te beijar. –ela avisou, séria.

-Entre no espírito Natalino, Carter. –ele falou maroto –Um beijinho inocente não vai te matar.

-Como se existisse inocência alguma em qualquer pedaço seu. –Nora falou preparando-se para levantar e fugir dali.

Mas ela não teve tempo de completar o movimento para se levantar antes que Sirius agarrasse seu pulso e a puxasse, fazendo-a cair em seu colo.

-Black, não se atreva...

-Já me atrevi. –ele falou num tom de quem pouco se importava.

E a beijou.

A principio Nora lutou e resistiu, mas Sirius segurou-a firmemente, um braço envolvendo a cintura dela, impedindo-a de sair dali e a outra mão afundada nos cabelos dela, não deixando que ela se afastasse. Os lábios dele pressionaram os dela de forma exigente, até ele correr a língua por entre suas bocas, pedindo passagem, que ela surpreendentemente cedeu.

Sirius sabia que beijar Nora não seria uma experiência qualquer. Ela era voraz, feroz. Para quem estava resistindo no começo ela estava bem receptiva agora. Uma das mãos dela também estava afundada nos cabelos dele, agarrando-os firmemente, enquanto sua outra mão arranhava o pescoço dele suavemente. Sirius apertou-a mais contra seu corpo, ouvindo-a gemer suavemente. Então ela mordeu o lábio inferior dele de forma provocante, antes de se afastar, respirando com dificuldade.

Ela levantou-se tranqüilamente e ajeitou suas roupas e cabelos.

-Vamos levar as coisas para o quarto, meninas? –ela perguntou tranqüila, como se nada tivesse acontecido.

As amigas trocaram sorrisos divertidos e seguiram Nora para fora da sala.

-Sirius, o que foi isso? –Peter perguntou em choque.

-O melhor beijo da minha vida. –Sirius falou deitando no chão, com um enorme sorriso, sem ver a expressão de completo choque dos amigos.

XxX

Com o inicio da tarde vários membros da família Potter começaram a chegar e ocupar quartos e quarto na mansão. Era sempre assim na família de James. Eles vinham, dominavam a casa por praticamente vinte e quatro horas antes de desaparecerem, graças a Merlin.

As Damas haviam se escondido em seu quarto, com a desculpa de estarem se arrumando, mas apenas evitando um confronto com a família inteira de James. Por enquanto.

James estava agora mesmo em seu quarto, deitado em sua cama contemplando o presente que ganhara de Lily. Um Rolex de prata. Definitivamente não era um presente qualquer.

Ele não conseguia entender isso. Ele entendera os motivos dela para não entregar o presente para ele em público, mas tinha algo que o estava incomodando. Elas dera livros de presente para praticamente todos. Tirando suas amigas ela dera livros para os Marotos, para Dimitri e para os pais de James, mas não para ele. Para ele ela dera algo que ela apreciava muito, como ela mesma havia dito, algo caro. Isso queria dizer alguma coisa?

-James. –Andrew bateu na porta do quarto do filho.

-Entra pai. –ele falou, escondendo o relógio sob o travesseiro.

-Seus avós chegaram. –seu pai avisou –Venha cumprimentá-los.

-Certo. Pai... –ele hesitou –Posso fazer uma pergunta?

Andrew arqueou a sobrancelha, divertido, antes de encostar de forma descontraída no batente da por ta e olhar para o filho.

-Por favor. –ele fez um gesto para James prosseguir.

-Bom, imagina que tem uma garota...

-Posso imaginar que ela seja ruiva? –Andrew provocou.

-Pai. –James reclamou.

-Ok, me desculpe. Continue.

-Ela deu presentes para você e seus amigos, mas ela deu uma coisa para eles e outra diferente pra você, uma coisa que ela gosta muito...

-Calma la. –Andrew pediu –Você esta falando que para os meus amigos... –ele falou irônico –ela deu algo comum como...

-Livros. Em suposição é claro. –James se corrigiu rapidamente.

-Ok, ela deu livros para eles e para mim ela teria dado algo que ela gosta muito para ela mesma, que seria como...

-Um relógio. –James completou rapidamente.

-Ela gosta de você. –Andrew declarou com simplicidade.

-Não! Ela não gosta! –James falou de repente.

-Eu achei que era uma suposição. –Andrew falou divertido.

-E é!

-Então acredite: ela supostamente gosta de você. Quando uma pessoa quer muito agradar e não sabe o que dar ela normalmente dá algo que ela mesma gosta muito. Essa garota gosta muito de você, de algum jeito. Mesmo que ela mesma ainda não saiba disso. –Andrew falou, antes de sair e deixar James para trás, totalmente confuso e pensativo.

Ele não queria entender o que o pai dissera. Porque entender aquilo implicava muita coisa. Implicava, especialmente, em admitir que Lily Evans podia sentir alguma coisa. E ele não sabia se ele podia se permitir esse tipo de pensamento no que se referia a ela. Pelo menos ainda não. A verdade é que já havia muito tempo que ela não saía de sua cabeça.

Não na época que ela namorava Remus. Naquela época ele não tinha interesse nenhum nela. Foi depois, foi quando ela se tornou uma Dama foi ai que tudo mudou...

Ele esticou a mão e pegou a caixinha de veludo negro sobre seu criado mudo, o presente que ele comprara para Lily. Ele não tivera forças para entregar a ela naquela manhã. Ele não entendera porque, mas o fato é que ele não havia dado a ela o presente. E isso era um problema.

James levantou-se da cama, num pulo determinado e levou consigo a caixinha. Ele colocou a cabeça pra fora de seu quarto e olhou o corredor com cuidado, antes de decidir que era seguro sair, sem que parente nenhum o atrapalhasse.

Ele caminhou em silêncio até o quarto das meninas e bateu na porta. Marizza abriu a porta e olhou para ele, surpresa.

-Posso ajudar, Potter? –ela perguntou divertida.

-Eu quero falar com a Evans. –ele falou tranqüilo.

-E quem disse que ela quer falar com você? –Nora, apareceu na porta, ao lado da loira, um ar de desafio petulante no rosto.

-Escuta aqui, Carter... –James começou, tentando controlar sua impaciência.

-Não se preocupem. –Lily apareceu atrás das duas amigas –Eu já volto. –ela falou, saindo para o corredor e puxando a porta atrás de si.

James reparou que ela usava um roupão branco e que ela tinha os cabelos molhados. Ela devia ter acabado de sair do banho, sua pele ainda devia estar morna e o cheiro do sabonete...

-O que você quer, Potter? –Lily perguntou impaciente.

-Eu só vim te dar meu presente de Natal. –ele falou tranqüilo, estendendo a caixa de veludo na direção dela –Você tinha razão. Não tinha como eu te dar alguma coisa ali, embaixo daquela árvore como se nós nos gostássemos ou algo do tipo. –cada palavra havia sido escolhida cuidadosamente, ele não deixaria ela pensar que ele era fraco –Feliz Natal, Evans.

Lily pegou, embora incerta, a caixinha que ele lhe oferecia e deixou seus dedos correm pelo veludo. Ela abriu-a e deparou-se com o mais lindo par de brincos que ela já vira em toda a sua vida. Um perfeito par de esmeraldas em formato de gota, em uma armação de prata e com delicados diamantes, o conjunto todo era do tamanho da palma da mão dela.

Lily não tinha palavras para descrever o brinco.

-Isso é... É simplesmente lindo. –ela falou ainda em choque.

-Achei que as pedras iam combinar com a cor dos seus olhos. –James falou de maneira casual, dando de ombros.

-Desde quando você repara nos meus olhos? –Lily perguntou arqueando a sobrancelha.

-Desde que eu percebi que eles são a mais bela perdição. –ele falou num tom tão suave e baixo que Lily não teve certeza se havia entendido direito e foi obrigada a encará-lo.

-O que você quer...

-JAMES!

Uma massa de cabelos castanhos passou por eles, se jogando no pescoço de James e abraçando-o.

-Vanessa, me solta! –James pediu incomodado.

-Ah James, eu tava com saudade de você... –a garota choramingou.

Então Lily pôde finalmente ver a garota. Ela tinha cabelos longos e castanhos, bem como os olhos, sua pele era morena. E ela tinha cara de metida. Lily decidiu que não gostava dela.

-Eu já falei para me soltar, Vanessa! –James falou irritado.

Vanessa soltou James e virou-se para Lily, como se finalmente tivesse visto que havia mais alguém ali. E depois de analisar Lily de cima a baixo sua expressão foi a de mais completo desagrado.

-Você é a ruiva? –ela falou, com voz de desprezo.

Lily arqueou a sobrancelha e cruzou os braços de forma desafiadora.

-Aparentemente... –ela falou debochada.

-Você é a garota que a tia Giulia não pára de falar sobre?

James soltou um gemido frustrado. Ele ia matar a mãe assim que tivesse a chance.

-Devo ser eu mesma. –Lily descruzou os braços e deu um passo para frente, fazendo Vanessa recuar um, a postura da ruiva era ameaçadora –Lily Evans, realeza Grifinória. –ela falou de um jeito tão superior e seguro que a morena recuou mais um passo –E quem seria você?

A porta do quarto das Damas se abriu de repente e por ela saiu Paloma, usando um jeans justo e um sutiã de renda vermelha.

-Vanessa Potter... –ela falou com deboche –Um desprazer vê-la, como sempre. Ainda dando em cima do James ou já cansou de ser ignorada? –ela provocou.

Vanessa fez sua melhor cara de ultraje.

-Como você ousa? –ela perguntou, exageradamente ofendida –James... –ela choramingou.

-Vamos descer, Vanessa. –James falou indiferente –Eu ainda não vi meus avós. –e falando isso deu as costas a prima e as outras meninas.

Vanessa bufou indignada e correu atrás de James.

-Vagabunda. –Paloma falou.

-Você apareceu aqui desse jeito só pra encher ela, né? –Lily perguntou com um sorriso divertido, indicando a roupa da amiga.

-Claro. –Paloma falou como se fosse óbvio –Assim que eu ouvi aquela voz nojenta chamando "James" –ela fez sua voz soar bem estridente –eu tive que vir dar um jeito nela. Essa daí é prima do James, mas vive correndo atrás dele. E é ridículo, porque ele só da fora nela. E ela me odeia porque eu já passei o James. Mais de uma vez. –ela acrescentou com um sorriso maldoso.

-E você adora lembrar isso pra ela. –Lily concluiu revirando os olhos.

-Precisamente. –Paloma falou com um enorme sorriso.

-Eu acho que a Giulia está espalhando alguma coisa de mim pela casa. –Lily falou pensativa.

-Ela ta espalhando que você e o James vão se casar. –Paloma contou divertida –A família inteira vai querer conhecer você.

-Que ótimo. –Lily falou revirando os olhos.

XxX

Quando as Damas não puderam adiar mais sua descida elas deixaram o quarto e se dirigiram até o salão onde a festa acontecia.

O grande salão estava decorado em vermelho e dourado, com festões verdes, com enfeites coloridos estavam pendurados nos batentes de todas as portas. Em volta da pista de dança estavam várias mesas, decoradas com toalhas brancas e vermelhas, que tinham um enfeite dourado sobre si. Uma árvore de Natal ainda maior que a da sala estava a um canto do salão. Várias pessoas andavam de la para cá no salão, e as meninas reconheceram inclusive o Ministro da Magia e sua família.

As pessoas estavam todas belamente vestidas, taças de champagne reluziam e risadas ecoavam por toda parte.

-Eu ainda posso mudar de idéia? –Paloma choramingou.

A morena estava usando um vestido vermelho sangue, de decote discreto e que descia justo até sua cintura, onde se abria numa saia rodada que parava um palmo antes do joelho dela. Nos pés uma sandália de salto alto dourada fazia conjuntos com as jóias que ela usava. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e enfeitado com fios dourados.

-Tarde demais, queridinha. –Olivia falou abrindo um sorriso calculado –A Giulia já nos viu e está vindo para cá.

Oliva vestia um discreto vestido preto, de alças finas, que caía até seu joelho, saltos altos pratas, mas os brincos em sua orelha, sem dúvida nenhuma jóias, estavam longe de serem discretos, eles chegavam até abaixo de seu ombro. E eram realçados pelo fato de ela estar usando seu cabelo preso em um coque.

Marizza estava usando um vestido tomara que caia azul celeste, que mal passava do meio de suas coxas, ela usava uma sandália prata com strass, e seus cabelos estavam soltos em cachos macios, ornados com uma tiara de brilhantes, que fazia conjunto com as outras jóias que ela usava.

Lily vestia um simples vestido preto, frente única, que caía até um pouco abaixo de seu joelho, mas tinha um fenda lateral generosa, que alcançava metade de sua coxa. Ela usava seu cabelo preso num rabo de cavalo baixo, e usava sandálias pretas de salto alto. As única jóias que ela usava eram os brincos que James lhe dera e um bracelete de diamantes no pulso esquerdo.

Nora, por fim, usava um vestido verde esmeralda tomara que caia, que caía de forma leve e solta a partir do busto dela até seus joelhos. Sua sandália era de um verde um tom mais claro. E seu cabelo estava preso num coque de onde alguns cachos escapavam.

-Meninas, vocês estão lindas! –Giulia falou se aproximando.

-Obrigada, Giulia. –Lily falou sorrindo –Você também esta linda.

-Ora. –Giulia riu –Obrigada, querida.

Ela estava de fato linda, usando um vestido de veludo negro, de um ombro só, que chegava a seus pés e com jóias discretas.

-Eu não vou ficar segurando vocês. –a mulher falou animada –Vão se divertir. Se vocês conseguirem é claro... –as meninas riram –Ah só mais uma coisa, lily querida.

Lily olhou para a mulher.

-Sim?

-Bom, se vierem falar com você e disserem que eu falei alguma coisa... –ela começou com um sorriso maroto –Eu juro que não fui eu. –ela deu uma piscadela marota para as meninas e saiu dali.

-Eu to ferrada... –Lily murmurou desanimada.

-Bom, já que você tocou no assunto... –Paloma falou fingindo solidariedade –Você esta mesmo.

-Cala a boca. –Lily falou, enquanto as outras meninas riam.

As garotas não deram dois passos antes de serem cercadas por Vanessa e mais uma menina e um garoto.

-Então essas são suas amigas vagabundas, Paloma? –a outra garota perguntou debochada.

-Liza... Que saudade de você... –Paloma falou irônica.

As duas garotas, Vanessa e Liza, eram primas de James. Vanessa era irmã de Dimitri e Liza era uma outra garota Potter, também morena de olhos castanhos que carregava o namorado para cima e para baixo como se fosse um acessório.

-Pois é querida, quente, sexy e inteligente. Tudo o que vocês não são. –Marizza falou tranqüila.

-Vocês se acham demais, não é? –Liza falou, levantando o queixo, mas seu olhar estava cravado em Nora que trocava sorrisos com seu namorado.

-Não me odeie porque eu sou bonita, me odeie porque seu namorado concorda. –Nora provocou, lançando um beijo ao menino, que pareceu extasiado.

Liza bufou indignada e saiu dali levando o namorado, e com Vanessa logo atrás deles.

-Esse daí não me escapa até o fim da noite. –Nora falou com um sorriso maldoso.

-Guarde esse veneno hoje, Carter. É Natal. –Sirius falou, aparecendo atrás dela e a abraçando pela cintura.

-Me desculpe, mas você obviamente me confundiu com alguém que se importa. –Nora falou indiferente, mas não afastou Sirius de si.

Ele apoiou o queixo no ombro da morena.

-Esquece aquele idiota. Ele não é homem pra nada. Você vai passar a noite comigo. –ele falou tranqüilo.

-Quem disse? –ela perguntou debochada, virando-se para encará-lo.

Sirius deu um sorriso cafajeste, antes de apertar o abraço que dava a cintura dela.

-Eu disse. –ele falou como se fosse óbvio.

-Black, não fica se achando só porque eu te dei um beijinho.

-Uau, aquilo foi um beijinho? Mal posso esperar para ver o que um beijão é para você. –Sirius falou com um enorme sorriso maldoso.

-Você não vai ver nada. –Nora falou tranqüila.

-Vocês vão mesmo ficar nesse papo inútil? –Olivia bufou.

-Bom, se eles vão eu não vou ficar ouvindo. –Marizza falou com um sorriso enorme.

As meninas acompanharam o olhar de Marizza e viram que estava cravado em um elegante rapaz que vinha na direção dela.

-Com licença. –o rapaz falou com um sorriso encantador –Eu gostaria de saber se a bela senhorita me daria a honra dessa dança.

-Com todo prazer. –Marizza falou com um enorme sorriso, aceitando a mão que ele lhe oferecia.

-Ela vai se arrepender disso em cinco minutos. –James falou com um sorriso satisfeito.

-Por que? –Nora perguntou curiosa.

-Aquele cara é o Alphonse. –Paloma falou fazendo uma cara de nojo –É um primo do James que é um saco.

-E a gente chama ele de All só pra fazer ele ficar nervoso. –Sirius comentou com um sorriso divertido.

-Isso porque a festa acabou de começar... –Lily falou soltando um suspiro cansado.

-Então força ai. –Olivia falou com um sorriso de canto de boca.

-Paloma! –Andrew aproximou, parecendo feliz por ter encontrado a morena –Venha me ajudar a abrir essa pista de dança pelo amor de Merlin. Geralmente seus pais fazem isso, mas como eles não estão aqui... –ele fez um gesto desolado em direção a pista, onde apenas três casais não muito animados, dançavam.

-Deixa comigo, tio Andrew. –ela falou, dando a ele uma piscadela marota.

Ela se encaminhou até a banda que tocava e trocou algumas palavras com o maestro, que apesar de torcer o nariz para ela aceitou o pedido e parou a música.

A morena agradeceu e segui até o meio da pista. Quando ela fez um gesto com a mão uma música começou tocar e uma guitarra chorou ao longe. (n/a: Into the Night, Santana)

Ela levantou os braços, fazendo movimentos lânguidos com as mãos. Tambores soaram.

Like a gift from the heavens

It was easy to tell

It was love from above

That could save me from hell

Paloma começou a dançar, balançando o corpo e começando a atrair olhares para si.

She had fire in her soul

It was easy to see

How the devil himself could be pulled out of me

There were drums in the air

As she started to dance

Every soul in the room keeping time with their hands

A música tornou-se mais quente, ao passo que os movimentos dela também. Ela começou a rodopiar, seu vestido vermelho dando um toque mágico a cena. As amigas da morena puxaram as palmas, batendo no ritmo da música.

And we sang a, away, away, away

And the voices rang like the angels sing

And singing a, away, away, away

And we danced on into the night

And we danced on into the night

-Sabia que seria a escolha certa. –Andrew falou com um sorriso orgulhoso, vendo a morena dançar.

-É. –Dimitri concordou automaticamente, sem realmente ouvir o que o outro homem dissera.

-Mas olha só... –Andrew falou com falsa surpresa –Ainda não há casais se aventurando na pista. Acho que precisamos de um casal para puxá-los. Vá lá dançar com ela, Dimitri. –ele falou, empurrando o sobrinho para a pista.

Dimitri cambaleou um pouco, antes de parar e se dar conta que estava na pista de dança.

Like a piece to the puzzle that falls into place

You could tell how we felt from the look on our faces

We were spinning in circles with the moon in our eyes

No room left to move in between you and I

Paloma viu Dimitri parado ali perto dela. Ele ia dançar com ela? Sempre ouvira falar que Dimitri dançava muito bem, mas nunca havia realmente visto. Ela olhou para ele num convite mudo, esperando ele se aproximar.

And we forgot where we were

And we lost track of time

And we sang to the wind as we danced through the night

Dimitri sentiu seu corpo se movendo sozinho em direção a Paloma, seus olhos presos nos dela. Quando estavam perto o bastante ele segurou a mão dela, fazendo com que ela rodopiasse e risse. Ele sabia que agora estava perdido.

And we sang a, away, away, away

And the voices rang like the angels sing

And singing a, away, away, away

And we danced on into the night

Era enlouquecedor como o corpo dela era quente.

And we danced on into the night

Como o jeito que ela ria era musical.

And we danced on into the night

Como os lábios dela eram tentadores vistos tão de perto.

E com o ela não tinha medo. Ela se jogava nos braços dele com total confiança de que ele estaria ali para segurá-la, para ampará-la. E cada vez que o corpo dela voltava para perto do dele era uma emoção diferente. Enquanto eles tinham apenas o choro daquela guitarra para conduzi-los, o mundo pareceu sumir da mente de Dimitri.

Like a gift from the heavens

It was easy to tell

It was love from above

That could save me from hell

Ele conseguia ouvir ao longe as palmas batendo em ritmo com a música, mas ele não estava exatamente prestando atenção nisso. Ele e Paloma tinham o olhar fixo um no outro.

She had fire in her soul

It was easy to see

How the devil himself could be pulled out of me

Ele a puxou mais uma vez para junto de seu corpo e correu os dedos pela face dela, e viu Paloma fechar os olhos.

There were drums in the air as she started to dance

Every soul in the room keeping time with their hands

Os outros casais finalmente tomaram coragem para se aventurarem na pista, mas na mente de Dimitri ainda havia apenas eles dois ali. O corpo dela ali tão perto, o perfume tão venenoso para ele, a pele macia e quente dela...

And we sang a, away, away, away

And the voices rang like the angels sing

And singing a, away, away, away

And we danced on into the night

A, away, away, away

And the voices rang like the angels sing

And singing a, away, away, away

And we danced on into the night

Ele abraçou fortemente a cintura dela e inclinou-a para trás devagar, ainda em tempo com a música, sem nunca tirar seus olhos dos dela...

A, away, away, away

A, away, away, away

Singing a, away, away, away

And we danced on into the night

O salão irrompeu em palmas, mas mesmo assim ele não descolou os olhos castanhos dos azuis dela. Os braços ainda estavam presos em volta dela e ele estava com uma grande dificuldade para soltá-la.

-Dimitri... –ela chamou baixinho, ainda ofegante pela dança, ou agora talvez não só por isso.

Seria possível resistir a tanta tentação tão perto? Ele estava perdendo miseravelmente para ele mesmo. Era como se Paloma o estivesse atraindo de forma irresistível. Eles estavam se aproximando? Devia ser isso, porque ele já sentia o hálito dela mais próximo, o perfume de canela dela...

-Dimitri! –Vanessa apareceu separando o casal –Você esteve maravilhoso! –ela falou ignorando totalmente Paloma –Que tal dançar com a sua irmã querida agora? –ela fez um biquinho bem falso.

-Vanessa. –Dimitri bufou –Eu estou...

-Sei que a Paloma não se importará, não é querida? –ela falou com um sorriso descaradamente falso e nem esperou por uma resposta, apenas saiu de la puxando o irmão.

-Vagabunda. –Paloma falou baixinho.

Ela estava sentindo um tremor estranho no corpo, seu estomago parecia cheio de borboletas. O que havia acontecido naqueles curtos momentos nos braços de Dimitri? Ela se sentira leve, mas um tanto sem forças... O que raios era aquilo?

-Foi impressão minha ou você estava quase beijando o professor bonitão antes da vaca Potter chegar? –Lily perguntou, parecendo chegar de lugar nenhum junto com Olivia.

-Eu... Eu... Eu não tenho a mínima idéia do que aconteceu. –Paloma falou um pouco frustrada.

XxX

Remus estava andando pelo salão um tanto sem ter o que fazer. Peter devia estar se entupindo de comida em algum canto, enquanto tanto Sirius quanto Nora haviam desaparecido completamente (mas ele duvidava muito que tivesse sido juntos) e James estava tentando se livrar da família dele.

-Lupin! –ele ouviu alguém chamar e virou-se apenas a tempo de ver uma cabeleira loira se jogar em cima dele –Me esconde daquele cara.

-Marizza? –ele falou reconhecendo-a –O que houve?

-Aquele primo do James é muito chaaaato. –ela choramingou –Me esconde dele.

Remus riu suavemente.

-Não é pra tanto, Marizza.

-É sim. –ela insistiu –Ele é um saco, só sabe falar dele mesmo. E olha que ele nem é tudo isso. –ela olhou para ele e passou os braços em volta do pescoço dele –Então que tal eu ficar aqui e a gente falar de alguma coisa mais interessante, tipo sei la, a aula do professor Binns?

Remus não conseguiu segurar uma risada.

-Tava tão ruim assim?

-A companhia ajuda muito se você quer saber. –ela falou dando de ombros.

-E o que isso quer dizer? –ele perguntou irônico.

-Que eu prefiro ficar aqui com você falando das animadas aulas do Binns do que conversar sobre qualquer outro assunto com aquele mala. –ela falou como se fosse óbvio.

Remus olhou para ela e arqueou a sobrancelha. Seria aquilo alguma armadilha? Ela teria alguma idéia, algum plano por trás disso? Mas ele não conseguia ver Marizza fazendo esse tipo de coisa. Ela não era venenosa do jeito que as outras eram. Ela era apenas alienada demais...

-Ok, eu te protejo. –ele cedeu –Mas com uma condição. –ele acrescentou misterioso.

-Qual? –Marizza perguntou sorrindo divertida.

-Que você me chame de Remus. –ele falou com um sorriso maroto.

-Combinado, Remus. –ela falou rindo.

XxX

Lily estava tentando fugir dos parentes de James. Isso era fato. Eles não paravam de fazer perguntas nada discretas a ela. Ela já cansara de repetir que não tinha absolutamente nada com James Potter, mas eles não queriam acreditar nela. O que quer que Giulia tivesse dito tinha sido bom o bastante para convencer a todos que os dois era predestinados.

Lily procurou por uma mesa mais afastada e sentou-se cansada. Assim que se acalmou, porém, ela ouviu um soluço choroso. A ruiva olhou em volta, procurando pela fonte do barulho até perceber que ele vinha debaixo da mesa, na qual ela havia se sentado. Ela levantou a toalha e arriscou uma olhada. Ali, embaixo da mesa, havia uma menina usando um vestido branco de festa, chorando, com a testa encostada nos joelhos e os braços abraçando a perna.

Ela chorava tão sentida que Lily se sentiu mal por ela, mesmo sem saber porque ela chorava.

A ruiva olhou em volta para ter certeza que ninguém a estava vendo, e então deslizou para baixo da mesa.

-Ola. –ela falou suavemente.

A menina pareceu surpresa e levantou os belos olhos cor de amêndoas para olhar para Lily. Ela tinha o cabelo castanho cortado no estilo chanel e tinha um rosto gracioso, mas totalmente molhado pelas lágrimas. Ela analisou Lily por um minuto.

-Você é a ruiva por quem o James está apaixonado. –ela constatou.

Lily bufou.

-Eu não sei de onde vocês tiraram essa idéia ridícula, mas eu não tenho nada com o Potter. Ela falou revirando os olhos.

-Desculpa. –a menina pediu tristemente, voltando a abaixar a cabeça.

Lily xingou-se mentalmente.

-Meu nome é Lily. Qual é o seu? –ela perguntou delicadamente.

-Victoria. –a pequena respondeu passando a mão pelo rosto, limpando as lágrimas.

Lily apostava tudo que ela não tinha mais que oito anos.

-Por que você está chorando?

-Por causa da minha irmã. –ela falou, os olhos voltando a se encherem de lágrimas –Ela disse que eu pareço uma bala de coco redonda, embrulhada em papel branco. Ela vive falando que eu estou gorda. Mas ela só fala isso porque ela ta brava porque o James pra variar não dá atenção para ela. –Victoria desabafou.

-Você é irmã da tal Vanessa? –Lily perguntou arqueando a sobrancelha.

-Sim. Por que? –ela perguntou insegura.

-Nada. –a ruiva deu de ombros –Eu só estava me perguntando como alguém tão encantadora quanto você pode ser irmã daquela coisa. –Lily comentou fazendo a pequena rir mais calma –E se você parece uma bala é porque você é doce, por mais nenhum outro motivo.

Victoria olhou para Lily com admiração estampada em seus olhos.

-Evans! O que raios você esta fazendo embaixo da mesa? –elas ouviram a voz de James do lado de fora, antes de ele enfiar a cabeça embaixo da mesa e se deparar com as duas.

-O que vocês duas estão fazendo ai? –ele perguntou confuso.

-Conversando. –Lily respondeu tranqüila –Como você me achou aqui?

-Eu vi seu pé. –ele falou, indicando os pés dela que estavam para fora da toalha.

Do outro lado da mesa a toalha se levantou e por ela apareceu um sorridente Andrew.

-Ora, se não é nossa doce e desaparecida Victoria. –ele falou sorrindo para a menina –E nós pensando que a Lily estava se escondendo da nossa família e ela estava resgatando nossa princesa.

Victoria riu com Andrew.

-Que tal a gente terminar essa conversa em outro lugar? –James pediu impaciente.

-Boa idéia. –Andrew falou levantando-se.

Logo todos saíram debaixo da mesa.

-O que vocês estavam fazendo embaixo da mesa? –Giulia perguntou confusa, aproximando-se do grupo.

-Eu estava convidando a Lily para dançar. –Andrew falou sorrindo –A senhorita me daria a honra?

Lily sorriu.

-Claro, senhor Potter.

-Me chame de Andrew, querida. –ele sorriu –Victoria, me anjo, você poderia me fazer um favor?

Victoria fez que sim com a cabeça e se aproximou de Andrew que cochichou algo em seu ouvido. Ela sorriu ainda mais e fez que sim com a cabeça de novo, antes de sair dali.

-E quanto a mim? –Giulia perguntou fingindo-se de brava.

-Eu danço com você, mãe. –James falou com um sorriso charmoso –Se você me permitir a honra. –ele completou maroto.

-Esse menino presta menos que você, Andrew, se é que isso é possível. –Giulia comentou orgulhosa, dando um beijo no rosto do filho.

Os dois casais foram para a pista e começaram a dançar. Lily ria das coisas que Andrew falava e ficara muito feliz por ele não tocar no assunto James com ela.

Victoria atravessou o salão para falar com o homem que conduzia a banda. Ele mais uma vez não pareceu feliz com a interrupção, mas no fim aceitou. Logo uma nova música começou a tocar. (N/A: "Amor Maior", Jota Quest)

Eu quero ficar só, mas comigo só eu não consigo

Sem que a ruiva percebesse ela e Andrew já estavam mais uma vez do lado de Giulia e James.

Eu quero ficar junto, mas sozinho só não é possível

-Será que podemos trocar de par, James? –Andrew perguntou com um sorriso –Adoraria dançar essa música com a sua mãe.

-Ah... Eu... Claro, pai. –James respondeu por fim, apesar da situação não lhe agradar em nada.

-Obrigado. –Andrew, falou tomando a esposa nos braços.

É preciso amar direito, um amor de qualquer jeito

Ser amor a qualquer hora, ser amor de corpo inteiro

-Potter. –Lily cumprimentou tensa.

-Evans. –James respondeu no mesmo tom.

Amor de dentro pra fora, amor que eu desconheço

Ele pôs uma das mãos na cintura de Lily, que muito hesitante pôs a mão no ombro do maroto. E deu a outra para ele segurar. Mas a distancia entre eles era ridícula, ninguém dançava assim tão longe.

Quero um amor maior, amor maior que eu

Quero um amor maior, um amor maior que eu

-Evans, eu sei muito bem que essa situação é desagradável para nós dois, mas já que estamos aqui vamos pelo menos fingir direito. –ele falou revirando os olhos.

-Você quem sabe, Potter. –ela falou dando de ombros.

Então James envolveu a cintura dela, num abraço firme e ela passou os braços pelo pescoço dele.

Eu quero ficar só, mas comigo só eu não consigo

Eu quero ficar junto, mas sozinho só não é possível

Eles se moviam no ritmo da música e lentamente foi como se o mundo em volta deles fosse se dissolvendo.

É preciso amar direito, um amor de qualquer jeito

Lily nunca se sentira tão bem ao estar nos braços de alguém. E o fato de a pessoa que a estava fazendo se sentir assim era James Potter só a preocupou ainda mais.

Ser amor a qualquer hora, ser amor de corpo inteiro

James olhou para os olhos de Lily para ver se descobria alguma coisa, ou se entendia algo. Parecia que os olhos dela brilhavam mais do que qualquer outra vez que ele já vira. Eles pareciam pedras gêmeas das esmeraldas que ela tinha nas orelhas. Esmeraldas que ele dera, ele pensou com certo orgulho.

Mas ela era tão confusa e complexa! Então porque raios ela não saía de sua cabeça?

Amor de dentro pra fora, amor que eu desconheço

Quero um amor maior, amor maior que eu

Quero um amor maior, um amor maior que eu

E foi olhar nos olhos dele que ele viu o que devia ser um reflexo de si mesmo: dúvida e confusão. Será que ela também percebera como cabia perfeitamente nos braços dele.

Então seguirei meu coração até o fim pra saber se é amor

Magoarei mesmo assim mesmo sem querer pra saber se é amor

E foi quando o mundo terminou de desaparecer para eles. Agora não havia nada ali naquela pista que não fosse os dois e a música. Eles pararam de dançar. Apenas ficaram ali se encarando. E o que aconteceu depois não tinha como os dois controlarem.

Uma das mãos de James apertou o abraço que dava a cintura de Lily, como se tivesse medo que ela fosse fugir, a outra mão dele subiu até tocar o rosto da ruiva e passar o contorno dos lábios dela com seu dedo indicador. Lily sentiu os dedos de James descobrindo seu rosto e fechou os olhos, inclinando a cabeça para trás em deleite. E para James aquilo foi mais do que um convite.

Eu estarei mais feliz mesmo morrendo de dor

Pra saber se é amor, se é amor

Ele deslizou a mão para a nuca dela e se inclinou devagar, até seus lábios se tocarem, fazendo um mundo de sensações explodir em volta deles. Lily gemeu baixo quando James mordiscou seu lábio inferior pedindo para aprofundar o beijo. E ela entreabriu os lábios, permitindo que a língua dele brincasse com a sua.

Quero um amor maior, amor maior que eu

Quero um amor maior, um amor maior que eu

Esse era um beijo que nenhum dos dois nunca tinha provado. Era calmo, lento, como se eles pudessem ficar ali para sempre se provando.

Um amor maior que eu

Maior que eu

Mas o mundo exterior interferiu.

Um amor maior que eu

A música acabou e com o seu fim os convidados bateram palmas, o que fez o casal despertar.

Eles se olharam. James inexpressivo e Lily incrédula.

Ela acabara de beijar James Potter de um jeito que ela nunca beijara ninguém em toda a sua vida! E as sensações ainda eram tão fortes e corriam tão soltas por seu corpo que era como se eles ainda se beijassem. Ela levou as mãos aos lábios que pareciam queimar. Então ela olhou para James que parecia concentrado em assistir cada movimento que ela fazia. E Lea não soube explicar porque, mas no segundo seguinte ela deu as costas a ele e se afastou sem falar mais nada.

James soltou um suspiro frustrado quando Lily se afastou dele. O que ele tinha na cabeça para beijá-la daquele jeito? E por que raios ela tinha correspondido? Por Merlin, isso era além de loucura! E ela era simplesmente perfeita.

XxX

-Lily, espera! –Lily virou-se ao ser segurada por alguém. Era Olivia –Nós estávamos procurando por você.

Ela viu que Olivia estava acompanhada de Sirius, Peter e Nora.

-Onde você estava? –Lily perguntou desconfiada, olhando para Nora.

-Destruindo mais um relacionamento feliz. –ela falou sorrindo –Nós vamos jogar "eu nunca", quer vir? –ela perguntou tranqüila.

Lily respirou fundo, disposta a esquecer tudo o que acontecera poucos minutos antes.

-Claro. –ela respondeu –Onde nós vamos jogar?

-Na biblioteca. –Sirius informou –Eu vou pegar a bebida e os copos, o Peter vai levando vocês até la.

As três garotas seguiram com Peter até a biblioteca, que ficava na outra ponta da casa. A sala era enorme, para se dizer o mínimo. O teto se estendia por metros e metros acima da cabeça das garotas, onde um lindo vitral estava disposto. As enormes janelas de vidro mostravam o céu negro la fora e o chão coberto de neve. Havia pouca luz ali, a não ser por algumas velas solitárias. As prateleiras cobertas de livros pareciam não acabar nunca.

-Vamos até a parte de cima. –Peter falou indicando as escadas.

Eles subiram as escadas e chegaram a parte superior da biblioteca que ainda era cheia de livros. Eles se dirigiram até um dos cantos afastados, Nora conjurou algumas velas e as acendeu.

Eles esperaram em silêncio por um tempo. Não havia assunto entre as Damas e um ser simplório como ele.

Até que Olivia gritou.

-O que foi? –Lily perguntou assustada.

-Tem alguma coisa no meu pescoço! –Olivia reclamou, agitada.

-Calma. –Peter se aproximou –Deixa eu ver.

Ela virou de costas para ele e Peter viu uma aranha que caminhava ali no pescoço da morena. Ele retirou cuidadosamente a aranha e colocou-a em um canto, de onde ela desapareceu imediatamente.

-Por que você não matou isso? –Olivia falou incomodada.

-Porque ao contrário do que vocês cinco possam pensar ninguém tem direito de esmagar ninguém, nem nada. –ele falou de um jeito tranqüilo. Não era uma provocação ou deboche, era apenas uma constatação.

Olivia abaixou a cabeça, então olhou para a direção oposta a de Peter.

-Obrigada, Pettigrew. –ela falou baixinho.

Lily e Nora olharam para a amiga totalmente espantadas. Olivia nunca agradecia ninguém. Ela achava que as pessoas faziam as coisas para ela e que aquilo não era mais do que a obrigação delas.

-De nada, Morgan. –ele respondeu com um sorriso suave.

Eles caíram em silêncio de novo. Mas dessa vez ele foi cortado minutos depois por vozes que se aproximavam. Logo eles viram Sirius se aproximar, com James, Marizza e Remus junto. O primeiro vinha com uma garrafa de whisky de fogo em cada mão.

-Vocês vão mesmo fazer isso? –Remus perguntou entediado –Um jogo que envolve nós nove e uma bebida alcoólica?

-Grande coisa, Remus. –Paloma falou dando de ombros –Relaxa e goza, amor.

-Lema pessoal, Paloma? –Sirius provocou.

-Sempre, queridinho. –ela respondeu dando uma piscadela para ele.

Remus bufou, mas ao ver que era o único que não tinha um bom pressentimento sobre aquilo calou-se e se sentou no chão.

Eles fizeram uma roda no chão, basicamente as meninas de um lado e os meninos do outro. Lily e James evitavam se olhar e pareciam ignorar totalmente um a presença do outro. Sirius conjurou copinhos de dose e eles colocaram as duas garrafas no centro da roda.

-Todos sabem como jogar? –Olivia perguntou.

As meninas fizeram que sim com a cabeça, mas apenas Sirius entre os Marotos conhecia o jogo.

-É assim: a primeira pessoa faz uma frase falando algo que ela nunca fez, quem já tiver feito tem que virar uma dose. –Nora explicou –Por exemplo assim... –ela virou-se para Lily –Eu nunca namorei um Maroto.

Lily revirou os olhos e virou a dose que ela tinha na mão.

-E quem perde o jogo? –Remus perguntou.

-Quem desmaiar primeiro. –Marizza falou divertida.

-Parece interessante. –James falou –Vamos la.

Todos se serviram das bebidas.

-Eu começo! –Paloma falou animada –Eu nunca foi interrompida na hora H. –ela falou levantando a sobrancelha de forma sugestiva.

Sirius riu e bebeu, Marizza pareceu sem graça, mas também bebeu, Lily acabou bebendo também e Remus revirou os olhos antes de beber.

-Que deslize, hein Lobinho... –James provocou.

-Foi culpa minha, eu esqueci de trancar a porta. –Lily falou tranqüila.

As meninas riram maldosas, mas James fechou a cara.

-Minha vez! –Marizza falou –Eu nunca andei fora de hora pela escola só para me encontrar com alguém.

Todos riram e beberam.

-Eu nunca transei com alguém no primeiro encontro. –Lily falou.

-Eu duvido... –Sirius resmungou antes de virar seu copo, junto com todos os outros amigos.

Apenas Paloma entre as meninas também bebeu.

Vinte minutos e vários shots depois as perguntas estavam se inclinando para uma direção muito perigosa.

-Deixa eu pensar... –Sirius falou meio mole –Eu nunca fiz nada de impróprio na biblioteca da escola.

Nora revirou os olhos e bebeu, junto com Lily e Remus.

-Eu sabia que tinha um motivo pra você ficar tanto tempo naquele lugar. –Peter falou dando um tapinha no ombro de Remus.

-Bom, pra alguma coisa tinha que servir aquele monte de prateleiras... –Sirius falou tranqüilo.

Remus optou por ignorar os dois.

-Hum, eu nunca... –James começou, mas foi interrompido por som de passos.

Logo Dimitri apareceu e olhou incrédulo para eles.

-O que vocês estão fazendo? –ele exigiu ao ver as garrafas de whisky de fogo.

-Jogando "eu nunca". –James falou tranqüilo –Vem jogar também.

-Vocês estão loucos? –ele falou irritado –Vocês estão aqui se embebedando e ainda acham que eu...

-Cala a boca e senta logo, Dimitri. –Sirius falou preguiçoso.

Dimitri resmungou alguma coisa antes de se sentar no chão, ao lado do primo.

-Já que é assim... Eu nunca me senti atraído por um inimigo. –ele falou em tom de desafio.

James e Sirius lançaram olhares assassinos a Dimitri, mas no fim depois de um minuto de tensão todos beberam.

-Você conhece esse jogo. –Nora acusou.

-Bom, eu fiz escola de aurores. –Dimitri lembrou –E meu colega de quarto era trouxa.

Todos riram.

-Bom, voltando a minha vez... –James falou pegando seu copo, ele pareceu pensar por um minuto, antes de abrir um enorme sorriso malicioso –Eu nunca beijei alguém do mesmo sexo que o eu.

As meninas trocaram sorrisos maldosos antes de beberem.

-Opa! Eu quero saber dessa história! –Sirius falou –Com riqueza de detalhes de preferência.

-Isso não é um jogo de perguntas e respostas, Black. –Olivia lembrou tranqüila.

-Ah qual é! –James protestou –Vocês não podem soltar uma bomba dessa e não quererem que nós fiquemos curiosos.

-Ninguém mandou você fazer a frase, Potter. –Lily lembrou –Agora agüenta a dúvida.

-Eu posso dar um beijo na Paloma agora. –Nora falou de repente.

Todos olharam em choque para ela, inclusive Paloma. Nora abriu um sorriso malicioso.

-Se... –ela começou se divertindo antecipadamente –Dois de vocês fizerem a mesma coisa.

As meninas abriram enormes sorrisos maldosos e os meninos ficaram em um silêncio chocado.

-Eu topo. –Paloma falou sorrindo maliciosa –Vocês fazem, nós fazemos.

-Vocês querem que dois de nós se beijem de língua? –Peter perguntou em choque.

-Só se vocês quiserem ver nós duas nos beijarmos de língua. –Nora falou tranqüila –Nós vamos nos beijar do jeito que vocês se beijarem, simples assim. Palavra de Dama.

Os meninos trocaram olhares chocados. Então os olhares se viraram para Remus.

-Nem pensem nisso. –ele avisou ameaçador –Eu não falei nada, isso é entre vocês.

Então os olhares se desviaram para Peter.

-Eu muito menos! –o maroto protestou –O Almofadinhas e o Pontas que são os super unidos, eles que deviam se beijar.

Sirius e James olharam um para o outro.

-Não me diga que você esta considerando isso, Almofadinhas! –James falou chocado.

-Cara, as duas vão se beijar! –Sirius falou como se o fato fosse de suma importância –Não da pra perder uma chance dessa.

James achou melhor ignorar o amigo porque ele estava bêbado demais.

-Não tem chance de eu te beijar. –James falou por fim.

-Bom, a decisão é de vocês... –Nora falou tranqüila.

Dimitri bufou e revirou os olhos.

-James. –ele chamou o primo –Você é ou não um Potter?

James pareceu confuso por um minuto até que um sinal de completo entendimento se fez no rosto dele.

-É verdade... –ele falou.

James aproximou-se do primo e depositou um curto beijo nos lábios dele.

Um silêncio chocado caiu entre eles.

-O que raios foi isso? –Sirius perguntou em choque.

-Isso foi tudo de bom... –Marizza respondeu fingindo se abanar.

-Na nossa família é comum trocar beijos com parentes próximos. –Dimitri falou tranqüilo –É sinal de confiança e lealdade.

-Cara, eu não quero mais pertencer essa família. –Sirius falou fazendo uma careta.

-Que seja, Almofadinhas. –James falou impaciente –Agora... –ele virou-se para Nora e Paloma –Que tal vocês terem a bondade?

Todos os olhares se fixaram nas duas. As duas trocaram um olhar maldoso. Paloma pôs a mão na parte de trás do pescoço de Nora e puxou a amiga para perto, depositando um beijo macio nos lábios dela.

-Uau... –Sirius falou bobamente –Vocês podem fazer isso de novo, assim que eu arrumar uma câmera fotográfica?

-Sem chance, Black. Exibição única e não "reprisável". –Nora falou tranqüila.

-Remus, sua vez. –Lily falou.

-Eu nunca quis ver o Pontas beijar o primo dele. –o maroto falou com cara de nojo.

As meninas riram ao ver todos os meninos bebendo e Olivia e Lily também beberam.

-Como vocês são caretas... –Paloma falou rindo.

Mais algumas rodadas depois a segunda garrafa de whisky já estava na metade. E mais uma vez era a vez de James.

-Sem perguntas constrangedoras dessa vez, Potter. –Nora falou irônica.

James olhou para seu copo, como se não tivesse ouvido a garota. Ele parecia distante, pensativo. Então seu olhar se cruzou com o de Lily.

-Eu nunca... Senti atração por ninguém nessa roda. –ele falou cada palavra cuidadosamente e logo depois virou a sua dose, diante do olhar chocado de todos.

As meninas trocaram um olhar preocupado, enquanto todos ainda decidiam se falavam a verdade ou não. Então Paloma riu e bebeu, seguida de Marizza, o que fez um pequeno sorriso aparecer nos lábios de Lily.

Mas antes que mais alguém tivesse tempo de fazer alguma coisa, eles ouviram passos novamente.

-James! –era a voz de Victoria.

Todos fizeram o melhor que puderam para parecerem apresentáveis. Logo Victoria apareceu onde eles estavam.

-Ai estão vocês. –a pequena falou com um sorriso –James, a tia Giulia está chamando porque ela logo vai servir a ceia.

-Obrigado, princesa. –ele falou com um sorriso.

Victoria sorriu feliz e saiu saltitando da biblioteca.

-Eu não sei se consigo me levantar. –Peter foi o primeiro a admitir.

Dimitri deu um suspiro entediado e tirou sua varinha do casaco. Ele pronunciou um encantamento desconhecido para os outros. Logo todos sentiram-se um pouco mais sóbrios.

-Que feitiço é esse? –Sirius perguntou curioso.

-Um feitiço que eu espero que vocês nunca mais tenham que usar. –foi a resposta dele –Agora vocês estão apenas levemente embriagados, mas não vão fazer nenhuma besteira, pelo amor de Merlin.

-Fale isso para eles... –Olivia falou com descaso –Nós nunca descemos do salto.

Falando isso as cinco damas passaram por eles de cabeça erguida.

-Quando a gente começa a achar elas mais humanas elas dão um jeito de voltarem a serem completas vagabundas... –Peter falou num suspiro.

-Essa é a natureza delas. –Sirius falou dando de ombros –Ou melhor, é a natureza feminina...

XxX

As Damas chegaram ao salão onde as pessoas começavam a se sentar as mesas, esperando pelo começo da ceia. Tão logo elas se aproximaram mais das mesas Giulia veio na direção delas.

-Olivia querida! –ela falou animada –Você nos daria a honra de ouvi-la ao piano antes da ceia?

-Eu não sei, Giulia... –Olivia falou desconfortável.

-Querida, se você não quiser não precisa, mas eu ficaria encantada se você pudesse cantar e tocar o piano para nós. –a mulher falou sorrindo.

Olivia respirou fundo.

-Será um prazer Giulia. –ela respondeu por fim.

-Ótimo! –Giulia bateu palmas animada –Vou pedir a atenção de todos. –ela falou saindo dali.

-Que furada. –Olivia suspirou.

-Vai com fé agora, queridinha. –Paloma deu de ombros –É só respirar fundo e usar todo esse seu falso ar de inocência e eles vão comer na palma da sua mão. Eu falo por experiência própria.

-Ok. –Olivia respirou fundo –Que música eu devo cantar.

-Alguma coisa romântica. –Lily falou –Eles vão adorar.

-Certo. –mais uma vez a morena respirou fundo e então dirigiu-se até onde o piano estava.

As meninas ficaram ali paradas olhando a amiga. Logo os Marotos e Dimitri o chegaram, parando ao lado delas.

-O que esta rolando? –James quis saber.

-A Olivia vai cantar uma música. –Marizza respondeu brevemente.

Os meninos também olharam atentamente para a morena.

-Boa noite a todos. –Andrew falou, chamando a atenção de todos para si –Antes de mais nada eu gostaria de desejar um feliz Natal a todos. –algumas exclamações de concordância e desejos de feliz natal soaram pelo salão –E pra finalizar, antes de finalmente servirmos a ceia eu gostaria de apresentá-los a senhorita Olivia Morgan, que cantará uma canção para nós. –ele falou indicando Olivia ao piano e puxando as palmas.

Olivia sabia que muitas das caras curiosas voltadas para ela tinham a ver com seu nome. Afinal a família Morgan era uma tradicional família de sangues-puros. Tirando o fato de que eles não tinha nada a ver com uma família.

Ela respirou fundo, antes de começar a tocar suavemente as chaves do piano de cauda. (n/a: "I'm Done", Pussycat Dolls) Logo a voz dela preencheu o salão.

-I wasn't looking for this

What is this?

How I know?

Ela tinha noção de que todos os olhares agora estavam direcionados a ela.

-You know I was doing just fine

By myself, on my own

Tell me how to stop this feeling

As Damas pareceram se movimentar desconfortáveis. A escolha de Olivia havia sido boa, mas na verdade nenhuma delas queria ouvir aquela música, já que uma vez, há um tempo atrás Monica Evans, a mãe de Lily, tornara aquela música uma profecia para elas...

-I don't wanna fall in love

Just wanna have a little fun

Then you came and swift me up

And now I'm done

So done

Falling madly deeply

I surprised myself enough to find

That what's begun this love

And now I'm done, so done

I'm done

Monica falava que elas ainda iam se apaixonar mesmo não querendo e que elas não poderiam fazer nada para fugir ou escapar disso. E era essa música que inspirara tal conversa. Essa era a música que elas não queriam nunca ver se tornar realidade...

-I can't imagine right now

Standing here without you

To think I tried to ignore

What I felt, what I knew

I could never stop this feeling

James sentiu-se inconfortável com a letra melosa. Ele queria sumir dali. Ele queria ouvir aquilo de outra boca, mas por que ele sequer imaginava. Não era como se ele mesmo estivesse apaixonado. Ele nunca iria cair numa armadilha dessas.

-I don't wanna fall in love

Just wanna have a little fun

Then you came and swift me up

And now I'm done

So done

Marizza trocou o peso de um pé para o outro, num sinal claro de desconforto. Ela não suportava essa música. As outras meninas viviam falando que ela era a mais alienada e que seria a primeira a se apaixonar, ou pelo menos a achar que estava apaixonada e fazer algo idiota. Ela nunca faria isso! Ela tinha certeza. Todo esse tempo só uma pessoa fez o coração dela bater mais rápido, mas essa pessoa nunca iria saber da verdade.

-Falling madly deeply

I surprised myself enough to find

That what's begun this love

And now I'm done, so done

I'm done

Sirius revirou os olhos diante da música melosa. Ele odiava essas coisas. Ele olhou ao seu lado e viu que Nora contemplava as próprias unhas de forma distraída. Ele sabia que ela também não era do tipo de ser romântica. Ela era, em alguns jeitos, muito similar a ele. Isso era um fato... Interessante.

-Thank your for not letting go

When I said "let me go"

Thank your for timing

Thank you for fighting

Thank you for not believe in me

Baby when I said

Nora soltou um suspiro entediado, que fez Sirius sorrir pelo canto da boca.

-I don't wanna fall in love

Just wanna have a little fun

Then you came and swift me up

And now I'm done

So done

Falling madly deeply

I surprised myself enough to find

That what's begun this love

And now I'm done, so done

I'm done

O clima entre eles parecia tenso. Eles não ousavam conversar ou se mexer, enquanto Olivia parecia estar perto do fim da canção. O que esses poucos dias haviam mudado de tão radicalmente neles todos?

-I wasn't looking for this

Now I'm done...

I'm done...

Olivia terminou a música e todos aplaudiram. Ela agradeceu suavemente, mandando um sorriso educado a Andrew e Giulia que eram os mais entusiastas.

As amigas a acompanharam rapidamente a mesa que tinha sido designada a elas. Em silêncio, sem sequer olharem para os rapazes.

Logo a ceia começou. Logo a festa acabou. O dia seguinte veio e com ele as meninas partiram. James e Lily não haviam se falado mais, bem como Paloma e Dimitri. Alguma coisa estranha parecia suspensa no ar. Mas o que todos eles deviam estar pensando... Bom, eles teriam que aguardar a volta a Hogwarts para descobrir.


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Notas finais do capítulo

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