~Lucy PVO~

A espada assassina? E foi fundida pelo primeiro Dragão? Senti um frio subir pela minha espinha, e a curiosidade vinha junto. Agora eu entendo o que ela quis dizer com você vai querer perguntar outra coisa.

-Eu quero saber a história dela, conte-me. – eu digo

-Certo, sente-se aqui, a história é longa. – diz Maya soltando um sorrisinho apático como se dissesse “eu sabia”, ela se sentou em frente à pedra, e eu fiz o mesmo.

-Certo, há muito tempo atrás, quando o mundo nasceu. Os humanos eram apenas humanos, não existia magica, eram apenas pessoas comuns. Os humanos acreditavam em uma figura divina, que as havia dado vida. Mas o que diferenciava as pessoas, é que umas acreditavam que seu poder era incontrolável e inalcançável. Outros achavam que seu poder corria através de si mesmo, e que apenas o que lhe foi dado poderia ser controlado, mas alguns queriam o poder divino, queriam encontrar esse ser. E acreditavam que quem o encontrasse seria abençoado com o desconhecido – ela pausou – Mas o que eles tinham em comum? Sonhos. Todos tinham sonhos. E foi daí que ele nasceu. O primeiro Dragão, que nasceu da própria vontade humana, que foi fundido na magia de cada coração.

- A magia nasce do coração. É o que o meu mestre dizia. – eu digo

-Sim, deve ser isso. Mas como nasceu do coração humano, ele era feito do bem e do mal. Assim como a própria hora em que veio ao mundo, no Crepúsculo, o dia e a noite. E é por isso que tinha duas faces. A face que representava a parte masculina, o dia, e a que representava a feminina, à noite. E esse é o primeiro Dragão, aquele que criou tudo, cujo nome foi perdido na própria história. O dragão Crepuscular. – ela disse com a voz repleta de admiração

 – Quando apareceu no horizonte na terra, os humanos que achavam o poder inalcançável acharam que era um monstro, e correram. Os que achavam que o poder era parte de si consideravam que assim como eles, esse ser fora criado por algo, pois viam nele o reflexo de si mesmo. E os que procuravam a divindade, achavam que o ser surgiu para lhes mostrar o desconhecido.

- E foi então que ele rugiu pela primeira vez. E não há nada mais poderoso que o primeiro rugido de um Dragão. Esse rugido iluminou toda terra, criou esse mundo. Mas também criou Aragon. – Maya continuou, eu olhei com admiração para a espada, era tão especial assim – Os que acreditavam que o poder fazia parte deles ganharam a capacidade da magia.

-Um é tudo, e tudo é um. (obrigada FMA princípios de alquimia são úteis). –eu digo, isso parece a uma magia, será que é?

-Exato. A espada caiu na terra se fixando na borda de um penhasco, muitos tentaram tira-la mais os que a tocavam caiam nas armadilhas do próprio coração, e atormentados tiraram sua própria vida. Até que um garoto a que todos consideravam, um perdedor acordou no meio da noite se dirigiu ao penhasco. E ele conseguiu brandir a espada. Como brandiu a espada ele se tornou o primeiro Dragon Slayer. – continua Maya com a testa franzida – Mas o Dragão nunca mais apareceu, só pelo fato de brandir a espada, ele já se tornou um. Isso mostra o poder incrível que ela carrega. Mas ele nunca a usou contra seus inimigos, a não ser em lutas críticas, e para proteger quem amava. Ela sempre atendia as vontades de seu dono, então você deve estar se perguntando: Porque espada assassina?

E se virou para mim, me fitando com seus olhos âmbar, como se me sondasse, esperando encontrar a resposta.

-Ela matou muita gente? – digo pensativa

-Pode ser, mas não, ela é chamada de assassina porque matou todos os seus donos. Todos os seus donos morreram. Ela matou todos a quem pertenceu.

Engulo o seco, essa espada é tão perigosa? Olho para a arma em cima da pedra, ela não parecia ser assim, havia algo nela, eu não sei o que, era tão... familiar, como se já a tivesse visto.

-O primeiro dono dela, viveu uma vida feliz teve filhos, mas um dia sua mulher foi morta por pessoas que queriam a espada, ele caiu em desgraça, então Aragon, sugou toda a magia e toda a vida dele. – diz Maya – E então um filho dele, pegou a espada, começou a matar tudo o que quisesse, brandia a espada por coisas fúteis, mas o pior não foi isso, essa atitude dele convocou o caos.

-O caos? – perguntei

-Sim. O caos é a forma mais obscura da escuridão, é a destruição que não deixa rastros. É o vazio no coração que tira toda a esperança. Humanos não são nada sem esperança, podem tirar tudo deles, orgulho, compaixão, amor, até a vida, mas se tirar a esperança é o mesmo que joga-los no inferno. – completa Maya – Eu não preciso dizer em detalhes que o Dragão apareceu depois, não se sabe como foi essa batalha, mas ela chegou até aqui em Tenebra, e danificou grande parte da história. Mas no final o Dragão venceu o Caos, e seu poderoso rugido purificou o céu, e Tenebra.

-Mas se o Caos era tão poderoso, então como o rugido foi suficiente para bani-lo, quero dizer, o primeiro rugido de um Dragão é o mais poderoso, então apenas ele poderia acabar com o Caos no mundo, não é? – eu pergunto.

E Maya começou a gargalhar, eu perguntei algo engraçado?  

-Eu perguntei algo engraçado? – perguntei receosa

-N.n.ão, é que eu fiz essa mesma pergunta para a Syrene, quando tinha sete anos. Bem, ela me respondeu que acha que é porque como o Dragão tinha duas faces, então tinha dois rugidos poderosos, mas ninguém realmente sabe, como eu disse, os pergaminhos que guardavam essa história foram danificados, ou são indecifráveis, o que eu contei é o que todos nós sabemos. – diz Maya

-Certo, e o que aconteceu depois? –eu pergunto, e Maya fica com uma cara séria de repente.

-Depois que o Dragão crepuscular venceu o Caos, ele se fundiu com horizonte, depois disso surgiu à era dos Dragões elementares, Syrene a Dragão elementar, Igneel o Dragão do Fogo, Metalicana o dragão de ferro, Grandine a Dragão do céu, Ground o dragão da Terra, Ryuu a dragão da água, Lylth o Dragão do Relâmpago, Skiadrum o Dragão das Sombras e Weisslogia o Dragão da Luz, eram os principais, mas havia muitos outros. Mas estão mortos agora, além dos Dragões elementares, há os que não têm elementos, são simples Dragões.

 -Todos tentaram decifrar os restos dos pergaminhos, e definir quem deveria ser seu governante, e algo dava para entender que um humano deveria ser transformado em Dragon Slayer e deveria nos governar. Mas porque os dragões precisam ser governados? Simples, já pensou em deixar um bando de criaturas enormes, que amam a destruição? Não ia dar certo.

-O escolhido foi um garotinho Keitarou Draco, ele foi um bom governante, mas ninguém imaginava o que vinha a seguir, um agente da escuridão invadiu Tenebra, e ele achou que apenas Aragon poderia destruí-lo, bem, destruiu, mas teve um preço alto, sua vida. Aragon sugou sua vida, seu filho na tentativa de destruí-la acabou falecendo. Sua mulher Emiko, voltou a Terra, pois não havia nada ali. E Syrene como a Dragão mais poderosa foi considerada rainha. O primeiro mandato dela foi que Aragon fosse selada, como não podia ser destruída, sela-la era a única opção. Todos os Dragões se reuniram neste lugar, e no crepúsculo selaram ela a essa rocha.

-Desde então Syrene vem nos governando, mas isso causou discórdia, entre os Dragões elementares e os não elementares, Shinobu, a líder deles era contra o selamento, portanto fica sempre a espreita procurando um jeito de retira-la. Nós perdemos muitos de nós, dois de nós estão perdidos, Acnologia é uma ameaça que nunca conseguimos controlar, dois dos nossos nunca voltaram.

-Mas voltando à história, Tenebra estava sem o governante por direito, até eles descobriram que quando Emiko saiu daqui ela estava grávida, então a linhagem prosseguiu. Depois de anos de procura encontraram Yusuke, meu pai. Ele foi treinado, e trazido até aqui. Um dia ele disse a minha mãe que um perigo estava se manifestando, que se acontecesse o pior deveria me proteger.

-O pior aconteceu meu pai tentou tirar a espada, mas como consequência ele mergulhou na escuridão do próprio coração, e ele não resistiu. – Maya continuou com a voz melancólica – Minha mãe Toya, fez o que ele pediu, mas quando ela pegou uma doença e morreu, os Dragões me acharam e eu estou aqui, afinal.

E então ela se levantou e começou a andar de um lado para outro, estava com a cabeça baixa e os olhos fechados, como se estivesse sentindo uma dor que lutou muito para guardar, e agora ela estava de volta, e não podia demonstra-la.

-Ultima pergunta Lucy imagine se tiver algo neste mundo que tirou tudo o que você tinha, que lhe causou dor, por mais que fosse poderosa, você o destruiria? E se fosse indestrutível você a selaria? A usaria o que você faria? – ela pergunta com um semblante sério

Penso um pouco sobre isso, se existisse algo que tirou toda a minha felicidade, eu deixaria selado, e não deixaria ninguém chegar perto.

-Eu a deixaria selada, e impediria que qualquer um tentasse libera-la. Mas se algum mal aparecesse e usa-la fosse a única maneira de salvar quem amo, eu a usaria, mesmo que custasse a minha vida. – eu digo sem hesitação

-É por isso que eu nunca vou deixar que alguém a pegue, ela matou a minha família. Mesmo que eu precise dela, eu nunca vou deixar que alguém a pegue. Nem que seja preciso matar. Agora se levante vamos voltar. - ela diz

Me levanto rapidamente, e começo a seguir Maya. Ela andava muito rápido e essas muletas não ajudam em nada. Estávamos passando ao lado de um bosque, quando me lembro:

-Hey Maya, eu ainda tenho mais uma pergunta, não é?

Ela murmurou um sim, e pediu que eu perguntasse.

-Quem de vocês está perdido?

- Skiadrum o Dragão das Sombras e Weisslogia o Dragão da Luz. – ela responde

Eu suspiro, então é isso, eles nunca mais veriam seus companheiros.

-Desculpe ter que te dizer isso, mas eles não vão mais voltar. – eu digo com os olhos fechados.

O que aconteceu a seguir ocorreu em um flash, eu uma hora eu estava no chão, e na outra estava suspensa no ar sendo segurada pelo pescoço.

-NUNCA, NUNCA FALE ISSO DOS MEUS COMPANHEIROS, NUNCA ENTENDEU? OU ENTÃO EU TE MATO! – Gritou Maya

Ela estava com uma voz assassina, e sua expressão passava raiva, ela apertava meu pescoço com força, tentei me soltar, mas ela era forte demais. Eu já estava sem ar, ela iria me matar.

-Senhorita Maya o que está fazendo? – pergunta uma voz feminina – Desse jeito vai mata-la. E sua majestade não iria gostar disso, não é?

E então ela me solta, eu caio no chão em um baque, segurando o meu pescoço engolindo grandes lufadas de ar.

-Shinobu o que faz aqui? – pergunta Maya, sua voz transmitia raiva.

-Eu estava passando, quando vi você enforcando nossa ilustre convidada. E então o que houve. – a mulher pergunta, sua voz era serena, mas transmitia autoridade, espere Shinobu é a líder dos Dragões não elementares.

Olho para ela, ela tinha cabelos negros ondulados que batiam na cintura, sua pele era clara, quase translúcida, os olhos eram vermelhos, o rosto era fino e lindo, ela usava um vestido longo negro, que contrastava com o de Syrene, então essa era Shinobu?

-Eu não te devo satisfações. – responde Maya

-Não, não deve. Mas deve a Syrene, ela não vai gostar se você matar a garota, sem antes saber como ela atravessou pelos feitiços. – diz Shinobu

-Ela não sabe de nada! E é exatamente por isso. – diz Maya cerrando os punhos – Ela disse que Skiadrum e Weisslogia nunca mais iriam voltar.

A Dragão se aproxima de mim, que agora estava sentada observando as duas, se abaixa pega o meu queixo e me faz olhar para ela.

-É realmente é uma tola por dizer algo que não tenha certeza. Afinal o inimigo está em maior número, está machucada e não pode usar magia. – diz Shinobu, seus olhos vermelhos sangue estavam me hipnotizando.

Como ela sabe disso? Eu não me lembro dela estar na sala quando cheguei, então como....

-O que quer dizer? – pergunta Maya

-Quero dizer que ela não sairia dizendo coisas se não soubesse de algo. Afinal não quer morrer. – diz Shinobu – Então me diga o que te leva a pensar que estão mortos?

-Seus Dragon Slayers, os garotos que treinaram, eles os mataram. – Eu digo roboticamente – Os próprios garotos disseram, toda Fiore sabe.

E então Shinobu olha para Maya, interrompendo nosso contato.

-E disse que ela sabia de algo. Eu vou indo. Cuide bem dela, Maya.  – diz Shinobu, e no instante seguinte desapareceu.

Maya me ajuda a levantar me oferecendo as muletas que eu deixara cair. Então vira para mim e diz:

-Me desculpe.

-Tudo bem. Eu faria a mesma coisa. – Não exatamente, mas os olhos dela estão cheios de tristeza, eu já vi esses olhos, quando me olhei no espelho.

Fomos andando calmamente, e quando chegamos ao palácio fomos até uma sala, onde todos os Dragões elementares estavam reunidos.

-YO Maya-chan, como foi à caminhada? – pergunta Syrene, e logo em seguida me encara.

-Hum, desculpe, algo errado? – eu pergunto incomodada com seu olhar

-Hum, nada, é que estilo interessante você tem. – diz a rainha

Todos os Dragões riem, inclusive Maya. O que há com todos dizendo isso? Olhando melhor não estou localizando uns cabelos rosas, Igneel não está pelo jeito.

-Gente, desculpe, mas tenho más noticias. – diz Maya e todos para de rir imediatamente - Skiadrum e Weisslogia estão mortos.

Silêncio Banal

-O que? Como? – pergunta Syrene

-Seus Dragon Slayers os mataram. Lucy me contou. – diz Maya

Todos ficaram tristes e o silêncio se estabeleceu até que uma porta foi aberta, e Igneel entrou na sala com um sorriso grande.

-YO VOLTEI. – diz alegre – O eu há?

Ele olha ao redor, para todos os rostos desanimados, e seu olhar pausa em mim. Levanto uma sobrancelha como se perguntasse: O que foi cara? Nunca me viu?

-Ah, não, é que, estilo interessante você tem. – diz Igneel – Então o que foi?

Só sabem falar disso? Gota enorme na cabeça.

- Skiadrum e Weisslogia estão mortos. – diz Metalicana - Seus Dragon Slayers os mataram. A Bunny girl ai disse.

Comparado à reação dos outros a de Igneel foi a mais chocante, ele fez uma cara de dor, e me pergunto se eu tinha certeza. Após a confirmação saiu correndo, ou melhor voando.

Eles me explicaram que Igneel e Weisslogia competiam por tudo, por isso conviviam muito e Skiadrum era o melhor amigo do Dragão de Luz portando os três criaram laços, então a perda foi maior para ele.

Eles me deram comida, que eu não sei qual era, pois não prestei atenção, estava pensando em como Sting, Rouge e Natsu eram parecidos.

Depois eles me levaram para um quarto, onde eu deitei. Todo o meu dia passou como um flash para mim, e eu agradeci quando caí no sonho. Estava enganada, saí da confusão da vida apenas para entrar na dos meus sonhos.

~Sonho on~

Estava em um corredor escuro, havia dois vultos na minha frente. Eu não conseguia vê-los apenas a sinueta, um era homem e uma mulher.

Começaram a andar, me deixando para trás a escuridão estava me atingindo, e as vozes do pessoal da Fairy Tail estava mais nítida, eu não queria reviver isso novamente, não queria.

- Venha. –Eles disseram

E fiz o que eles mandaram, os segui. As luzes que seus corpos transmitiam eram fracas, mas deixavam a escuridão longe. A mulher tinha um leve brilho azul, e o homem amarelo.

Eu não sei por quanto tempo os segui até que eles pararam de repente, e uma luz laranja nos atingiu revelando uma clareira. Eu já estive nesse lugar.

Com Maya.

-Lucy. – disseram duas vozes

 Me virei e vejo os dois a quem segui, eles estavam na frente da pedra, mas havia algo errado.

Seus corpos tinham escamas. Escamas de Dragão.

-Lucy nos liberte.

~Sonho Off~

E então eu acordei, estava no mesmo quarto em que adormeci, foi um sonho, apenas um sonho. Minha testa estava coberta de suor, eu o enxuguei, e sentei na cama.

E foi ai que eu percebi que não estava sozinha.

Duas luzes fracas azul e amarela brilhavam revelando duas sinuetas.

-Lucy nos siga. Os dois disseram.

E eram eles as vozes que apareceu em meu sonho. E a voz da mulher era a mesma que me salvou dos Lobos.